As grandes potências precisavam se unir para impedir que uma nova Revolução Francesa viesse a acontecer na Europa. Era preciso agir em concerto para manter o status quo criado pelo Congresso de Viena.
Num primeiro momento havia reuniões entre Grã-Bretanha, Áustria, Prússia e Rússia. França ficava de fora. Só depois de um tempo a França começou a participar dessas reuniões, cujos objetivos eram:
1)A Monarquia deveria ser a base da ordem
2)Em princípio, essa Monarquia deveria ser Absoluta
3)Essa Monarquia poderia ser moderada quando isso fosse inevitável em razão da existência de legislaturas tradicionais, como os Estados Gerais ou Assembleias de Notáveis ou Assembleias Representativas com poderes ESTRITAMENTE limitados.
REAÇÃO REACIONÁRIA AOS AVANÇOS TRAZIDOS PELA REVOLUÇÃO FRANCESA:
Desejo das monarquias restauradas de atrasar o relógio da história para antes da eclosão da Revolução Francesa. Queriam retornar ao passado. Prevalência do obscurantismo e do reacionarismo. Falta de liberdade.
Exemplos:
Estados Papais:
Papa Pio VII proibiu a iluminação pública e a vacinação contra a varíola, rotulando-as como inovações modernas censuráveis.
Reino do Piemonte-Sardenha:
Judeus e Protestantes perderam direitos que haviam conquistado sob o domínio napoleônico. Privilégios da aristocracia foram reintroduzidos.
Só havia um país que não fechava com todos esses objetivos: era a Grã-Bretanha, pois sua Constituição continha uma legislatura fortemente eleita.
CONCERTO DAS GRANDES POTÊNCIAS PARA CONTER AS ONDAS REVOLUCIONÁRIAS: ERA UMA MISSÃO DESTINADA AO FRACASSO:
Apesar das maquinações conjuntas das grandes potências no sentido de fazer o relógio da história retornar para antes de 1789, as ideias do CONSTITUCIONALISMO LIBERAL (inspirada na Revolução Francesa) e da SOBERANIA POPULAR (expresso de modo prático nas revoltas generalizadas contra a ocupação francesa nos últimos anos de Napoleão) ainda estavam vivas nas mentes de muitos europeus.
CONSTITUCIONALISMO LIBERAL VERSUS POLÍTICA DE RESTAURAÇÃO:
ESPANHA:
Na Espanha o Rei Fernando VII (1784/1833) rejeitou a Constituição Liberal de 1812 e reinstalou o regime absolutista. Fernando VII ainda foi além: ele devolveu à Aristocracia e ao Clero as terras confiscadas durante a Era Napoleônica. Ainda reintroduziu a Inquisição.
A Espanha enfrentou grave crise econômica em 1820. Vários fatores convergiram para eclodi-la. Os custos gerados pelas Guerras Napoleônicas somados com as Insurreições nas Américas (colônias espanholas querendo a independência) resultaram numa grave crise econômica. Em 1820 veio a falência. Em 1820 veio a Revolução, com o início do movimento constitucionalista liberal. Em 1823, o rei Fernando VII é deposto. A França envia um exército de 100 mil homens para acabar com a revolução espanhola. Fernando VII retoma o trono e reemerge ainda mais reacionário. Reformou o exército, de forma a ficar ali somente quem lhe fosse fiel e subserviente.
ITÁLIA:
No Reino das Duas Sicílias, o rei Fernando I foi obrigado pelos liberais italianos a adotar a Constituição Espanhola de 1812. Em março de 1821, as agitações liberais chegaram ao reino restaurado do Piemonte-Sardenha, obrigando a renúncia do reacionário rei Vitor Emanuel.
Para acabar com a rebelião liberal na Itália, a Áustria enviou forças militares para repor a ordem na Península Itálica (1821).
Os rebeldes foram julgados com severidade. Fernando I retornou ao Reino das Duas Sicílias.
ESTADOS PAPAIS:
Nos Estados Papais o novo Papa, Leão XII, proibiu os judeus de deterem propriedades.
REINO DO PIEMONTE-SARDENHA:
O novo rei, Carlos Felice, disse sobre os cidadãos comuns:
"todos os maus são educados, e todos os bons são ignorantes."
(página 80)
(página 80)
Para o rei do Piemonte-Sardenha a solução era manter o povo na ignorância, sem acesso à educação, pois dessa forma eles não iriam reivindicar seus direitos, causando rebeliões no seu reino. Ainda para Carlo Felice, "só o exército e a Igreja eram de confiança." (página 80)
PORTUGAL:
Na esteira da luta contra Napoleão, um general britânico, Visconde Beresford, foi nomeado chefe do exército português.
Agosto de 1820: Profissionais da classe média e oficiais do exército português se pronunciaram contra a presença de oficiais britânicos no exército português.
1822: Revolucionários portugueses proclamam uma nova Constituição Liberal para os portugueses. Essa Constituição era liberal para os Portugueses, mas para o Brasil não tinha nada de liberal, pois eram retomadas as regras Mercantilistas. Isso acabou servindo como um gatilho que, acionado, resultou na separação entre Portugal e Brasil.
Os reacionários portugueses reagiram em 1823, derrubando a Constituição Liberal. Foi criada uma nova Constituição, que atribuía mais poderes a D. João VI.
RÚSSIA:
Em sua guerra contra Napoleão Bonaparte, o exército russo atravessou toda a Europa, parando somente em Paris. Nessa travessia, alguns oficiais russos foram contagiados pelos ideais de liberdade da Revolução Francesa. Esses oficias russos sonhavam com uma Constituição para o seu país. A oportunidade surgiu em 19 de novembro de 1825, quando o autocrata Alexandre I morreu sem deixar um filho legítimo. O trono russo foi passado para o irmão mais novo de Alexandre, Nicolau, que se tornou Nicolau I. Em meio a isso, os rebeldes aproveitaram e deram um golpe de estado, Ficaram conhecidos como dezembristas. Mas o golpe restou frustrado em razão da rapidez de Nicolau em assumir a posição de Czar da Rússia.
MEDO DA MAÇONARIA:
A maçonaria tinha ênfase na humanidade, na discussão livre a portas fechadas. Tinham que realizar suas reuniões de forma secreta, para não serem presos.
Os governos temiam a Maçonaria e outras sociedades secretas, como a Carbonaria. Os governos reacionários perdiam o sono e suspeitavam que essas sociedades secretas transcendiam as fronteiras, tramando em segredo a sua derrubada.
Essas sociedades secretas atraiam pessoas que emergiam de uma sociedade civil formada por médicos, professores, advogados, comerciantes, oficiais, etc.
MEDO DO POVO:
Os liberais que sonhavam com uma Constituição, que frequentavam a maçonaria, oriundos de uma sociedade civil emergente, temiam uma aliança com o povo. Esse medo vinha da lembrança que tinham da Revolução Francesa, do Terror resultante, quando os Jacobinos se uniram aos Sans-Culottes (povo/populacho/miseráveis).
A GUARDA DA EUROPA:
Quem poderia defender os regimes reacionários dos movimentos revolucionários? Teria que ser um regime igualmente reacionário e poderoso para poder intervir fora de suas fronteiras. Esse país era a Rússia, agora governada por Nicolau I.
"o regime de Nicolau I conseguiu controlar a dissidência, para a qual não havia representação institucional , como uma legislatura eleita, mas apenas romances, peças de teatro e poemas, que eram facilmente silenciados."
(página 89)
Quem criticava o governo de Nicolau I corria o risco de ser exilado para a Sibéria. Nicolau I estava disposto a usar o poderio russo para sufocar rebeliões fora de suas fronteiras. Ele seria o Guardião da ordem, do status quo europeu.
INSURREIÇÃO NO REINO DA POLÔNIA:
Data: 28/29 de novembro de 1830
Conspiradores poloneses assassinam o então governador de Varsóvia. O Vice-Rei Konstantin, irmão de Nicolau I, fugiu para a Rússia.
Em 1831, o Poder Legislativo polonês declarou a independência da Polônia, depondo o Czar Nicolau I do trono Polonês. Nicolau I era o rei da Polônia, condição criada pelo Congresso de Viena de 1815.
Esses revolucionários poloneses eram aristocratas. Eles temiam o povo, por isso não chamaram o campesinato polonês para uma união contra a Rússia. Temiam ter que ceder numa Reforma Agrária. Temiam o empoderamento do campesinato e a perda de sua posição social.
Sem a participação do campesinato, os poloneses foram derrotados pelos russos em 1831, em Ostroleka. A revolta polaca acabou. Os russos entraram em Varsóvia . O Czar Nicolau I então procedeu à sua retaliação. Duzentas e cinquenta e quatro pessoas foram condenadas à morte. Nicolau I aboliu a Constituição Polaca e passou a governar aquele reino por meio de decreto militar. As obras dos poetas polacos foram suprimidas. As Universidades foram encerradas.
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