quinta-feira, 29 de julho de 2021

Genocídio de Ruanda 1994 Tútsis Hútus




MITO DAS ORIGENS DOS TÚTSIS, HÚTUS E TWAS:

De acordo com o Mito oralmente transmitido de geração em geração, os Hútus (Gahutu), os Tútsis (Gatutsi) e Twas (Gatwa) seriam filhos daquilo que teria sido o primeiro homem, "...irmãos, uma única semente, um único sangue." (página 25)

Ainda segundo o mito, o deus Imana teria colocado esses três irmãos para competirem entre si, sempre acontecendo de Gatutsi se sair melhor nessa competição. Dessa forma, o próprio mito tratou de estabelecer uma diferença hierárquica entre Tútsis (Gatutsi), Hútus e Twas.

A HISTÓRIA REAL SOBRE OS TÚTSIS, HÚTUS E TWAS:

A origem dos Tútsis remonta ao século XV. Eram criadores de gado vindos das terras que hoje constituem a atual Etiópia. Como o gado simbolizava a força e o poder, os Tútsis acabaram por se constituir na aristocracia local. 

"Quase todos os livros sobre Ruanda falam a respeito disto, mas é preciso reiterar: o Rei de Ruanda, Mwami, sempre foi um Tútsi. Alguns estudiosos da cultura afirmam que isso ocorre pelo menos desde a passagem do século XI para o XII, quando Gihanga, o criador do país, e da bovinocultura, estava no trono. Mas a maioria dos historiadores inclina-se à teoria de que os Tútsis vieram para cá das terras da atual Etiópia, pela bacia do Nilo, no século XV. Eles trouxeram as vacas. " (página 26)

Abaixo dos Tútsis, havia os Hútus e os Twas, habitantes originais do que hoje é Ruanda. Os Hútus eram camponeses e os Twas viviam da coleta e do trabalho na terra. 

"O pastor Tútsi era o patrão do Hútu. Dava ao camponês proteção e estabilidade." (página 27)

Apesar essa diferença no status social, Tútsis, Hútus e Twas formavam uma mesma comunidade, que atendia pelo nome de Banyarwanda. 

"Todos falam a mesma língua, creem nas mesmas coisas, comem a mesma comida, constroem da mesma maneira e moram do mesmo jeito. Na mesma terra." (página 25)

A mesma terra, leia-se, a atual Ruanda, no centro da África. 

"Uma comunidade, uma nação. Mas dividida - como talvez disséssemos na Europa - em classes ou estados sociais. Não em grupos étnicos." (página 28)

Talvez ainda Tútsis, Hútus e Twas poderiam ser enquadrados no modelo de castas no estilo existente na Índia.

ÉPOCA DA COLONIZAÇÃO EUROPEIA NA ÁFRICA:

Antes da colonização europeia, não havia conflitos importantes entre Tútsis, Hútus e Twas. 

"Quando era necessário lutar em nome do rei, todos lutavam juntos." (página 34)

Os primeiros colonizadores europeus, onde hoje situa-se o moderno Estado de Ruanda, foram os alemães. Com o final da Primeira Guerra Mundial, os alemães foram substituídos pelos belgas.

E foram os belgas que dividiram os Tútsis, Hútus e Twas em termos raciais. Nesse novo contexto, os Tútsis então seriam, na visão dos colonizadores europeus, os "...inteligentes, delicados, belos, não totalmente brancos, mas também não totalmente negros." (página 36)

Os Tútsis, ouviram dos colonizadores europeus que, ao contrário dos seus vizinhos, os Hútus, não eram macacos e, rapidamente, passaram a acreditar em sua superioridade. Os Tútsis passaram a se ver como uma raça superior. 

Já os Hútus foram rotulados como sendo os negros na acepção do termo, com seus olhos que pareciam com os de um chimpanzé, o nariz achatado, etc. E, por fim, havia o pequeno grupo dos Twas, que era constituído pelos pigmeus, que viviam geralmente na floresta, como coletores.

"O colonizador belga completou esse trabalho no início dos anos 30, quando introduziu os documentos de identidade de Ruanda. Esse fato é considerado o momento da divisão definitiva. Desde aquela época, até o genocídio de 1994, todos os ruandeses tinham sua raça inscrita na carteira de identidade: Tútsi, Hútu ou Twa." (página )

INDEPENDÊNCIA DE RUANDA:

Os Tútsis governavam Ruanda, então uma colônia belga. Quando os Tútsis começaram a declarar o desejo de independência, os belgas se uniram aos Hútus para derrubar o governo Tútsi. 

Com os Hútus no poder, os Tútsis começaram a deixar Ruanda (década de 50 do século XX). Nessa mesma época, os Tútsis que ficaram passaram a ser alvos de perseguição, um embrião do que seria o Genocídio de 1994.

A independência de Ruanda veio em 1962, sob o comando dos Hútus. Mas os Hútus não apenas governavam Ruanda, como brigavam entre si. Em 1973 houve um golpe de estado, com a instauração de um regime de partido único, representado pelo partido Hútu, com a Presidência de Juvénal Habyarimana.

Os Tútsis que tinham se exilado de Ruanda, enquanto isso, criaram a Frente Patriótica Ruandesa - RPF (Rwandan Patriotic Front). "

Entre os líderes da RPF, estava o atual Presidente de Ruanda (quando esse livro foi escrito), Paul Kagame.

O objetivo da RPF era retomar o país. Para isso, empreenderam uma guerrilha, que começou em outubro de 1990. 

CONTAGEM REGRESSIVA PARA O GENOCÍDIO DE 1994:

Em Ruanda, no início dos anos 90 do século XX, os partidários de Juvénal Habyarimana criaram uma atmosfera de medo pela aproximação da RPF da capital do país, Kigali. O medo se estendia para os Tútsis locais, que então passaram a ser vistos como uma espécie de quinta coluna da RPF, esperando pela chegada dos guerrilheiros da RPF. 

Em resposta a essa ameaça, os Hútus, com a ajuda do governo do país, criaram uma milícia, a Interhamwe, que significa Unidade. Era composta por pessoas comuns. Tinha por objetivo eliminar os Tútsis de Ruanda. A iniciativa para a criação da Interhamwe veio do clã do Presidente Juvénal Habyarimana. 

Com o decorrer da guerra, a RPF passou a ocupar uma parte do território de Ruanda, no qual também cometia atrocidades contra os Hútus locais. 

Em 1993, uma iniciativa para pacificar Ruanda, tendo a ONU como intermediária, tentou estabelecer um sistema de convívio pacífico entre o governo Ruandês, governado pelos Hútus, e a guerrilha Tústi representada pela RPF. Na esteira dessa tentativa de pacificar Ruanda, um governo provisório foi criado. O Presidente Juvénal Habyarimana permitiu a participação de partidos de oposição. Mas ao tempo que essas iniciativas eram colocadas em prática, na surdina, o governo Hútu elaborava listas com nomes de Tútsis que deveriam ser eliminados. Dinheiro do governo importou milhares de facões da China que seriam usados no Genocídio de 1994. A Rádio Mil Colinas, enquanto isso, amedrontava a população Hútu, dizendo que os rebeldes da RPF estavam se aproximando da capital do país, Kigali. A Rádio ainda espalhava que os guerrilheiros da RPF iriam estuprar as mulheres dos Hútus e iriam confiscar suas terras.

ESTOPIM DO GENOCÍDIO DE 1994:

Com esse pano de fundo, descrito acima, veio então aquilo que constituiu o estopim que deu início ao Genocídio de 1994. Na noite de 6 de abril de 1994, o avião que trazia a bordo o então Presidente do país, Juvénal Habyarimana, foi derrubado, quando sobrevoava a capital Kigali. Até hoje não se sabe o autor do atentado, mas na época todos culparam os Tútsis.

Então, todo o medo, todo o ódio e preconceitos, represado por anos, foi liberado, com os Hútus saindo à caça dos Tútsis, dando origem ao Genocídio dos Tútsis pelos Hútus  no ano de 1994.

"As crianças, antes de morrer, tinham de olhar suas mães serem estupradas (os netos - suas avós serem estupradas). Os homens olhavam suas esposas serem estupradas (os avós - suas netas). E enfiarem garrafas entre suas pernas. Era assim que com mais frequência matavam as mulheres tútsis: com um golpe na barriga e embaixo. Antes de morrerem assistiam à morte de seus filhos. E de seus pais também."(página 16)

ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "HOJE VAMOS DESENHAR A MORTE", W.L. TOCHMAN, EDITORA ÂYINÉ



segunda-feira, 19 de julho de 2021

Papas Perversos Doação de Constantino Synod Horrenda



PARTE 1

ROMA:

A tradição conta que a cidade de Roma foi fundada por Rômulo, no ano de 443 após a queda de Tróia. 

No século III d.C., o Imperador Aurélio construiu grandes muralhas para cercá-la, protegendo-a de seus inimigos. 

Fora dessas muralhas e do outro lado do Rio Tibre, nas encostas da colina do Vaticano, uma nova era começava. Era o cristianismo que ganhava força e seguidores e que viria a dominar "Roma nos seus anos vindouros." (página 13)

Na área que compreendia a Colina do Vaticano uma nova cidade viria a ser construída, na qual Nero iria construir uma área de lazer, "...onde no seu famoso Circo, e segundo a tradição cristã, o Apóstolo Pedro foi crucificado durante aquela noite de insana crueldade de 64 d.C..."(página 14).

Então, na mesma área em que Pedro foi sepultado, por volta do ano 160 d.C., "...um santuário humilde mas identificável marcava a sepultura, sobre a qual foi construída a primeira Basílica de São Pedro no começo do século IV." (página 14)

No início do século IX, a Basílica de São Pedro já contava com uma riqueza formidável. Mas mesmo com toda essa riqueza, ela permanecia desprotegida, fora das muralhas que protegiam a cidade de Roma. Aproveitando-se disso, os Sarracenos, no ano de 846, lançaram um ataque a Roma. A cidade de Roma, graças às suas muralhas, passou ilesa, mas a contígua região do Vaticano, que não era protegida, foi saqueada. As riquezas da Basílica de São Pedro foram saqueadas pelos muçulmanos. 

Apesar da Basílica de São Pedro situar-se no subúrbio de Roma, nas Colinas do Vaticano, por um bom tempo a sede da Igreja Católica, isto é, a residência do Bispo de Roma, o Papa, ficava em Roma, no Palácio de Latrão (do século IV até o século XIV). O Palácio de Latrão, originalmente, pertencia a uma rica família romana, os Laterani, daí o nome Latrão. Depois, o Palácio passou para as mãos do Imperador Constantino, que, por sua vez, depois de sua conversão ao Cristianismo, o repassou/doou para os Bispos de Roma.

"O Palácio de Latrão desempenhou seu papel honroso, embora limitado, como residência do Bispo de Roma durante uns 400 anos. Depois, em finais do século VIII, o elo tênue que ligava o Imperador à sua cidade titular foi quebrado, começando o Papado o longo caminho do domínio temporal e fazendo de Latrão o centro do domínio romano." (página 17)

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O Imperador citado acima é o do Oriente. Trata-se do Império Romano do Oriente, com sede em Constantinopla, que deu origem ao Império Bizantino. A partir do Século VIII, portanto, os romanos do ocidente, com sede em Roma, começaram a se desvincular dos romanos do oriente, com sede em Constantinopla, antiga Bizâncio. 

PARTE 2

SEPARAÇÃO DOS ROMANOS DO OCIDENTE DOS ROMANOS DO ORIENTE:

"Em 328 d.C., Constantino transferiu a capital do Império Romano para a nova cidade de Constantinopla, alterando assim, inevitavelmente, o centro de gravidade do mundo romano. Gradualmente, o trono imperial foi ocupado exclusivamente por gregos, o latim cedeu lugar ao grego como língua oficial,..." (página 18)

Com a queda do Império Romano do Ocidente, a península itálica se viu repartida entre os novos reinos bárbaros e algumas áreas nas quais reinava o Império Romano do Oriente, com sede na cidade de Constantinopla, atual Istambul, na Turquia. Um desses locais que ainda eram dominados pelo Império Romano do Oriente era a cidade de Roma e seu entorno. O Bispo de Roma e os nobres locais, como resultado disso, eram súditos do Império Romano do Oriente, buscando nele a sua legitimidade. 

"Os grandes se irritavam sob o jugo. Era humilhante para o Bispo de Roma poder ser convocado a Constantinopla como qualquer funcionário." (página 19)

O Império Romano do Oriente, por meio de seu Imperador, exercia conjuntamente o poder secular e o poder espiritual. O Imperador então podia se meter em assuntos de Estado e em assuntos da Igreja. Por esse motivo, o Bispo de Roma se encontrava subordinado às ordens dadas pelo Imperador em Constantinopla, fossem elas sobre assuntos de Estado, fossem elas sobre assuntos religiosos. 

A relação entre Constantinopla e Roma ia bem até que, no ano de 726 d.C. (século VIII), um Édito iconoclasta, da lavra do Imperador Leão III, resultou numa oposição ferrenha por parte do Bispo de Roma. E os cristãos da Península Itálica se uniram ao Bispo de Roma nessa oposição ao Édito iconoclasta de Leão III.

Esse Édito de Leão III, que causou tanto descontentamento no Ocidente romano, dizia respeito à necessidade de se acabar com a adoração de imagens. A devoção às imagens deveria acabar em toda a cristandade. O Édito então ordenava que as imagens fossem destruídas em todo o Império, tanto no Oriente como no Ocidente. 

O Bispo de Roma, naquela altura, era Gregório II. Como já dito acima, ele protestou veementemente contra a destruição das imagens, dizendo que os cristãos não tinham trazido de volta a idolatria da Antiguidade, asseverando que os cristãos, ao contrário do que dizia Leão III, não adoravam as imagens, mas apenas "honravam-nas como memórias..." (página 20)

Por fim, o conflito em torno do Édito mencionado acima acabou descambando para uma guerra. Em 731, deu-se então uma cisão, com o Império Romano do Oriente perdendo influência e poder sobre a Itália.

"O Imperador (Romano do Oriente) e os seus teólogos eram rejeitados pela Itália e era inevitável que o Bispo de Roma preenchesse o vácuo de poder criado." (página 21)

PARTE 3

A DOAÇÃO DE CONSTANTINO

Aquilo que ficou conhecido como a "Doação de Constantino", foi na verdade uma falsificação feita por um funcionário papal, que atendia pelo nome de Cristóforo. 

Cristóforo pretendia criar uma narrativa por meio da qual a coroa do Império Romano iria para o Papa. Para tanto, Cristóforo baseou-se na figura lendária de São Silvestre.

Conta a lenda que o então Imperador Romano Constantino teria ficado doente, vitimado pela Lepra. Então Constantino teria tido uma visão, na qual lhe foi dito para chamar São Silvestre, que era então o líder dos cristãos em Roma. Pela visão, somente São Silvestre poderia curá-lo. Então São Silvestre foi se encontrar com Constantino, ao qual recomendou que se batizasse. Após ser batizado, como que por um milagre, Constantino curou-se da lepra e, como pagamento, ordenou que Cristo fosse adorado em todo o Império Romano. Ordenou ainda a arrecadação de dízimos para a construção de Igrejas pelo Império e ainda doou o Palácio de Latrão para São Silvestre e para os bispos de Roma que viessem a sucedê-lo. 

"A lenda, embora fantasiosa na atribuição do motivo (cura da lepra de Constantino), não se afasta muito dos pormenores conhecidos do fato - a doação do Palácio de Latrão, a construção de basílicas, a suprema condição religiosa atribuída à Cristandade." (página 22/23)

Mas a narrativa de Cristóforo foi além disso, colocando na boca de Constantino o que ele não disse, buscando assim dizer que Constantino teria transferido a coroa imperial romano para São Silvestre e para os bispos que viriam a sucedê-lo. 

"Cristóforo fez parecer que a Coroa Imperial havia sido realmente dada a São Silvestre, mas que este a recusara por não ser adequada para o detentor do ministério espiritual, e, em vez disso, havia aceitado um simples barrete frígio branco, humilde antecessor da grande tiara tripla. No entanto, o fato de a Coroa Imperial ter sido oferecida implicava que Constantino a viria possuir somente com a permissão do Papa." (página 23)

A Doação de Constantino foi usada a favor do Papado quando a Itália se viu acossada pelas invasões do Lombardos. Paralelamente a isso, o Império Romano do Oriente perdia força na Itália, vendo seus territórios sendo tomados pelos Lombardos. 

Em meio a tudo isso, o Bispo de Roma, o então Papa Estevão, resolver ir pedir ajuda ao reino dos Francos. Dessa forma, no ano de 755 d.C. (século VIII), Papa Estevão atravessou os alpes e foi se encontrar com o rei dos Francos, Pepino. Com sua lábia e com a Doação de Constantino a tiracolo, Papa Estevão conseguiu fazer de Pepino seu aliado contra os Lombardos. Os Francos então invadiram a Itália e derrotaram os Lombardos. Ainda ignoraram o pedido de ajuda dos Bizantinos. Pepino, com efeito, só tinha um aliado na Itália: o Papado. Assim, Pepino, acreditando na narrativa da Doação de Constantino, concedeu ao Papa o que viria a se tornar os Estados Papais, também conhecido como patrimônio de São Pedro. Essa concessão de terras dos Francos para o Papado foi feita com base na falsificação da Doação de Constantino, convertendo o Papa num senhor feudal, conferindo ao seu cargo um valor financeiro. O Papa então passou a possuir não só as chaves do céu como as chaves de várias cidades, que se encontravam  no interior dos Estados Papais. Com todo esse poder financeiro e espiritual nas mãos, o cargo de Papa passou a ser ambicionado pelos poderosos da época. 

Com o novo status adquirido, a posição de Papa passou a ser disputada por meio de lutas que redundaram até em assassinatos. Matava-se e morria-se pelo cargo de Papa.

Luta de vida e morte para se tornar Papa:

Um exemplo dessa luta pode ser encontrada num evento, que passou para a história com o nome de Synod Horrenda

A luta pelo cargo de Papa, como dito acima, se tornou tão disputada, que chegou-se ao cúmulo de se realizar o julgamento de um Papa que já tinha morrido. 

Assim, no ano de 896 (século IX), durante aquilo que se passou a chamar de Synod Horrenda, o então Papa Estevão VII decidiu realizar o julgamento de seu antecessor e inimigo, o Papa Formoso, que já tinha morrido. Estevão VII mandou que o corpo de Formoso fosse desenterrado e trazido para julgamento. Então foi encenado um julgamento, com a presença do cadáver desenterrado de Formoso. O objetivo de Estevão VII, ao vilipendiar a memória de Formoso, era o de atacar os aliados deste, que ainda estavam vivos e ativos e que lhe faziam oposição. Estevão VII e Formoso, com efeito, faziam parte de facções opostos, que se odiavam e que lutavam pelo cargo de Papa. 

E havia mais um benefício para quem se tornava Papa, pois o Papado contava agora com a proteção do monarca germânico. Num primeiro momento, quando ainda era vivo Carlos Magno, então Rei dos Francos, filho de Pepino, no ano de 800 d.C. ele foi Coroado Imperador do Ocidente, pelo então Papa Leão III. A partir do ano 800 havia dois Impérios, um do Ocidente, com sede na cidade alemã de Aachen, e aquele do Oriente, com sede em Constantinopla.

Com a criação do Império do Ocidente, que viria a se tornar no futuro o Sacro Império Romano Germânico, o Imperador e o Papa passaram a ser vistos como os dois vigários de Cristo, o primeiro brandindo a espada temporal, enquanto o segundo brandia a espada espiritual, num Império Sagrado. A relação entre esses dois vigários de cristo iria se mostrar extremamente tumultuada. 

ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "PAPAS PERVERSOS", RUSSEL CHAMBERLIN, A HISTÓRIA COMO ROMANCE, EDITORA EDIÇÕES 70



quarta-feira, 7 de julho de 2021

A Família Burguesa A Inimiga do Comunismo O Comunismo exigia um novo tipo de Ser Humano



NOCIVIDADE SOCIAL DA FAMÍLIA BURGUESA:

Para os comunistas, a nocividade social da família burguesa era uma verdade inquestionável. (página 43)

Depois de vencerem a guerra civil, os bolcheviques se viam agora em uma nova arena de luta: a família burguesa.

"...ela (família burguesa) olhava para dentro de si própria e era conservadora, uma fortaleza da religião, da superstição, da ignorância e do preconceito; ela fomentava o egotismo e as aquisições materiais, além de oprimir mulher e crianças."

A família era o maior obstáculo, por exemplo, à socialização das crianças. Por amar a criança, a família a transforma num ser egotista. encorajando-a se ver como o centro do universo. (página 43)

Esse amor egotista, fomentado no interior da família burguesa, deveria ser trocado pelo amor racional de uma família social mais ampla, que englobaria toda a comunidade, na construção de um modo de vida coletivo.

Era necessário eliminar os hábitos e costumes burgueses do Império Russo dos Romanov. 

"Uma guerra revolucionária pela liberação da personalidade comunista por meio da erradicação do comportamento individualista (burguês) e de hábitos fora dos padrões (prostituição, alcoolismo, vandalismo, religião), herdados da antiga sociedade." (página 42)

Os bolcheviques esperavam que a família desaparecesse conforme a Rússia soviética se desenvolvesse até se transformar em um sistema totalmente socialista, no qual o Estado assumiria a responsabilidade por todas as funções básicas do lar, oferecendo creches, lavanderias e refeitórios em centros públicos e em prédios residenciais. 

UM EXEMPLO DE UMA POLÍTICA COMUNISTA PARA DESINTEGRAR A FAMÍLIA BURGUESA:

UPLOTNIE (CONDENSAÇÃO): 

Era a política da condensação, por meio da qual as famílias seriam obrigadas a dividir suas casas com outras pessoas, combatendo o privilégio e as forçando a se tornarem comunistas (página 44). Essa política matava dois coelhos com uma paulada só. Primeiramente, resolvia o problema habitacional na grandes cidades, ajudando na propaganda do Partido Comunista, centrada no combate aos privilégios e projetando um modo de vida coletivo. Depois, com essa política, o Estado Soviético acreditava que forçando as pessoas no compartilhamento de espaços comunais, elas iriam se tornar naturalmente comunistas em seus pensamentos. A vida do indivíduo passaria a ser imersa na comunidade. 

"Enquanto isso, os bolcheviques adotaram diversas estratégias - como a transformação do espaço doméstico - cujas intenções eram acelerar a desintegração da família. Para lidar com a falta de casas nas cidades superlotadas, os bolcheviques forçaram famílias ricas a dividirem seus apartamentos com os pobres urbanos." (página 44)

"Durante a década de 20, o tipo mais comum de apartamento comunal era aquele em que os proprietários originais ocupavam os cômodos principais na parte da frente, enquanto os quartos dos fundos eram ocupados por outras famílias." (página 44)

"Naquela época, os proprietários antigos podiam selecionar os comoradores..." (página 44)

Seguindo ainda essa política, foram planejadas Casas Comunais - Doma Kommuny - nas quais tudo seria compartilhado, inclusive roupas íntimas. As tarefas domésticas, como cuidar das crianças e cozinhar, seriam designadas rotativamente a grupos. Todos ainda dormiriam em um grande dormitório, dividido por gênero, com quartos particulares reservados para as práticas sexuais. (página 45). 

Esse tipo de iniciativa visava a destruição da esfera privada na vida das pessoas. Essas construções foram planejadas por arquitetos russos que foram denominados de Construtivistas. Era a arquitetura a serviço da utopia comunista, que deveria afastar o indivíduo da esfera privada/burguesa, inserindo-o num modo de vida coletivo.

Todavia, poucas dessas casas foram construídas. Elas ficaram apenas no campo da utopia e de romances, como o romance futurista "Nós", de Yevgeny Zamiatin (página 45).

"Mas o objetivo continuava a ser dominar a arquitetura de modo a induzir o indivíduo a afastar-se das formas privavas (burguesas) de domesticidade, dirigindo-se a um modo de vida mais coletivo." (página 45)

"O espaço e a propriedade privada desapareceriam, a família individual (burguesa) seria substituída pela fraternidade e por organizações comunistas, e a vida do indivíduo passaria a ser imersa na comunidade." (página 44)

SONHO DOS BOLCHEVIQUES:

O Estado soviético assumiria o lugar das famílias.

A vida privada, para os comunistas, era inimiga do regime bolchevique.

PARTIDO COMUNISTA EM PRIMEIRO LUGAR:

Os comunistas eram ensinados a "colocar o comprometimento com o proletariado acima do amor romântico ou da família." (página 46)

Nesse sentido, uma vida promíscua seria melhor do que estabelecer uma família, que poderia levar seus membros a se afastarem da lealdade ao Partido Comunista. 

O Partido Comunista vinha em primeiro lugar nada poderia colocar em dúvida a lealdade a ele. A pessoa só devia verdadeiramente se comprometer com o Partido. Constituição de uma família, o amor romântico, tudo isso só servia para desviar as pessoas daquilo que realmente importava: a causa comunista. Família e amor romântico eram coisas de burguês. 

Coisas de burguês também eram as mobílias que guarneciam uma residência. Um comunista raiz deveria viver numa casa guarnecida somente por mobílias funcionais, necessárias. O homem soviético não poderia se deixar escravizar pelo consumismo. Era precisa levar uma vida ascética, abandonando o estilo de vida burguês, com seus perfumes, roupas elegantes, cosméticos, anéis, etc. 

RENUNCIAMOS AO ANTIGO MUNDO

TIRAMOS SUA POEIRA DE NOSSOS PÉS

(Internacional Comunista, página 53)

Um comunista deveria sentir vergonha de desfrutar de um bom café da manhã que seria inacessível para um simples trabalhador. 

O COMUNISMO EXIGIA UM NOVO TIPO DE SER HUMANO:

Enfim, como dito por Máximo Gorki, para que o Comunismo triunfasse, seria necessário a criação de uma Personalidade Coletiva, contrapondo-se à personalidade individual.

Na visão dos bolcheviques, "...o ativista revolucionário era um protótipo de uma nova espécie de ser humano - uma personalidade coletiva que viveria apenas pelo bem comum - que popularia o futuro da sociedade comunista. Muitos socialistas viam a criação desse tipo de ser humano como o objetivo fundamental da Revolução. 'A nova estrutura da vida política exige de nós uma nova estrutura da alma', escreveu Máximo Gorki na primavera de 1917." (página 38)

ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "SUSSURROS, A VIDA PRIVADA NA RÚSSIA DE STALIN", ORLANDO FIGES, EDITORA RECORD



terça-feira, 6 de julho de 2021

As Estratégias de Santo Agostinho e Maquiavel




O POLITEÍSMO E O MONOTEÍSMO:

No início da história humana vigorava o politeísmo. O medo daquilo que está além da compreensão humana é a fonte criadora das religiões, dos deuses. Desde sempre deuses e espíritos personificaram, materializaram as manifestações da natureza (raios, enchentes, temporais, vulcões, terremotos, eclipses, etc), doenças, etc. Enfim, tudo aquilo que se encontrava além da compreensão humana era materializado na forma de um deus, de um espírito. Daí surgiu a adoção do politeísmo na Antiguidade. Havia uma miríade de deuses e espíritos venerados e temidos pelos seres humanos. 

Enquanto vigorava o politeísmo, a religião se mostrava inofensiva para a administração dos Estados. 

"Os deuses passavam tanto tempo discutindo entre si que os mortais mantinham uma espécie de equilíbrio aqui na terra." (página 97)

Mas quando o monoteísmo superou o politeísmo, surgiram várias perguntas:

- as pessoas deviam obediência a César (Estado) ou a esse Deus único, onisciente e onipotente?

- o Estado agora precisaria da aprovação da Igreja para que seus atos fossem legitimados?

- a Igreja sobreviveria sem a proteção do Estado?

Para resolver essas questões foram elaboradas duas estratégias, uma por Santo Agostinho e outra por Maquiavel. 

SANTO AGOSTINHO BUSCAVA, ANTES DE TUDO, CONCILIAR RAZÃO E FÉ:

Como conciliar a ideia de um Deus onipotente e onisciente com o mundo imperfeito no qual vivemos, onde até um inocente bebê, na visão de Santo Agostinho, assume a forma de um verme voraz?

"Se os bebês são inocentes, não é por lhes faltarem o desejo de fazerem o mal, mas por lhes faltarem forças." (página 99)

Será por meio da Razão que Santo Agostinho tentará explicar essa contradição envolvendo um Deus onipotente e um mundo imperfeito. Esse mundo imperfeito estava nos pecados confessados pelo próprio Santo Agostinho, em seu livro "Confissões". A imperfeição do mundo ainda estava na decadência do Império Romano. Santo Agostinho vivenciou as invasões dos bárbaros, a tomada de Roma pelos visigodos de Alarico, no ano de 410. 

Nessa busca de tentar conciliar a onipotência de Deus com um mundo imperfeito, Santo Agostinho buscará, por exemplo, justificar a guerra, uma conduta obviamente pecaminosa do homem, mas que podia ser justificada, por meio do seguinte pensamento: a guerra existe porque Deus talvez quisesse punir o homem para o seu próprio bem ou, se ele fosse morto no campo de batalha, viesse a ser transportado para um mundo melhor.

Enfim. sua luta para conciliar fé e razão, para conciliar um Deus onipotente com um mundo imperfeito, Santo Agostinho buscava coisas positivas em coisas ruins, pois isso refletiria de alguma forma a vontade de Deus. Santo Agostinho procurava lógica nos infortúnios, nas imperfeições do mundo, buscando justificá-los dizendo que refletiam a vontade de Deus.

A ESTRATÉGIA DE SANTO AGOSTINHO PARA CONCILIAR O ESTADO (CÉSAR) E A IGREJA (DEUS):

No seu esforço para tentar conciliar Deus e Estado Agostinho escreveu a obra "Cidade de Deus", na qual declara que só há um Deus e só há um Estado (Cesar), e você deve obediência aos dois. 

Mas como servir a dois senhores simultaneamente? Como ser leal a dois senhores? Como ser simultaneamente leal a Deus e a César (Estado)? Uma pessoa então teria que se equilibrar entre esses dois poderes, o terreno, representado pelo Estado, e o celestial, representado por Deus. 

Esse equilíbrio é então "a maior das tarefas estratégicas, pois exige alinhar capacidades humanas limitadas com uma aspiração - a vida após a morte - sem limites." (página 101)

Para buscar esse equilíbrio, Santo Agostinho buscava conciliar a Fé com a Razão. Para isso, ele buscava criar um guia de comportamento, um checklist que deveria ser seguido pelas pessoas, na condução/direção de suas vidas aqui na Terra (Cidade dos Homens). Se a pessoa agisse de acordo com as orientações de Santo Agostinho, ela então teria direito à vida eterna, podendo então entrar na Cidade de Deus. 

A obra "Cidade de Deus" é então é a tentativa de mostrar ao cristão como ele deveria agir para se equilibrar entre suas obrigações terrenas, em relação ao Estado, e suas obrigações com Deus, de forma a salvar a sua alma. 

Ao agir, o homem deveria equilibrar suas ações entre, fazer suas escolhas, entre as seguintes polaridades:

ORDEM - JUSTIÇA

GUERRA - PAZ

CÉSAR (ESTADO) - DEUS

"A Cidade de Deus é uma estrutura frágil dentro da pecaminosa Cidade dos Homens." (página 103)

AS JUSTIFICATIVAS DE SANTO AGOSTINHO PARA A GUERRA, O ESTADO E A ORDEM:

Santo Agostinho, na sua busca para conciliar a Fé com a Razão, buscou justificar a existência do Estado, da Guerra e da Ordem. 

- Existência do Estado:

Se Deus é Todo-Poderoso, por que há a necessidade da existência de um Estado? Santo Agostinho respondia dizendo que sem um Estado não haveria cristãos, e essa não podia ser a vontade de Deus.

De fato, não obstante períodos de perseguição, o Estado representado pelo Império Romano propiciou o desenvolvimento do cristianismo, inclusive reconhecendo-o, por meio do então Imperador Constantino. 

Agostinho tinha motivos de sobra para pensar dessa forma. Ele temia que a decadência do Império Romano, então tomado pelas invasões bárbaras (Roma foi saqueada pelo Visigodo Alarico, em 410 d.C), viesse a colocar em risco o próprio cristianismo. Santo Agostinho temia que o cristianismo, sem um Estado forte que o protegesse, submergisse diante das invasões dos bárbaros.

"Uma fé pacífica - a única forma de justiça para os cristãos - não pode florescer sem alguma forma de proteção proporcionada por um Estado." (página 103)

- A Ordem deve preceder a Justiça:

Diante então dessa desordem verificada no século V, com o Império Romano sendo invadido por povos bárbaros, Santo Agostinho procurou justificar que a Ordem deveria preceder a Justiça.

"Estabeleceu-se, então, que a ordem deve preceder a justiça, pois direitos podem existir mesmo sob terror constante." (página 103)

- Existência da Guerra:

Santo Agostinho foi o primeiro cristão a criar exceção para a  conduta de dar a outra face após ser ofendido/agredido. O cristão não deveria dar a outra face e sim lutar e, se necessário, matar o seu inimigo. Em seguida, Santo Agostinho estabeleceu um guia para justificar o emprego da guerra:

- teria ocorrido uma provocação?

- seria o recurso à violência um meio escolhido, não um fim em si mesmo?

- seria o uso da força proporcional a seu propósito de forma a não destruir o que deveria defender?

- teria a autoridade competente esgotado todas as alternativas pacíficas?

CONCLUSÃO:

A estratégia de Santo Agostinho, para um cristão conciliar suas obrigações com o Estado e com Deus, para conciliar as suas aspirações (ilimitadas) à Justiça, à Paz e à Vida Eterna com as realidades mundanas (capacidades limitadas) da Ordem, da Guerra e do Estado, baseava-se na adoção da PROPORCIONALIDADE, isto é, "os meios devem ser adequados, ou, pelo menos, não prejudiciais aos fins almejados." (página 107)

A ESTRAGÉGIA DE MAQUIAVEL:

Maquiavel tinha várias diferenças em relação a Santo Agostinho. Primeiro de tudo, Maquiavel não era santo. Ao contrário de Santo Agostinho, dizia que "DEUS NÃO QUER DECIDIR TUDO."

Contrariando ainda mais Santo Agostinho, Maquiavel nunca tentou restringir o livre-arbítrio do ser humano nos limites de sua razão. Com efeito, o livre-arbítrio de Santo Agostinho estava limitado pela razão, na medida em que as escolhas que o homem fazia entre Deus e César (Estado), entre a Justiça e a Ordem e entre a Paz e a Guerra, deveriam ser feitas sempre por meio da Razão, seguindo as instruções dadas por ele mesmo, isto é, retiradas de seus ensinamentos. Se assim agisse, o homem salvaria a sua alma e teria direito à vida eterna. 

Então, contrariando frontalmente o pensamento de Santo Agostinho, Maquiavel dizia:

"Deus não quer decidir tudo. Para que nosso livre-arbítrio não se anule e parte de nossa glória dependa de nós." (página 109).

Num mundo religioso como o do século XVI,  dizer que Deus não queria decidir tudo, era revolucionário. Se Deus não queria decidir sobre tudo que acontecia no mundo, abria para o ser humano a chance de atuar para corrigir a direção das coisas. Dessa forma, ao contrário de Santo Agostinho, Maquiavel não via o mundo como algo predeterminado.  

Maquiavel dava como exemplo um Estado governado erroneamente, no qual a cobiça dos homens logo irá destruí-lo, quer por uma revolta interna, quer por uma guerra externa. Mas se um Estado for governado com sabedoria, ele poderá obter bons resultados, como no caso de uma cidade que, para evitar enchentes, constrói diques, comportas e barragens, de forma a regular as cheias de um rio. Para Maquiavel, eram os homens que deveriam agir para evitar que uma cidade fosse destruída por uma enchente, por meio de obras de engenharia, e não ficar esperando pela boa vontade de Deus, afinal de contas, Deus não quer decidir tudo.

ESTRATÉGIAS QUE UM GOVERNANTE DEVERIA ADOTAR, SEGUNDO MAQUIAVEL:

Primeiramente, já que Deus não queria decidir sobre tudo, então o governante não precisaria, ao tomar uma decisão, buscar discernir a vontade de Deus. Seria presunçoso e temerário se um governante, antes de agir, ficasse perquirindo sobre qual seria a vontade de Deus no tratamento de um determinado assunto. 

A estratégia de Maquiavel também pode ser resumida na adoção da proporcionalidade, entendida esta na ideia de que o homem deve fazer o que é exigido de acordo com a necessidade, mas não à sua mercê em todos os aspectos. (página 113)

RESUMO DAS DIFERENÇAS DAS ESTRATÉGIAS DE SANTO AGOSTINHO E MAQUIAVEL:

SANTO AGOSTINHO buscou estratégias para se defender do caos na Terra e das labaredas do inferno

MAQUIAVEL buscou estratégias para se esquivar do governantes e Estados incompetentes

SANTO AGOSTINHO buscou razão num único Deus

MAQUIAVEL elaborou sua estratégia ignorando Deus

SANTO AGOSTINHO criou uma cidade imaginária num livro

MAQUIAVEL preparou um guia para os príncipes de como governar seus Estados


ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "AS GRANDES ESTRATÉGIAS, DE SUN TZU A FRANKLIN ROOSEVELT, COMO OS GRANDES LÍDERES MUDARAM O MUNDO", DE JOHN LEWIS GADDIS, EDITORA CRÍTICA.