segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Leis deste viver


"Ah, se Deus nos deixasse, Amor, interceder

para apagar as tristes Leis desse Viver,

somente obedecendo à voz do Coração,

que Livro diferente iríamos escrever!"


Rubáyát

memória de Omar Khayyám

Editora Unesp. Tradução, notas e apresentação: Luiz Antônio de Figueiredo.
http://www.editoraunesp.com.br/catalogo-detalhe.asp?ctl_id=1441

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Argila



Meu lábio degustou a sagrada Bebida


num Caneco de Argila, para entender a Vida.


Argila aconselhou: - "Contente-se em Beber,


não haverá mais vinho após a despedida.

Umar Ibn Ibráhim Al Khayyámi, Matemático Persa.
Rubáyát

Fim que nos espera

Enche a Taça de Vinho, e tua roupa severa


atira ao fogo acolhedor da Primavera!


Chega de contrição! O Pássaro do Tempo


abriu as asas rumo ao Fim que nos espera.

Umar Ibn Ibráhim Al Khayyámi

Matemático persa, escreveu o Rubáyát
http://www.editoraunesp.com.br/index.html

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Coisas



"É fácil dizer que tanto faz, 'deixa para lá, o passado está na gente, na nossa lembrança.' Fácil e um pouco falso: nossa identidade é sempre dispersa aos quatro ventos. Ela está nas pedras, nas coisas e nos outros."

Contardo Calligaris

Trecho de um texto - As coisas, os outros e os escombros - publicado no Jornal Folha de São Paulo - quinta-feira, 7 de junho de 2012, página E10

sábado, 28 de abril de 2012

Crença


"São poucas as pessoas saudáveis a ponto de conseguir viver sem se atormentar com a necessidade de resolver, como se diz, o enigma da vida. Ou seja, são poucas as pessoas para quem a experiência concreta se justifica por si só, pela alegria de viver. A maioria precisa recorrer a crenças que digam por que e para o que estamos aqui."

Contardo Calligaris

Fonte:
Folha de São Paulo, quinta-feira, dia 26 de abril de 2012, página E10, Ilustrada

segunda-feira, 16 de abril de 2012

De quanta terra precisa um homem?


"Nele, um camponês rico chamado Pahom fica sabendo do fértil solo na terra dos Bashkirs, além do Volga. É gente simples, e ele conseguirá toda a terra que quiser deles sem muito problema. Quando Pahom chega à terra dos Bashkirs, dizem-lhe que por mil rublos ele pode ter tanta terra quanto nela puder andar durante um dia inteiro. Pahom, desprezando-os pela falta de sofisticação, fica exultante. Tem certeza de que poderá percorrer uma grande distância. Quase assim que se pôs a andar, contudo, avista uma paisagem atraente atrás da outra, um lago ali, ou uma faixa de terra mais adiante que seria boa para cultivar linho. Então percebe que o sol começa a se pôr. Ao compreender o risco de perder tudo, começa a correr cada vez mais depressa para fazer a tempo o percurso de volta. 'Peguei demais', diz a si mesmo. e 'arruinei tudo'. O esforço mata-o. Ele morre no posto final, e ali mesmo, é enterrado. 'Seis palmos da cabeça aos joelhos era tudo o que precisava', foi a conclusão de Tolstoi. A diferença na história, menos de sessenta anos depois, estava não apenas num único homem enterrado ali na estepe, mas em centenas de milhares de mortos por procuração"


Nota do Blog:
Trecho de texto retirado do livro Stalingrado, o Cerco Fatal, de Antony Beevor. Antony faz uma analogia entre um texto escrito por Tolstoi em 1886 - De quanta terra precisa um homem - com a megalomania de Adolf Hitler. Os milhares de mortos por procuração foram os soldados alemães que lutaram na Rússia no período de 21 de junho de 1941 até o ano de 1944. Adolf Hitler outorgou poderes para que milhares de jovens alemães lutassem e morressem em seu nome. Aos alemães mortos, se somaram milhares de russos, civis e militares, que também pereceram durante o conflito. 

Dica de Leitura:
Stalingrado, o Cerco Fatal, Editora Record, Antony Beevor, 12º edição, 2011.

Fotos:

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Rousseau versus Hobbes


"O filósofo franco-suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-78) acreditava que o homem era essencialmente "bom" quando vivia em "estado de natureza", antes da criação do Estado e da propriedade privada. Ele criticava seu antecessor britânico Thomas Hobbes (1588-1679), que defendia uma visão oposta. Para Hobbes, o homem era o lobo do homem, e só graças ao Estado essa anarquia, essa luta de todos contra todos, poderia cessar. O israelense mostra que a razão está com Hobbes. Não só em termos de teoria; a prática, o cotidiano, tem mostrado que o autor do "Leviatã" era mais realista. Um exemplo rápido: o grande problema da Somália, do Haiti ou dos morros cariocas não é o excesso de Estado, e sim a ausência do "Leviatã". Um Leviatã, um Estado de verdade, não terceiriza o monopólio da violência legítima."

FONTE:
Trecho do artigo:
GUERRA É GUERRA
Arqueólogos escavam as origens dos conflitos armados.
Ricardo Bonalume Neto.
Caderno Ilustríssima, Domingo, 8 de abril de 2012, página 06, Folha de São Paulo
Comentários ao livro do autor israelense Azar Gat War in Human Civization, Oxford University Press, 848 págs, R$ 96,00.

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Nota do Blog
Eu também concordo com Thomas Hobbes. Sem Estado iríamos viver em estado de guerra de todos contra todos. Sempre que há algo que tire as forças do Estado de circulação, o resultado a gente vê na forma de saques, violência, etc. 
Exemplos da verdadeira natureza humana não faltam: