domingo, 29 de março de 2020

Franconia Oriental Embrião da Alemanha atual Conrado I Henrique da Saxônia Luidolfings Otão I Igreja Imperial Nomeação régia de Bispos e abades Otão II Otão III Henrique II



FRANCONIA ORIENTAL:

Com o Tratado de Verdun, o Império Carolíngio foi dividido em três pedaços. Um desses pedaços é o que interessa para a História alemã: a Franconia Oriental, embrião da futura Alemanha, como a conhecemos hoje.
Após Verdun, a Franconia Oriental era governada por Luís, com cognome não histórico de 'o Germânico". Luís era um dos filhos de Luís, o Piedoso, último imperador Carolíngio. 
- Luís: ✝876
- Arnulfo da Caríntia: ✝899
- Luís, a Criança: ✝911 - Último representante da dinastia carolíngia

"...é necessário ter em conta o seguinte: as regiões setentrionais do reino central - a Lorena e a Alsácia - não se juntaram à Alemanha em 870 e 880 e tão-pouco foram conquistadas pela Alemanha. Tratava-se de divisões dinásticas dentro de um Império, divisões essas que prepararam, no entanto, um estabelecimento de fronteiras entre a França e a Alemanha que viria a revelar-se muito importante do ponto de vista histórico."
(página 37)

FIM DA DINASTIA CAROLÍNGIA NA FRANCONIA ORIENTAL COM A MORTE DE LUÍS, A CRIANÇA ✝911 (SÉCULO X). O NOVO REI FOI ELEITO, O QUE TORNAVA A ALEMANHA MEDIEVAL UMA MONARQUIA ELETIVA:

Em lugar de se associar à Franconia Ocidental, governada por Carlos, o Simples - como fizeram os Lorenos - a nobreza tribal dos francos, suábios, bávaros e saxões elegeu como novo rei Conrado I (911-918). Reparem que Conrado I foi eleito. Era uma Monarquia eletiva e não hereditária. O império alemão medieval era eletivo e não hereditário. Conrado pertencia à Casa Franca dos Conradinos. Mesmo chegando ao poder por meio de uma eleição, Conrado I passou seu governo tendo problemas com as autoridades tribais (jovens ducados da Baviera, Saxônia, Franconia, Suábia). Essas tribos eram ciosas de seu poder e não abririam a mão dele. Conrado procurava apoio na Igreja, para contrabalançar esse poder dos ducados. Conrado também fracassou na tentativa de reconquista a Lorena e na defesa contra os húngaros.

"Apesar disso, os primórdios dos temas centrais da história posterior do Império já podem ser reconhecidos nesta fase: os conflitos entre o poder central e a reivindicação de poder por parte dos eleitores do rei, assim como a aliança entre o rei e a igreja."
(página 39)

FRANCONIA ORIENTAL GOVERNADA PELA PRIMEIRA VEZ POR ALGUÉM QUE NÃO ERA ORIUNDO DA TRIBO DOS FRANCOS:

O sucessor de Conrado I foi Henrique, o duque da Saxônia, Casa dos Luidolfings (919-936). Alguns veem a ascensão de um Duque da Saxônia ao trono da Franconia Oriental como a última fase, de três no total, que resultou no aparecimento de um Reino Alemão. A construção do Reino Alemão teria se dado então por meio de três fases:
1-Separação da Franconia Oriental (Tratado de Verdun)
2-Fim dos Carolíngios com a morte de Luís, a Criança, em 911
3-Henrique, duque da Saxônia, primeiro rei não pertencente à tribo dos Francos
Todavia, nem todos concordam com a ideia de que o Reino Alemão teria nascido após percorrer as três fases acima elencadas. Objeções foram levantadas. Vejam:

"Estas objeções prendem-se com o significado da palavra <> (= língua do povo), a falta de uma consciência nacional alemã e as fortes linhas de continuidade com o período franco, carolíngio. E se alguém argumentar sobretudo com a preservação da designação <>, podemos perguntar o seguinte: que outro título teria sido possível, tendo em conta a mentalidade de legitimação medieval, num território que fizeram parte, até à data, do Império Carolíngio dos Francos? (...) Portanto, podemos continuar a considerar que o governo da Casa da Saxônia constitui o início da história alemã - com as devidas limitações e tomando-o como referência cronológica."
(página 39)

Em seu governo, Henrique buscou regularizar a situação com a Franconia Ocidental, além de defender as fronteiras norte e leste. Procurou ter uma boa convivência com os poderes tribais (Baviera, Suábia, etc). O território da Lorena continuava a ser um objeto de disputa entre a Franconia Oriental e a Franconia Ocidental. Em 921, Henrique desistiu da Lorena para conseguir o reconhecimento de Carlos III. Quatro anos mais tarde, todavia, conseguiu reunir outra vez a Lorena ao seu reino. 

"Este acontecimento teve consequências: a fronteira entre a Franconia Ocidental e o reino central estabelecida no Tratado de Verdun (843) passou a constituir a fronteira duradoura (ou, melhor: o espaço fronteiriço) entre a Alemanha e a França, a partir de 925."
(página 39/40)

Sucessos militares de Henrique contra dinamarqueses, húngaros e eslavos deram a ele supremacia na Europa Central e a oportunidade de indicar seu filho, Otão, como seu sucessor. 

OTÃO I, FILHO DE HENRIQUE, DUQUE DA SAXÔNIA/REI DA ALEMANHA. CASA DE LUIDOLFING: 

Otão I reinou de 936 a 973). Era filho de Henrique I. Otão queria exercer um poder Soberano sobre a Igreja, como por exemplo, nomeando os bispos em seu reino.
Após abafar uma revolta (938/939), Otão I ficou com o ducado da Franconia, "criando, assim, a tradição da proximidade com o rei das regiões à volta do rio Meno e do Reno Médio - P. Moraw."
(página 41)

Otão I incluiu a Igreja Imperial ao seu sistema de governação. Essa ação de Otão I redundaria numa crise entre o Imperador e a Igreja Católica, no último terço do século XI.
Otão I assim teve que agir porque políticas de acordo e políticas apoiadas em relações familiares tinham fracassado, de forma que era preciso recorrer ao poder da igreja:

"baseando-se, mais uma vez, nas tradições carolíngias - recorresse cada vez mais ao apoio da Igreja (bispos e abades de nomeação régia). Bruno, irmão de Otão I, arcebispo de Colônia e, simultaneamente, duque de Lorena, constitui um exemplo acabado dessa evolução. O reino otoniano começou a dispor de instrumentos de poder sem concorrência, graças ao sistema da igreja imperial, embora o potencial de perigo tenha acabado por prevalecer, a longo prazo."
(página 40)

BATALHA DE LECHFELD (955):

Otão I derrotou os húngaros na batalha de Lechfeld, no ano de 955. 

"A vitória sobre os húngaros em Lechfeld em 955 não constitui, por si só, um marco histórico, mas representa um claro sinal da mudança radical da situação política da Europa. A diminuição da ameaça externa em todas as fronteiras favoreceu o crescimento demográfico e econômico, permitindo à cristandade ocidental passar da defensiva à ofensiva."
(página 42)

Obviamente que a vitória de Otão I sobre os húngaros aumentou o seu prestígio. Com esse prestígio em alta, Otão I buscou retomar a política carolíngia em relação à Itália. 

"Otão conseguiu renovar o Império Ocidental, em Roma, no mês de fevereiro de 962, graças a uma estreita cooperação com o Papa - consagrada no Pactum Ottonianum."
(página 42)

Essa ação de Otão I em Roma iria moldar a história alemã até bem recentemente, pois a "adoção da ideia carolíngia do grande império significava a reivindicação do domínio potencial sobre toda a cristandade." (página 42)

"Este objetivo já era criticado pelos vizinhos da Alemanha na Alta Idade Média (século XII), levando  a que na Alemanha , ao contrário da Inglaterra e da França, não tenha podido surgir um reino central, um <> fechado. Isso deu origem a que muitos alemães do século XIX partilhassem a convicção de terem chegado demasiado tarde e de serem prejudicados."
(página 42)

MORTE DE OTÃO I EM 973:

Criação da Arquidiocese de Magdeburgo em 967. Rumo ao leste.
Ano de 972, casamento de Otão II com Teofânia, filha do Imperador Bizantino, em Roma.

REINADO DE OTÃO II (973-983):

Otão II sofreu uma pesada derrota para os árabes, no sul da Itália. Em 983, uma revolta eslava causou grandes danos nas obras missionárias entre os rios Elba e Oder.

REINADO DE OTÃO III (983-1002) E "RENOVATIO IMPERII ROMANORUM"

Otão III só assumiu o poder quando atingiu a maioridade, em 994. Antes disso, o reino ficou sob o comando de sua mãe, Teofânia e à sua avó, Adelaide. Já no governo, Otão III, desenvolveu a sua governação e a sua ideia de Império com a ajuda de Gerberto Aurillac, Arcebispo de Reims,  queria a renovação do antigo Império Romano com a capital em Roma e que o Imperador fosse o titular do poder terreno e espiritual.

" A criação de organizações eclesiásticas com ligação direta a Roma - já não à igreja imperial alemã! - na Polônia (ano 1000) e na Hungria (ano 1001), a construção de um Palácio imperial em Roma, a introdução do cerimonial imperial romano-bizantino provam até que ponto Otão III levava a sério os seus planos. Acabou por fracassar, sobretudo devido à resistência da população da cidade de Roma (levantamento em 1001)"
(página 43)

HENRIQUE II (1002-1004). ÚLTIMO IMPERADOR DA DINASTIA SAXÔNICA:

Henrique II chegou ao poder não como um sucessor designado (por linhagem) e aceito por todos, mas por meio de uma eleição, da qual participaram eleitores seculares e dignatários eclesiásticos. Isso era inédito, dignatários eclesiásticos e eleitores seculares elegendo um governante alemão.

"Portanto, o direito sucessório não se conseguiu impor no império, apesar de as sucessões anteriores entre pais e filhos terem ocorrido sem qualquer problema."
(página 43)

RENOVATIO IMPERII ROMANORUM VERSUS RENOVATIO REGNI FRANCORUM:

Henrique II preferia a Renovatio Regni Francorum. Apesar disso, na governação de Henrique II houve intervenções na Itália e na fronteira oriental, contra o duque polaco Boleslau, o Valente, confirmando a aposta na ideia de um grande império e de um imperador.
Henrique II apoiou a Igreja Imperial, criando dioceses, como em Bamberg. Mas se ele ajudava a Igreja Imperial, simultaneamente exigia ser ajudado por ela.


ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "HISTÓRIA ALEMÃ, DO SÉCULO VI AOS NOSSOS DIAS", VÁRIOS AUTORES, EDITORA EDIÇÕES 70, página 37/43, Ulf Dirlmeier.




Nenhum comentário: