domingo, 29 de março de 2020

História da Alemanha. Alta Idade Média. Antecedentes. Império Carolíngio. Tratado de Verdun. Franconia Oriental


ALTA IDADE MÉDIA SÉCULOS X A XIII:

Características da Época:

⁕maior poder da Igreja com a participação de Bispos católicos na governação dos Estados
⁕invasões normandas e islâmicas. O poder o Sacro Império Romano Germânico enfraquecia-se à medida que não conseguia defender seus súditos, dando marge para o crescimento de Poderes Regionais.
⁕O território do império franco-germânico a emergir a norte dos Alpes, era, em termos gerais, menos densamente povoado e menos desenvolvido do que a metade ocidental do império carolíngio - a futura França. Porém, esta região também registrou uma retomada do crescimento, em meados do século X, que se intensificou no final do século, fazendo a passagem para a fase de expansão da Alta Idade Média, cujo termo se situa - não sem polêmica - em finais do século XIII ou na primeira metade do século XIV. 
 ⁕o crescimento demográfico deu um salto no território franco-germânico a emergir a norte dos Alpes, no século XII. Isso permitiu um avanço para povoamento do leste e um renascimento das cidades, com ainda um aumento da área cultivada, que todavia não impediu crises de abastecimento e surtos de fome. "A produção dos cereais acabaria por ficar aquém do crescimento demográfico, muito provavelmente por causa do problema da adubação, por resolver." (página 31)
"A evolução na Alta Idade Média permitiu uma melhoria da situação jurídica e material de parte da população agrícola. À perspectiva de uma maior liberdade pessoal associou-se a participação no arroteamento das terras e no movimento de povoamento do Leste ou a migração para a ciade, sendo que a dissolução generalizada dos sistemas senhoriais permitiu a transformação das obrigações de trabalho braçal ( até mais de três dias de trabalho forçado por semana) em pagamentos fixos em dinheiro, os quais, no entanto, perderiam o seu peso, devido à desvalorização contínua da moeda de prata."
(página 30)
⁕Mais pessoas vivendo em cidades reorientava a produção agrícola para o comércio. A procura por carnes levou ao incremento na criação de Gado, que ia de lugares como o Mar do Norte até aos Alpes. O comércio de vinho era conduzido pela Alsácia e pelo Rheingau. O setor têxtil era atendido pelo cultivo de linho, por exemplo, na Alta Suábia.
⁕Houve um incremento na fundação de cidades. "No final da Idade Media, o Império contava com cerca de 4.000 cidades, a maioria das quais fundadas antes de 1350. Colônia, com cerca de 35 mila 40 mil habitantes no início do século XIV, era a cidade mais importante, mas a grande maioria das cidades tinha menos de 2.000 habitantes."
(página 32)
⁕Cidades no norte da Itália e a norte dos Alpes: "A partir de finais do século XI, desenvolveu-se um direito urbano específico. As cidades episcopais e reais, conseguiram, de fato, uma independência significativa dos senhores das cidades, sob liderança da elite (patriciado, na maioria das vezes constituído pela nobreza urbana e por comerciantes). Os conflitos associados a este processo, por vezes bastante acesos, terminaram no século XIII. As desigualdades jurídicas entre livres e não livres (ministerialis, censuales, servos) dentro do burgo também foram eliminadas, enquanto se acentuavam, simultaneamente, as diferenciações sociais. A riqueza constituía a característica decisiva do estatuto social, determinando, simultaneamente, a participação diferenciada dos habitantes das cidades na decisões políticas. A orientação para o sucesso econômico facilitava, até certo ponto, a mobilidade social, mas a participação daqueles que ascenderam na governação da cidade não foi conseguida sem conflitos internos; as lutas constitucionais multiplicaram-se a partir do início do século XIV. Em muitos casos, levaram parte dos habitantes das cidades, organizados em corporações, a conseguir aceder ao conselho."
(página 32)
⁕Havia cidades cujos habitantes viviam basicamente da agricultura. Ao lado delas, havia cidades que eram centros econômicos que irradiavam efeitos regionalmente, como, por exemplo, Lubeck, Colônia, Nuremberg (Nuremberga), Augsburgo, que eram dominados pelo negócio e pelos ofícios especializados. Os setores têxtil e metalúrgico estavam em ascensão. 
⁕Revolução Comercial entre o século XI e XIII: caracterizado pelo aumento da procura por produtos manufaturados. Na esteira disso, organizações comerciais nasceram. 
"A sociedade, ainda relativamente aberta, da Alta Idade Média, oferecia outras possibilidades de ascensão para o mundo da nobreza fora das cidades que não o comércio e a aquisição de riqueza. A prestação de vassalagem a reis e príncipes sobretudo aos ministerialis  (anteriormente servos) ascender à baixa nobreza."
(página 33)
"A intolerância em relação a minorias com motivos mutas vezes apenas aparentemente religiosos e com uma virulência desconhecida até então, constitui um dos aspectos mais tristes da sociedade na Alta Idade Média. Esta intolerância atingiu não só os hereges, mas sobretudo também os judeus, cuja situação legal e material começou a degradar-se cada vez mais após os pogroms associados às cruzadas, em finais do século XI, numa alternância permanente entre perseguição e tolerância por motivos fiscais. Porém, os grandes mutuantes judeus, ao serviço dos senhores locais - por exemplo, do arcebispo de Tréveris - ou em cidades como Estrasburgo, Augsburgo e Nuremberg, conseguiram afirmar-se até à primeira metade do século XIV."
(página 34)

SUCESSOR DE CARLOS MAGNO E PROBLEMAS DO SACRO IMPÉRIO ROMANO GERMÂNICO:

Luís Piedoso sucedeu Carlos Magno no trono do Império Sacro Romano Germânico. Era o direito de sucedê-lo no poder em razão do direito de sangue. Ao lado desse direito de herdar o poder por direito de sangue, havia a necessidade de manter a Unidade do Império. Essa unidade iria deixar de existir justamente por causa desse direito de sangue.
O Império Sacro Romano Germânico tinha outros problemas, além dessa dicotomia entre Direito de Sangue e a manutenção da Unidade do Império. Um deles dizia respeito aos vínculos feudais que não eram suficientes para colmatar a ausência de um Poder Central organizado. 

IGREJA CATÓLICA E OS FRANCOS:

Pepino, o Breve: (anos 741/768 d.C.): Era filho de Carlos Martel. Era o Rei dos Francos. Em 751 foi ungido pela Igreja Católica. 
Carlos Magno: Feito Imperado do Sacro Império Romano Germânico pelo Papa no ano 800. Carlos Magno agora seria o líder da Cristandade Ocidental. A conduta do Papa, de alçar Carlos Magno a protetor da Cristandade Ocidental,  provocou tensões com o Império Bizantino.

LUTA FRATICIDA PELA DIVISÃO DO SACRO IMPÉRIO ROMANO GERMÂNICO ENTRE TRÊS IRMÃOS: LOTÁRIO I, LUÍS, O GERMÂNICO E CARLOS, O CALVO:

Ano de 843: Tratado de Verdum: Divisão do Sacro Império Romano Germânico. O Direito de Sangue, segundo o qual todos os herdeiros tinham o direito de participar no poder, acabou por vencer a Preservação da Unidade do Império. O Império Sacro Romano Germânico acabou dividido, atendendo-se assim ao Direito de Sangue e jogando-se no lixo a unidade do Império. Interesses particulares dos herdeiros, que queriam seu quinhão de poder, acabaram por prevalecer sobre a manutenção da unidade do Império.
Em 843, é estabelecido o TRATADO DE VERDUN, entre os filhos de Luís, o Piedoso. O Império de Carlos Magno seria dividido em três pedaços. Em 870, é estabelecido o Tratado de Meersen, sobre a divisão da Lotaríngia, entre Carlos, o Calvo, e Luís, o Germânico.

DISTINÇÃO ENTRE GERMÂNICO, FRANCO E ALEMÃO. IMPOSSIBILIDADE DE SE FIXAR UMA DATA PARA O INÍCIO DA HISTÓRIA ALEMÃ:

"É óbvio que o Império Carolíngio constituía algo fundamentalmente diferente do império dos alemães, mas também é claro que tanto a Alemanha como a França têm origem neste Império da Idade Média Arcaica. No entanto, ainda não se conseguiu - e tal como as coisas estão, nunca se conseguira - definir uma data fixa para assinalar o início da história alemã. As tentativas vão desde a datação precoce, proposta pela investigação mais antiga (Tratado de Verdun, em 843), até à datação atual, que situa a criação do Império Alemão numa fase mais tardia, nomeadamente no século XI, senão mesmo no século XII (C. Bruhl). Só existe um consenso generalizado no que diz respeito à impossibilidade de existência, sequer, de uma data pontual de início, uma vez que a transição da parte carolíngia para o império medieval dos alemães constituiu um processo prolongado."
(página 36)

TRATADO DE VERDUN - 843. NESSA ÉPOCA, NÃO HAVIA MOTIVOS DE ORDEM NACIONAL. TRATAVA-SE APENAS UMA NECESSIDADE DE REPARTIR O IMPÉRIO CAROLÍNGIO EM TRÊS PEDAÇOS, COM CADA UM DELES SENDO ATRIBUÍDO A UM DOS FILHOS DE LUÍS, O PIEDOSO.

Colocou fim ao Império Carolíngio dos Francos.
Desse fim nasceram reinos autônomos. Percorrendo num eixo norte-sul, havia três reinos:
✅um ocidental, predominantemente romano, que viria a constituir a França atual (Franconia Ocidental - cidades: Paris).
✅um reino oriental, predominantemente germânico (Franconia Oriental - cidades: Regensburgo, Speyer, Mainz, Worms). Esse reino era o embrião da Alemanha atual.
✅um reino central, de caráter misto (Lotaríngia - cidades: Aachen/Aix La Chapelle; Verdun, Roma) Lotaríngia percorria, como os outros reinos, num eixo norte-sul, do Mar do Norte até a Itália, pegando partes das atuais Alemanha, França e Holanda/Países Baixos). Deveria ser a parte mais importante, pois nela encontrava-se Aachen, a capital do Império de Carlos Magno.

"É, contudo, necessário sublinhar que não existiam quaisquer motivos 'nacionais' decisivos neste processo: pretendia-se tão-só que os três irmãos com direito de sucessão - Carlos, Lotário e Luís (com o cognome não histórico, de 'o Germânico') - recebessem partes iguais e, o mais velho, Lotário, ficasse com as duas residências imperiais de Aachen e Roma."
(página 36)

O Reino Central, atribuído ao filho mais velho, Lotário (Lotaríngia), revelou-se o mais instável dos três. Veja abaixo como a Lotaríngia começou a ser despedaçada.

"Os outros tratados de divisão, Meersen, em 870, e Ribemont, em 880, permitiram que a parte setentrional do reino - a Alsácia e a Lorena - se juntasse à Franconia Oriental. A parte meridional deu origem ao primeiro dos regna independentes após o fim do domínio carolíngio sobre todo o império (Carlos III morreu em 888): a Alta Borgonha e a Itália."
(página 37)

ANOTAÇÕES EXTRAÍDA DO LIVRO "HISTÓRIA ALEMÃ, DO SÉCULO VI AOS NOSSOS DIAS", VÁRIOS AUTORES, EDITORA EDIÇÕES 70, páginas 29/37, Alta Idade Média, Enquadramento Geral, século X a XIII, Ulf Dirlmeier)

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