segunda-feira, 27 de abril de 2020

Lebensraum Espaço Vital Timothy Snyder Ideia Judaico-Bolchevique



SEGURANÇA ALIMENTAR:

Hitler queria buscar uma reserva regular de alimentos. Essa reserva proporcionaria segurança e controle para o regime. Hitler sabia das consequências da fome causada pelo Bloqueio Marítimo Britânico. A fome causada pelo bloqueio naval britânico "forçara alemães da classe média a desrespeitar a lei para conseguir alimentos de que necessitavam ou que achavam que necessitavam, causando insegurança no âmbito pessoal e desconfiança em relação às autoridades." (página 27)


O IMPÉRIO BRITÂNICO CONTROLAVA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS:

Durante a Primeira Guerra Mundial, a Força Naval Britânica estrangulou o Império Alemão, impedindo o seu acesso a alimentos. Hitler não se esquecia disso. Para Hitler, o Livre Comércio propagandeado pelo Império Britânico era uma falácia, pois ele era usado como um disfarce, atrás do qual se escondia domínio britânico dos mares. Esse controle dos ingleses das rotas marítimas dava a eles o poder de controlar o abastecimento de alimentos no mundo todo. Durante a Primeira Guerra Mundial, os britânicos violaram o Livre Comércio tão defendido por eles, estabelecendo um bloqueio que impedia que qualquer país vendesse alimentos para o Império Alemão.

"A capacidade de prover alimentos e de negá-los, enfatizava Hitler, era uma forma de poder. Hitler chamava essa falta de segurança alimentar para todos menos para os britânicos, de "guerra econômica pacífica'." 
(página 28)

Essa hegemonia britânica só seria quebrada se a Alemanha expandisse se território de forma a adquirir áreas que a tornasse autossuficiente na produção de alimentos.

"...na visão de Hitler, pela conquista de um império territorial que equilibrasse a balança entre Londres e Berlim."
(página 28)

Obtido esse equilíbrio, a Alemanha então poderia se igualar à Grã-Bretanha.
Nas décadas de 20 e 30, a Alemanha poderia alimentar sua população com alimentos extraídos de seu território somente , mas isso, na visão de Hitler, seria feito em detrimento de parte de sua indústria, de suas exportações e de suas reservas em moeda estrangeira.

EXPANSÃO TERRITORIAL ALEMÃ, EM BUSCA DE ÁREAS AGRICULTÁVEIS. PRODUÇÃO DE ALIMENTOS:

A expansão territorial alemã deveria ser feita de modo a não despertar a oposição britânica.

"A ideia era se infiltrar em sua rede de poder sem força-los a reagir. Tomar terras de outros não ameaçaria o grande império marítimo (britânico), ou assim imaginava Hitler. No longo prazo, ele esperava fazer a paz com a Grã-Bretanha na base da divisão do mundo." 
(página 28)

Hitler via nos britânicos 'parentes raciais', que mereciam respeito pelo grande Império que tinham criado.
A expansão territorial sonhada por Hitler encontrava sua fonte inspiradora no exemplo dos Estados Unidos da América (EUA). Durante o século XIX, os EUA se expandiram para o oeste, passando por cima dos povos indígenas que habitavam essa área da América do Norte.

"Para gerações de alemães imperialistas e para o próprio Hitler, o império território exemplar eram os EUA."
(página 29)

"Os americanos ensinaram a Hitler que a necessidade se confunde com o desejo, e que o desejo nasce da comparação." 
(página 29)

O desejo alemão de obter um espaço vital, no qual sua segurança alimentar estaria assegurada, para nunca mais sofrer com as agruras da fome, como experimentado durante o Bloqueio Naval Britânico na Primeira Guerra Mundial, nascia com a comparação com o exemplo dos EUA, que obtiveram um enorme espaço territorial expandindo a Oeste

SONHO AMERICANO DE HITLER:

Num mundo no qual as informações corriam de forma mais rápida, um alemão poderia comparar a sua vida com a de um americano. E dessa comparação, nasceria o desejo de ter um padrão de vida semelhante ao do americano. E se esse desejo não se concretizasse, poderia nascer daí uma frustração e descontentamento com a ordem vigente.
Mas para alcançar um padrão de vida americano, era necessário ter acesso aos mesmos recursos que os americanos tinham. No caso da Alemanha, esses recursos viriam por meio de sua expansão para o Leste, conquistando o seu Lebensraum, o seu espaço vital. Os alemães, portanto, só alcançariam o padrão de vida americano se obtivessem êxito em sua expansão para o leste.

A VARIÁVEL ERA A QUANTIDADE DE TERRA:

"A presença inevitável dos Estados Unidos na mente germânica foi a razão definitiva pela qual para Hitler, a ciência não resolveria o problema do sustento. Mesmo que as inovações melhorassem a produtividade agrícola, a Alemanha não poderia se manter no ritmo dos americanos, valendo-se apenas delas. O progresso tecnológico certamente se daria nos dois lados; a variável era a quantidade de terra agricultável. Portanto, a Alemanha precisaria de tanta terra e de tanta tecnologia quanto os americanos. Hitler proclamava que a luta permanente pela Terra era um desejo natural, mas sabia que o desejo de aumentar o conforto relativo também era capaz de gerar um moto-perpétuo."
(página 30)

VISÃO SOMBRIA DE HITLER QUANTO AO FUTURO DA ALEMANHA:

A visão de Hitler quanto ao futuro da Alemanha era sombria. Para ele, o território alemão, mesmo que acrescido daquilo que tinha perdido com o Tratado de Versalhes, ainda assim seria insuficiente para dar aos alemães uma vida comparável aos dos americanos.

LEBENSRAUM - ESPAÇO VITAL:

Lebensraum, o espaço vital, não foi um termo criado por Hitler. Hitler se apropria dele para seus próprios fins. Para Hitler, o Lebensraum comportava a ideia subjetiva de se obter um alto padrão de vida para os alemães, conjugada com a luta racial incessante pela sobrevivência física. Esse Lebensraum de Hitler era justificado como uma luta natural. Era algo natural, extraído da própria natureza, fazendo parte do processo natural da vida, consubstanciado pelo desejo de uma vida melhor, confortável, ao lado de uma luta racial incessante pela sobrevivência física.

"O termo Lebensraum entrou para a língua alemã como equivalente da palavra francesa 'biotope', ou 'habitat'. Num conceito mais social que biológico, ela pode significar algo além: conforto doméstico, algo próximo a 'sala de estar'. A convergência desses dois significados numa única palavra ampliou a ideia circular de Hitler: a natureza não era nada além de sociedade, a sociedade não era nada além de natureza. Portanto, não havia diferença entre a luta dos animais pela existência física e a preferência das famílias por uma vida melhor. Tudo era sempre lebensraum."
(páginas 30/31)

Outras definições de Lebensraum. Mas todas elas apontam para uma mesma direção: luta racial pela sobrevivência física e busca de conforto material:

Robert Ley, um dos primeiros companheiros nazistas de Hitler:

"...lebensraum é mais cultura, mais beleza - coisas que a raça deve ter, ou perecerá."

Joseph Goebbels, marqueteiro de Hitler, definiu assim o propósito da guerra de extermínio:

"...como um bom desjejum, um bom almoço e um bom jantar"
(páginas 30/31)

"Dezenas de milhões de pessoas passariam fome, mas não para que os alemães pudessem sobreviver no sentido físico da palavra. Dezenas de milhões de pessoas passariam fome para que os alemães pudessem lutar por um padrão de vida sem igual."
(página 31)

ONDE ESTARIA O LEBENSRAUM ALEMÃO? NA ÁFRICA? NA EUROPA?:

Quando a Alemanha finalmente se uniu, em 1871, num Império sob o comando da Prússia, o processo de colonização já estava praticamente finalizados. A Alemanha chegou atrasada à festa. As melhores colônias já tinham sido repartidas entre França, Grã-Bretanha, Bélgica, Holanda, etc. E para piorar, quando perdeu a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha se viu sem suas poucas colônias africanas: o Sudoeste da África, Sudoeste Africano Alemão (Namíbia) e a África Oriental Alemã: Burundi, Ruanda, Tanzânia e parte de Moçambique. Enfim, a Alemanha tinha somente seu território europeu, e ainda sem os territórios que lhe foram tirados pelo Tratado de Versalhes.
Nesse cenário, onde então a Alemanha iria buscar seu espaço vital? O Lebensraum alemão seria buscado no Leste Europeu: Polônia, Países Bálticos, URSS. Mas obviamente havia um problema: esse leste sonhado pela Alemanha era habitado por russos, ucranianos, letões, lituanos, estonianos, judeus, poloneses, bielorrussos, etc. Para driblar esse problema, os nazistas iriam construir uma narrativa para justificar a tomada de terras que já estavam ocupadas por outros povos. E essa narrativa seria o Racismo.

RACISMO - JUSTIFICATIVA PARA COLONIZAR ÁREAS POVOADAS:

O Racismo seria a ideia que iria transformar áreas habitadas como a URSS, a Polônia, os países bálticos em áreas passíveis de serem colonizadas.

"E a ideia que transformava terras habitadas em colônias em potencial era o racismo; e a fonte de mitologias para os racistas nasceu da recente colonização da América do Norte e da África. A conquista desses continentes plasmou a imaginação literária dos europeus da geração de Hitler."
(página 31)

Hitler era um entusiasta das histórias literárias sobre o Velho Oeste americano. A luta do homem branco contra o índio malvado.
Na cabeça de Adolf Hitler, os povos do leste da Europa (poloneses, ucranianos, russos, etc) deveriam ter o mesmo destino que os índios tiveram nos EUA; ou ainda o mesmo destino que os povos asiáticos e africanos tiveram nas mãos dos colonizadores ingleses, holandeses, franceses, belgas, etc.

O RACISMO DE HITLER DIFERIA DO RACISMO DE OUTROS POVOS COLONIZADORES:

O racismo de Hitler era diverso daquele que justificava que ingleses e franceses, por exemplo, colonizassem áreas na África e na Ásia. O racismo de Hitler ia além, pois "Ele via o mundo todo como uma África e todos, inclusive os europeus, em termos raciais. Nisso, como ocorre com frequência, ele era mais coerente que outros. O racismo, afinal, era uma tentativa de julgar quem seria plenamente humano. Dessa forma, as ideias sobre superioridade e inferioridade derivadas da raça podiam ser aplicadas à vontade e segundo as conveniências. Mesmo sociedade vizinhas, que não pareciam muito diferentes da alemã, eram definidas racialmente diversas."
(página 32)

No livro Minha Luta, Hitler deixa claro que era na Europa que a Alemanha deveria procurar áreas para colonizar. A África estava fora de cogitação.

EXPERIÊNCIAS ALEMÃ NA COLONIZAÇÃO:

⏩ No continente africano:

A Alemanha teve colônias africanas:

(a) África Oriental Alemã: atuais Ruanda, Burundi, Tanzânia e parte de Moçambique
(b) Sudoeste Africano Alemão: atual Namíbia

Os alemães procuravam adotar em suas colônias africanas aquilo que eles viam os americanos, nos EUA, fazendo com seus índios. Alemães diziam que os nativos deviam abrir passagem. Miravam-se no exemplo dos EUA, na forma como estes tratavam seus indígenas (extermínio ou confinando-os em reservas).

⏩No continente europeu:

A Alemanha já tinha experiência em lidar com colônias no leste da Europa. Com as partilhas da Comunidade Polônia/Lituânia no século XVIII, uma parte desta coube à Prússia. Em 1871, com a Prússia liderando a unificação alemã sob a dinastia Hohenzollern, essa parte da Polônia foi anexada ao Império alemão. Os alemães já viam esses poloneses como sendo inferiores a eles. Uma parte da literatura alemã os tratava como 'pretos'. Bismarck tentou submetê-los, por meio da Kulturkampf, uma campanha contra a Igreja Católica, cujo principal alvo era pôr fim à identidade polonesa. Houve ainda campanhas de colonização subsidiadas pelo Estado.

OS ALEMÃES JÁ TINHAM SENTIDO O GOSTO DE TER UMA EXPANSÃO PARA O LESTE:

Com o Tratado de Brest-Litovsk, assinado entre a Alemanha e os bolcheviques, a Alemanha teve grandes ganhos territoriais no leste. Com esse tratado, as áreas de influência ou ocupação da Alemanha e das Potências centrais abrangiam os países bálticos, a Ucrânia, a Bielorrússia e a Polônia. Odessa, Kiev, Varsóvia, Riga, Vilnius, Tallinn/Reval, Minsk, Crimeia, etc, estavam ocupadas ou sob influência alemã e das Potências Centrais.
A Ucrânia iria fornecer alimentos para o esforço de guerra alemão (Paz do Pão, de 1918). Pelo menos esse era o desejo alemão, que não final não se concretizou, em razão da oposição exercida pelos camponeses ucranianos e pelos políticos ucranianos, que agora governavam a recém-criada República Nacional da Ucrânia, que ficava na zona de influência alemã.
Com o fim da guerra e a derrota para os Ingleses/Franceses/Americanos, a Alemanha e as Potências Centrais tiveram que devolver todos os territórios que tinham ganhado com o Tratado de Brest-Litovsk. Mas esse ganho territorial no Leste ficaria na memória dos alemães. E mais: os alemães não tinham sido derrotados no leste.

"Assim, os alemães puderam pensar que esse novo reino no leste europeu foi abandonado sem nunca ter sido perdido de fato."
(página 33)

OS PRETOS DE ADOLF HITLER SERIAM OS ESLAVOS:

O Lebensraum de Hitler não estava na África, estava no Leste Europeu: Polônia, Rússia, Ucrânia.

Adolf Hitler disse:
👇
"Nosso Mississippi deve ser o Volga (rio russo), não o Níger (rio africano)"
(página 36)

Traduzindo esse pensamento de Hitler:
A Alemanha deveria buscar seu Espaço Vital na Europa Oriental, não mais na África. 
O Rio Volga, na Rússia, seria o limite da expansão alemã no Leste. A referência ao rio Níger, localizado na África, era para dizer que a colonização realizada na África seria transplantada para o Leste Europeu. A referência ao rio Mississippi explica-se pelo fato dele dividir os EUA pelo meio, de norte a sul. Para Thomas Jefferson, um dos pais fundadores do EUA e ex-presidente, os índios americanos teriam que ser expulsos para além do rio Mississippi. Hitler queria fazer o mesmo, mas com os eslavos (eslavos), que seriam expulsos para além do Rio Volga, abrindo espaço para a colonização alemã.
Hitler ainda dizia, sobre os índios americanos:

" 'Quem', pergunta Hitler, 'se lembra dos peles vermelhas?' "
(página 37)

Se os índios americanos peles vermelhas tinham sido esquecidos, os ucranianos, poloneses, russos também poderiam, no futuro, serem esquecidos. 

ÁFRICA, COMO LUGAR, TERIA QUE SER ESQUECIDA. MAS A ÁFRICA, COMO MODO DE PENSAR, SERIA TRANSPLANTADA PARA O LESTE EUROPEU.
👇
A Alemanha não iria colonizar mais a África, mas iria transplantar o racismo, que fundamentou a colonização africana, para o Leste Europeu. Os eslavos do Leste Europeu seriam os novos 'pretos'. 

"...(Hitler) apresentou como inferiores raciais os integrantes do maior grupo cultural da Europa, seus vizinhos do leste, os eslavos."
(página 34)

UCRANIANOS/RUSSOS/POLONESES/BIELORRUSSOS - OS NOVOS 'PRETOS' DE HITLER:

" 'Preciso da Ucrânia', afirmava Hitler, 'para que ninguém mais seja capaz de nos fazer passar fome como na última guerra' "
(página 34)

Hitler ainda dizia:

"Tratava-se de uma questão de justiça natural: É inconcebível que um povo superior (o alemão) deva existir em penúria num solo estreito demais para ele, enquanto massas amorfas que em nada contribuem para a civilização (ucranianos, russos, poloneses, bielorrussos) ocupam infinitas porções de solo que é dos mais ricos do mundo."
(página 35)

Enfim, os eslavos do leste europeu, russos, ucranianos, poloneses, bielorrussos, eram os novos 'pretos' ou 'índios' de Hitler

AO COLONIZAR O LESTE EUROPEU, HITLER IRIA SE DEPARAR COM UM PROBLEMA QUE OS COLONIZADORES NA ÁFRICA NÃO ENCONTRARAM:
Estados que se equivaliam aos da Alemanha, da Grã-Bretanha
   Mas Hitler tinha uma explicação para isso: Esses Estados eram uma farsa, pois os eslavos, inferiores como eram, não podiam governar a si mesmo, de forma que seus Estados eram uma farsa, cuja governação se dava por elementos de fora, os judeus.

O Colonialismo na Europa oriental iria exigir um esforço redobrado por parte dos alemães, pois ao contrário do que aconteceu na África, os alemães iriam se deparar "com entidades políticos muito semelhantes ao Estado alemão. A preocupação de Hitler com a luta racial pela natureza encobria tanto as nações como seus governos. Sempre era legítimo destruir Estados; se fossem destruídos, é porque tinham de sê-lo."
(página 35)

De toda forma, Hitler se negava a ver nos Estados do Leste Europeu entidades que pudessem ser comparadas com a Alemanha, com a Grã-Bretanha.

Para Hitler:

"As raças inferiores em incapazes de construir um Estado."
(página 35)

Índios (Peles Vermelhas, Sioux, Dakota, etc) nos EUA não criaram Estados; tribos africanos não criaram Estados como o da Alemanha. Os eslavos, que eram igualmente inferiores, também não poderiam criar Estados como os da Alemanha, dos EUA, etc.

Dessa forma, pensava Hitler:

"...o que passava por governo era ilusório - uma fachada para o poderio judaico."
(página 35)

"Hitler afirmava que os eslavos nunca governaram a si mesmos. As terras a leste da Alemanha sempre tinham sido governadas por 'elementos de fora'."
(página 35)

Hitler pensava:

"O Império Russo fora criação de uma 'classe superior de uma intelligentsia essencialmente alemã'. Sem essa tradição alemã, 'os russos ainda estariam vivendo como coelhos'."
(página 35)

Para Hitler, a URSS era uma ficção judaica, uma expressão da visão do mundo judaica, que contrariava a ordem natural das coisas. "A ideia do comunismo era simplesmente um embuste que fazia com que os eslavos aceitassem sua nova liderança judaica." (página 35)

Resumindo a narrativa Nazista: os povos do Leste Europeu eram como os pretos da África ou os Índios dos EUA. Eram racialmente inferiores, de forma que não podiam se organizar, não podiam se governar, não podiam criar um Estado para si. Assim, os Estados que existiam no Leste Europeu, como a URSS, eram ficções (gigantes de pé de barro; castelo de cartas), eram uma farsa, pois quem os governava de verdade eram elementos de fora, os judeus.
Destruídos os judeus, os Estados do Leste, vistos por Hitler como "uma frágil colônia judaica" (página 36), seriam facilmente conquistados, pois sobrariam apenas os 'índios' ou 'pretos' (eslavos), que seriam facilmente subjugados, dando acesso ao seu imenso território. A Alemanha então criaria uma nova América (EUA) no leste europeu.

"Derrubando os judeus, que eram os verdadeiros governantes da URSS, sobrariam apenas os eslavos, que seriam enxotados da mesma forma que os índios da América do Norte foram enxotados. Na ecologia de Hitler, o planeta tinha sido espoliado pela presença dos judeus que desafiavam as leis da natureza introduzindo suas ideias corrompedoras."
(página 43)

COMUNISMO:

"O Comunismo era o exemplo mais imediato da afirmação Hitlerista de que todas as ideias universais eram judaicas e todos os judeus estavam a serviço das ideias universais. A proclamada identidade dos judeus com o comunismo - o Mito Judaico-Bolchevista - era para Hitler a prova definitiva da força e da fraqueza dos judeus."
(página 36)

As ideias universais judaica que contrariavam a natureza, como o comunismo, poderiam se tornar destrutivas, caso as massas as adotassem.

MITO JUDAICO-BOLCHEVISTA:

Segundo esse mito, todo judeu era comunista e todo comunista era judeu. 
O Mito Judaico-Bolchevista não foi criado por Hitler.
"A ideia judaico-bolchevista tem uma origem histórica específica: uma extensão do antissemitismo da Rússia oficial, uma adaptação das visões cristãs apocalípticas aos tempos de crise, uma explicação para o colapso da velha ordem (Império Russo), um grito de guerra durante uma guerra civil (Guerra Civil Russa) e uma forma de consolo depois da derrota (tomada bolchevique do poder na Rússia)"
(página 43/44)

A ideia judaico-bolchevique surgiu no decorrer da Primeira Guerra Mundial. A primeira contribuição - involuntária - veio da Alemanha. Como é sabido, a Alemanha iria lutar em duas frentes: frente oeste contra a França/Grã-Bretanha/EUA e frente leste contra o Império Russo. Para vencer a guerra, a Alemanha teria que romper esse cerco. Para tanto, ela teria que se livrar de um dessas frentes (front) de forma rápida, de forma a poder cuidar na sequência de um só inimigo. A Alemanha tentou fazer isso com a França, achando que iria vencer a guerra no oeste de forma rápida, para depois cuidar do Império Russo. Mas a Alemanha ficou atolada nas trincheiras. A França não foi derrotada. Com seu plano fracassado no oeste, a Alemanha se virou para o leste, trabalhando para levar a Revolução para a Rússia. Alemanha transportou o revolucionário russo Lênin da Suíça para a Rússia. Em novembro de 1917, com a sua promessa de Paz e Pão, Lênin tirou a Russia da Primeira Guerra Mundial. De início, isso pareceu uma grande vitória para a Alemanha. O futuro mostraria que não.
Voltando no tempo, a Rússia, de antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial, era habitada por um grande número de judeus. Havia mais judeus vivendo no Império Russo do que em qualquer outra parte do mundo. Mas isso não significava que os russos fossem tolerantes, muito pelo contrário. O antissemitismo era a regra no Império Russo. Os judeus eram vítimas de preconceito oficial e de pogroms. Os judeus viviam ali por falta de opção. O judeu que via uma chance de emigrar, o fazia. Esses judeus russos viviam na parte ocidental do Império, justamente na área na qual seriam travados os combates durante a Primeira Guerra Mundial. E quando as tropas russas entraram no Império Habsburgo, se depararam com judeus proprietários de terras, que foram prontamente expropriadas.
Quando os Russos começaram a perder a guerra, começaram a sofrer reveses no enfrentamento dos Alemães e do Império Habsburgo, culparam os judeus por sabotagem. Em épocas de crise, as minorias sempre sofrem.

"Naquele mês (janeiro de 1915), o exército imperial russo expulsou centenas de milhares de judeus de quarenta cidades próximas de Varsóvia. Poloneses locais tomaram as propriedades dos judeus e ficaram com elas."
(página 40)

Conforme o exército alemão avançava para o leste, mais o Império Russo jogava a culpa nos judeus. Russos culpavam uma certa 'oligarquia judaica internacional' pelas derrotas russas no campo de batalha. 500 mil judeus foram expulsos de suas casas, sendo deportados sob a acusação serem potenciais colaboradores dos invasores alemães.
Quando veio a Revolução de 1917, num primeiro momento, em fevereiro de 1917, os judeus "foram formalmente emancipados e tornaram-se cidadãos." (página 40)

Em novembro de 1917, com a tomada de poder pelos Bolcheviques, grande parte dos judeus se uniu ao movimento liderado por Lênin.

"A partir de novembro de 1917, os judeus de repente passaram a ser membros de pleno direito de um novo Estado revolucionário, e não mais uma minoria religiosa reprimida num império."
(página 40)

Mas nem tudo eram flores para os judeus na Russa revolucionária. O preconceito contra os judeus era muito arraigado entre o povo russo. Judeus que tentavam retomar seus bens expropriados pelo Império Russo não conseguiam fazê-lo, pois os novos ocupantes desses bens não devolviam o que tinham ganho ou tomado. De toda forma, a ideologia internacionalista do movimento revolucionário fazia esforço para deter o antissemitismo russo.
Em meio à guerra civil que se seguiu à tomada de poder pelos Bolcheviques, os contrarrevolucionários (exército branco) passaram a usar o antissemitismo russo como bandeira contra os bolcheviques. Foi aqui que o mito Judaico-Bolchevique foi criado, num processo de amálgama entre o natural antissemitismo do povo russo com a ideia de que os ateus comunistas/bolcheviques eram a representação do Satã Moderno.
A ideia Judaico-Bolchevique chegou à Alemanha, a Hitler, por meio de Erwin Scheubner Richter e Alfred Rosenberg. Scheubner Richter e Alfred Rosenberg tinham morado na região do Báltico, durante o domínio do Império Russo. Com a queda do Império Russo, eles emigraram para a Alemanha.

"O mito judaico-bolchevique era a peça que faltava para completar o esquema de Hitler, unindo o regional ao planetário, aliando a promessa de uma guerra colonial vitoriosa contra os eslavos a uma gloriosa guerra anticolonial contra os judeus."
(página 44)
observação: dizia-se 'guerra anticolonial contra os judeus' porque na cabeça dos nazistas os governos do leste europeu, como por exemplo, a URSS, estariam nas mãos dos judeus. Esse pensamento nascia do preconceito em relação ao povo eslavo que, por ser considerado racialmente inferior, não teria capacidade para governar a si mesmo. Esse pensamento ainda nascia da ideia da existência de um poder judeu, que se fazia presente por meio do poder financeiro espoliador, das ideias universais/corrompedoras (comunismo) criadas por ele.

"Algumas ideias (dos defensores do mito judaico-bolchevique) foram tirados do livro 'Os Protocolos dos Sábios do Sião'. Aparentemente, a suposta existência de uma potência global judaica explicava a dupla catástrofe da revolução (comunista) e da derrota militar (derrota do Império Russo na Primeira Guerra Mundial)
(página 41)

Dessa forma, tentou-se passar a ideia de que a derrota do Império Russo, a queda da Dinastia Romanov, que governava a Rússia desde o início do século XVII, e a subsequente Revolução Comunista eram obras de um grupo identificável que deveria ser punido. Esse grupo eram os judeus.

Resumo do Capítulo:

Busca da Segurança Alimentar, de um maior conforto para as famílias alemãs e da luta racial incessante pela sobrevivência física ⏩ Lebensraum Espaço Vital Busca por Extensas Áreas Agricultáveis no Leste Europeu ⏩Leste Europeu habitado por eslavos, considerados pelos nazistas como racialmente inferiores. Os eslavos, para os nazistas, era como 'pretos' africanos e 'índios' americanos ⏩Estados Eslavos (URSS) eram uma farsa, pois povos inferiores não podiam governar a si mesmos, de forma que eram governados por elementos de fora, os judeus ⏩Ideia Judaico Bolchevique A visão do judaísmo como um poder criador de ideias universais, como o comunismo, e força colonizadora de áreas no leste europeu⏩Para conquistar a URSS, bastaria derrotar os judeus, que o Estado comunista cairia como um castelo de cartas. O Leste europeu seria a construção de um novo 'oeste americano' na Europa


ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DO LIVRO "TERRA NEGRA, O HOLOCAUSTO COMO HISTÓRIA E ADVERTÊNCIA, TIMOTHY SNYDER, EDITORA COMPANHIA DAS LETRAS, capítulo 1, Espaço Vital, páginas 27/45

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Egito A África e o Mundo Antigo



A ÁFRICA E O MUNDO ANTIGO
Terra dos Faraós:

Rei Narmer: União do Baixo e do Alto Egito

1º Dinastia Narmer
Eixo Norte Sul. Partindo-se da costa sul do Mar Mediterrâneo, no Delta do Rio Nilo. Na sequência, há o Baixo Egito (local de origem de cidades como Cairo, Mênfis, Saqqara, Gizé, Heliópolis, Heracleópolis, etc). Seguindo a sul, temos o Alto Egito (Tebas). Na sequência, descendo mais para o sul, a 1º Catarata do Rio Nilo (Elefantina/Assuã). Nessa área, havia uma fortaleza para proteger a fronteira sul dessa Primeira Dinastia Narmer, que uniu o Baixo e o Alto Egito.
Fronteira sul do Reino da Dinastia Narmer: 
Seguindo para o sul, temos a Baixa Núbia. Mais para o sul, temos a Alta Núbia, onde se localiza a 3º Catarata do Rio Nilo. Seguindo para o sul, encontramos a 5º catarata do Nilo, onde este recebe as águas do Rio Atbara, vindo de leste. Na sequência, o Rio Nilo continua se caminho  dito indo a oeste, em direção a Cartum, passando antes por Menroe e pela 6º Catarata. Finalmente, o Rio Nilo encontra seus dois rios formadores, o Nilo Azul e o Nilo Branco. 

ADMINISTRAÇÃO DO ESTADO:

Havia toda uma burocracia direcionada para a governação. Governadores provinciais, funcionários para coletar impostos. Camponeses davam uma parte de sua produção para o Faraó ou tinham que trabalhar em projetos reais. Havia oficinas reais cujas vendas geravam receitas para o Estado.

FARAÓ:

O Faraó era o Deus vivo, visto como a manifestação do divino, encarnação terrena de Hórus, a divindade suprema. Era o símbolo de estabilidade e prosperidade. A soberania divina estava arraigada na mente dos egípcios. Grande parte da riqueza dos Faraós foi direcionada para a construção de túmulos grandiosos para garantir uma boa vida após a morte.

TERCEIRA DINASTIA:

A terceira dinastia deu origem à era das Pirâmides. A busca pela vida eterna era uma preocupação constante.

QUARTA DINASTIA:

Rei Queóps queria uma Pirâmide que superasse a de seus antecessores. Seria o local de seu sepultamento. Estamos falando de 4.500 a.C. .
Quéfren, filho de Queóps, construiu para si uma pirâmide e uma enorme estátua que hoje é conhecida como a Esfinge. A construção desses monumentos acarretava uma sangria nos recursos do Estado.

DEUSES EGÍPCIOS:

Hórus, Rá, o Deus Sol. Com o passar do tempo, o culto a Rá tornous-e o mais importante. Outro Deus importante para os egípcios era Osíris, o rei da Terra dos Mortos - o submundo.

SEXTA DINASTIA:

Após a sexta dinastia, o Egito enfraqueceu. O poder central cedeu terreno para os poderes locais, que se engalfinhavam numa guerra civil (Antigo Império).

MÉDIO IMPÉRIO:

Século XXI: O Poder Egípcio volta a ser centralizado. A situação econômica melhora. Uso da irrigação permitiu o uso de mais terras para a produção. Expedições comerciais para o Levante e ao Punt (terra africana no extremo sul do Mar Vermelho. O Médio Império duraria 400 anos. O fundador do Médio Império era o vencedor da Guerra Civil. Era proveniente de Tebas, no Alto Egito. Seu nome era Mentuhotep II. Tebas tornou-se a nova capital.

A ALMA PARA OS EGÍPCIOS:

A ideia de alma para os egípcios, antes atribuída apenas ao rei (apenas o rei tinha alma), passou a ser entendida como extensiva às pessoas comuns - Ba - força espiritual que trazia as características únicas de um indivíduo e que sobrevivia à morte.

CULTO AOS DEUSES:

Antes restrito aos faraós, o culto aos deuses passou a ser realizado pelas pessoas comuns. Osíris tornou-se o Deus Universal que representava a luta do bem contra o mal e que prometia vida após a morte.

EXPANSÃO DO EGITO:

No Século XX a.C,. na Décima Segunda Dinastia, o Egito expandiu-se para o sul, para a Baixa Núbia.

HICSOS - SECULO XVII a.C.:

Povo originário do Levante. Invade o Baixo Egito e captura Mênfis. Um Egito residual sobrevive em Tebas. Os Hicsos tinham pontas de lança, flechas e machados forjados a Bronze.

NOVO IMPÉRIO:

Guerra de Libertação contra o domínio estrangeiro (hicsos). Décima oitava dinastia, sob Amósis I, expulsa os Hicsos e reconquista a Baixa Núbia. O Egito tornou-se um Império, abrangendo terras no Eufrates, na Síria, e o Alto Nilo, na Núbia.
O Egito agora contava com um exército profissional, com tecnologia copiada dos Hicsos.

EGITO AVANÇA PARA A ALTA NÚBIA:

1492 a.C. : Egito avança para a Alta Núbia, para o Reino de Kush, que torna-se uma colônia egípcia. Essa colônia enviava escravos, ouro, marfim e gado para o Egito.
1458 a.C. : Egípcios dominam Canaã e Síria. Havia ainda empreitadas comerciais com os africanos no Punt. Egípcios ainda frequentavam o Mar Vermelho, de onde rotas comercias eram exploradas, em busca de peles, marfim, incenso, etc.

UNIÃO DE DOIS DEUSES:

Em Tebas, dois deuses se fundem: Amon + Rá = Amon-Rá.

SOCIEDADE EGÍPCIA:

A Elite era formada pelos oficiais do exército, funcionários do Estado, sacerdotes e prefeitos. Não importava a posição ou status: TODOS OS EGÍPCIOS SE PREOCUPAVAM COM A VIDA APÓS A MORTE. Havia no Egito um Livro dos Mortos ou Livro para Sair à Luz do Dia. Era um Manual que explicava ao recém-falecido o caminho para se atravessar o DUAT (submundo), entrando na vida após a morte.
Acreditava-se que ao morrer o espírito da pessoa abandonava o corpo do defunto e começava uma jornada em busca da vida após a morte. Essa jornada incluía vários obstáculos que o Livro dos Mortos buscava ensinar a maneira correta de transpô-los. Ao final dessa jornada, havia um julgamento para ver se aquela alma seria aceita na vida após a morte ou não.

FARAÓ AKHENATON:

Esse Faraó, em busca do poder total, tentou emplacar o monoteísmo no Egito. O único Deus seria Aton (divindade solar) e Akhenaton seria seu filho. Depois de sua morte, seus sucessores buscaram desfazer o seu trabalho, retornando ao politeísmo.

INÍCIO DO SÉCULO XIII a.C.:

O Egito era um Império; os Faraós eram vistos como reis divinos de quem o bem estar da população dependia.

RAMSÉS II:

Governou por 67 anos - 1279-1213 a.C. Construiu uma nova capital dinástica. Depois de Ramsés II, a economia começou a vacilar, sob o peso das grandes obras (palácios, santuários, templos, etc) e do custo da manutenção do exército. Um período de baixas cheias do Nilo piorou a situação. No Levante, o Império Egípcio começou a colapsar.

"O reinado de Ramsés II marcou um pico na história do Egito. Nunca mais os faraós alcançaram tal prestígio e autoridade. Seus sucessores foram assolados por conspirações palacianas e rivalidades destrutivas. A economia, sobrecarregada por despesas militares e pelo custo dos grandes projetos, começou a vacilar. Um período de baixas cheias do Nilo piorou a situação. As fronteiras do Egito eram ameaçadas por incursões vindas da Líbia e por ataques de exércitos saqueadores dos Povos do Mar chegando pelo Mediterrâneo oriental."
(página 36)

O império egípcio no Levante entrou em colapso.

"Tebas foi atingida por um surto de greves, distúrbios civis e roubos de tumbas."
(página 36)

GUERRA CIVIL - 1069 a.C.:

Egito dividido novamente por uma guerra civil. O Novo Império chegou ao fim.

"Quando Ramsés XI morreu, em 1069 a.C., o Novo Império chegou ao fim em meio ao caos e à desordem, com o Egito dividido em dois e vulnerável à invasão de predadores estrangeiros."
(página 37)

DECADÊNCIA DOS TIRANOS E DE SEUS IMPÉRIOS:

Toda glória é passageira. Os Faraós experimentaram o apogeu do poder. No fim, tudo caiu por terra. O que sobrou disso tudo foram estátuas desses Faraós imersas na areia:

Encontrei um viajante de uma terra antiga
Que disse:
'Duas pernas de pedra imensas e sem corpo
Jazem no deserto. Perto delas, na areia
Reside, metade afundado, um rosto partido, cujo cenho
lábio enrugado e sorriso de frio comando
Dizem que seu escultor compreendeu bem aquelas paixões
Que ainda sobrevivem, estampadas nessas coisas inertes
A mão que delas zombou e o coração que as alimentava
E no pedestal aparecem estas palavras':
'Meu nome é Ozimândias, rei dos reis
Olhem minhas obras, ó poderosos e desesperem-se!'
Nada mais resta
Em torno da decadência
Da ruína colossal, nuas e sem limite
As areias solitárias e planas se estendem ao infinito.
(Poeta inglês Percy Bysshe Shelley, 1817)
(página 37)

ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "O DESTINO DA ÁFRICA, CINCO MIL ANOS DE RIQUEZAS, GANÂNCIA E DESAFIOS", MARTIN MEREDITH, EDITORA ZAHAR, páginas 23/37

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Rota para o Céu Cruzadas Cidades Estados italianas Comércio e Religião Saladino Chifres de Hattin 1187



ROTA PARA O CÉU:
↪ Conquista de Jerusalém:

Como resultado da Primeira Cruzada, Jerusalém caiu nas mãos dos cruzados cristãos, em 15 de julho de 1099. Essa conquista foi feita com grande derramamento de sangue. Os cristãos não foram misericordiosos.

"Nem as mulheres ou as crianças foram poupadas"
(página 161)

A conquista de Jerusalém inundou a Europa ocidental de otimismo e autoconfiança. Poderia a Europa ocidental vir a dominar o mundo? O Oriente próximo, agora com cidades governadas pelos cristãos, como Antioquia, Jerusalém, Tiro, Trípoli, seria o trampolim de uma expansão europeia ainda maior? Mas os sonhos europeus de dominar o mundo não se concretizaram. O que houve foi um esforço apenas para manter o que foi conquistado. O trabalho dos cruzados foi facilitado pelo fato do mundo muçulmano estar dividido entre Fatímidas (Cairo) e Abássidas (Bagdá). Ambos, Fatímidas e Abássidas, ficaram inertes. Naquele momento, era menos ruim ver cristãos dominando Jerusalém do que ver muçulmanos rivais mandando ali.

CONSTANTINOPLA TRAÍDA PELOS CRUZADOS CRISTÃOS:

Ao passarem por Constantinopla, a caminho da Terra Santa, os Cruzados prometeram que as cidades reconquistadas aos muçulmanos seriam entregues ao Império Bizantino. Mas no decorrer da expedição, os cruzados mudaram de ideia. Boemundo, um normando e um dos heróis da primeira cruzada, não queria devolver a cidade de Antioquia (atual Turquia) para o Imperador Bizantino Aleixo I. Antioquia, originalmente, pertencia à Constantinopla, tendo sido conquistada pelos islâmicos. Mas ninguém convenceria Boemundo do contrário. Boemundo ficou com Antioquia.

"Juramos sobre a cruz do Senhor, sobre a coroa de espinhos e muitas outras relíquias sagradas de que não ficaríamos sem o consentimento do Imperador com nenhuma cidade ou castelo de seus domínios." - Juramento de Raimundo de Toulouse, um dos nobres líderes da Primeira Cruzada.
(página 164)

Boemundo ficou com os domínios do Imperador bizantino pois via neles uma plataforma, a partir da qual poderia alçar voos mais altos, conquistando mais riquezas no leste asiático. O comportamento de Boemundo mostra que as Cruzadas eram um caldeirão no qual eram colocados sentimentos religiosos, desejos por riqueza e poder político.

"A Cruzada talvez seja mais lembrada como uma guerra de religião, mas foi também um trampolim para a aquisição de grande riqueza e poder."
(página 164)

NOBRES EUROPEUS QUE NÃO SE ENTUSIASMAVAM COM AS CRUZADAS:

Havia nobres europeus que não se entusiasmavam com as cruzadas. Um deles era Rogério da Sicília que, ao ouvir sobre as cruzadas, levantou sua perna e soltou um peido, demonstrando seu desprezo pela empreitada. Rogério temia que as Cruzadas causassem um declínio do comércio.

DOMÍNIO DO MEDITERRÂNEO - MUÇULMANOS E CIDADES-ESTADOS ITALIANAS:

Nos séculos X e XI, o Mar Mediterrâneo era dominado pelos muçulmanos. Com as Cruzadas, os muçulmanos ganharam rivais cristãos vindos das Cidades-Estados italianas de Veneza, Gênova, Pisa e Amalfi. Veneza já se aventurava pelo comércio antes de 1090, com pontos de apoio na Dalmácia (atual Croácia), fazendo seu comércio de escravos e outras commodities. Ao contrário do nobre Rogério da Sicília, as Cidades-Estados da Itália viam nas Cruzadas uma oportunidade para ganhar dinheiro. Essas Cidades-Estados italianas eram motivadas por religião e cobiça. Em troca de ajudar os Cruzados, ganhavam vantagens materiais. Venezianos ajudaram na conquista da cidade de Acre (1100), enquanto Gênova ajudou os Cruzados no cerco a Cesareia (1101). Em 1104, Balduíno, Rei de Jerusalém, premiou Gênova com isenções de impostos, receitas, etc. Em troca disso, os genoveses tinham que dar suporte militar nas campanhas realizadas pelos cruzados.
As Cidades-Estados italianas disputavam entre si a posição de maior poder. Em 1099, frotas venezianas afundaram vinte e oito navios de Pisa.


FUSÃO DO ESPIRITUAL COM O MATERIAL:

Os séculos das cruzadas (séculos XI-XII-XIII) foram marcados por uma profunda religiosidade.

"Mas a religião tinha que abrir caminho pela real politik e pelas preocupações financeiras."
(página 169)

Exemplo de união entre o Material e o Espiritual: Quando Edessa (atual Turquia) foi tomada pelos muçulmanos em 1144, a Europa buscou recrutar cristãos para retomar a cidade. Além da promessa do perdão dos pecados e da salvação eterna, foi oferecida a oportunidade de negócios comerciais.

"Para aqueles entre vocês que são mercadores, homens rápidos para achar uma barganha, permitam´me enfatizar as vantagens dessa grande oportunidade. Não deixem de aproveitá-la." (Bernardo de Clairvaux - Carta aberta para recrutar Cruzados)
(página 169)

Apesar do discurso religioso, as Cruzadas tinham um objetivo comercial bem acentuado. Subjacente ao apelo religioso, havia interesses materiais, no sentido de conectar a Europa Ocidental ao mercado asiático. Na Quarta Cruzada, aquela que redundaria na conquista de Constantinopla, o primeiro alvo a ser atingido era o Egito, que era famoso por sua riqueza. Jerusalém só viria depois. E não foi a primeira vez que tentaram deixar Jerusalém em segundo plano. Nas Cruzadas de 1189/1192, que foi um fiasco, um de seus líderes, Ricardo I da Inglaterra (Coração de Leão), em dado momento da campanha, quis desviá-la de seu destino original, Jerusalém, para o rico e milionário Egito. E nessa mesma Cruzada, a atenção dos cavaleiros voltou-se para a cidade de Saint Jean d' Acre (Acre), "principal empório do Levante, sem qualquer valor do ponto de vista bíblico ou religioso." (página 179)

SÉCULO XII NA ITÁLIA:

A Itália experimentava um período de prosperidade, tudo causado pelo comércio desempenhado pelas Cidades-Estados de Gênova, Pisa e Veneza. Mercados se expandiam, classes médias se formavam. Valiam-se das posições privilegiadas conquistadas nos Estados Cruzados (na Terra Santa) e em Constantinopla.
O comércio com o leste fez a Europa prosperar no século XII. Havia comércio com os muçulmanos, no interior mesmo dos Estados Cruzados, na Terra Santa. 

"A demanda por seda, algodão, linho e tecidos produzidos no Mediterrâneo oriental, no meio da Ásia ou na China, era enorme..."
(página 172)

"As especiárias também começaram a fluir do Oriente para a Europa em volumes cada vez maiores."
(página 173)

CERTO GRAU DE ESTABILIDADE ENTRE CRISTÃOS E MUÇULMANOS:

A prosperidade comercial era possível graças à existência de um certo grau de estabilidade que existiam entre muçulmanos e cristãos, apesar das Cruzadas. O que política e religião desuniam, o comércio unia.

"É impressionante ver, escreveu Ibn J., que o fogo da discórdia arde entre cristãos e muçulmanos quando se trata de política e luta, mas, quando se trata de comércio, os viajantes podem ir e vir sem interferências." (Ibn J., visitante muçulmano da Espanha)
(página 176)

"Mercadores podiam contar com segurança onde quer que fossem, não importava sua fé ou se eram tempos de guerra ou de paz."
(página 176)

Mas essa prosperidade acabou causando uma disputa ainda mais acirrada entre as Cidades-Estado italianas pelo controle do comércio no Mediterrâneo, no final do século XII. Essas cidades brigavam entre si e contra Constantinopla. Era a cobiça pela riqueza que falava mais alto, causando uma divisão entre os cristãos, que seria utilizada por Saladino, em sua campanha para a reconquista da Terra Santa para os muçulmanos.

SALADINO E A DIVISÃO ENTRE OS CRISTÃOS:

Saladino, líder dos muçulmanos, se aproveitou da disputa dos cristãos pelo comércio. Ele soube explorar essa divisão entre os cristãos. Ele ainda procurou criar mais animosidade entre Constantinopla e o ocidente. Era dividir para conquistar. Ao final da década de 1180, o Imperador Bizantino Isaac II trocou cartas com Saladino, então Sultão no Egito. O sentimento antiocidental crescia em Constantinopla, em meados do século XII. Bizantino viam nos cristãos ocidentais apenas cobiça. A análise negativa dos habitantes de Constantinopla sobre os cristãos ocidentais estava correta. Em 1204, quando uma cruzada devastou e saqueou Constantinopla, os piores pesadelos dos bizantinos se materializaram. Os venezianos, que participaram da Cruzada de 1204, viam na conquista de Constantinopla uma oportunidade de ouro, uma porta escancarada para o comércio com o oriente. Escadas, aríetes e catapultas foram usadas pelos cristãos do ocidente para transporem os muros que guarneciam a cidade de Constantinopla. Dentro de Constantinopla, os cristãos saquearam, mataram, pilharam e profanaram as igrejas. Os clérigos cristãos colocavam mais lenha na fogueira, de forma a colocarem os cruzados contra os bizantinos, dizendo que estes faziam pouco caso das leis emanadas de Roma. "Os bizantinos, segundo os cruzados haviam sido informados, eram piores que os judeus; eles são os inimigos de Deus." (página 180)

"Para uma testemunha ocular bizantina, os cruzados nada mais eram do que os precursores do anticristo."
(página 180)

"Era uma visão que encontrava eco na própria Terra Santa, onde os cavaleiros agiam com tamanha violência e irresponsabilidade que era quase como se tivessem um desejo de morte."
(página 175)

Aos poucos Saladino ia cercando os cristãos na Terra Santa. Reinaldo de Châtillon tentou reverter esse cerco com um ataque a Aqaba, no Mar Vermelho. Esse ataque de Reinaldo acirrou ainda mais os muçulmanos, pois eles começaram a temer um ataque cristão a Meca e a Medina, o que os mobilizou ainda mais em torno de Saladino, que naquele momento incorporava a figura principal dos muçulmanos na luta contra os cristãos.

CHIFRES DE HATTIN - JULHO DE 1187:

Cristãos e Muçulmanos entram em combate. Os muçulmanos, tendo Saladino no comando, vencem os cristãos. Reinaldo de Châtillon foi decapitado. Dois meses depois, Jerusalém rendeu-se pacificamente. O Papa da época, Urbano II, caiu morto ao saber da queda de Jerusalém nas mãos dos infiéis. Na sequências, esforços (1189/1192) foram despendidos para recuperar Jerusalém. Todos eles sem sucesso.


ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "O CORAÇÃO DO MUNDO, UMA NOVA HISTÓRIA UNIVERSAL A PARTIR DA ROTA DA SEDA: O ENCONTRO DO ORIENTE COM O OCIDENTE, PETER FRANKOPAN, EDITORA CRÍTICA, capítulo 8, A Rota para o Céu, páginas 161/183.


sábado, 18 de abril de 2020

Parte 2 Prússia Grande Eleitor Frederico Guilherme Junkers Potop Tratado de Wehlau Fehrbellin Guerra do Norte Reino na Prússia Frederico I Ascensão da Prússia Império Alemão Derrotas alemãs em Duas Guerras Extinção da Prússia em 1947



POSIÇÃO CONSTITUCIONAL DO GRANDE ELEITOR:

"Vale a pena elucidar a posição constitucional do Grande Eleitor. A história alemã posterior apresentou-o sempre como um Príncipe do Império Alemão com interesses subsidiários no distante baluarte da Prússia. No entanto, a chave das suas políticas residiu no fato de ele estar sujeito a duas lealdades e não a uma. Enquanto Eleitor de Brandemburgo, dependia do Império Habsburgo, mas, como Duque da Prússia, era dependente e vassalo formal do Reino da Polônia. Nos primeiros anos de seu reinado, em especial, não era de todo claro qual das duas fidelidades seria a mais importante. Mais tarde, tornou-se claro qual das duas fidelidades seria a mais importante. Mais tarde, tornou-se mestre em por um suserano contra outro, mas antes do Tratado de Vestfália (Vestefália), em 1648, quando a Guerra dos Trinta Anos finalmente terminou, pendeu para a Polônia. A Corte de Ladislau IV Vasa, sediada em Varsóvia, onde prevalecia a tolerância religiosa, estava apenas a um dia de viagem de Konigsberg, pelo menos viajando de trenó no inverno, e o jovem Hohenzollern adorava visitar a cidade. Era fluente em mau polaco e, enquanto <>, gostava de participar em todos os encontros e cerimônias. Fez o seu juramento de vassalagem, em 6 de outubro de 1641, no pátio do Castelo de Varsóvia. A sua postura só se alterou nas décadas seguintes, quando a Polônia foi atingida por calamidades tão horríveis como as sofridas antes pela Alemanha."
(página 421)

JUNKERS;

Jung Herr: Jovem Amo (Senhor). Era uma classe social. Classe Social que cresceu junto com o Estado de Brandemburgo-Prússia. A maioria dos Junkers tinha origem na Aristocracia medieval alemã. Estavam concentrados em Brandemburgo-Prússia. 

"Os seus apelidos eram geralmente antecedidos de 'Von' ou 'Zu'."
(página 422)


Posse de terras e serviço militar sempre andaram de mãos dadas na Europa. Mas a situação no leste da Rio Elba, no século XVII, onde havia grandes áreas de terra incultas, foi diferente. A agricultura era capitalista, sendo explorada em grandes áreas. Os Junkers comandavam esse tipo de atividade econômica. Quando não estavam numa guerra ou prestando algum serviço civil para o Estado do Brandemburgo-Prússia, estava em suas grandes propriedades rurais. 

"Por conseguinte, adquiriram praticamente o monopólio dos cargos no exército e na burocracia dos Hohenzollerns, e cultivavam uma ideologia e um etos corporativos que foram definidos como o 'oposto de tudo o que é burguês'."
(página 422)


POTOP (DILÚVIO) NA COMUNIDADE FORMADA PELO REINO DA POLÔNIA E PELO GRÃO-DUCADO DA LITUÂNIA:

A Comunidade Polônia-Lituânia passou por uma grave crise em meados do século XVII. Rebeliões dos Cossacos ucranianos; invasões russas e suecas. Na esteira desses eventos, houve fome, epidemias, pilhagens, etc. 

"Um quarto da população morreu. O governo real entrou em colapso. O Monarca João Casimiro Vasa fugiu do reino no meio da anarquia. O duque da Prússia tentou permanecer neutral. Porém, em 1656, perante o desembarque de um exército sueco em Gdansk (Danzig), o Brandemburgo-Prússia viu-se confrontado com duas opções: juntar forças com os invasores suecos ou arriscar-se a ser invadido. Além do mais, a campanha dos suecos foi apresentada como uma cruzada protestante à qual os protestantes prussianos deviam aderir, e, como Carlos X Vasa se afirmou rei de direito da Polônia, poderia recompensar o duque de Hohenzollern, libertando-o de suas obrigações feudais. Frederico Guilherme Hohenzollern fez a sua opção e, em finais de julho, os prussianos entraram em triunfo em Varsóvia ao lado dos Suecos. Carlos X, monarca sueco, declarou que o Ducado da Prússia era soberano e independente."
(página 423)

TRATADO DE WEHLAU - 1657)

Depois de uma recuperação polonesa, esta e o Brandemburgo-Prússia entram num acordo. Brandemburgo-Prússia abandonava a Suécia e, em troca, veria a Polônia reconhecendo a soberania e a independência do Ducado da Prússia. Finalmente, pelo Tratado de Oliwa, em 1660, os poloneses chancelaram a independência do Ducado da Prússia.
O Tratado de Wehlau foi na verdade o resultado final da quebra do contrato feudal por parte dos Hohenzollern. Quando da invasão sueca, os Hohenzollern abandonara seu juramento de fidelidade aos poloneses e ajudaram a Suécia na invasão à Polônia. No fim, a Polônia teve que engolir essa traição e aceitar um acordo com Brandemburgo-Prússia, com esta se comprometendo a abandonar a Suécia para receber em troca o reconhecimento da independência da Prússia Ducal. A partir de agora, Frederico Guilherme, margrave-duque-eleitor, não teria mais que prestar vassalagem ao monarca polonês.

"Por conseguinte, entre 1657 e 1701, o ducado da Prússia foi um estado independente associado, através de uma união pessoal, ao Estado imperial dependente do Brandemburgo."
(página 424)

Apesar dessa conquista, Frederico Guilherme ainda não era um Monarca. Continuava sendo Margrave-Duque-Eleitor do Brandemburgo-Prússia.

"Não sendo uma monarquia no nome, era-o na substância..."
(página 424)

PROCESSO DE CONCENTRAÇÃO DE PODER:

Frederico Guilherme não era rei mas tinha em Luís XIV um exemplo a ser seguido. Na terra de Frederico Guilherme, os nobres que cumprissem serviço militar ficavam isentos de tributação, desde que cedessem seus direitos a reunirem-se nos Estados (assembleias de nobres que eventualmente poderiam deliberar no sentido de restringir os poderes de Frederico Guilherme). 

"Em 1678, Frederico Guilherme conseguiu criar e financiar um exército permanente considerável."
(página 424)

O DESCONTENTAMENTO DA PRÚSSIA DUCAL COM O AUTORITARISMO DE FREDERICO GUILHERME:

Na época de Frederico Guilherme havia informações sobre o descontentamento dos habitantes da Prússia Ducal com a política do Brandemburgo. Habitantes da Prússia Ducal planejavam uma rebelião contra Frederico Guilherme. 

"Os dois Estados (Prússia Ducal e Brandemburgo) assentavam-se em tradições diferentes no tocante à relação entre governante e os governados."
(página 425)

"Enquanto os teóricos Pró-Hohenzollerns proclamavam que os governados tinham o dever de acreditar e confiar nas boas intenções de um governante  legibus solutus (acima da lei), alguns membros dos estados ducais prussianos, incluindo os burgueses de konigsberg, defendiam o princípio de leis fundamentais que restringissem o poder do governo central. Quem cerceava as suas liberdades era o estranho de Berlim, ao passo que a Coroa Polaca, com a qual tinham formado um corpo, era o seu lar natural. Convictos de que estavam a lidar com um governante estrangeiro, negaram-se a financiar os outros domínios e províncias do eleitor Frederico Guilherme no Império, cuja única ligação que tinham à Prússia era de natureza dinástica. Quererão sugar a última gota de sangue da nobreza prussiana, que não tem nada a ver com o Sacro Império Romano Germânico."
(página 425)

INVASÃO SUECA EM 1675. BATALHA DE FEHRBELLIN:

Em 1675, partindo da cidade de Stettin (Estetino), Suécia invade o Brandemburgo. As defesas de Berlim são rompidas, mas Frederico Guilherme resiste. Em 28 de junho de 1675, os prussianos derrotam os suecos na Batalha de Fehrbellin. Surgia uma nova potência na Europa.
Mas a Suécia não era a única ameaça ao Brandemburgo-Prússia. Na Polônia havia um novo rei, João Sobieski, que deseja o retorno da Prússia Ducal à Polônia. Mas Frederico Guilherme teve sorte, pois no exato momento que João Sobieski planejava retomar a Prússia Ducal, a Polônia se vê ameaça pelo Império Otomano, que avançavam pela Hungria e cercavam Viena. Em 1683, João Sobieski ajudou a romper o cerco otomano a Viena, mas na sequência ficou atolado numa guerra contra os Otomanos, na área do Danúbio. Assim, João Sobieski, ao contrário do que desejava, "nunca subjugou a Prússia." (página 426)

MORTE DE FREDERICO GUILHERME, O GRANDE ELEITOR - 1688:

Com a morte de Frederico Guilherme, Frederico III torna-se o novo Margrave-Duque-Eleitor do Brandemburgo-Prússia. Em 1697, Augusto II, Eleitor da Saxônia, é eleito Rei da Polônia, sucedendo a João Sobieski. 

GRANDE GUERRA DO NORTE E GUERRA DA SUCESSÃO ESPANHOLA. REINO NA PRÚSSIA EM 1701 - FREDERICO I.

A Grande Guerra do Norte durou 21 anos (1700-1721). A Guerra da Sucessão Espanhola durou 13 anos. O Século XVIII iniciou-se com duas guerras. A Grande Guerra do Norte envolveu a Suécia, a Rússia, a Dinamarca e a Saxônia. Enquanto essas guerras aconteciam, Frederico III buscava tirar proveito delas. Ele queria um título real e iria consegui-lo.

"Um título real era mais importante do que à primeira vista parecia. Era um símbolo de legitimidade e era ciosamente defendido. As negociações entre os Hohenzollerns e o Sacro Imperador Romano, o idoso Leopoldo I, foram conduzidas por Charles Ancillon, filho do líder da comunidade huguenote em Berlim. O Imperador era obcecado por protocolo. Era ou tinha sido detentor dos únicos títulos régios autorizados no Império: <>, <> e <>. No entanto, Ancillon reparou que a formação de uma nova grande aliança contra Luís XIV era um objetivo importante para os conselheiros do Imperador, que estavam inclinados a fazer cedências....Em troca de uma aliança contra a França e de um contingente de 8000 granadeiros, o Margrave-Duque-Eleitor teria a sua coroação."
(página 427/428)

Resumindo: Frederico III, então Margrave-Duque-Eleitor do Brandemburgo-Prússia, ajudaria Leopoldo I, Imperador do Sacro Império Romano Germânico, em sua guerra contra a França. Em troca, Frederico III receberia a autorização para se tornar Rei na Prússia, virando Frederico I, Rei na Prússia (janeiro de 1701). 
Frederico I era Rei na Prússia. Não poderia ter sido Rei de Brandemburgo, pois este Estado fazia parte do Sacro Império Romano Germânico. Rei Da Prússia também não poderia, pois havia uma Prússia, a Real, que pertencia ao Reino da Polônia. Daí a denominação Rei Na Prússia (Das Konigreich In Preussen). Quando de sua coroação, Frederico I foi abençoado por Bispos, para que seu reinado fosse visto como algo concedido por Deus. A Coroação de Frederico I foi em Konigsberg, hoje uma cidade russa, Kalininegrado. 

"Tinham quebrado a barreira invisível que, numa época religiosa, dividia os ungidos pelo Senhor  (os reis) dos simples executivos principais (margrave-duque-eleitor."
(página 429)

A partir, portanto, de 1701, o vocábulo <> deixava de ser um termo geográfico para se tornar uma Dinastia, uma marca. A partir de agora, todos os domínios dos Hohenzollerns receberiam o selo, a marca com os dizeres "Prússia". Berlim, que ficava em Brandemburgo, tornou-se Prussiana, e assim seria com qualquer território pertencente aos Hohenzollerns, por mais distante que ficasse de Konigsberg. 

ASCENSÃO DA PRÚSSIA:

Nos anos que se seguiram à coroação de Frederico I como Rei Na Prússia, esta, com a ajuda involuntária de seus vizinhos, foi ganhando força: a derrota da Suécia na Grande Guerra do Norte a tirou da disputa pelo domínio do norte da Europa, abrindo espaço para a expansão da Prússia nessa área; o enfraquecimento da Comunidade Polônia/Lituânia e da Saxônia também beneficiaram a Prússia. Em mais na frente, com o desaparecimento do Sacro Império Romano Germânico, em 1806, por obra de Napoleão Bonaparte, a Prússia passou a competir com a Áustria (Império Habsburgo) pelo controle da Alemanha. E no leste, a competição era com a Rússia.
No reinado de Frederico II, o Grande, no ano de 1772, o Reino na Prússia transformou-se em Reino da Prússia, após a anexação da Prússia Real/Polaca/Ocidental, cuja cidade principal era Danzig (Gdansk).

A PRÚSSIA DO SÉCULO XIX:

A Prússia do século XIX,  ia de Aachen no oeste, a antiga capital de Carlos Magno, a Tilsit (atual Sovetsk, no Oblast de Kalininegrado, pertencente à Federação Russa), a leste, às margens do Rio Niemen. No norte, ia da fronteira dinamarquesa à fronteira suíça, no sul. A Prússia do século XIX tinha centros relevantes:
(a) centros industriais no Vale do Ruhr e na Silésia
(b) centro estatal em Berlim, Brandemburgo
(c) centro histórico em Konigsberg, na Prússia Oriental, onde os Hohenzollerns eram coroados

"Era a maior potência industrial da Europa, e o seu gigantesco complexo militar industrial explica o seu papel de liderança no seio do Império Alemão."
(página 438)

GUERRA FRANCO-PRUSSIANA DE 1871 - CRIAÇÃO DO IMPÉRIO ALEMÃO SOB A DINASTIA HOHENZOLLERN:

"O zênite do sucesso da Prússia decorreu da sua vitória na Guerra Franco-Prussiana de 1871, quando o monarca prussiano foi declarado Imperador da Alemanha na Galeria dos Espelhos de Versalhes."
(página 433)

Com o surgimento do Império Alemão em 1871, Berlim superou Konigsberg em importância.
A Leste, surgia um novo adversário, o Império Russo. O Império Russo era então o maior estado do mundo, com população e recursos naturais enormes. A política inicial da Prússia era a de não "provocar os bárbaros russos." (página 439)
A Prússia procurava, em relação ao Império Russo, adotar "uma política calculada de não confrontação." (página 439)

PRONTIDÃO MILITAR COMO CHAVE PARA O ÊXITO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS:

A vitória alemã na guerra franco-prussiana de 1871 criou a convicção segundo a qual "a prontidão militar era a chave para o êxito nas relações internacionais. Ninguém estava mais convencido disto do que o Kaiser Guilherme II, último Imperador alemão e último Rei da Prússia (1888/1918)"
(página 442)

KAISER (CÉSAR) GUILHERME II HOHENZOLLERN:

No Império Russo, havia o Czar. No Império Alemão, havia o Kaiser. Os dois termos dizem receito ao título de César, usado no Império Romano.


A Prússia mexia com os sentimentos europeus. Sua ascensão, seu poder industrial, causavam medo em seus vizinhos. A França buscava se unir ao Império Russo para criar um contrapeso ao poderio alemão. A Grã-Bretanha, por sua vez, temia perder a sua hegemonia naval para o Império Alemão.

PLANO SCHLIEFFEN:

O Império Alemão, sob a liderança da Prússia, deveria atacar primeiro antes, tomar a iniciativa, para evitar sofrer um duplo ataque, que lhe deixaria cercada. O Império Alemão temia sofrer um cerco, feito pela França, no oeste, e pelo Império Russo, no leste. Daí a necessidade de agir antes, derrotar rapidamente um desses inimigos (a França, que era vista como a mais frágil), e depois partir para o segundo inimigo, o Império Russo, visto como o mais forte.

ALEMANHA E RÚSSIA QUERIAM A GUERRA:

O autor do livro defende que a Rússia também queria a guerra. Do mesmo modo que a Alemanha tinha dado um cheque em branco para o Império Austríaco, o Império Russo também tinha dado um cheque em branco para a Sérvia.

"A rapidez do ataque em tenaz do exército russo na Frente Oriental demonstrou que o comando militar czarista, tal como o seu homólogo alemão, tinha planejado uma ofensiva preventiva."
(página 443)

"...mas os objetivos de guerra publicados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros russo em setembro de 1914 revelam as suas intenções. Os russos projetaram: (a) a liquidação total da Prússia Oriental; (b) a recriação do Reino da Polônia, que seria administrado pela Rússia; (c) o estabelecimento de uma nova fronteira russo-alemã nos rios Oder e Neisse Ocidental (exatamente como aconteceu em 1945). Na perspectiva da Alemanha, estes objetivos eram profundamente ameaçadores. Não absolvem a liderança alemã, mas mostram de forma inequívoca que o militarismo não era exclusivo da Prússia."
(página 443)

DERROTA ALEMÃ NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL:

A derrota alemã derrubou o Império Alemão, que seria substituído pela República de Weimar. Guilherme II abdicou. Hohenzollerns depostos. Uma paz severa foi imposta à Alemanha.
O fim da Primeira Guerra Mundial tinha pacificado a Frente Ocidental, mas a Frente Oriental continuou instável. A tomada da Russa pelos Bolcheviques deixou a Europa Oriental ainda em pé de guerra. Os revolucionários russos queriam exportar a sua revolução. Foram detidos pela Polônia, em meados de 1920.

ABOLIÇÃO DO REINO DA PRÚSSIA EM 1918:

"A abolição do Reino da Prússia em novembro de 1918, é frequentemente confundida com o fim da história da Prússia. Na realidade, marcou o fim do domínio Hohenzollern, mas não do Estado prussiano. Outra variante do Estado prussiano perdurou, o Freistaat Preussen (Estado Livre da Prússia), primeiro como componente autônomo da República de Weimar do pós-guerra e depois, a partir de 1933, do Terceiro Reich, embora nessa altura a sua autonomia fosse apenas nominal."
(página 445)

FREISTAAT PREUSSEN (ESTADO LIVRE DA PRÚSSIA):

De 1920 a 1932, foi governado pelo Primeiro Ministro Social Democrata Otto Braun. Em 1933, com Hitler assumindo a Chancelaria, Hermann Goring assume o cargo de Primeiro Ministro do Estado Livre da Prússia.

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL:

O autor do presente livro defende que a Segunda Guerra Mundial deve ser vista sobretudo como uma luta entre dois monstros totalitários, a Alemanha Nazista e a Rússia Comunista. Ambas lutavam para recuperarem os territórios que tinham perdido ao final da Primeira Guerra Mundial. A Alemanha, por exemplo, tinha perdido a Prússia Real/Polaca. A Rússia, por sua vez, perdeu os países bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), parte da Ucrânia, etc. No meio desse conflito titânico, encontrava-se a Prússia Oriental. Se a Alemanha Nazista tivesse vencido a guerra, a Prússia Oriental seria um portal para o Lebensraum, o espaço vital no leste. Se a Alemanha Nazista perdesse a guerra, a Prússia Oriental seria riscada do mapa.

AGONIA DA PRÚSSIA. FINAIS DO VERÃO DE 1944:

Com a derrotada da Alemanha Nazista, em maio de 1945, a Prússia Oriental caiu nas mãos dos russos. Em finais do verão de 1944, tropas soviéticas já estavam na fronteira oriental da Prússia. Os russos empreenderam uma rápida incursão pelo interior da Prússia, na "aldeia de Nemmersdorf, deixando para trás um rastro de atrocidades. Mas Stálin (Estaline) tinha, naquele momento, tinha dado prioridade à conquista dos Balcãs, e os seus exércitos ficaram postados mais a norte, no Rio Niemen e no médio Vístula."
(página 448)

Os russos, portanto, concederam um tempo a mais para a Prússia. Hitler mesmo só saiu da Wolfsschanze (Toca do Lobo), perto de Rastenburg, na Prússia Oriental, em novembro de 1944. Além dos russos, os britânicos também atacaram, pelo ar, a Prússia Oriental. Aviões da RAF bombardearam a cidade de Konigsberg, em finais de agosto de 1944.
Em janeiro de 1945, a URSS finalmente resolveu invadir a Prússia Oriental. O avanço foi rápido, com exceção da cidade de Konigsberg. Civis alemães tentaram fugir do avanço russo, por terra e pelo mar. Essa fuga foi denominada de Fluchtaus dem Osten - Fuga do Leste.
Os residentes de Konigsberg (atual Kalininegrado) tentaram fugir primeiramente por terra, até Danzig (Gdansk) e Elbing, ou por trem até Allenstein. Quando os russos trancaram as rotas de fuga terrestres, sobrou a fuga pelo mar. Foi preciso atravessar o gelo da Frisches Haff (Lagoa de Água Doce) até Pillau, onde a marinha nazista (Kriegsmarine) estava. Os alemães prepararam a Operação Hannibal, que tinha por objetivo pegar os alemães em Pillau e leva-los para Stettin (Estetino), no rio Oder (21 de janeiro de 1945).

"Mil cargueiros e navios de guerra realizaram travessias ininterruptas entre Pillau, Danzig (Gdansk) e Stettin (Estetino), sob os ataques dos bombardeios e submarinos soviéticos. Sofreram perdas horríveis, incluindo o Wilhelm Gustloff, cujo afundamento foi o maior desastre da história mundial, com a morte de cerca de 10.000 pessoas." 
(página 450)

Obs.: Stettin ou Estetino, atual Szczecin na Polônia, no Rio Oder.
Em 4 de abril, o que sobrou da cidade de Konigsberg se rendeu aos russos. 80% da cidade estava em ruínas.

"Os defensores sobreviventes foram levados para o cativeiro, e os civis sujeitos a um reinado de assassinatos, violações e pilhagens."
(página 452)

Stálin obliterou Konigsberg e a Prússia. Mulheres foram estupradas pelos soldados soviéticos. Os soviéticos queriam destruir a história de Konigsberg. (página 452)

"Exterminou os prussianos orientais de forma tão completa como os Cavaleiros Teutônicos exterminaram os Prusai, mas em vez de um século, levou poucos anos."
(página 453)

Com a passagem do Exército russo pela Prússia Oriental, esta deixou de existir na prática. Mas ainda era necessário exterminá-la juridicamente, formalmente.

"Neste aspecto, os historiadores devem distinguir entre a Província da Prússia oriental e o Estado da Prússia. A Província da Prússia oriental foi eliminada pela Conferência de Postdam, o Estado não. Apesar das afirmações em contrário dos Aliados, a Conferência de Potsdam, realizada em julho e agosto de 1945, não teve qualquer sustentação legal. Foi um esquema improvisado entre os líderes vitoriosos que se reuniram para debater a gestão da Alemanha derrotada e, enquanto não se realizasse a Conferência de Paz projetada, para tomar decisões provisórias sobre questões urgentes. A agenda foi preparada por um Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros, mas, como a conferência (de Paz) nunca se realizou, as decisões tomadas em Potsdam, ao contrário das corporizadas no Tratado de Versalhes, não foram sancionadas por um tratado internacional. Em relação à Konigsberg e à Prússia Oriental, as decisões foram extremamente vagas e provisórias: A conferência examinou uma proposta do Governo Soviético no sentido de, enquanto não for definido...o acordo de paz, a secção da fronteira ocidental da URSS adjacente ao Mar Báltico transite de um ponto da margem oriental da Baía de Danzig, a leste, a norte de Braunsberg-Goldap, para o ponto de encontro das fronteiras da Lituânia, da República Polaca e da Prússia Oriental. A conferência aceitou em princípio...a transferência definitiva da cidade de Konigsberg e da zona adjacente para a URSS tal como é supra-referido, sujeito à avaliação de especialistas..."
(página 454)

No fim, o mapa que vemos hoje foi acertado entre a URSS e seus clientes comunistas poloneses. no Tratado Polaco-Soviético de agosto de 1945. Esse tratado dividiu a Prússia Oriental entre a Polônia e a URSS. Isso não tinha sido discutido em Potsdam.

EXTINÇÃO FORMAL/JURÍDICA DO ESTADO DA PRÚSSIA - UBI SOLITUDINEM FACIUNT, PACEM APPELANT (CRIAM UM DESERTO E CHAMAM-LHE PAZ)

De acordo com a Lei número 46, de 25 de fevereiro de 1947, emanada pela Comissão de Controle Aliada (EUA, Grã-Bretanha, França e URSS), o Estado da Prússia (Freistaat Preussen) foi abolido, riscado do mapa.

"A Lei nº 46 limitou-se a pregar o último prego no caixão vazio da Prússia. O corpo da Prússia, a substância viva, a comunidade de seres humanos que tinha permanecido intacta até janeiro de 1945, já tinha sido dispersada. Em 1947, não restava praticamente nada. A Prússia teve o destino de Cartago: <> Criam um deserto e chamam-lhe paz."
(página 455)

"TODAS AS NAÇÕES QUE VIVERAM DEIXARAM PEGADAS NA AREIA." (PÁGINA 460)

No caso da Prússia, pegadas foram deixadas pelas Tribos Prusai, pelos eslavos, pelos alemães da Ordem dos Cavaleiros Teutônicos, pelos poloneses, pelos alemães novamente (hohenzollerns, weimar e terceiro reich) e, por fim, pelos russos de Kalininegrado.
A antiga Tvangste das Tribo Prusai virou Konigsberg (Montanha do Rei) em 1255, sob a administração dos Cavaleiros Teutônicos. Em 1701, Frederico I foi coroado Rei na Prússia, nessa mesma localidade. Hoje, Konigsberg não existe mais. Em seu lugar, existe uma cidade russa, Kalininegrado.

MILITARISMO PRUSSIANO VERSUS MILITARISMO RUSSO:

O autor Norman Davies fala que os critérios usados para julgar a Prússia e o seu militarismo não são adotados quando do julgamento do militarismo russo (Império Russo dos Romanov e sua sucessora, a URSS).

"Fala-se do militarismo prussiano, mas não do militarismo russo...O Imperialismo e o expansionismo russos, apesar de muito mais extensivos do que tudo o que consta no cadastro da Alemanha, são de alguma forma considerados normais. A ideia alemã do Lebensraum (espaço vital), muito anterior à Hitler, é singularmente agressiva e obnóxia. O desenvolvimento da Rússia, em especial na sua forma soviética, que com Lênin e Stálin seguiu uma via que abundou em desgraças humanas e chacinas em massa, é por vezes descrito como uma experiência nobre que se perdeu pelo caminho."
(página 434/437)

ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DO LIVRO "REINOS DESAPARECIDOS, HISTÓRIA DE UMA EUROPA QUASE ESQUECIDA, NORMAN DAVIES, EDITORA EDIÇÕES 70: Capítulo 7, Borússia, A Terra das águas dos prusai, 1230-1945, páginas 383/461