sábado, 15 de junho de 2019

Gengis Khan Temujin Nascimento Família Hunos Burkhan Khaldun


Nascimento:
Temujin, que viria a se tornar Gengis Khan, nasceu em 1162, nas proximidades da Montanha Burkhan Khaldun, próximo ao rio onon, onde hoje se localiza a atual Mongólia.
Família (pai e mãe):
Temujin era filho de Hoelun, da tribo Merkid, que tinha sido raptada por aquele que viria se tornar o seu pai, Yesugei. 
Yesugei era oriundo de um grupo pequeno que um dia seria conhecido como os mongóis, mas nessa época era apenas membro do clã Borijin. Yesugei na época em que raptou Hoelun já era casado e tinha filhos
Geografia da Mongólia da época de Temujin:
A Mongólia poderia ser dividida em três partes: a parte norte, fazendo fronteira com a atual Rússia (Sibéria), havia montanhas, dentre elas a venerada Burkhan Khaldun. No centro havia estepes e ao sul havia o Deserto de Gobi, fazendo fronteira com a região que hoje é a China. O grupo de Temujin localizava-se no nordeste do que hoje é a Mongólia, numa área onde terminava a estepe e começava a Montanha Burkhan Khaldun. Ali havia poucos rebanhos, viviam da caça, competiam com os lobos pela caça, raptavam esposas de outras tribos e roubavam animais dos habitantes das estepes.
Mongóis e seus parentes próximos:
Os mongóis eram nômades. Seu parentes próximos eram os tártaros e os Khitan (leste). Mais a leste ainda havia os Manchu. A oeste havia tribos túrquicas (Ásia Central). Esses grupos compartilhavam uma herança cultural e linguística com as tribos da Sibéria.
Geralmente as tribos túrquicas e os tártaros se uniam em Confederações Tribais. Já os Mongóis viviam em pequenos bandos, liderados por um chefe, o Khan. Geralmente as pessoas que integravam esses bandos possuíam laços de parentesco. 
Mongóis e Hunos:
Os Mongóis se declaravam descendentes dos Hunos. "Hun" é a palavra mongol para "Ser Humano". Os Hunos foram os primeiros fundadores de um Império na Estepe, no século III d.C. Os mongóis chamavam seus ancestrais Hunos de "O Povo do Sol"(Hunnu).
Origem do nome Temujin:
O nome "Temujin" foi tirado de um guerreiro tártaro que tinha sido morto pelo próprio pai de Temujin.


Fonte: Anotações extraídas da Leitura do Livro Gengis Khan e Formação do Mundo Moderno, Jack Weatherford, editora Bertrand Brasil, páginas 46/64

Religião dos Mongóis, Seguidores de Gengis Khan


Os Mongóis eram animistas. Cultuavam o "Eterno Céu Azul", a "Luz Dourada do Sol". Cultuavam Montanhas, como a Burkhan Khaldun.
Para os Mongóis a alma estava presente nas essências em movimento: sangue, respiração, olfato. De forma análoga, a alma da Terra estava nos rios.
Os Mongóis acreditavam que Deus era o "eterno céu azul", que se estendia de horizonte a horizonte, não podendo ser confinado numa casa de pedra, fosse ela uma mesquita ou uma igreja cristã. Tampouco as palavras de Deus poderiam ser capturadas e colocadas num livro (bíblia, corão). 

Fonte: Anotações extraídas da leitura do Livro "Gengis Khan", e a formação do Mundo Moderno, Jack Weatherford, editora Bertrand Brasil, página 51 e 87/88)

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Chernobyl Tchernóbil



"Você não deve se esquecer de que isso que está na sua frente não é mais o seu marido, a pessoa que você ama, mas um elemento radioativo com alto poder de contaminação. Não seja suicida. Recobre a sensatez."
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(Conselho dado a Liúcienka, esposa de um bombeiro (Vássia) contaminado pela radioatividade proveniente da explosão do reator 4 da Usina de Chernobyl/Tchernóbil. Vássia estava internado num hospital em Moscou e sua esposa, que o visitava, era orientada para que não o abraçasse, não o beijasse, sob pena dela ser contaminada )

(Fonte: Vozes de Tchernóbil, a história oral do desastre nuclear, Svetlana Aleksiévitch, Editora Companhia das Letras, página 28)

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Alta Idade Média O Sonho da Monarquia Universal e a Disputa pela Alemanha.



ALTA IDADE MÉDIA NA EUROPA CENTRAL E OCIDENTAL: 
Havia uma identidade comum na figura do chefe espiritual representado pelo Papa, chefe da Igreja Católica, em Oposição ao Islã, que avançava no Sudeste (Conquista de Constantinopla em 1453) e que recuava na Península Ibérica.
O COTIDIANO DAS PESSOAS COMUNS:
A vida das pessoas girava em torno da Igreja, para a qual pagavam um dízimo. Essas pessoas comuns ainda dependiam da proteção de um Senhor Feudal, para o qual pagavam tributos.
GEOGRAFIA EUROPEIA
O homem europeu se via na margem de um mundo cujo centro localizava-se na Terra Santa, em Jerusalém. Quando os Portugueses se lançaram na exploração da Costa Ocidental africana (conquista de Ceuta em 1415), objetivavam flanquear os islâmicos no Oriente. "A Europa expandiu-se, por assim dizer, em legítima defesa." (página 35)
SACRO IMPÉRIO ROMANO GERMÂNICO:
Germânico a partir de 1450. Sacro Império foi o sucessor do Império Romano do Ocidente. Naquela altura, encontrava-se enfraquecido, mal conseguindo organizar a defesa comum. Muitas línguas eram faladas no interior do Sacro Império: italiano, alemão, tcheco, holandês, francês.
MEADOS DO SÉCULO XV:
Dois eventos devem ser destacados: queda de Constantinopla nas mãos do Otomanos e queda dos Ingleses na França. Com o fim do perigo inglês, os Franceses voltaram suas atenções para o Sacro Império Romano Germânico.
SACRO IMPÉRIO ROMANO GERMÂNICO CERCADO:
Em meados do século XV, o Sacro Império viu-se cercado por duas potências em ascensão: a oeste, pela França e a leste, pelo Império Otomano. 
MONARQUIA UNIVERSAL:
O Habsburgo Carlos V, detentor da Coroa de Sacro Imperador Romano Germânico, acalentava a ambição de tornar Universal o seu Império. O sonho de uma Monarquia Universal não era exclusividade de Carlos V. No Leste, os Otomanos, inebriados com a Conquista de Constantinopla em 1453, desejavam tornar seu Império Universal, reivindicando para si a herança do Império Romano. Solimão, o Magnífico, buscava expandir o poder Otomano pelo Mar Mediterrâneo e pela Europa Central. Os Otomanos forçariam a entrada na Europa, sendo detidos duas vezes às portas de Viena (1529 e 1683).
HABSBURGOS, PROTETORES DA CRISTANDADE:
Os Habsburgos se vendiam como os Protetores da Cristandade Ocidental contra o avanço islâmicos otomano. Em 1519, Carlos V, um Habsburgo, seria eleito Sacro Imperador Romano Germânico. Naquela altura, Carlos V governava Nápoles, Áustria, Boêmia, Novo Mundo nas Américas e Países Baixos. Era chamado de "Rei dos Romanos e Imperador do Mundo" (página 42)
O SONHO DE UMA MONARQUIA UNIVERSAL CAI POR TERRA:
O Sonho de Carlos V de erigir uma Monarquia Universal caiu por terra ao ser derrotado por suecos, príncipes alemães, França e Inglaterra. Carlos V teve que dividir sua herança entre um ramo austríaco e um ramo espanhol dos Habsburgos.
DESUNIÃO DO SACRO IMPÉRIO ROMANO GERMÂNICO
Carlos V era tinha a Coroa do Sacro Império mas não tinha a união de que precisava para erigir seu Império Universal. Dentro do Sacro Império Romano Germânico havia muitos senhores (príncipes alemães, cidades livres e o Imperador). Essa desunião era explorada pelos inimigos. Era uma desunião que enfraquecia e dificultava a estratégia de defesa de uma área central da Europa (atual Alemanha)
FRANÇA E A NECESSIDADE DE ROMPER O CERCO HABSBURGO
A França via-se cercada pela Dinastia Habsburgo. No sul, havia a Espanha, governada por um Habsburgo. O mesmo acontecia no norte (Flandres) e no Leste. A França teria que lutar para romper esse cerco e assim o fez. A política francesa, em relação ao Sacro Império Romano Germânico, consistia em colocar os príncipes alemães contra o Imperador. Se os príncipes alemães se unissem em torno do Imperador Habsburgo, a França pouco poderia fazer para obstar uma invasão alemã ao seu território.
HOLANDA TAMBÉM DEPENDIA DA DESUNIÃO NO SACRO IMPÉRIO ROMANO GERMÂNICO PARA SOBREVIVER.
O que acontecia na Alemanha também era vital para a existência da Holanda. Os holandeses se libertaram dos espanhóis no final do século XVI. Dessa forma, a Holanda torcia para que os príncipes alemães não se unissem ao Imperador Habsburgo. A dinastia Habsburgo detinha a coroa do Sacro Império, a coroa Espanhola e a coroa Austríaca.
GRÃ-BRETANHA
A Grã-Bretanha, apesar de ser uma ilha, não podia ficar indiferente ao que acontecia no continente, principalmente na Alemanha, pois sua primeira defesa seria nos Países Baixos, de forma que a independência holandesa era de seu interesse estratégico.
SUÉCIA
A Suécia também via o destino da Alemanha com preocupação. Ela temia que o Imperador Habsburgo unisse os príncipes alemães numa frente para a criação de uma Monarquia Universal Católica. Foi por esse motivo que o rei sueco, Gustavo Adolfo, interviu na Guerra dos Trinta Anos (1618 -1648). A Suécia, um reino protestante, não poderia permitir que o Imperador Católico Habsburgo penetrasse na Alemanha, aproximando-se de sua fronteira.
SACRO IMPÉRIO ROMANO GERMÂNICO ERA COBIÇADO POR TODOS.
"Quem dominasse a Alemanha poderia subjugar outros reinos." (página 49)
O Sacro Império, que abrange em grande parte a atual Alemanha, tinha recursos inexplorados. Possuía 15 milhões de habitantes. A coroa do Sacro Império Romano Germânico era obtida por meio de uma eleição. Em teoria, o Sacro Imperador estaria acima de todos os outros monarcas europeus. Isso acarretou uma campanha pela Coroa entre os Monarcas Europeus. Henrique VIII, rei da Inglaterra, queria ser eleito. Havia subornos para conseguir se eleger. Carlos V, em 1519, valeu-se de suborno para se eleger Imperador, mas não conseguiu que seu filho Filipe, rei da Espanha, lhe sucedesse como Rei dos Romanos. A Coroa de Imperador acabou indo para o ramo austríaco da Família Habsburgo.


Fonte: Anotações extraídas da leitura do Livro: Europa, a Luta pela Supremacia, de 1453 aos Nossos Dias, Brendan Simms, Editora Edições 70

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Pecado Original Agostinho Massa Damnata



Agostinho de Hipona associava o desejo sexual com o cometimento de pecados. Segundo ele, haveria uma relação natural e inevitável entre o desejo sexual e o cometimento de pecados.
Antes disso, no século II d.C., Tertuliano de Cartago cunhou a expressão PECADO ORIGINAL, dizendo que ele era o primeiro pecado praticado, ainda no Jardim do Éden.
Agostinho se apropriou dessa ideia do Pecado Original, dizendo que a Luxúria seria um veículo para se chegar nele. Agostinho dizia que o nascimento de qualquer pessoa estava ligado ao Pecado Original, pois qualquer processo de concepção de um ser não pode ser feita sem a presença da Luxúria.
Para Agostinho, Adão e Eva poderiam ter feito sexo sem luxúria, mas escolheram fazê-lo com lascívia. Adão e Eva, com efeito, como seres humanos que são, só são livres para pecar.
Para Agostinha, Deus é bom, mas todos nós nascemos maus. Somos frutos de um Pecado Original. 
Mesmo que você faça o bem, o fará pela Graça de Deus. Todas as demais pessoas são uma MASSA DAMNATA (Massa de Condenados).
Deus, à sua maneira inescrutável, escolherá um pequeno grupo de pessoas para ser salvo. 
Para Agostinho, a justificativa para a existência da Escravidão poderia ser erigida sobre a concepção segundo a qual há nesse mundo pessoas boas e pessoas más. As boas poderiam escravizar as pessoas pecadoras.
Agostinho extraía a sua autoridade de Deus, de forma que muito do que escrevia por vezes poderia contrariar a Bíblia sem que com isso se visse repreendido ou contestado. 
Santo Agostinho foi influenciado por uma Seita Cristã denominada MANIQUEUS.
Os Maniqueus viam o Mundo como uma luta entre a Escuridão e a Luz. A alma seria uma partícula de luz aprisionada pelo mundo físico, pelo corpo, daí o desprezo dessa seita pelos desejos físicos, pelo sexo.
O desejo sexual era apenas mais um estímulo externo que fazia com que o ser humano, cego pelo desejo carnal, virasse as costas para Deus, afastando-se dele. 

ANOTAÇÕES extraídas do Livro CASOS FILOSÓFICOS, de Martin Cohen, Editora Civilização Brasileira, páginas 96/100

sábado, 8 de junho de 2019

Balaclava A Carga da Brigada Ligeira Guerra da Crimeia


Balaclava é uma enseada localizada na Península da Crimeia, atual Rússia.
Ela serviu de porto para o Britânicos, que o utilizaram como local de desembarque de suprimentos para tropas inglesas que sitiavam a cidade de Sebastopol.
O nome Balaclava deriva de Bella Clava (belo porto), que no passado foi usado pelos genoveses, até serem expulsos pelos Otomanos no século XV.
Balaclava ficou conhecida em razão de uma batalha que aconteceu ali no dia 25 de outubro de 1854, no contexto da Guerra da Crimeia (guerra travada pela Rússia contra uma aliança formada pelo Império Otomano, Grã-Bretanha, França e Piemonte, durantes os anos 1854/1855)
Como dito acima, os Britânicos utilizavam Balaclava como um Porto para o escoamento de suprimentos de sua tropas que sitiavam Sebastopol.
Em 25 de outubro de 1854 os Russos resolveram atacá-lo. O ataque fracassou, Balaclava continuou na posse dos Britânicos, mas o que ficou para a história foi uma carga da cavalaria ligeira britânica contra redutos russos protegidos por baterias de artilharia, cavalaria e infantaria russas.
No início do ataque, os Russos tomaram 4 redutos no Monte Causeway, que eram guarnecidos por tunisianos (a Tunísia fazia parte do Império Otomano) e por canhões de fabricação britânica. Os tunisianos, mal treinados, fugiram, em direção ao porto, deixando para trás os canhões britânicos. Na sequência, o ataque russo foi obstado pela ação dos Highlanders e pela Cavalaria pesada britânica. Os russos então deram início a uma retirada, levando consigo os canhões britânicos, apreendidos no início da batalha.
O problema foi a saída dos Russos levando consigo os canhões britânicos, pois isso violava uma tradição militar britânica, derivada da história do Duque de Wellington, que nunca deixou uma peça de artilharia britânica ser capturada pelo inimigo.
O comandante das Forças Britânicas na Crimeia, Lord Raglan, temia que canhões britânicos fossem usados como troféus pelos russos, de forma que ele ordenou que a cavalaria ligeira britânica, sob o comando de Lorde Lucan, efetuasse uma carga para retomá-las.
O problema é que a ordem emitida por Lord Raglan era genérica, não especificando quais peças de artilharia deveriam ser capturadas, se eram as russas ou se eram as britânicas. 
Para piorar, a cavalaria ligeira teria que atravessar 2 mil metros de extensão num vale, tendo à sua frente, forças russas formadas por artilharia, cavalaria e infantaria, tendo à sua esquerda o monte Causeway, guarnecidas pelos russos com os canhões britânicos capturados e ainda tendo à direita no fundo do vale outro grupo de russos. Se a ordem do ataque fosse direcionada para retomar as peças de artilharia britânicas localizadas no Monte Causeway, seria factível cumpri-la, mas se fossem as russas, a carga da cavalaria ligeira seria praticamente submetida a uma ação suicida, indo ao fundo do vale, percorrendo 2 quilômetros em meio a uma saraivada de projéteis vindos de canhões e carabinas.
Ao final de tudo, Lord Lucan, na dúvida sobre qual caminho seguir, com uma ordem genérica e erroneamente transmitida para ser cumprida, com seus comandados exigindo uma ação que justificasse a fama da cavalaria ligeira britânica como a melhor do mundo, resolveu tomar o caminho mais difícil, atravessando os 2 mil metros de extensão do vale, em meio a um bombardeio, alvejado pela frente e pelos flancos direito e esquerdo, indo ao fundo do vale, em direção à principal força russa. 
"Dos 661 homens que iniciaram a carga, 113 foram mortos, 134 feridos e 45 feitos prisioneiros, 362 cavalos foram perdidos ou mortos" (página 274)
Essa batalha resultou no poema de Alfred Tennyson, intitulado "A Carga da Brigada Ligeira"

"Avante brigada ligeira!
Havia algum homem abatido?
Não, embora os soldados soubessem
Alguém havia falhado:
Não cabia a eles retrucar,
Nem a eles questionar,
A eles apenas agir e morrer;
Para o vale da Morte
Cavalgaram os seiscentos."
(página 275)

Fonte: Crimeia, a história da guerra que redesenhou o mapa da Europa no século XIX, Orlando Figes, Editora Record, páginas 265/275