tag:blogger.com,1999:blog-23235930243186434552024-02-06T18:49:10.614-08:00Leitura ObrigatóriaUnknownnoreply@blogger.comBlogger212125tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-6451637804318681382024-02-06T18:45:00.000-08:002024-02-06T18:48:08.558-08:00A História por trás do Holocausto Destruição de Estados Carl Schmitt o Jurista de Hitler Hannah Arendt<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaSCmcPbQoQo5in78ZZhPa8nY2LvgMXODw10cJeLiUe7iMsozlBfd7s8e5_lTfEzQgmo88ftbQjNQrRZ9MEBz5DEOxx9yiHoph-kMLKzfWeGvrGXk9pkMjxqD2SsxQJMj5ME69It5rkyDwPbe_qcCBSPgYaVkxgXzlglDRABPrY_Tc7fgOVPYWcjwISN9r/s1600/IMG_20200427_140408345.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="898" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaSCmcPbQoQo5in78ZZhPa8nY2LvgMXODw10cJeLiUe7iMsozlBfd7s8e5_lTfEzQgmo88ftbQjNQrRZ9MEBz5DEOxx9yiHoph-kMLKzfWeGvrGXk9pkMjxqD2SsxQJMj5ME69It5rkyDwPbe_qcCBSPgYaVkxgXzlglDRABPrY_Tc7fgOVPYWcjwISN9r/w360-h640/IMG_20200427_140408345.jpg" width="360" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Como foi possível matar tantos judeus ( e outras minorias) durante a Segunda Guerra Mundial?</p><p style="text-align: justify;">Não se trata apenas de Auschwitz.</p><p style="text-align: justify;">Era mais fácil matar judeus onde não havia Estado, isto é, era mais fácil matar judeus em locais nos quais o Estado foi destruído pela ação alemã ou pela ação soviética.</p><p style="text-align: justify;">O primeiro Estado destruído pela Alemanha Nazista foi a Áustria. Em março de 1938 (entre os dias 11 e 15), os nazistas anexaram a Áustria (anschluss). Depois, em setembro de 1938, a Alemanha deu início à destruição da Tchecoslováquia, processo que viria a terminar em março de 1939.</p><p style="text-align: justify;">Na sequência, em 23 de agosto de 1939, Hitler e Stálin entraram em acordo, por meio do conhecido pelo Pacto Ribbentrop e Molotov ou Nazi-Soviético. Por meio desse tratado, URSS e a Alemanha Nazista decidiram o futuro de vários Estados: Polônia, Lituânia, Estônia, Letônia. </p><p style="text-align: justify;">Em setembro de 1939, a Polônia se viu invadida pela Alemanha Nazista (1 de setembro) e pela URSS (17 de setembro). A Polônia então deixava de existir como Estado.</p><p style="text-align: justify;">No verão europeu de 1940, a URSS invadiu as repúblicas balcânicas da Letônia, da Estônia e da Lituânia. </p><p style="text-align: justify;">Num período de três anos, portanto, a Europa viu o desaparecimento de 6 Estados ( Polônia, Tchecoslováquia, Lituânia, Letônia e Estônia).</p><p style="text-align: justify;">Na Alemanha nazista, o <b><span style="color: #2b00fe;">jurista Carl Schmitt</span></b> justificava essas destruições dizendo que o direito internacional tinha como fundamento não a norma, mas a FORÇA. E mais, segundo Hans Frank, advogado de Hitler, o direito só se justificava enquanto protetor da raça. Dessa forma, um país, como a Alemanha, por meio da força, tinha o direito de expandir suas fronteiras, em detrimento de outros país, de forma a proporcinar um Lebensraum (espaço vital - terras para a produção agrícola, para a exploração de matérias primas), isto é, uma vida melhor para a sua população. </p><p style="text-align: justify;">O lebensraum de Hitler não estava na África. A África já estava dividida entre ingleses, franceses, belgas, portugueses, etc. O espaço vital de Hitler estava na URSS. Mas a URSS era um local habitado. Como Hitler pretendia, então, justificar a colonização da URSS? Ele usou a desculpa da raça. Os eslavos, que habitavam a URSS, seriam inferiores, seriam subumanos. Ademais, o Estado Soviético era uma ficção, pois os eslavos, como uma raça inferior, não teriam a capacidade de criar um governo. Para Hitler, os eslavos sempre foram governados por elementos de fora, como, por exemplo, por uma elite alemã, como no caso de Catarina, a Grande, que era alemã. E, agora, a URSS seria um estado governado por judeus. Sendo o Estado Soviético uma ficção, Hitler acreditaria que ele era um gigante com pés de barro, um castelo de carta, bastando um empurrãozinho para destruí-lo. Feito isso, Hitler iria tratar os eslavos da mesma forma como os EUA trataram seus índios durante a expansão para o Oeste. O rio Mississippi de Hitler seria o rio Volga. Hitler trataria os eslavos da mesma forma como os americanos trataram seus indígenas. Matando-os. Então, com a URSS livre dos eslavos, ela seria colonizada pelos alemães. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"A destruição dos judeus soviéticos causaria o colapso imediato da União Soviética. Ficaria claro que ela não passava de um castelo de cartas ou um gigante com pés de barro. Os eslavos lutariam como índios, com o mesmo resultado. E, então, no oriente, um processo similiar se daria pela segunda vez, como na conquista da América. Uma segunda América seria criada na Europa, depois que os alemães aprendessem a ver os outros europeus como viam os nativos americanos e os africanos, e a consideram o maior país da Europa como um frágil colônia judaica. Nessa colagem racista, os europeus (eslavos) são entremeados com africanos e índios americanos. Hitler comprimiu toda a história imperial e o racismo total numa breve formulação: "Nosso Mississippi deve ser o Volga, não o Níger." O río Níger, na África, não era mais acessível ao imperialismo alemão desde 1918, mas a África continuava sendo fonte de imagens e nostalgia colonialistas. O Volga, no limite oriental da Europa, era onde Hitler imaginava a fronteira do poderio alemão. O Mississippi era não só o rio que corta os Estados Unidos de norte a sul pelo meio do país. Era também a linha para além da qual Thomas Jefferson queria expulsar todos os indígenas. "Quem", perguntava Hitler, "se lembra dos Peles Vermelhas?" Para ele, a África era a fonte das referências imperiais, mas não o lugar real do Império. O leste da Europa era o lugar real, e tinha de ser refeito como a América do Norte teve de ser refeita." (página 37) "Terra Negra, O Holocausto como História e Advertência, Timothy Snyder.</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">Essa destruição de Estados também serviu para o objetivo nazista de exterminar os judeus. Hitler via os judeus como bodes expiatórios de tudo de ruim que acontecia. Quando, por exemplo, Hitler não conseguiu fazer da Polônia uma aliada da Alemanha, ele culpou os judeus por isso. Num discurso proferido em 30 de janeiro de 1939, Hitler disse que, se houvesse uma guerra mundial, os judeus seriam os culpados pela sua deflagração e, por isso, eles deveriam ser aniquilados. Na cabeça doentia de Hitler, os Judeus estariam por trás das decisões dos principais países (França, Inglaterra, URSS, EUA, etc). Hitler queria que a Polônia fosse aliada da Alemanha numa guerra contra a URSS. Quando a Polônia negou se unir à Alemanha, Hitler acreditou que eram os judeus que estavam por trás dessa atitude polonesa.</p><p style="text-align: justify;">Veja o que Hitler disse no discurso de 30 de janeiro de 1939: 👇👇</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZTQnHcsgaNMAJgnFqTp-WKky2Fa5A1VtsmMPcb0EgGSZbiCCuO-F7olHtPSvlGuALLGINoLF6cv59QNVTaeuP5yheIn5LrFH8a12pI2t7jnAkuX9ADrTISmHzAdxNqzehpBItJxhgoinxeRYI7i28pBmJ9zU5Y24imcjJ0855spvWwJvSmK2C6yMXxz2z/s872/SE%20O%20JUDA%C3%8DSMO%20FINANCEIRO%20INTERNACIONAL%20PROVOCAR%20UMA%20NOVA%20GUERRA%20OS%20JUDEUS%20DA%20EUROPA%20SER%C3%83O%20DESTRU%C3%8DDOS.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="212" data-original-width="872" height="110" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZTQnHcsgaNMAJgnFqTp-WKky2Fa5A1VtsmMPcb0EgGSZbiCCuO-F7olHtPSvlGuALLGINoLF6cv59QNVTaeuP5yheIn5LrFH8a12pI2t7jnAkuX9ADrTISmHzAdxNqzehpBItJxhgoinxeRYI7i28pBmJ9zU5Y24imcjJ0855spvWwJvSmK2C6yMXxz2z/w479-h110/SE%20O%20JUDA%C3%8DSMO%20FINANCEIRO%20INTERNACIONAL%20PROVOCAR%20UMA%20NOVA%20GUERRA%20OS%20JUDEUS%20DA%20EUROPA%20SER%C3%83O%20DESTRU%C3%8DDOS.png" width="479" /></a></div><div style="text-align: center;"><b><span style="color: red; font-size: medium;">Fonte: Jornal O Estado de São Paulo, Acervo Estadão</span></b></div><div style="text-align: center;"><b><span style="color: red;">Link:</span></b> <a href="https://www.estadao.com.br/acervo/">Acervo do jornal O Estado de S. Paulo - Estadão (estadao.com.br)</a></div><p style="text-align: justify;">Ao destruir um Estado, você desfaz a relação que existe entre uma pessoa e uma organização estatal protetora, que é o Estado. Essa relação é chamada de cidadania. E quem mais sofre com esse desfazimento da cidadania é justamente a minoria que habita o Estado. Judeus, ciganos, todos eles foram perseguidos e mortos pelos nazistas. E essa perseguição era mais fácil de ser efetuada justamente em locais onde o Estado não existia mais.</p><p style="text-align: justify;">Segundo <b><span style="color: red;">Hannah Arendt</span></b>, para que Hitler pudesse expulsar os judeus do Planeta Terra, ele teria que, antes de tudo, expulsá-los do Estado. Sem Estado, não há proteção para o indíviduo. Os nazistas queriam destruir a personalidade jurídica dos judeus, isto é, a sua capacidade de direito, a sua capacidade de ser sujeito de relações jurídicas. A regra segundo a qual toda pessoa é capaz de direitos e obrigações na ordem jurídica não seria aplicada aos judeus. </p><p style="text-align: justify;">Na Áustria, antes do Anschluss, os judeus desfrutavam de uma vida normal. Num piscar de olhos, com o desfazimento da Áustria, em março de 1938, os judeus se viram sem a proteção do Estado. Passaram a ser agredidos, vilipendiados. </p><p style="text-align: justify;">Mas o pior destino para os judeus estava reservado nas áreas onde houve uma DUPLA destruição de Estados. de forma sucessiva ou simultânea.</p><p style="text-align: justify;">No leste da Polônia, por exemplo, houve duas destruições. A primeira, com a invasão da URSS, em setembro de 1939. A segunda, com a invasão alemã, em junho de 1941. O mesmo iria acontecer nos países balticos. Nessas áreas, o Estado foi destruídos duas vezes. E, em meio a essa anomia, os nazistas aproveitaram para fuzilar judeus, jogando-os em valas comuns. E para esses assassinatos, os alemães contavam, principalmente nos países balticos e em território russo invadido pela Operação Barbarossa, com a ajuda da população local. Os habitantes dessas áreas, assim, como uma forma de agradar o novo ocupante, participavam dos assassinatos. Era uma forma, também, de se desvincular do antigo regime comunista, pois, de acordo com o mito judaico-bolchevique, segundo o qual todo judeu era comunista e todo comunista era judeu, quando você matava um judeu, você estava se livrando do seu pecado de ter colaborado com os soviéticos. Era uma forma de você ficar de boa com o novo ocupante nazista. Havia ainda um outro estímulo para que um letão, um lituano, um ucraniano, um russo, um estoniano, um polonês participasse do assassinato de um judeu. Você poderia herdar uma propriedade (casa, apartamento, empresa) dele. Você poderia até ficar com o emprego dele. Os alemães, então se aproveitaram disso. Milhares de judeus foram mortos na Lituânia, na Letônia, na Estônia, na Polônia, na URSS ocupada (Ucrânia, Bielorrúsia, oeste da URSS). Estamos falando dos anos de 1939, 1940, 1941 e 1942. O conhecido campo de extermínio nazista de Auschwitz viria depois disso tudo. Antes de serem mortos nas câmaras de gás de Auschwitz, os judeus eram mortos a bala ou por meio de espancamentos e enterrados em valas comuns. </p><p style="text-align: justify;">Nos locais onde não havia Estado, não eram só os judeus que estavam a perigo. As pessoas que eventualmente tentavam protegê-las também poderiam ser punidas com a morte. Outras minorias também poderiam ser mortas, como os ciganos.</p><p style="text-align: justify;">Durante a Guerra, além dessas áreas nas quais o Estado deixara de existir, dando ensejo a todo tipo de atrocidade, havia três tipos de Estados. E, dependendo do tipo de Estado, os judeus se viriam protegidos ou não:</p><p style="text-align: justify;"><b>1) Estados Fantoches:</b> Eram Estados criados na esteira da destruição de outros Estados. A Croácia, por exemplo, foi criada na esteira da destruição da Iugoslávia. A Eslováquia, foi criada na esteira da destruição da Tchecoslováquia. Esses Estados dependiam da vitória da Alemanha na guerra. Caso a Alemanha fosse derrotada, eles deixariam de existir, como de fato aconteceu. Posteriormente, com o colapso da URSS, a partir de 1989, esses países ressurgiram, mas essa é outra história. Então, como dependentes da Alemanha, Croácia e Eslováquia davam um tratamento jurídico aos judeus quase idêntico ao que eles teriam experimentado caso vivessem num local cujo Estado tivesse sido destruído</p><p style="text-align: justify;"><b>2) Estados Aliados:</b> Hungria, Bulgária e Romênia eram aliados da Alemanha Nazista. Aqui, como havia um Estado, os judeus desfrutavam de alguma proteção. Como Estados, eram ciosos de sua soberania, de modo que o judeus que aí vivesse teria uma chance maior de sobrevivência. </p><p style="text-align: justify;"><b>3) Estados Ocupados:</b> Dinamarca, França, Holanda. Foram estados derrotados pelo exército alemão e que passaram a ser ocupados pela Alemanha. Nesse caso, os judeus também tinham uma chance maior de sobrevivência, em comparação com os judeus que viviam em áreas cujos Estados tinham sido destruídos ou em Estados Fantoches. Além disso, um holandês que resolvesse ajudar um judeu, não correria o risco de morrer, como acontecia com um polonês que resolvesse ajudar um judeu. Como exemplo podemos citar as pessoas que abrigaram a judia Anne Frank. Anne Frank foi capturada e acabou morrendo num campo de concentração. Mas os holandeses que a abrigaram não foram condenados à morte. </p><p style="text-align: justify;"><b>ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "TERRA NEGRA, O HOLOCAUSTO COMO HISTÓRIA E ADVERTÊNCIA, TIMOTHY SNYDER</b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-76150610960146238542024-01-26T10:36:00.000-08:002024-01-26T10:36:19.429-08:00Demócrito Aristóteles e o homem que previu a existência de Deus Uma Causa não causada<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjR0kkN8MNZ6bYMNi4Gct0UIMuGa3VfHA5Mr9JBbXfzatsBwyzwltWZM4eJZA-zQslbHRIP7TtYjcQxKFPKlntUMUElVkTRZq7SpUSBxTRJHdoMf5m0cHYmDWyw7uETm19tQr5wo-5VkjFkViNxOqTO7zHEmeTFS_ey3_J202oSU7yUtMMNBeQ8vtGeaRZU/s510/Capturar.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="510" data-original-width="415" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjR0kkN8MNZ6bYMNi4Gct0UIMuGa3VfHA5Mr9JBbXfzatsBwyzwltWZM4eJZA-zQslbHRIP7TtYjcQxKFPKlntUMUElVkTRZq7SpUSBxTRJHdoMf5m0cHYmDWyw7uETm19tQr5wo-5VkjFkViNxOqTO7zHEmeTFS_ey3_J202oSU7yUtMMNBeQ8vtGeaRZU/s320/Capturar.PNG" width="260" /></a></div><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj05c7saywpHsCQ-UbFAX0rY1sfUgkweyPxJ6ETDsVOPqqytEKS_S1X9IaMs3XA6MHvjwCWAsGIWN4M28OfbaUMUxXIunrTfA0HqgN5LL1ytulmYgjlX3pfPuRl-3zGBVhqJ2-m9kdegjrHL_IqMqhNf1eUnRmVBJAPyBkVLiS4MSpGjYOp9Uz_NTxjzofm/s2592/2024_01_24%2013_01%20Office%20Lens.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1944" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj05c7saywpHsCQ-UbFAX0rY1sfUgkweyPxJ6ETDsVOPqqytEKS_S1X9IaMs3XA6MHvjwCWAsGIWN4M28OfbaUMUxXIunrTfA0HqgN5LL1ytulmYgjlX3pfPuRl-3zGBVhqJ2-m9kdegjrHL_IqMqhNf1eUnRmVBJAPyBkVLiS4MSpGjYOp9Uz_NTxjzofm/s320/2024_01_24%2013_01%20Office%20Lens.jpg" width="240" /></a></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="color: red; font-family: verdana; font-size: medium;"><b>O que mais desejo é que Aristóteles tenha razão. Que Deus (uma causa não causada) exista e que, por essa razão, eu possa reencontrar a minha mãe. E que todo o sofrimento que vivenciamos, eu, ela e meu irmão mais velho, não tinha sido em vão. </b></span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Imagine que você esta segurando um grão de areia entre as pontas dos seus dedos. É difícil discernir detalhes a olho nu, mas logicamente o grão teria duas metades: um hemisfério esquerdo e um hemisfério direito. Você pode imaginar uma faca pequena o suficiente para cortar o grão ao meio, dividindo-o em dois. Em seguida, uma vez que tivesse essas metades de grão, você poderia repetir o processo, cortando-os em quartos de grão e assim por diante.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Teoricamente, poderíamos fazer isso para sempre. Não importa quão pequeno o fragmento de grão, sempre seríamos capazes de aumentar o zoom e dividi-lo ao meio novamente. A alternativa não faria sentido. Imagine-se cortando um grão tão pequeno que ele não teria mais uma metade esquerda ou direita. Um pedaço tão pequeno que não tivesse nenhum lado e simplesmente <i><u>fosse</u></i>. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Para um objeto como esse, o próprio conceito de dividir em dois seria sem sentido. Seria como tentar dividir por dois numa máquina de calcular e a máquina responder: "Sinto muito, você atingiu a menor das coisas, não pode dividir mais". Você teria de estar louco para sugerir a existência de um objeto menor. Hora de <b><span style="color: red;">Demócrito</span></b> entrar em cena. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><b><span style="color: red;">Demócrito</span></b> foi um filósofo/comediante de stand-up que viveu no século V a.C., e ele levou a ideia de substâncias elementares muito a sério. Acreditava que tudo era feito de pedaços microscópicos indivisíveis (átomos) que se combinavam para fazer o mundo à nossa volta. Digamos que você tem um pacote de M&M's. Em vez de comê-los em punhados misturados, todo ser humano sensato os divide em pilhas organizadas por cor e come uma pilha de cada vez. Não confie em ninguém que faça diferente. (<b><i><u>Minha nota:</u></i></b> <i>o autor está sendo irônico aqui. E também é uma forma de se fazer mais didático</i>).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Esse peneiramento de uma mistura para obter pureza é o que estamos realmente fazendo quando decompomos uma substância em seus elementos; estamos agrupando os átomos segundo o tipo. Isso explicaria também de onde vêm os alótropos. Diamante, carvão e hiperdiamante poderiam todos ser feitos de átomos de Carbono empilhados e arranjados de maneira diferente, levando-nos a várias propriedades. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">E, como se a hipótese do átomo não fosse suficientemente estranha, <b><span style="color: red;">Aristóteles</span></b> mais tarde usou a ideia de <b><span style="color: red;">Demócrito</span></b> para provar a existência de Deus. Como os átomos estavam constantemente em movimento, quicando uns contra os outros e voando através do vazio entre eles, o movimento de cada átomo podia ser retraçado a uma colisão com um átomo anterior, cujo movimento podia ser explicado como uma colisão com um ainda mais anterior. Causa levava a efeito e todo efeito tinha uma causa anterior. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Se você recuasse o suficiente, devia ter havido um primeiro movimento, que causou tudo, mas que não teve causa ele mesmo. Tal coisa (uma causa não causada) estaria fora das leis normais da natureza embora sendo ainda capaz de influenciá-las. Em outras palavras, Deus. Faça dessa ideia o uso que bem entender. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #800180; font-family: arial; font-size: medium;"><b>O texto acima foi integralmente copiado (ipsis litteris) de um trecho do livro/ebook "Elementar, Como a Tabela Períodica pode explicar quase tudo", Editora Zahar, Tim James. </b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #800180; font-family: arial; font-size: medium;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #800180; font-family: arial; font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhryWlMYT48maG7MDl8mDjk2CdcZv0aR-477zzlKjH55UIsD7IhReQccRTfbdQNXVUiHkrIvR8UFC5_41bz-cUTqNquYmP-phHGRcaBn0b_k9WolgxuMSxQima6wvzn7FiXrJjHF7K9Crksb19QHW9Ub2FKs1JIDn4WetvdItu8YVo0dKntIWPj8wfP35m/s1145/Captura%20de%20tela%202024-01-26%20153248.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="647" data-original-width="1145" height="226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhryWlMYT48maG7MDl8mDjk2CdcZv0aR-477zzlKjH55UIsD7IhReQccRTfbdQNXVUiHkrIvR8UFC5_41bz-cUTqNquYmP-phHGRcaBn0b_k9WolgxuMSxQima6wvzn7FiXrJjHF7K9Crksb19QHW9Ub2FKs1JIDn4WetvdItu8YVo0dKntIWPj8wfP35m/w400-h226/Captura%20de%20tela%202024-01-26%20153248.png" width="400" /></a></span></div><span style="color: #800180; font-family: arial; font-size: medium;"><br /><b><br /></b></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><b>Minha nota</b>: Os filósofos da antiguidades buscavam substâncias elementares a partir das quais toda a realidade era elaborada/construída. Essa substância elementar recebia o nome de <b><span style="color: #2b00fe;">Arché</span></b>. Arché, portanto, seria o princípio originador de todas as coisas. Os filósofos se dividiam sobre esse tema. Havia os monistas, que diziam que a Arché era uma coisa só. Tales de Mileto, por exemplo, dizia que o princípio originador de todas as coisas era a água (tudo o que tem vida é úmido). Anaxímenes dizia que era o ar. Pitágoras dizia que a Arché era um número, pois tudo pode ser objeto de cálculo. Os pluralistas, por sua vez, como Empédocles, via vários princípios originadores de todas as coisas. No caso ele, ele citava a água, a terra, o fogo e o ar. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">No caso do filósofo Demócrito, citado no texto do livro Elementar, o princípio originador de todas as coisas era o átomo. Para Demócrito, a Arché eram os átomos, indivisíveis, que só poderiam ser captados pelo intelecto. Esses átomos se agregavam e se desagregavam na formação das coisas.</span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-8967030241010688302024-01-24T16:27:00.000-08:002024-01-24T16:30:57.865-08:00Sêneca e a questão do Suicídio Remédio Soberano e do Estoicismo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf24zhscHtNUm8CbO6LLYgNauxUMcR6A6xegG0EBdCjtkc_hxqg7za3nbipBQh3fd8Y1tL1crJSCdiKVNR4S-TPhla9CTfUaQNHtkiFJ6yvAulU6wrr78l-VRF20vtwxMHxqe9Ent54zp70kno25a5ViKXTmMVGq8Pb_Z0THsCxs23Cr3lb77YluniIgGp/s2592/2024_01_24%2013_01%20Office%20Lens.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1944" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf24zhscHtNUm8CbO6LLYgNauxUMcR6A6xegG0EBdCjtkc_hxqg7za3nbipBQh3fd8Y1tL1crJSCdiKVNR4S-TPhla9CTfUaQNHtkiFJ6yvAulU6wrr78l-VRF20vtwxMHxqe9Ent54zp70kno25a5ViKXTmMVGq8Pb_Z0THsCxs23Cr3lb77YluniIgGp/w480-h640/2024_01_24%2013_01%20Office%20Lens.jpg" width="480" /></a></div><br /><p style="text-align: center;"><b style="text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: Bebas Neue;"><span style="font-size: large;">👉se conseguiu ver claramente que, em si mesma, a morte não é um mal e que, antes, põe fim a nossos múltiplos infortúnios;..."</span> </span></b></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe; font-size: medium;">Sêneca</span></b> nasceu na província da Andaluzia, na atual Espanha, no ano 1 d.C. Ela pertencia então ao Império Romano. Foi célebre na política e na literatura. Tornou-se Senador romano e sobreviveu ao governo tirânico de Calígula. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"Calígula tinha muito sangue nas mãos, e todo Senador era um condenado em potencial; a desculpa desse Cesar era que ficara louco, louco de pedra."</span></i></b> (página 15)</p><p style="text-align: justify;">Na Antiguidade, não havia Estado de Direito, Separação de Poderes, Direitos Humanos. Se um governante ficasse louco, tornando-se tirânico e sem freios, só havia uma forma de contê-lo, assassinando-o por meio de um regicídio. E foi exatamente isso que aconteceu com Calígula. Ele foi sucedido por Cláudio que, por não ter simpatias por Sêneca, mandou exilá-lo na ilha de Córsega. </p><p style="text-align: justify;">Depois de alguns anos no exílio, Sêneca, graças à intermediação da Imperatriz Agripina, viu-se libertado e pôde voltar a Roma. Agripina tinha um filho, Nero, que seria o futuro imperador Romano. Sêneca tornou-se preceptor, o professor de Nero. Sêneca, ainda após o seu regresso, iria se tornar um homem rico e famoso pelos seus livros e pela sua filosofia, o estoicismo. </p><p style="text-align: justify;">No ano 54 d.C, Nero, com 17 anos de idade, torna-se Imperador Romano. Sêneca escreve um livro dedicado a Nero, <b><i>"Sobre a Clemência"</i></b>. Sêneca assim procedeu porque esperava que, lendo esse livro, Nero viesse a se tornar um governante sábio, sabendo autolimitar-se na condução do seu governo, não ultrapassando os rigores necessários da lei, não punindo de forma desnecessária. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: arial;">"Na Antiguidade, o que limitava a arbitrariedade do governante não era um Estado de Direito, e sim exclusivamente o respeito do governante pela dignidade e a vida de seus pares. A palavra "clemência" enchia tanto a boca como hoje fazem "democracia" ou "direitos humanos."</span></b> (página 29)</p><p style="text-align: justify;">Por alguns anos, Nero seguiu os conselhos de Sêneca, portando-se de forma equilibrada no condução de seu governo. Mas, depois de algum tempo, Nero deixa a autolimitação e a clemência de lado e passa a governar de forma tirânica. A primeira vítima foi sua mãe, Agripina. Acreditando que sua mãe participava de um complô para tirá-lo do poder, Nero mata a própria mãe. Sênera fracassara. Em vista disso, Sêneca busca sair da vida pública. Mas não era fácil fazê-lo. Sêneca era um conselheiro próximo de Nero e, nesse tempo, você não poderia simplesmente dizer tchau ao seu Imperador e ir embora. As pessoas poderiam pensar que Sêneca estaria a caminho de se tornar um opositor, um traidor. Mas Sêneca, assim mesmo, retira-se da vida pública, mesmo sabendo que isso poderia colocar sua vida em risco. No ano 65 d.C, Nero descobre mais um complô que pretendia tirá-lo do poder. A tentativa de golpe é desbaratada. Nero desconfia de Sêneca, que por sua vez não tinha participado da trama golpista. Mas isso não importava. O que importava era o que o Imperador pensava. Nero manda ordens para que Sêneca se matasse. O suicídio, naquela oportunidade, era uma saída menos dolorosa. Se a pessoa insistisse na sua defesa, poderia ser submetido a tortura e, ao ser executada, perderia seus bens. O suicídio era uma forma de evitar esses dissabores. A pessoa não seria torturada e sua família não ficaria na miséria. Sêneca então comete suicídio no ano 65 d.C. Três anos depois, Nero finalmente encontraria seu fim, sendo assassinado e deposto de seu trono imperial. </p><p style="text-align: justify;">Sêneca deixou importantes ensinamentos de como se comportar diante da vida. O estoicismo de Sêneca fez com que ele escrevesse, por exemplo, esse trecho, retirado de seu livro "Tratado sobre Benefícios"(livro VII):</p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">"</span><b><span style="font-family: Bebas Neue;"><span style="font-size: large;">"SE NOSSO ESPÍRITO SENTE NÃO MAIS QUE DESPREZO POR TUDO QUE ADVÉM DA BOA OU DA MÁ SORTE; SE ELEVOU-SE ACIMA DAS APREENSÕES; SE, EM SUA AVIDEZ, NÃO ALMEJA MAIS PERSPECTIVAS SEM LIMITES, SABENDO PROCURAR RIQUEZAS APENAS EM SI MESMO...se não teme mais nada dos deuses nem dos homens, consciente de ter pouco a temer do homem e nada de deus; se desdenha tudo o que faz o esplendor de nossa existência e que também é seu tormento; se conseguiu ver claramente que, em si mesma, a morte não é um mal e que, antes, põe fim a nossos múltiplos infortúnios;..."</span> </span><span style="font-family: inherit; font-size: large;">(página 47)</span></b></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="font-family: inherit;">De acordo ainda com o estoicismo de Sêneca, "quando nossa situação parece desesperadora, temos sempre à mão um remédio soberano, o suicídio, que Sêneca (que iria, com efeito, morrer pelas próprias mãos um ou dois anos após escrever essas linhas) considera com nítida boa vontade." (página 48).</span></b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj87lo5scb11Bcfqi5hSPiqMqnQI6zbL_v9uFPSKJY5yfyF4-sGaC0PjsW6ZLVqVmTmC6JtbkNszba18_j9Poz7PiP-peM2WQEcGj0zuVCrtLKCmliGzzGGcukvaLmkSMDl9-paU1EunkVcKvLdJdDqaXNotW1k05dDJlkEILd4OqQHacwqUAh081Zziop/s2592/IMG_20240124_210129184.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj87lo5scb11Bcfqi5hSPiqMqnQI6zbL_v9uFPSKJY5yfyF4-sGaC0PjsW6ZLVqVmTmC6JtbkNszba18_j9Poz7PiP-peM2WQEcGj0zuVCrtLKCmliGzzGGcukvaLmkSMDl9-paU1EunkVcKvLdJdDqaXNotW1k05dDJlkEILd4OqQHacwqUAh081Zziop/w360-h640/IMG_20240124_210129184.jpg" width="360" /></a></b></span></div><span style="font-size: medium;"><b><br /><span style="font-family: inherit;">Anotações extraídas da leitura do Livro Sêneca e o Estoicismo, de Paul Veyne, Editora Três Estrela, 1º Edição, 2015.</span></b></span><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-38106927958498220082024-01-23T15:58:00.000-08:002024-01-23T15:58:05.753-08:00Depressão Visão Realista do Mundo Pensamentos Depressivos Ilusões Positivas Saúde Mental<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPwj3z_DLMOvpDdEGDo3IX4zQbNERMOSMNmh3OEkCdInNNUwRLQRxsvUt-9LUaJAU6I96G-4-9kEDCLtET3JTZn8XXWmq0irFS31SDnMDLA_hJIXXDNYjx_fkfSOQWACfRkKGz0KnFedvn9tN-0Sy4O_W_ts3jSyA5rxhLq-FJmhPEIWrIBYW_5sAOdudm/s510/Capturar.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="510" data-original-width="415" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPwj3z_DLMOvpDdEGDo3IX4zQbNERMOSMNmh3OEkCdInNNUwRLQRxsvUt-9LUaJAU6I96G-4-9kEDCLtET3JTZn8XXWmq0irFS31SDnMDLA_hJIXXDNYjx_fkfSOQWACfRkKGz0KnFedvn9tN-0Sy4O_W_ts3jSyA5rxhLq-FJmhPEIWrIBYW_5sAOdudm/w325-h400/Capturar.PNG" width="325" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Pessoas deprimidas possuem uma capacidade mais acurada para analisar a realidade? </p><p style="text-align: justify;">É a depressão que possibilita uma visão mais realista da vida ou é uma visão mais realista que faz com que a pessoa passe a ter pensamentos depressivos?</p><p style="text-align: justify;">O que vem primeiro? A visão realista do mundo ou a depressão?</p><p style="text-align: justify;">O excesso de realismo faz mal à saúde mental? E, por outro lado, são as ilusões positivas que trazem bem estar para a pessoa, resultando numa boa saúde mental?</p><p style="text-align: justify;">É a depressão que possibilida uma apreciação objetiva do mundo que nos cerca ou é essa mesma apreciação objetiva do mundo, divorciada de qualquer ilusão, que faz com que a pessoa tenha pensamentos negativos?</p><p style="text-align: justify;">Nunca tive ilusões. Acredito que, na maioria das vezes, sempre me conduzi comandando por pensamentos realistas.</p><p style="text-align: justify;">A morte de minha mãe foi a pá de cal em qualquer ilusão positiva que pudesse me alcançar. Ver a doença de minha mãe. Vê-la morrer nos meus braços. Vê-la num caixão. Sim, aquela pessoa ali foi a sua mãe. O rosto. As mãos dela sobre o peito. Mas tudo inerte. As palavras dela, o olhar dela, o toque dela, tudo somente existindo nas minhas lembranças, vendo-a ali. Das 9:00 da manhã de uma quinta-feira, dia 21 de dezembro de 2023, até às 16:30, você ao lado daquele corpo, sua mãe, que não interagia mais contigo. Uma verdadeira tortura. </p><p style="text-align: justify;">Seria a minha depressão (eu já seria, portanto, uma pessoa clinicamente doente, depressiva) que fazia encarar tudo aquilo da forma como acima foi descrito, ou eram meus pensamentos divorciados de qualquer consolo espiritual ("essa vida é só uma passagem"; "Deus tem seus planos"; "ela está olhando por você e Deus lhe dará forças para superar tudo isso", etc) que me faziam sentir ter aqueles pensamentos ruins?</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-35830174184294493712024-01-09T16:45:00.000-08:002024-01-14T06:04:45.699-08:00Por que o mal existe? Georges Minois<p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQSsO1Q_08U688UZna1Qul4rwEqjE1JLmUlB1BpFGvG2sr3O22bc5wesb4XbN4K2UX6ZSrapol0iyxr0lFSU6JmODgqIM_59f9k9OsS8BbrMEptYHZ4k23AsUHnbnMO8vKUxbUbCN6gfgEt_wINZkYg8ZFccPRKFUHzILh_Q1vOkVAZEHE7Lu1PZ34IX7F/s2592/IMG_20240109_214145989.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQSsO1Q_08U688UZna1Qul4rwEqjE1JLmUlB1BpFGvG2sr3O22bc5wesb4XbN4K2UX6ZSrapol0iyxr0lFSU6JmODgqIM_59f9k9OsS8BbrMEptYHZ4k23AsUHnbnMO8vKUxbUbCN6gfgEt_wINZkYg8ZFccPRKFUHzILh_Q1vOkVAZEHE7Lu1PZ34IX7F/w360-h640/IMG_20240109_214145989.jpg" width="360" /></a></b></div><b><br /><span style="font-family: arial;"><br /></span></b><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: arial;">Por que o mal existe?</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: arial;">Por que sou tão infeliz?</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: arial;">Quem nunca se fez essas perguntas?</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: arial;">Possíveis respostas: </span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: arial;">Acaso? </span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: arial;">A existência de um Deus perverso? </span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: arial;">Destino? </span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: arial;">Por nosso própria culpa, uma culpa coletiva, nascida do pecado de Adão, que teria legado a degradação ao homem. Essa falta original seria então o legado de toda a humanidade.</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">A história do pecado original:</span></b></p><p style="text-align: justify;">O autor da narrativa do Pecado Original, que está na Bíblia, se valeu de várias tradições existentes em sua época, para compor uma história que visava justificar a existência do mal, do sofrimento do mundo. Buscava ainda solucionar o seguinte dilema: SE DEUS É INFINITAMENTE BOM, ELE NÃO É TODO PODEROSO, CASO CONTRÁRIO NÃO DEIXARIA ACONTECER TANTA COISA RUIM NO MUNDO. E SE DEUS É TODO PODEROSO, ENTÃO ELE NÃO É INFINITAMENTE BOM, CASO CONTRÁRIO AGIRIA PRONTAMENTE PARA ERRADICAR O SOFRIMENTO DO MUNDO.</p><p style="text-align: justify;">Todo mito é uma narrativa é uma narrativa fantasiosa sobre a realidade que nos cerca. Sem uma explicação científica em mãos, os antigos atribuíam todos os fenômenos da natureza pela ação de numerosos deuses. E para explicar a origem de todo o sofrimento humano, também foi necessário a criação de um mito. O mito de Adão e Eva. Adão comeu do fruto proibido, infringindo uma proibição que lhe fora imposta por Deus. O mal então que vivenciamos é o resultado dessa falta original cometida por Adão. A pena, inicialmente imposta a Adão, o ultrapassou, alcançando-nos. As dores que uma mulher sente no parto é o resultado da falta cometida por Eva, pelo fato dela ter oferecido o fruto proibido ao seu companheiro. A serpente também foi castigada por Deus, sendo condenada a viver eternamente andando sobre seu próprio ventre. O homem, por sua vez, foi condenado a ganhar o pão, o seu sustento, com o suor de seu rosto. Paulo de Tarso dizia que da mesma forma como um só homem, Jesus Cristo, fora capaz de salvar humanidade, somente um homem, Adão, fora capaz de desgraçar a humanidade. Uma falta original da qual resultará uma culpabilidade coletiva hereditária que atingirá todos os homens.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">Os 4 elementos do Pecado Original</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">a) a mulher</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">b) a serpente</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">c) a árvore</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">d) a interdição que Deus impõe ao homem, consubstanciada na proibição do consumo do fruto de uma determinada árvore, sob pena de ser castigado caso transgredisse essa interdito.</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b>A Mulher</b>: A mulher não fazia parte do plano original de Deus. Até seu nome, Ishsha, deriva do nome dado ao homem, Ish, Da costela do homem fez-se a mulher. Apesar de derivada do homem, a mulher domina-o por meio de um poder, o desejo sexual. Esse poder de sedução sexual faz com que se veja a mulher com um olhar de suspeita. A mulher fascina, inquieta o homem, daí seu papel central na falta original cometida por Adão.</p><p style="text-align: justify;"><b>A Serpente</b>: Símbolo do falo, do pênis, da penetração, da fecundidade, da regeneração pela mudança de pele. Penetra por buracos inacessíveis ao homem, simbolizando uma expansão por áreas desconhecidas. E Deus proibiu que Adão se aventurasse por terrenos desconhecidos, proibindo-o de obter conhecimento.</p><p style="text-align: justify;"><b>A árvore: </b>As árvores do bem e do mal. Representam o desejo do homem pelo conhecimento. A árvore é vista por várias tradições como centro do mundo, morada de almas, etc. É nesse desejo do homem pelo conhecimento que reside a sua falta original. Adão, ao comer a maça, viola a proibição divina de consumir o fruto da árvore do conhecimento. </p><p style="text-align: justify;"><b>A interdição divina:</b> Deus impôs um óbice a Adão: não coma da árvore do conhecimento. Mas Adão acabou por desobedecer Deus, dando origem à falta original que, por sua vez, daria origem a todo o sofrimento do mundo.</p><p style="text-align: justify;"><b>ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DO LIVRO: </b></p><div class="celwidget" data-cel-widget="titleblock_feature_div" data-csa-c-asin="6557110624" data-csa-c-content-id="titleblock" data-csa-c-id="xxa777-ly6dik-4xwhmx-6xuh68" data-csa-c-is-in-initial-active-row="false" data-csa-c-slot-id="titleblock_feature_div" data-csa-c-type="widget" data-feature-name="titleblock" id="titleblock_feature_div" style="background-color: white; box-sizing: border-box; font-family: "Amazon Ember", Arial, sans-serif;"><div class="a-section a-spacing-none" style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 0px;"><h1 class="a-spacing-none a-text-normal" id="title" style="box-sizing: border-box; line-height: 36px; margin-bottom: 0px !important; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-rendering: optimizelegibility;"><span class="a-size-extra-large celwidget" data-cel-widget="productTitle" data-csa-c-id="z5xgxa-wzl9su-8cbc4u-w509br" id="productTitle" style="box-sizing: border-box; line-height: 36px; text-rendering: optimizelegibility;"><span style="font-size: small;"><span style="color: #0f1111;">As origens do mal: Uma história do pecado original </span><span style="color: #565959;">Georges Minois</span></span></span></h1></div></div><div class="celwidget" data-cel-widget="bylineInfo_feature_div" data-csa-c-asin="6557110624" data-csa-c-content-id="bylineInfo" data-csa-c-id="4vqrt7-gpwqx-q9re5e-14fmff" data-csa-c-is-in-initial-active-row="false" data-csa-c-slot-id="bylineInfo_feature_div" data-csa-c-type="widget" data-feature-name="bylineInfo" id="bylineInfo_feature_div" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #0f1111; font-family: "Amazon Ember", Arial, sans-serif; font-size: 14px;"><div class="a-section a-spacing-micro bylineHidden feature" data-cel-widget="bylineInfo" id="bylineInfo" style="box-sizing: border-box; margin-bottom: 0px;"> </div></div><p style="text-align: justify;">Acredito que o mal aconteça por pura obra do acaso. E uma história encontrada por acaso também. Tudo começou num casamento que não deveria ter ocorrido. A mulher se viu sozinha, pai (pedreiro) e mãe (do lar) prematuramente mortos. Morando com a tia, sem emprego, na década de 50, acabou casando-se com seu namorado, indo morar na casa de sua sogra. Vida difícil. Filhos vão nascendo. Mudam de casa. Pode ser que o marido a ame, mas ela não o ama, pelo menos agora. Pode ter amado lá atrás. Ele a trata mal. Não por maldade, mas por falta de discernimento. Por falta de tato. Ela também tem uma personalidade difícil. Filhos crescem. A infância é boa. Será aliás, a única parte boa da vida do caçula deles, mesmo que ele já apresente sinal de TOC (transtorno obsessivo compulsivo) e de transtorno de ansiedade. Os pais brigam, eles não têm tempo de notar esses problemas no filho caçula, ademais, naquela época, década de 70, ninguém devia ter conhecimento dessas patologias. O clima de guerra fria naquela casa só tendia a piorar a cabeça do caçula. Divórcio? Seria difícil para ambos, principamente para ela. Onde ela iria morar? Salário de professora era uma porcaria. E o preconceito? Hoje, o divórcio é algo simples, tem a emenda constitucional nº 66, mas não o era nas décadas de 70 e 80. Mulher divorciada era mal vista. Lembrem-se que a lei do divórcio é de 1977 e, para ser aprovada, teve que enfrentar uma oposição ferrenha da Igreja Católica. Hoje, a pessoa casa num dia e, se quiser, se divorcia no dia seguinte. Os irmãos mais velhos saem de casa, para estudar e trabalhar. Ficam na casa o caçula e os dois pais que viviam separados, cada um dormindo num quarto. Na adolescência, ele, o caçula, vive só. Introspectivo, tímido, envolto em traumas diversos, inclusive relacionados ao seu órgão sexual, que ele não achava adequado devido ao tamanho e à fimose que estrangulava sua glande. Só mais tarde ele iria operar a fimose. Ninguém duvida do amor que seus pais devotavam a ele, ao caçula. Nunca lhe faltou nada. Pai e mãe fariam qualquer sacrifício pelo caçula e por seus irmãos. Pagaram faculdade para os três, fisioterapia, engenharia e direito. O pai deles, gerente de banco. Na verdade, subgerente. E de um Banco que iria falir, o Comind, gerando mais sofrimento ainda para ele. Desgraça pouca é bobagem. Ele morreu como nasceu, pobre. A mãe dele ainda teve um derrame. Ele gastou uma nota para mantê-la. Pagar enfermeira, ajudante, etc, por mais de 10 anos. Agora, a mãe dos três meninos, era professora dedicada. Trabalhou de início na zona rural. Numa sala, dava aula para quatro séries, 1º, 2º, 3º e 4º. Além de professora, era merendeira. Depois melhorou um pouco, indo dar aula na escola da cidade, na zona urbana. Professora concursada do Estado de São Paulo. Mãe e Pai, duas pessoas sérias, honestas e sofridas. Passada a adolescência, a vida adulta não seria melhor para o caçula. O TOC e o transtorno de ansiedade o aprisionavam, impedindo que tivesse uma vida plena e feliz. A doença é como uma prisão, do qual a pessoa anseia por se libertar. O corpo doente é a sua prisão, do qual somente a cura ou a morte o libertará. Mas ele não conseguia se libertar. Só mais tarde iria descobrir o que tinha. Já seria tarde. Apesar de tudo, se formou numa faculdade. O medo sempre o acompanhou. A falta de confiança em si mesmo, idem. E o mundo é cruel com gente como ele. Era visto como "esquisito". Ninguém ajuda. Exerceu por algum tempo o serviço para o qual fora formado. Mas daí começou a ter problemas de saúde: psoríase, em razão de nervosismo. Problemas na vista, moscas volantes, uma espécie de degeneração do vítreo, ainda na casa dos trinta anos, quando normalmente isso só acontece depois dos 50 anos. Tive ainda um derrame na mácula do olho esquerdo, que praticamente o inviabilizou para a leitura. Foi mais um azar. Se o derrame tivesse acontecido em outra parte da retina, disse o médico, a capacidade de leitura não teria sido atingida. Bem, isso só piorou ainda mais seu TOC e sua ansiedade. Na sequência, três ataques de Pânico. Mas as coisas ainda iriam piorar para o caçula. Sua mãe era depressiva, acarrentando nela vários problemas de saúde. Quase perdeu uma perna por bobeira. Na sequência, seu pai foi diagnosticado com Mal de Parkinson. Dois anos de sofrimento. Quem cuidava dele? O mais novo dos três irmãos, o caçula. Era sempre o caçula. O pai já estava morrendo, insuficiência cardíaca, pés inchados, água no pulmão. Ele tinha que usar uma bombinha, para dar algum conforto. E sempre pedia ajuda para o filho caçula. Uma vez, a mãe disse que ele estava incomodando o menino, ao que ele, o pai, respondeu para ela, em tom profético, e o caçula no meio disso tudo, ouvindo tudo: "Um dia você saberá o que é ficar doente." E a mãe iria acabar descobrindo mesmo. Namorada? Ele, o caçula, nunca teve. Com baixíssima auto-estima, foi iludido por um romance virtual de 4 anos... .Depois da morte do pai, a mãe começou a ficar doente. Teve uma queda no prédio onde morava. Um enfermeiro vinha todo dia para cuidar dela. Com depressão, ela não se cuidava. Ia ficando cega, tumores iam crescendo no seu rosto e no seu braço. Com ela viviam dois filhos, o mais velho e o mais novo, o caçula. O caçula, coitado, mal podia cuidar da própria vida, imagine se iria conseguir cuidar da mãe. Ele não tinha forças para mudar a trajetória da mãe. Uma pessoa doente cuidando de uma outra pessoa doente. Não tinha como dar certo.Mas mesmo doente, ele, da forma que podia, cuidava dela. Era o companheiro dela e ela era a companheira dele. Ele dizia para ela: "Eu amo a senhora", ao que ela respondia: "Eu amo o senhor." Fazia companhia para ela, mas ela também fazia companhia para ele. E o outro filho dela, o o meio? Bem, esse vivia fora, com outra família. Era quem poderia ter ajudado mas não ajudou. Bem, a mãe foi ficando cega, com sinais de senilidade e com seus tumores crescendo no rosto e no braço. O tumor no rosto começou a sangrar. Tinha que operar. E o fez. Deu tudo errado. Mesmo pagando caro, mais de 10 mil reais, não teve o tratamento adequado. Ela morreu, depois de duas semanas de agonia, sem poder se despedir de forma digna de seus dois filhos, que estavam com ela, nos seus momentos finais, nos quais buscava, sem sucesso, respirar. Ela morreu sufocada, nos braços deles. No atestado de óbito constou broncoaspiração. O caçula dela sabia que ela tinha morrido, ali no quarto mesmo. Mas ele estava em estado de choque emocional. No choque emocional, o sujeito fica entorpecido, como que morto, ou surta, começa a berrar, etc. No caso dele, houve entorpecimento, um estado de "não sei o que fazer", diante de tanto sofrimento. Mas ainda houve um toque final de crueldade. Chamaram o SAMU. SAMU chegou e levou ela, que já deveria estar morta, para o Hospital. E não é que o atendende do SAMU esquece um fichário de atendimento no quarto dela? Sim, esqueceu. Depois que levaram ela para o hospital, o irmão mais velho liga para a residência onde estava seu irmão caçula. Pergunta para ele o número do SUS da mãe deles. Nasceu uma esperança no coração do irmão caçula? Se perguntam o número do SUS, então a mãe dele está viva, está sendo atendida? Nada disso. Era só a burocracia brasileira. O telefone toca outra vez e o irmão dele diz do outro lado da linha: <i><u><b>"É pra avisar que o cara do SAMU vai passar aí para pegar um fichário de atendimento que ele esqueceu no quarto da mãe. E a mãe faleceu."</b></u></i> E foi assim que o filho caçula de três irmãos descobriu que aquela pessoa que conviveu com ele por tanto tempo (51 anos), não existia mais. Ele não a veria mais, não a beijaria mais, não a pegaria mais pelas mãos, não conversaria mais com ela. Mas o caçula, sozinho no apartamento, não podia esquecer de algo importante: pegar o fichário do SAMU e levá-lo lá embaixo do prédio, para entregá-lo ao rapaz ou à moça que viesse pegá-lo. E lá foi ele, com a prancheta com o fichário do SAMU debaixo do braço. Ficou um dez minutos no sereno da noite esperando a ambulância. Antes que a ambulância do SAMU viesse, ele ficou vendo uma moçada se divertindo num posto de gasolina que ficava ali perto. Enquanto uns choram, outros riem. Bem, a ambulância chegou e ele entregou o fichário para a moça do SAMU. E subiu de volta para o apartamento, onde sua mãe não estava mais. Isso é o epítome da solidão, do vazio. Acho que nem a sua própria morte é pior do que vivenciar algo assim. E o outro filho, o do meio, eu ia esquecendo de perguntar. Bem, este nem estava aqui, só apareceu para o enterro. E agora a vida virou um pesadelo sem fim. O caçula é hoje um velho. Sem perspectiva alguma. Mais sozinho do que nunca. E com morte da mãe, somado ao seu TOC, que o acompanha desde seu nascimento, fica, num círuclo vicios, preso a pensamentos que lhe causam mais sofrimento. Basicamente fica pensando se não seria o culpado pela morte da mãe, se não poderia ter feito, lá atrás, algo que pudesse ter ajudado a sua mãe, de forma que ela tivesse mais alguns anos de vida. O caçula queria que tudo isso fosse apenas um pesadelo, do qual haveria de acordar em algum momento, mas não, não era um pesadelo, não estava dormindo, foi apenas a minha vida. E todo esse sofrimento foi culpa de Adão, de um Deus ruim e malévolo, do destino ou do acaso? Eu acredito que foi obra apenas do acaso. Algo sem sentido, como é, aliás, qualquer vida humana. </p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-603264528166970542024-01-06T03:47:00.000-08:002024-01-06T03:51:50.761-08:00Machado de Assis Memórias Póstumas de Bras Cubas Legado da nossa Miséria e minha Mãe<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQH8qYUcD3ry8AMLRMxMHUtzdBW4lWGH1u6Nl_vzi1-ZlWSegn1YLfQTcDoUeWFo4AHGbJo1Z-Bycs9qdBgY-L0FhMgT3kf0062Pd1-sthRvmT3o7OItgKRon67naF4AmkF0Vf2Gt1JyBzHPwfVj45cb7KvliQaS5pcWKwA_OzGXkVfCGNeEHQSlXXa9y6/s2592/foto%20m%C3%A3e.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1326" data-original-width="2592" height="328" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQH8qYUcD3ry8AMLRMxMHUtzdBW4lWGH1u6Nl_vzi1-ZlWSegn1YLfQTcDoUeWFo4AHGbJo1Z-Bycs9qdBgY-L0FhMgT3kf0062Pd1-sthRvmT3o7OItgKRon67naF4AmkF0Vf2Gt1JyBzHPwfVj45cb7KvliQaS5pcWKwA_OzGXkVfCGNeEHQSlXXa9y6/w640-h328/foto%20m%C3%A3e.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Minha mãe morreu às 00:10 do dia 21 de dezembro de 2023. Dizem que esses eventos acontecem porque estão inseridos naquilo que seria um plano de Deus. Tinha chegado a hora dela. Todo mundo vai morrer um dia mesmo, como disse Jair Bolsonaro durante a Pandemia da Covid19. Dizem ainda que é o caminho natural o filho enterrar a mãe, o pai. Lugares comuns, chavões. A verdade é que não existe nada de natural, nada que um plano possa justificar, mesmo que ele seja divino, ver sua mãe morrendo nos seus braços, alguém que você ama profundamente, sufocada por uma broncoaspiração, nem conseguindo lhe reconhecer, nem conseguindo se despedir de você. Alguém que conviveu com você por 51 anos e, num instante, deixa de existir. É a exemplificação da miséria que é a nossa existência. É o legado da nossa miséria.</p><p style="text-align: justify;">Hoje, no jornal da minha cidade, O Município, vi uma foto de minha mãe, quando ela era professora substituta. Ao vê-la, todos esses pensamentos me vieram à mente. Na verdade, eles não me saem da mente. Mas me veio, aí sim pela primeira vez, a parte final do livro de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Bras Cubas. Ei-lo:</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">Capítulo CLX Das Negativas</span></i></b></p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: red; font-family: helvetica; font-size: medium;">"................Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve mingua nem sobra, e consequentemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a esse outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa desse capítulo de negativas - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."</span></i></b></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-26814682893305536892024-01-03T06:22:00.000-08:002024-01-03T06:22:50.184-08:00Se as coisas falassem<p> Hoje em dia coisas inanimadas falam contigo</p><p> Robôs atendem você em vários serviços</p><p>É a internet das coisas, na qual os objetos, mortos, interagem com os vivos</p><p>Assistentes virtuais, com suas vozes femininas, ajudam você encontrar o caminho correto durante uma viagem</p><p>Mas ainda bem que nem todas as coisas falam</p><p>Imagine se as paredes de um quarto, que testemunharam a agonia de uma pessoa que morreu nos seus braços, resolvessem falar</p><p>Ainda bem que as paredes do quarto da minha mãe não falam, nem o quadro que tentava dar um pouco de alegria para ela</p><p>A pessoa que vier morar aqui nem imaginará o tanto de sofrimento que se passou ali. E as alegrias viraram sofrimento agora, pela saudade que alimentam.<br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIjQ2mtZOcEbw-JqoaZOKogcmOiZ2xnDZAdDEj1Zja2rD4ESSh9vaaPm3McIRnICWYpTYIu73tTJN3AMoBqxezPZviRLhJfjd5ZkxDjzYtR8q2Kbd-zzejxHhdCfVHYVSN__ikpWV8YkECCKBQUV806EZFa2tm2cirdm7QFEIm7p0BQ4yZcJ4M6b6G3FLZ/s510/Capturar.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="510" data-original-width="415" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIjQ2mtZOcEbw-JqoaZOKogcmOiZ2xnDZAdDEj1Zja2rD4ESSh9vaaPm3McIRnICWYpTYIu73tTJN3AMoBqxezPZviRLhJfjd5ZkxDjzYtR8q2Kbd-zzejxHhdCfVHYVSN__ikpWV8YkECCKBQUV806EZFa2tm2cirdm7QFEIm7p0BQ4yZcJ4M6b6G3FLZ/s320/Capturar.PNG" width="260" /></a></div><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWrYLZoXZT0GHnWOwevdPbH0EBN1BxJjmzJ_Pk06-ODYCosLDL6LtdsVpW5JetqQvLI4Lf_R0P2D8oc50oirpC2tPiy6NPut4cQYTZxUMwx3WoZ0H_lR3w69DYA5E1PELQ_6T0zjGRvS9MOC9lJvjgObILwORlfxn7vrr8xs1QRvFKT6yrtjFERh9-9-f-/s2592/IMG_20240103_101331968.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWrYLZoXZT0GHnWOwevdPbH0EBN1BxJjmzJ_Pk06-ODYCosLDL6LtdsVpW5JetqQvLI4Lf_R0P2D8oc50oirpC2tPiy6NPut4cQYTZxUMwx3WoZ0H_lR3w69DYA5E1PELQ_6T0zjGRvS9MOC9lJvjgObILwORlfxn7vrr8xs1QRvFKT6yrtjFERh9-9-f-/w360-h640/IMG_20240103_101331968.jpg" width="360" /></a></div><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsE3fyBA74lk4fdRD4POJrk-RBdKLjOxILSXHvTG2Ugqy7Z77EQfexiW_qR53foLF1WRIqj5IIgdRyR7jVw3ISxUaOx4fKlh0eo5BFSE6Ytz93WbdHDEX6yolUJMZ9IIjPRMG5GKIlWB4S4D93D0EYaDgySJ4pCiyw-EThbsROzWrmQ_5dMBzEYOeomtZq/s2592/IMG_20240103_101341007.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsE3fyBA74lk4fdRD4POJrk-RBdKLjOxILSXHvTG2Ugqy7Z77EQfexiW_qR53foLF1WRIqj5IIgdRyR7jVw3ISxUaOx4fKlh0eo5BFSE6Ytz93WbdHDEX6yolUJMZ9IIjPRMG5GKIlWB4S4D93D0EYaDgySJ4pCiyw-EThbsROzWrmQ_5dMBzEYOeomtZq/w360-h640/IMG_20240103_101341007.jpg" width="360" /></a></div><br /><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-52029362815089760952023-12-22T09:00:00.000-08:002023-12-22T09:00:52.451-08:00O Ser e o Nada<p>Transitamos no tempo de sermos algo para não sermos nada</p><p>Na Foto 1 meu pai, meus dois irmãos e minha mãe, grávida de mim</p><p>Meu pai se foi em 2005, minha mãe se foi ontem de madrugada, dia 21 de dezembro de 2023</p><p>Na Foto 2, atual, no mesmo lugar, não há ninguém</p><p>É uma previsão daquilo que efetivamente irá acontecer, quando eu e meus irmãos não estivermos mais nesse vale de lágrimas</p><p><br /></p><p><br /></p><p><b>FOTO 1 (1972)</b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglU_oQGZqgaOPnvNhyThiMd-eMwpiJmM5KupR-NkZ4sQL3WUUv5fFT5FQKJL0es2-jxK2LoMvpMw1z3I6TFjOisRN4A3pOuMlKgpi8aSGfGJyQwN0d2kFtm4GmH8yaeRTzsuzN0g46MCzWdsFB6weBg0HiZ98W3HhMEf_jbSQrkZnsIcE2JzpBeswK_sfp/s546/IMG_20231222_132145350.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="546" data-original-width="499" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglU_oQGZqgaOPnvNhyThiMd-eMwpiJmM5KupR-NkZ4sQL3WUUv5fFT5FQKJL0es2-jxK2LoMvpMw1z3I6TFjOisRN4A3pOuMlKgpi8aSGfGJyQwN0d2kFtm4GmH8yaeRTzsuzN0g46MCzWdsFB6weBg0HiZ98W3HhMEf_jbSQrkZnsIcE2JzpBeswK_sfp/w584-h640/IMG_20231222_132145350.jpg" width="584" /></a></div><br /><p><b>FOTO 2 (2023)</b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCZ16ELr44oZinDA3AipC2EjtIOTit-NslmA3ed8k1T8Tp5thlumwFoELWR94tVZVwcyA06T4BG0hnCJ4j5f3B4oy1RKaMJA-QLa0PzXjR1fFpCmDJChji_LhlzufRM3xx0tfMOcqlLSOHekJB7DSTCgl-l2-st6zJGioyPfW2e5xtv9BKXf_z0cB-5z-W/s2592/IMG_20230701_135455137_HDR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCZ16ELr44oZinDA3AipC2EjtIOTit-NslmA3ed8k1T8Tp5thlumwFoELWR94tVZVwcyA06T4BG0hnCJ4j5f3B4oy1RKaMJA-QLa0PzXjR1fFpCmDJChji_LhlzufRM3xx0tfMOcqlLSOHekJB7DSTCgl-l2-st6zJGioyPfW2e5xtv9BKXf_z0cB-5z-W/w360-h640/IMG_20230701_135455137_HDR.jpg" width="360" /></a></div><br /><p><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-24616444080430761942023-12-22T07:26:00.000-08:002023-12-26T04:13:20.861-08:00Vou morrer duas vezes<p> Vou morrer duas vezes. A primeira vez foi na madrugada do dia 21 de dezembro de 2023, quando minha mãe, Maria Aparecida Bolzani Pinto, de 86 anos, depois de enfrentar com força uma operação para a retirada de 3 tumores, morreu. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy__pfANkdq2NrblWSCKeNCASm93aUBVUM85v0O7T19UlSRqAo0g_xNU0wyCQbM4Ath9UeLngjm1R-OHNxoQclFccH2DMAtLqbIUqD_PAbk5F4iEDKnkwcq48r5qoTZ_NDbn4Gnj5Id5I5gQmyxtv2Xw8AHbV6_XuqAljW2lH4Sn0WQ7DGc2z5QoN8d6iH/s566/m%C3%A3.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="566" data-original-width="295" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy__pfANkdq2NrblWSCKeNCASm93aUBVUM85v0O7T19UlSRqAo0g_xNU0wyCQbM4Ath9UeLngjm1R-OHNxoQclFccH2DMAtLqbIUqD_PAbk5F4iEDKnkwcq48r5qoTZ_NDbn4Gnj5Id5I5gQmyxtv2Xw8AHbV6_XuqAljW2lH4Sn0WQ7DGc2z5QoN8d6iH/w334-h640/m%C3%A3.jpg" width="334" /></a></div><br /><p><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-36523354513584501762022-05-26T17:53:00.002-07:002022-05-26T17:53:19.858-07:00Breves relatos sobre Rússia Ucrânia e Crimeia<p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdKPuK_FavrzWugcmqna7cNMBhh5Z-iDCy3BzaANSAH--c6OYzdOgkYapF0mI-pGWNYKsayC35Ia3wLyLGI-VbNrg3kGmxveUj1vOxO-6Wui4ngV_pkwFoUo43vxAwKY3WPhEmoOgbbJlCZnL4sHiFdNZtKVK-bC0rQWJvQDbSgdCtD3Qnrz_tXmag5A/s470/Captura%20de%20tela%202022-05-26%20215227.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="470" height="452" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdKPuK_FavrzWugcmqna7cNMBhh5Z-iDCy3BzaANSAH--c6OYzdOgkYapF0mI-pGWNYKsayC35Ia3wLyLGI-VbNrg3kGmxveUj1vOxO-6Wui4ngV_pkwFoUo43vxAwKY3WPhEmoOgbbJlCZnL4sHiFdNZtKVK-bC0rQWJvQDbSgdCtD3Qnrz_tXmag5A/w640-h452/Captura%20de%20tela%202022-05-26%20215227.jpg" width="640" /></a></b></div><b><br /><span style="color: red;"><br /></span></b><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">RUS:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Rus era o nome empregado para designar uma imensa área no leste da Europa. Ela correspondia basicamente ao que hoje são a Rússia e a Ucrânia, indo de Kiev, no sul, a Novgorod, no norte. </p><p style="text-align: justify;">O nome Rus, antes de indicar uma área geográfica, foi usado para nomear os vikings que, partindo da Suécia, Noruega e Dinamarca (Escandinávia), penetravam, por meio dos rios Dnieper e Volga, no interior do que hoje são a Rússia e a Ucrânia. Esses remadores nórdicos estabeleceram então uma rota comercial, que ligava o Mar Báltico e o Mar Norte ao Mar Negro e ao Mar Cáspio. </p><p style="text-align: justify;">Esses remadores nórdicos, conhecidos como 'nórdicos varegues, desciam os rios Dnieper e Volga. Eles usavam essa rota para comércio e pilhagem. Quando o líder nórdico/viking/varegue se deparava com uma comunidade que podia se defender de um ataque, ele optava pelo comércio civilizado. Mas se ele se deparava com uma comunidade indefesa, optava pela pilhagem, pelo saque, fazendo escravos. Além dos escravos, os vikings tinham outros produtos, como por exemplo, peles, tomadas como tributos de povos lapões e finlandeses.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjA0Y4SnKbwWUgdOY2FuwgtGG3OtNqMyL2TK763VcTRCtRbAOjQ2PlJtthAgc4hcyy6Mmgr5jBkBhbOwytMjxc2aHN077tGbYFS_mUCdMkgX-Mc3HLPeuNF2woMuGN_PVzPUx10mqVKnnnVbrbDgKtJWrg_Q65vNtmuqUoEPA_OZzC17nMYFjZFQnzw-A/s2572/ROTA%20VAREGUE.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2155" data-original-width="2572" height="536" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjA0Y4SnKbwWUgdOY2FuwgtGG3OtNqMyL2TK763VcTRCtRbAOjQ2PlJtthAgc4hcyy6Mmgr5jBkBhbOwytMjxc2aHN077tGbYFS_mUCdMkgX-Mc3HLPeuNF2woMuGN_PVzPUx10mqVKnnnVbrbDgKtJWrg_Q65vNtmuqUoEPA_OZzC17nMYFjZFQnzw-A/w640-h536/ROTA%20VAREGUE.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Essas mercadorias seriam então vendidas nas grandes cidades do sul, como Constantinopla e Bagdá. A viagem que esses homens empreendiam pelo interior das atuais Rússia e Ucrânia era terrivelmente perigosa, cheia de dificuldades, agonia e medo. Esses homens, os Rus, <b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"...intrusos em uma terra vasta e hostil, o próprio conhecimento de como a situação era perigosa, servira para instilar neles uma forte noção de disciplina. Eles lutaram e comerciaram juntos, como 'Varangos', homens ligados por um compromisso comum, um 'vár'. Os perigos e os lucros: os Rus partilhavam ambos." (página 276 - Milênio, A Construção da Cristandade e o medo da chegada do ano 1000 na Europa, Tom Holland, Editora Record).</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">Pelo caminho percorrido, os Rus foram construindo postos de trânsito, que depois evoluíram para fortalezas e, por fim, evoluíram para cidades. Algumas dessas cidades, como Kiev, às margens do Rio Dnieper, se transformavam em Principados. </p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #2b00fe;"><b>KIEV</b></span></p><p style="text-align: justify;">Kiev, a atual capital da Ucrânia. Como dito acima, ela fundada pelos Vikings (Rus). Ela é o núcleo histórico da Rússia, provavelmente fundada no século VI ou VII, como centro de um Estado Feudal. A dinastia que a governava era a Riruk ou Riúrik. O príncipe mais importante que a governou, entre o final do século X e início do século XI, foi Vladimir I (956-1015). Vladimir I converteu-se ao cristianismo ortodoxo, que era adotado no Império Bizantino, iniciando o braço russo da Igreja Ortodoxa. Vladimir e seus sucessores reivindicavam para si o governo de uma imensa área, que ia do Mar Negro ao Mar Báltico, que hoje correspondem às atuais Rússia e Ucrânia.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"Tudo nas terras dos rus - a Rússia - existia em uma escala mais vasta e fabulosa." (página 276, Milênio, A Construção da Cristandade e o medo da chegada do ano 1000 na Europa, Tom Holland, Editora Record.)</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">Kiev era chamada de capital do Principado Varangariano-Russo. Sendo então a mais antiga cidade estabelecida por aquelas paragens, ficou conhecida como <span style="font-family: arial; font-size: medium;"><b><i>"..mãe das cidades russas e a Jerusalém da Rússia"</i></b></span> (página 437, Dicionário de História do Mundo, Edmund Wright e Jonathan Law, Editora Autêntica. Originalmente publicado em inglês pela Oxford University Press).</p><p style="text-align: justify;">Kiev foi primeiro centro da igreja ortodoxa, que depois iria se espalhar por toda a Rus, sendo hoje, a igreja dominante na Rússia e na Ucrânia. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">DINASTIA RIÚRIK OU RIRUK:</span></b></p><p style="text-align: justify;">A dinastia Riúrik ou Riruk teria sido fundada por um príncipe escandinavo (um nórdico, um viking) quase mítico que, em 862 (século IX), foi convidado pelos eslavos e outras tribos locais para governá-los, tornando-se então o fundador da primeira dinastia russa. Em 988, Vladimir I, descendente de Riúrik, grão-príncipe da Rus, converteu-se à Igreja Ortodoxa do Império Bizantino.</p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"Sua frágil confederação de principados unidos pela Dinastia Riúrik, conhecida como RUS KIEVANA, acabou se estendendo praticamente do Báltico ao Mar Negro. Mas, entre 1238 e 1240 (século XIII), foi destroçada pelos exércitos mongóis de Gengis Khan e sua família, que durante os dois séculos de dominação (mongol) permitiram que os príncipes Riúrik governassem pequenos principados como vassalos." (página 54, Os Románov, 1613-1918, Simon Sebag Montefiore, Editora Companhia das Letras)</span></b></i></p><p style="text-align: justify;">Havia um movediço mosaico de principados russos. O primeiro deles foi criado por Oleg, que depois foi passado para seu filho, o príncipe Igor (912 - século X). Esse principado original acabou se desintegrando em vários outros, como por exemplo, o Principado de Kiev.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHuyBR8YbMdL-VLyfATyGFsufC-De3wT_4WIeC_jLpEtYk-vVUxAo0dLRQl7Da3qMA54B5mbT2Cm7DjhW-RDjmR5o4YjEKWMzkbcwoaTfbyQj_L8-7mLLTWTqk03Dvng1m7bC_1ja13unHVMRdsgzNGFmde7icGEOrDPkj9_6W_SHgrtctPhA1i-JSSA/s2473/PRINCIPADO%20R%C3%9ASSIA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2148" data-original-width="2473" height="556" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHuyBR8YbMdL-VLyfATyGFsufC-De3wT_4WIeC_jLpEtYk-vVUxAo0dLRQl7Da3qMA54B5mbT2Cm7DjhW-RDjmR5o4YjEKWMzkbcwoaTfbyQj_L8-7mLLTWTqk03Dvng1m7bC_1ja13unHVMRdsgzNGFmde7icGEOrDPkj9_6W_SHgrtctPhA1i-JSSA/w640-h556/PRINCIPADO%20R%C3%9ASSIA.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">O grande nome do Principado de Kiev foi Vladimir I. Após sua morte, no ano de 1015 (século XI), seus filhos passaram a travar uma luta para ver quem herdaria o poder deixado pelo pai. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"A Rússia mergulhou numa guerra civil com a morte do grão-príncipe Vladimir I (1015), que tinha filhos em excesso e deixou alguma coisa para cada um deles. Em 1030, só restavam 3, um deles reinando sobre o atrasado principado de Polotsk, enquanto os dois outros, reinando em Novgorod e Tchernigov, dividiram o resto do país entre si."</span></i></b> (página 62 - <i><span style="font-family: inherit; font-size: medium;"><b>Atlas de História Medieval. Colin Mcevedy, Editora Companhia das Letras</b>)</span></i></p><p style="text-align: justify;">Nos séculos seguintes a Rus continuou uma colcha de retalhos com seus vários principados. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaVhwYT6EkfgvbQ1IQHxo5HiNP9YwaTYG2jc_QM_45gvuDbwILnZ-6wEPJ0vJqSf_sOWlSXF_Fjvps6UkICgiXBEGmMuua73uQuiMhT_CLgTHFyRdcI4AYAPOKE57eZXZd3psCFT-vPpgtFjcnG4t9lxVX0_x6J0LmagcdzAkO2UDotyf2S0xwv4iU2g/s2547/PRINCIPADOS.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2146" data-original-width="2547" height="540" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaVhwYT6EkfgvbQ1IQHxo5HiNP9YwaTYG2jc_QM_45gvuDbwILnZ-6wEPJ0vJqSf_sOWlSXF_Fjvps6UkICgiXBEGmMuua73uQuiMhT_CLgTHFyRdcI4AYAPOKE57eZXZd3psCFT-vPpgtFjcnG4t9lxVX0_x6J0LmagcdzAkO2UDotyf2S0xwv4iU2g/w640-h540/PRINCIPADOS.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"A Rússia passou então por uma interessante descentralização. Iaroslav de Novgorod tomou Polotsk com a morte de seu irmão, o príncipe de Tchernigov, seguindo o exemplo de seu pai, e deixando a cada filho um principado (1054). Estes estavam ordenados, com o grande principado de Kiev tendo precedência e, ao menos na teoria, exercendo certo controle sobre os outros."</span></i></b> (página 66, <b><i><span style="font-family: inherit; font-size: medium;">Atlas de História Medieval. Colin Mcevedy, Editora Companhia das Letras</span></i></b>)</p><p style="text-align: justify;">No século XIII, em torno do ano 1278, os mongóis invadiram a Rus. Os principados russos foram tomados pelos cavaleiros mongóis. Os príncipes russos então viraram vassalos dos mongóis. Os principados russos continuaram existindo, mas tinham que cobrar tributos em suas áreas e repassá-los para os mongóis. Nos séculos seguintes um principado, o de Moscóvia, com seu centro na atual cidade de Moscou, passaria a ganhar força. Esse principado de Moscóvia seria o embrião do qual surgiria a moderna Rússia.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #ffa400;">MOSCÓVIA/RÚSSIA</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0dlSDsSTUmaQcFTrY1MOuPUqC8R16VzMMI0AONcfVpskepeLmES2N3AcYneVuzsAV2o4DZyQS-IreEqYXNHdmaY8_DpnGQkITkDAG3MOMI5iHA1mGWRcrbxqBaNZVivJK-68LY5708bsJ4UTexFDZx0zkJvsjzCCL1tNRUIjk8VYm-k2H0wy7Zv2yQQ/s2521/MOSC%C3%93VIA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2142" data-original-width="2521" height="544" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0dlSDsSTUmaQcFTrY1MOuPUqC8R16VzMMI0AONcfVpskepeLmES2N3AcYneVuzsAV2o4DZyQS-IreEqYXNHdmaY8_DpnGQkITkDAG3MOMI5iHA1mGWRcrbxqBaNZVivJK-68LY5708bsJ4UTexFDZx0zkJvsjzCCL1tNRUIjk8VYm-k2H0wy7Zv2yQQ/w640-h544/MOSC%C3%93VIA.jpg" width="640" /></a></b></div><p></p><p style="text-align: justify;">Moscóvia era, no século XIII, apenas mais um principado da Rus. Seu Grão-Príncipe vivia numa fortaleza, o Kremlin, na cidade de Moscou. Naquela época, como como outros grão-príncipes da Rus, o grão-príncipe da Moscóvia era apenas um vassalo do Império Mongol. Mas com o passar do tempo, ajudado pela queda do poder Mongol, os grão-príncipes de Moscóvia foram amealhando poder, a ponto de se expandir pela Rus, conquistando territórios de outros principados Rus, como Novgorod, e territórios que pertenciam aos mongóis, como os canatos de Astracã e Kazan. </p><p style="text-align: justify;">Enquanto o Principado da Moscóvia se expandia, a cidade de Kiev e a Ucrânia ficavam para trás. O centro do poder das terras que eram conhecidas como Rus, tinha então se deslocado do principado de Kiev para o Principado da Moscóvia.</p><p style="text-align: justify;">Esse crescimento, finalmente, resultou naquilo que seria o Império Russo sob a dinastia Románov, que depois seria substituído pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Com o fim do comunismo nos anos 1989/1991, com o desmembramento da URSS, voltou a surgir a Rússia, como a conhecemos hoje, mas com alguns acréscimos territoriais, como a península da Crimeia. E com o andamento da guerra da Ucrânia, iniciada em 2022, pode ser que a Rússia abocanhe novos territórios ucranianos. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">UCRÃNIA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">O que viria a ser a moderna Ucrânia, naquela época era <b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"Como o Velho Oeste americano, a pouco populosa - e, em muitos pontos, totalmente vazia..."</span></i></b> <b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">(página 468 - Pedro, o Grande, Sua Vida Seu Mundo, Robert K. Massie, Editora Amarilys)</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">Assim como o Velho Oeste americano do século XIX, a Ucrânia dos séculos XV, XVI, XVII, XVIII, era <b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"...um imã para almas inquietas que desejavam escapar das restrições e opressões da sociedade convencional. Na Rússia, muitos desses pioneiros buscavam escapar da lei;.." (página 469, Pedro, o Grande, Sua Vida Seu Mundo, Robert K. Massie, Editora Amarilys)</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">Assim, buscavam refúgio na Ucrânia servos russos ligados à terra que fugiam, soldados alistados à força, etc. Esses pioneiros, quando entravam na Ucrânia, passavam a viver ao lado de gente semelhante a eles, pois todos eram eslavos, tinha a mesma religião ortodoxa. Eram recebidos ainda em comunidades cujos membros recebiam o nome de Cossacos.</p><p style="text-align: justify;"><b>Cossacos:</b> </p><p style="text-align: justify;">Esses cossacos, assim como os russos, adotavam também a religião ortodoxa. A Ucrânia vivia geograficamente cercada.</p><p style="text-align: justify;">No norte, o Principado de Moscóvia, cada vez maior, expandia-se sem parar e já era chamada pelo seu nome atual, Rússia. No sul, havia os Tártaros da Crimeia, descendentes das hordas mongóis de Gengis Khan. Esses Tártaros ainda eram vassalos do Império Otomano. A oeste havia um dos maiores países da Europa, a comunidade formada pelo Reino da Polônia e pelo Grão-Ducado da Lituânia. </p><p style="text-align: justify;">A partir do século XIV, a área da Rus que correspondia à Ucrânia atual era dividida entre os russos, os poloneses/lituanos e os tártaros. Os ucranianos, então sem forças para patrocinarem uma Ucrânia independente, por uma questão de sobrevivência, tiveram que oscilar entre lealdades múltiplas. Podiam se aliar aos poloneses e aos tártaros contra a Rússia. Podiam ainda se aliar à Rússia contra os poloneses e os tártaros. Na Grande Guerra do Norte (1700-1721), por exemplo, um líder cossaco, de nome Mazeppa, sonhando em obter a independência da Ucrânia, chegou a se aliar ao rei sueco Carlos XII. </p><p style="text-align: justify;">Por fim, o que hoje é a Ucrânia, na maior parte de sua história, esteve sob o domínio do russos, tanto na época em que Moscou era a capital do Império Russo, sob a dinastia Románov, quanto na época em que Moscou era a capital da URSS. </p><p style="text-align: justify;">No fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, os nacionalistas ucranianos tentaram criar uma Ucrânia independente. O projeto malogrou em 1922, quando da invasão do exército vermelho, sob o comando da URSS. A Ucrânia então se transformou na República Socialista Soviética Ucraniana. A Ucrânia só voltaria a ser independente em agosto de 1991, quando o país se desvinculou da URSS. </p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"Em 1990, desenvolveu-se uma forte pressão pela independência da URSS e o Soviete Supremo da Ucrânia declarou formalmente a independência em agosto de 1991, com um impressionante apoio em um referendo."</span></b></i> (página 746 "Dicionário de História do Mundo" Edmund Wright e Jonathan Law, Originalmente publicado em inglês pela Oxford University Press, Editora Autêntica)</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">TODAS AS RÚSSIAS:</span></b></p><p style="text-align: justify;">A Rus original abrangia uma grande extensão de terras. Como dito acima, ela acabou se desmembrando em principados. Com a ascensão do Principado da Moscóvia, houve então a ambição de reunir todas essas Rus, todas essas RÚSSIAS, também chamada de Rus Kievana, nas mãos de um só governante. O Império Russo, sob a dinastia Románov, e a sua sucessora, a URSS, conseguiram unir todas as Rússias sob um só governo. Com a queda do comunismo nos anos 1989/1991, o sonho de unir todas as Rússias caiu por terra, com a Ucrânia e a Bielorrússia se separando de Moscou. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">MOSCÓVIA</span></b> era então a <b><span style="color: red;">GRANDE RÚSSIA</span></b>.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">BIELORRÚSIA</span></b> era a <b><span style="color: #2b00fe;">RÚSSIA BRANCA</span></b></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #800180;"><b>UCRÂNIA</b></span> era a <span style="color: #800180;"><b>RÚSSIA PEQUENA</b></span></p><p style="text-align: justify;">Os territórios dos tártaros, na península da Crimeia, e nas proximidades do Mar Negro, conquistadas somente no final do século XVIII, por Catarina, a Grande, foram chamados de <b>NOVA RÚSSIA.</b></p><p style="text-align: justify;">Por fim, a Galícia, território que chegou a pertencer à Polônia e ao Império Habsburgo, foi chamada de <b><span style="color: red;">RÚSSIA VERMELHA</span></b>. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #38761d;">JURAMENTO DE KHMELNÍTSKI E A POSSE DA CRIMEIA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Em meados do século XVII, houve um evento envolvendo russos e ucranianos que traria consequência 300 anos após a sua realização.</p><p style="text-align: justify;">Em meados do século XVII, os cossacos que viviam na parte da Ucrânia dominada pelo reino da Polônia/Lituânia, se rebelaram. Esses cossacos eram cristãos ortodoxos, enquanto que os poloneses eram católicos. Os cossacos eram camponeses, enquanto que os poloneses eram os magnatas locais, proprietários de grandes porções de terra. Os cossacos sentiam-se explorados pelos poloneses, daí a rebelião. Mas os cossacos precisavam de ajuda, daí se virarem para os russos, pedindo auxílio militar ao Czar Aleixo. Para a Rússia, esse pedido dos cossacos era uma oportunidade de expandir seu território, resgatando as terras perdidas da Rus Kievana.</p><p style="text-align: justify;">O líder dos cossacos era Bogdan Khmelnítski, que já tinha servido os sultões otomanos e os poloneses. Agora, ele tinha mudado de lado outra vez. passando a combater os poloneses e pedindo ajuda aos russos. </p><p style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: arial;"><b style="font-size: large;">"Em janeiro de 1654, Khmelnítski jurou fidelidade ao Czar Alexei, que em troca reconheceu a liderança de Khmelnítski. Para os russos, esse foi o momento em que a Ucrânia passou a ser deles; para os ucranianos, foi a ocasião em que a Rússia reconheceu a sua independência. Na verdade, foi apenas uma aliança militar conveniente em uma guerra patrocinada por Alexei para atacar a Polônia e conquistar a Ucrânia." </b>(página 98</span></i><i> <span style="font-family: arial;">Os Románov, 1613-1918, Simon Sebag Montefiore, Editora Companhia das Letras</span>) </i></p><p style="text-align: justify;">De fato foi o Czar Alexei quem tomou a iniciativa de uma guerra contra a Polônia. Alexei tinha imposto a si mesmo a missão de defender a religião ortodoxa russa contra os católicos poloneses. O início da guerra tinha sido favorável aos russos, com a conquista das cidades de Smolensk e Minsk. A paz entre Rússia e Polônia veio em 1666. Os cossacos ucranianos não conseguiram a independência da Ucrânia. A Rússia anexou definitivamente a cidade de Smolensk e, por um período de 2 anos, a cidade de Kiev. A atual Ucrânia era, naquele ano de 1666, dividida entre russos, poloneses, tártaros da Crimeia e Império Otomano. </p><p style="text-align: justify;">Voltando ao <b>JURAMENTO DE KHMELNÍTSKI</b>, 300 anos depois de sua realização, para celebrar o seu aniversário, Stálin, o então ditador da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), decidiu dar a Península da Crimeia à então Republica Soviética da Ucrânia. Essa decisão foi mantida pelo seu sucessor, em 1954, Nikita Kruschóv. Ninguém podia prever, em 1954, que a URSS iria desmoronar nos anos 1989/1991. Ninguém poderia prever que a Ucrânia iria se tornar um país independente, levando consigo a Península da Crimeia. Somente em 2014, por obra de Vladimir Putin, o todo poderoso da atual Rússia, a Crimeia voltou a pertencer à Rússia.</p><p style="text-align: justify;"><b>ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DOS LIVROS:</b></p><p style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: inherit;"><b>Os Románov, 1613-1918, Simon Sebag Montefiore, Editora Companhia das Letras</b></span></i></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><b>"Dicionário de História do Mundo" Edmund Wright e Jonathan Law, Originalmente publicado em inglês pela Oxford University Press, Editora Autêntica</b></span></p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: inherit; font-size: medium;">Pedro, o Grande, Sua Vida Seu Mundo, Robert K. Massie, Editora Amarilys</span></i></b></p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: inherit; font-size: medium;">Milênio, A Construção da Cristandade e o medo da chegada do ano 1000 na Europa, Tom Holland, Editora Record</span></i></b></p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: inherit; font-size: medium;">Atlas de História Medieval. Colin Mcevedy, Editora Companhia das Letras</span></i></b></p><p style="text-align: justify;"><b><i></i></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-sjt8SwNe6OF6WQWsO1Go5HeYJ3YSa8BMLUS35WOOG5VfBnceoOD_1MBEIBZyRfbIKXOK0aqmyWSEhnYRYtsUa2rtfP7HqSaNz2Xv1aKEIU74xtLOSeOAd2O6nOFh_x1YrLmWkrj-0y-rHnMOK3aUrUjD4Cb0o7wbBpUdfBkDTCOFwOirAQf_jr-qMg/s2592/IMG_20220525_221245046.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-sjt8SwNe6OF6WQWsO1Go5HeYJ3YSa8BMLUS35WOOG5VfBnceoOD_1MBEIBZyRfbIKXOK0aqmyWSEhnYRYtsUa2rtfP7HqSaNz2Xv1aKEIU74xtLOSeOAd2O6nOFh_x1YrLmWkrj-0y-rHnMOK3aUrUjD4Cb0o7wbBpUdfBkDTCOFwOirAQf_jr-qMg/s320/IMG_20220525_221245046.jpg" width="180" /></a><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_8qXjZmUU990uI8_t7uXhqzWqwLsvJtM_hxb9XA8qOY-2gY61SyGDYGUkJaNgQfdqgi-TJ4lRbv1EXBXFF9cc5zP8kQ36KnaQ9AEc3SCIXzWOKhiyVyKUwmUuZqWZJZ5X3N2lXUs-kffNvfiNatDScLDod7c0e0McvzYw-nE06Gq2f3w-CIi6nBd2lA/s2592/IMG_20220525_221314149.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_8qXjZmUU990uI8_t7uXhqzWqwLsvJtM_hxb9XA8qOY-2gY61SyGDYGUkJaNgQfdqgi-TJ4lRbv1EXBXFF9cc5zP8kQ36KnaQ9AEc3SCIXzWOKhiyVyKUwmUuZqWZJZ5X3N2lXUs-kffNvfiNatDScLDod7c0e0McvzYw-nE06Gq2f3w-CIi6nBd2lA/s320/IMG_20220525_221314149.jpg" width="180" /></a><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVmhrQrOWNLciMFljsQ76BT1LLHUpEi9Nv7W7qvTUPbp3bghg9eXvMoRXpf_uS4DmbgVHfAcPwZtjVo_1eWxcy368NBBqU2xOr9dfPez9dO7heu0AhaNGgXBK0HiSDi6C0WaZqFAojXvv6As2khK9-ZO8PAsLdRGB78aaBEDhSQZd3OHL6tn5svnyd4g/s2592/IMG_20220525_221643653.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVmhrQrOWNLciMFljsQ76BT1LLHUpEi9Nv7W7qvTUPbp3bghg9eXvMoRXpf_uS4DmbgVHfAcPwZtjVo_1eWxcy368NBBqU2xOr9dfPez9dO7heu0AhaNGgXBK0HiSDi6C0WaZqFAojXvv6As2khK9-ZO8PAsLdRGB78aaBEDhSQZd3OHL6tn5svnyd4g/s320/IMG_20220525_221643653.jpg" width="180" /></a><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwOwY0jRHsk_t-6JvzMRmbez5HfsWSon1cF-A6NgNNN03jaRy8uYO1J5uzYDzRA0P8PxzVNFIYJgZdxMEixW0GcBT5YolKWuM05k7jByCakaGz4z93qQCQHwkndzp7sX0poB_yRB5YplcBd3IrbZVCdCdZM4lhtMH0oLtu64X2rMKDbKWr0OyfRqYMUQ/s2592/IMG_20220525_221559294.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwOwY0jRHsk_t-6JvzMRmbez5HfsWSon1cF-A6NgNNN03jaRy8uYO1J5uzYDzRA0P8PxzVNFIYJgZdxMEixW0GcBT5YolKWuM05k7jByCakaGz4z93qQCQHwkndzp7sX0poB_yRB5YplcBd3IrbZVCdCdZM4lhtMH0oLtu64X2rMKDbKWr0OyfRqYMUQ/s320/IMG_20220525_221559294.jpg" width="180" /></a></div><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhaPnywG-ZwJ80rmzibJexQ-N5KEQ5Eeub1ss1Ha4feX3GLomdoYbo-crcr2O1d2ooIyx1tYshSARZFhq1MyoVvArd9aQ-l066JWdYQ3Y5ievVGW69RabL8t-l8ZT4jEM9WvKUzAMKEmrrY3CZlxgVz4IowhZum1a1f8iPTaIQoI56_puQd1NoLoyuHQ/s2592/IMG_20220525_221517616.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhaPnywG-ZwJ80rmzibJexQ-N5KEQ5Eeub1ss1Ha4feX3GLomdoYbo-crcr2O1d2ooIyx1tYshSARZFhq1MyoVvArd9aQ-l066JWdYQ3Y5ievVGW69RabL8t-l8ZT4jEM9WvKUzAMKEmrrY3CZlxgVz4IowhZum1a1f8iPTaIQoI56_puQd1NoLoyuHQ/s320/IMG_20220525_221517616.jpg" width="180" /></a></div><br /></div><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEKejRmwRxuZ5Vjy2eqfn5YuGhgxsK0mfvQlyAGAWMB9Y_v1Xvnvg1jsZVHZXsRRlUMb4aK1gxjTTnY-Z7_Y2Kqpz29q4fjvppQV6n6GqhsBNIAZOIvLCy7bt_-WVgQB3uTjRFMhk4OfkL2E6mwF6LcqOyQiDc6YCNiWS2i-BZHIM8mQTwSIAxA2xWKg/s2592/IMG_20220525_221537882.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEKejRmwRxuZ5Vjy2eqfn5YuGhgxsK0mfvQlyAGAWMB9Y_v1Xvnvg1jsZVHZXsRRlUMb4aK1gxjTTnY-Z7_Y2Kqpz29q4fjvppQV6n6GqhsBNIAZOIvLCy7bt_-WVgQB3uTjRFMhk4OfkL2E6mwF6LcqOyQiDc6YCNiWS2i-BZHIM8mQTwSIAxA2xWKg/s320/IMG_20220525_221537882.jpg" width="180" /></a></div><br /></div><br /></i></b></div><b><i><br /><span style="font-family: inherit; font-size: medium;"><br /></span></i></b><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-31920058183256181162022-05-05T19:07:00.001-07:002022-05-05T19:08:08.547-07:00Os Homens do Fim do Mundo Os criadores das Armas de Destruição em Massa Bomba Atômica<p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigw8hhlPevYnwfwBKcjur_2k2DbgiPktdk4z75PSl-1XnRojgmh07GpwctlrA2YB2fjU6I2HlivwDzi3vcpUwmrFIN6vxDHhaJP655G3BoQmneiL5l0XuZ1opAeaq6swokoY996XkgMpTej1YrcglLIExOaRZhlCXAeqIZQBu-H3u0pXcG4ijEeO5FLw/s2592/IMG_20220426_154709096.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigw8hhlPevYnwfwBKcjur_2k2DbgiPktdk4z75PSl-1XnRojgmh07GpwctlrA2YB2fjU6I2HlivwDzi3vcpUwmrFIN6vxDHhaJP655G3BoQmneiL5l0XuZ1opAeaq6swokoY996XkgMpTej1YrcglLIExOaRZhlCXAeqIZQBu-H3u0pXcG4ijEeO5FLw/w360-h640/IMG_20220426_154709096.jpg" width="360" /></a></b></div><b><br /><span style="color: red;"><br /></span></b><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">EXTINÇÃO DO SER HUMANO:</span></b></p><p style="text-align: justify;">O ser humano é a única espécie que pode produzir a sua própria extinção. Esse feito só foi possível graças à engenhosidade dos cientistas que, conseguindo liberar a energia do átomo, conseguiram produzir armas de destruição em massa.</p><p style="text-align: justify;">Mas antes das armas atômicas, outras armas postularam a posição de destruidoras em massa da espécie humana.</p><p style="text-align: justify;"><b>a)</b> Armas Químicas: A primeira arma de destruição em massa foi o gás venenoso criado pelo alemão Fritz Haber. Ela então foi utilizada pela primeira vez na Primeira Guerra Mundial, na batalha de Ypres, em 1915.</p><p style="text-align: justify;"><b>b)</b> Armas Biológicas: A segunda arma de destruição em massa foi a biológica. Ela utilizava vírus e bactérias. Ela começou a ser estudada na década de 30 do século XX, por um cientista japonês, Shiro Ishii. </p><p style="text-align: justify;"><b>c)</b> Energia do átomo: Por fim, a arma de destruição em massa mais famosa foi a bomba atômica. Um húngaro, radicado nos EUA, Leo Szilard, descobriu a maneira de liberar a energia do átomo, o que deu início à corrida pela obtenção de uma bomba atômica. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"Leo Szilard foi o primeiro a descobrir, em 1933, a maneira de liberar as poderosas forças que atuam no coração de todos os átomos. A ideia lhe ocorreu como um estalo, quando ele atravessava uma rua perto de Russel Square, Bloomsbury, Londres. O ponto crucial estava em lograr uma reação em cadeia de nêutrons, para causar um efeito dominó que se expandisse pela matéria e liberasse um número cada vez maior de nêutrons. Fora de controle, ela produzia a maior explosão conhecida pelo homem. Sob controle, proporcionaria ao mundo um suprimento ilimitado de energia barata."</span></i></b> (página 28)</p><p style="text-align: justify;">Szilard foi além, teorizando sobre uma arma atômica que pudesse, sozinha, acabar com a vida na Terra. Esta arma do fim do mundo seria a Bomba de Cobalto (Bomba C). Essa arma seria originalmente uma Bomba de Hidrogênio, uma Bomba H, mas que, depois de envolta em Cobalto, que absorve radiação, causaria, após a sua detonação, uma nuvem de poeira radioativa, que uma vez precipitada sobre a superfície da Terra, causaria a extinção da vida tal qual como a conhecemos. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #0b5394;">O ÁTOMO:</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"A história do átomo começa no século V a.C. Os filósofos gregos Leucipo e Demócrito acreditavam que a matéria era formada por átomos imutáveis e indestrutíveis, que constituíam as menores unidades do mundo físico. A palavra átomo vem do grego 'atomo', que significa indivisível. Em 1808, John Dalton, um quaker de Manchester, reviveu o atomicismo, que se tornou, graças a ele, um instrumento poderoso da ciência, dominante do século XIX, a química."</span></i></b>(página 57)</p><p style="text-align: justify;">Foi Dalton que propôs que os elementos podiam diferenciar-se uns dos outros pelos pesos relativos de seus átomos.</p><p style="text-align: justify;">No final do século XIX e início do século XX, a ideia do átomo como indivisível caiu por terra. O átomos podia ser dividido. E dessa divisão poderia ser extraída energia. No século XX, essa energia resultaria na fabricação de bombas atômicas e em Usinas Nucleares para a produção de energia elétrica.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">A ENERGIA ESCONDIDA NA MATÉRIA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">O primeiro cientista a vislumbrar a energia que estava escondida na matéria foi o francês Henri Becquerel, em 1896. O elemento químico que permitiu essa descoberta foi o Urânio. Becquerel descobriu uma energia que vinha do Urânio. Uma aluna de Henri Becquerel, Marie Curie, decide investigar essa energia vinda do Urânio. Trabalhando com o Urânio, Curie obtém outro elemento químico, o Rádio. Mas para entender de onde vinha essa energia do Urânio e do Rádio, era necessário estudar o átomo.</p><p style="text-align: justify;">O coração do átomo é o seu núcleo, composto por nêutrons e prótons, que estão firmemente ligados. Eles permanecem fixo, imutáveis dentro do núcleo. E o número de prótons dentro do núcleo é que define o elemento químico. Um átomo com um próton em seu núcleo é o elemento químico Hidrogênio. O elemento químico Hélio tem em seu núcleo dois prótons e dois nêutrons. O ouro tem 79 prótons. Agora, o que nos interessa aqui, o núcleo do Urânio, tem 92 prótons e, geralmente, 146 nêutrons. É o maior núcleo da Terra. Ele é tão grande que expele pedaços de si mesmo. E esses pedaços expelidos são a Radiação. Assim, quando o núcleo do átomo de Urânio expele pedaços de si mesmo, na forma de radiação, ele está perdendo prótons, de forma que ele não terá mais os 92 que originalmente o compunham. E isso significa que ele não é mais Urânio, pois o núcleo do átomo do Urânio tem 92 prótons. Passamos a ter então um elemento químico diverso daquele Urânio com o qual estávamos lidando. Estamos diante da transmutação. Um elemento químico, o Urânio, ao expelir prótons de seu núcleo, transforma-se num novo elemento químico. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">a) Transmutação:</span></b> </p><p style="text-align: justify;">O Urânio, quando expele, exala radiação e energia, mudando sua estrutura atômica, transforma-se em Tório, um elemento químico diverso do Urânio. O Tório também é radioativo, ele libera radiação e se transforma em Protactinio, um novo elemento químico, diverso do Urânio e do Tório. Então aparece o elemento descoberto por Marie Curie, o Rádio. O Rádio decai e temos agora um novo elemento químico, o Radônio, que é um gás. Na sequência, temos o Polônio, que já não é um gás. Enfim, o Urânio dá origens a 14 elementos químicos. O último é o chumbo. O chumbo não é radioativo, não decaindo, isto é, não se transformando em outro elemento químico. </p><p style="text-align: justify;">Toda vez, portanto, que um átomo de Urânio altera sua estrutura atômica, por meio de sua divisão, ele perde um pouco de sua massa, liberando energia. E essa energia poderá ser usada numa bomba atômica ou pacificamente, numa Usina Nuclear, para produzir energia elétrica para residências e indústrias. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">b) Reação em Cadeia:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Como vimos, o Urânio muda naturalmente sua estrutura atômica. Mas poderia o ser humano forçar essa mudança? Otto Hahn, um cientista alemão, descobriu que sim. Otto Hahn conseguiu dividir o núcleo do átomo de Urânio, que tem 92 prótons e 143 nêutrons. Somados, tem a massa atômica 235, razão pela qual é chamado Urânio 235. A força que mantém esse núcleo unido é a maior força do universo. Esse núcleo é tão grande e encontra-se em tal estado de tensão e instabilidade que, se for adicionado nele mais um nêutron, sua instabilidade aumentará ainda mais, de forma que o núcleo colapsa, sofrendo então uma divisão, uma fissão. Aquele núcleo original então se transforma em dois outros núcleos, com massa menor, sendo que essa perda de massa resultou na produção de energia. Essa divisão, além de produzir energia e dois novos núcleos de massa menor, ainda produz de dois a três nêutrons. E é aqui que a ideia de Leo Szilard, da reação em cadeia, se encaixa, porque esses dois ou três nêutrons liberados irão atingir outros núcleos de Urânio 235, que também irão sofrer uma divisão (fissão), liberando então mais energia e mais nêutrons. </p><p style="text-align: justify;">Dessa forma, um núcleo de Urânio pode se dividir em 2, que irão se dividir em 4, em 8, em 16 e assim por diante, numa reação em cadeia.</p><p style="text-align: justify;"><b>Fonte para o tópico "Energia escondida na matéria."</b></p><p style="text-align: justify;"><strong style="background-color: #e9e9e9; color: darkred; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 18.6667px;">PBS: Uranium - Twisting the Dragon's Tail</strong></p><p></p><div style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: darkred; font-size: 18.6667px; font-weight: 700;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJOGcGs7MNS4RV_V6Pkn0zfvzvfPe3y4XYhcRv5Ns-DCqm0UFAr37yD9PnGvKICuevuQWp7JQXGc06uVpbF3hVIK0m5emYmKpVyZZesn4bZww-AG9L03CNnmrX9SKXhxYuhhBYeXed2kXEFQEj8faV1QpavythcEb5jqiyfk87cQJ4TnktlScK9H4gVg/s522/Captura%20de%20tela%202022-04-25%20233708.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="522" data-original-width="352" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJOGcGs7MNS4RV_V6Pkn0zfvzvfPe3y4XYhcRv5Ns-DCqm0UFAr37yD9PnGvKICuevuQWp7JQXGc06uVpbF3hVIK0m5emYmKpVyZZesn4bZww-AG9L03CNnmrX9SKXhxYuhhBYeXed2kXEFQEj8faV1QpavythcEb5jqiyfk87cQJ4TnktlScK9H4gVg/s320/Captura%20de%20tela%202022-04-25%20233708.jpg" width="216" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">A CIÊNCIA COMO SALVADORA DO MUNDO E COMO CAUSADORA DE SEU FIM:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Num primeiro momento, no início final do século XIX e início do século XX, a ciência foi vista como o instrumento para criar um mundo melhor para todos. Por exemplo, a manipulação do átomo, de forma a extrair a energia contida nele, possibilitou a criação do Raio-X, em 1895, que ajudou no desenvolvimento da medicina. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">A história do Raio-X:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Curiosamente, o criador do Raio-X, o alemão Wilhelm Conrad Rontgen, que trabalhava na Universidade alemã de Wurzburg, não sabia de onde provinha o Raio-X. Numa entrevista, ele respondeu às perguntas de um repórter da seguinte forma:</p><p style="text-align: justify;">Seria Luz? Rontgen respondeu que não. Seria eletricidade? Rontgen respondeu que não nas formas que a conhecemos. Por fim, Rontgen respondeu que não sabia de onde provinha o Raio-X.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"As radiações eletromagnéticas de alta energia, como os raios-x, podem soltar elétrons dos átomos. Em consequência, os átomos passam a conter carga elétrica, em um processo conhecido como ionização. Os átomos ionizados podem ser muito instáveis."</span></i> </b>(página 68)</p><p style="text-align: justify;">Na época não se sabia disso, de forma que as pessoas eram expostas aos raios-x sem proteção. Muita gente acabou morrendo por causa disso ou ficando gravemente doente. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">Clima de Otimismo com a ciência:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Nesse clima inicial de otimismo, cogitou-se até que a criação de uma arma de destruição em massa poderia acabar com todas as guerras. Essa utopia científica era exemplificada pelo surgimento de um mago científico que, a partir de seu laboratório, surgiria com uma arma tão terrível, tão devastadora, que nenhum país poderia confrontá-lo militarmente. Esse cientista então obrigaria os exércitos do mundo a desarmar-se. Assim, a figura do cientista-salvador e a sua superarma libertariam o mundo de séculos de guerras. (página 17)</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #674ea7;">FIM DAS UTOPIAS CIENTÍFICAS:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Em meados do século XX, com o início da Guerra Fria entre a União Soviética e os EUA, e com as explosões de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, essa idealização da ciência e dos cientistas caiu por terra. A corrida atômica entre EUA e União Soviética colocou o mundo de sobressalto. Todos agora esperavam pelo fim do mundo, pelo apocalipse. Os cientistas então passaram a ser vistos como aqueles que iriam destruir o mundo. Essa nova ideia foi exemplificada pelo filme de Stanley Kubrick, "Doutor Fantástico" (Dr. Strangelove), que traz a figura de um cientista criador de uma arma que acabaria com a vida na Terra. https://www.youtube.com/watch?v=L2VN0TpIOPI</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">INÍCIO DA INVENÇÃO DA BOMBA ATÔMICA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">O primeiro reator nuclear, que iria produzir o material para a confecção das bombas atômicas jogadas sobre Hiroshima e Nagasaki, foi construído na Universidade de Chicago. Em dezembro de 1942, o primeiro experimento desse reator nuclear foi realizado com sucesso. Nesse reator, embrião das Usinas Nucleares modernas, o núcleo de um átomo sofreu um processo de divisão (fissão), resultando na alteração da sua massa e na liberação de energia. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">O SONHO DOS ALQUIMISTAS DA ANTIGUIDADE E DA IDADE MÉDIA REALIZADO:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Como já visto acima, sim, os elementos químicos, tanto na natureza quanto em um laboratório, podem transmutar-se. O plutônio, elemento químico de número 94 na Tabela Periódica, foi descoberto num laboratório, da Universidade da Califórnia, em 1941, pelo químico americano Glenn Seaborg, <b><i><span style="font-size: medium;">"que bombardeou urânio com dêuteron (núcleos de átomos de hidrogênio pesado) e separou laboriosamente os elementos transmutados que resultavam do bombardeio."</span></i></b> (página 53)</p><p style="text-align: justify;">Seaborg comentou sobre a dificuldade, após esse experimento, juntar o elemento químico plutônio, resultante do bombardeamento do urânio com dêuteron:</p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="font-size: medium;">"Em determinada ocasião, tínhamos apenas 5 átomos de dispúnhamos de umas poucas horas para fazer uma identificação positiva por meio de análises químicas. A dificuldade pode ser percebida quando se verifica que a tinta do pingo no "i" que aparece nessa página que você está lendo contém algo como 1 bilhão de átomos."</span></b></i> (página 53)</p><p style="text-align: justify;">Depois de todo o experimento realizado, Seaborg e um assistente seu tiveram que trabalhar arduamente para juntarem somente meio micrograma de plutônio. </p><p style="text-align: justify;">Glenn Seaborg foi premiado pelo seu trabalho. Foi trabalhar no Projeto Manhattan, responsável pela construção das bombas atômicas americanas. O elemento químico descoberto por Seaborg, o plutônio, foi utilizado na confecção de bomba atômica Fat Man (O Gordo), que seria jogada em Nagasaki. </p><p style="text-align: justify;">Como dito anteriormente, depois de realizar seu experimento de bombardeamento do urânio com dêuteron, para obter o elemento químico Plutônio, Seaborg e um assistente trabalharam arduamente para juntarem somente meio micrograma de Plutônio.</p><p style="text-align: justify;">Já a bomba atômica da Nagasaki continha 6 quilos de plutônio, o que dá uma medida da quantidade de trabalho que os americanos tiveram que empregar para conseguir, num período curto de tempo, produzir material suficiente para armar uma bomba atômica. Somente um país como os EUA, com todos os seus recursos financeiros, tecnológicos, naturais e humanos poderia dar cabo de uma empreitada dessa magnitude em tão pouco tempo.</p><p style="text-align: justify;"><b>ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "OS HOMENS DO FIM DO MUNDO, O VERDADEIRO DR FANTÁSTICO E O SONHO DA ARMA TOTAL" P. D. SMITH, EDITORA COMPANHIA DAS LETRAS.</b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-69016049928811242642022-05-05T17:49:00.000-07:002024-01-23T14:23:04.514-08:00Fatos que antecederam a Batalha das Ardenas<p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIsUxnNCPKK28MImq3AnzX4C8OO9xUCM00xmdoUq82wCqXGcxLVMHtIqv7VSb0bQdJZ9Vx6FDIrpoPYXR1Y7Tewy5Q1FIo9sqtNWPA3V-xjV081AanzdwsScDssAmqQL1jBle3KIiW9lbBoDGFI9UrY4c0bgC8lP-j2h-pP3u1XDg7cCVDylOI9PMvB7oH/s2592/IMG_20190128_223955511.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIsUxnNCPKK28MImq3AnzX4C8OO9xUCM00xmdoUq82wCqXGcxLVMHtIqv7VSb0bQdJZ9Vx6FDIrpoPYXR1Y7Tewy5Q1FIo9sqtNWPA3V-xjV081AanzdwsScDssAmqQL1jBle3KIiW9lbBoDGFI9UrY4c0bgC8lP-j2h-pP3u1XDg7cCVDylOI9PMvB7oH/w360-h640/IMG_20190128_223955511.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpb6x3GwupnFnXhrSlC_-cOAaQGUzaJZB95Bge_Z0bO4UvhWRgKGTSrblqG88gl-1wFJN7cvWBUTlgstHyjSvJC1_DDRrimZjjjTyrtSsGwyW-DUI3Noy8xqo-oHCV8LCSsrXe4GjsVl5WZ3_R5shnltpcD-7C_9l_e0f53kOMRrZbjsQO11HRq-ECDw/s1508/img008.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1508" data-original-width="1418" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpb6x3GwupnFnXhrSlC_-cOAaQGUzaJZB95Bge_Z0bO4UvhWRgKGTSrblqG88gl-1wFJN7cvWBUTlgstHyjSvJC1_DDRrimZjjjTyrtSsGwyW-DUI3Noy8xqo-oHCV8LCSsrXe4GjsVl5WZ3_R5shnltpcD-7C_9l_e0f53kOMRrZbjsQO11HRq-ECDw/w602-h640/img008.jpg" width="602" /></a></b></div><b><br /><span style="color: #2b00fe;"><br /></span></b><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL DEVERIA TER TERMINADO EM DEZEMBRO DE 1944:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Nos meses de agosto e setembro de 1944, imperava um clima de otimismo entre os aliados. Depois de dificuldades enfrentadas durante o Dia D, os aliados tinham conseguido avançar pela Bélgica e para Paris. </p><p style="text-align: justify;">Em 24 de agosto, os aliados libertaram Paris. Em setembro, os aliados libertaram a capital da Bélgica, Bruxelas.</p><p style="text-align: justify;">Antes disso, em julho de 1944, um atentado contra Hitler, na sua Toca do Lobo, na Prússia Oriental, tinha criado entre os aliados o pensamento de que a Alemanha Nazista estava desmoronando, estava se desintegrando, assim como acontecera em setembro e outubro de 1918, quando o Império Alemão se viu confrontado por revoltas internas, capitaneadas por trabalhadores e militares, que levaram ao armistício de novembro de 1918.</p><p style="text-align: justify;">Aliados Alemães, como Romênia, Bulgária e Finlândia começavam a abandonar o Terceiro Reich. Os soviéticos, depois de derrotarem o Grupo de Exércitos Centro, correram para o Vístula e para a fronteira da Prússia Oriental.</p><p style="text-align: justify;">Enfim, todos esses acontecimentos criaram na mente dos aliados o sentimento de que a guerra iria terminar em dezembro de 1944. Esse era o sentimento entre os ingleses e os americanos. Estes últimos chegaram a cancelar a compra de armamentos, como artilharia. O pensamento americano agora voltava-se para a guerra no Pacífico, contra o Japão. Os ingleses, por sua vez, davam como certo que a guerra terminaria no natal de 1944.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">APESAR DO OTIMISMO, NEM TUDO ERAM FLORES ENTRE OS ALIADOS:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Apesar do otimismo, havia problemas para os aliados. O principal deles dizia respeito ao abastecimento. Os aliados precisavam de um grande porto, pelo qual pudessem escoar todo o material militar desembarcado, além de combustível e rações para as tropas. Os portos de Dunquerque e Calai tinham sido destruídos pelos alemães. O porto de Antuérpia, no estuário do Escalda, na Bélgica, ainda contava com tropas alemãs que impediam o seu uso. Outro problema era que o sistema ferroviário francês tinha sofrido com os bombardeios aliados antes da invasão do Dia D. Sem o acesso aos trens, os aliados tinham que usar caminhões. Foram quase nove mil caminhões, que faziam viagens diárias entre o litoral francês e o front. Somente a riqueza econômica americana seria capaz de arcar com o uso de tantos caminhões e com o combustível usado para fazê-los rodar.</p><p style="text-align: justify;"><b>RUSGAS ENTRE OS ALIADOS:</b></p><p style="text-align: justify;">Nesse final da Guerra, os ingleses começavam a se sentir preteridos. No começo, foram os ingleses que, praticamente sozinhos, seguraram Hitler. Agora, em agosto/setembro de 1944, o então protagonismo inglês foi deixado de lado. Os protagonistas agora eram os EUA que, com a sua riqueza em homens, combustíveis, materiais bélicos e alimentos, comandavam as ações contra os alemães. Isso gerou ciúmes entre os ingleses. </p><p style="text-align: justify;">Em meio a tudo isso, encontrava-se o General Dwight Eisenhower, o líder dos Aliados na invasão à França. Eisenhower teve que administrar, por exemplo, o ego do General inglês Montgomery, que pretendia ser a principal figura na ação militar que desencadeasse a derrota final da Alemanha. Mas Eisenhower tinha que lidar também com generais americanos, como Bradley e Patton. Desses dois, Patton tinha sido aquele que mais sucesso obteve, avançando de forma contundente pelo centro do território francês. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">TÁTICAS DIVERGENTES:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Os aliados tinham visões diferente de como dar a estocada final nos alemães. Pelo lado dos ingleses, o general Montgomery pretendia desferir o golpe final indo pelo litoral do Mar do Norte, atravessando então o Rio Reno e chegando no Ruhr, a região alemã rica em carvão, responsável pela sua produção bélica. Já os americanos pretendiam seguir para a região alemã do Saar. Em meio a essas divergências, Dwight Eisenhower, como comandante máximo das forças aliadas, tinha que decidir qual caminho seguir. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">OPERAÇÃO MARKET GARDEN:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Planejada pelos ingleses, pelo General Montgomery, ela seguia o plano de invadir a Alemanha seguindo pelo norte, passando pela Holanda, na cidade de Arnhem, atravessando então o Rio Reno e indo depois para a região do Ruhr. A operação contava com forças aerotransportadas. Montgomery acreditava que os alemães, que defendiam a região em torno de Arnhem, estavam desmotivados e sem força para responder a um ataque. No fim, a Operação Market Garden foi um retumbante fracasso. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">A CAMPANHA DE OUTUBRO DE 1944:</span></b></p><p style="text-align: justify;">A Batalha de Aachen - 14/10/1944: Aachen, cidade alemã situada logo depois da fronteira holandesa. Capturá-la significava romper a linha de defesana fronteira ocidental do Reich alemão, chamada de Siegfried ou de Westwall. Aachen foi a cidade de Carlos Magno, então a capital do Sacro Império Romano Germânico. Chamada de Aix-La-Chapelle pelos franceses e Aquisgrano pelos romanos. Agora, em outubro de 1944, era apenas uma cidade que deveria ser conquistada pelos Aliados em sua marcha para alcançar o Rio Reno. Em 21 de outubro, Aachem se rendeu aos alemães. O Rio Reno agora estava a uma distância de 30 km. Parecia fácil percorrer esses 30 km, mas havia um obstáculo formidável pela frente, a Floresta de Hurtgen. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">A BATALHA NA FLORESTA DE HURTGEN:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Localizada a sudeste de Aachen, a floresta de Hurtgen seria um obstáculo terrível para os americanos. O 1º Exército americano, sob o comando do Tenente General Courtney H. Hodges, teria que atravessá-la para atingir o Rio Reno. Havia outra opção, mas o Tenente General Hodges insistiu nela e nenhum de seus subordinados ousava desafiá-lo. Lutar numa floresta colocava em desvantagem a superioridade americana em número de carros blindados. O apoio aéreo também ficava prejudicado. </p><p style="text-align: justify;">A batalha em meio aos Pinhais que formavam a Floresta de Hurtgen foi feita sob um constante fogo de artilharia, de ambos os lados. </p><p style="text-align: justify;">A artilharia disparava deliberadamente para que os projéteis explodissem no topo das árvores. O resultado disso era uma chuva de estilhaços da bomba com lascas de lascas de madeira caindo sobre os soldados, que corriam para dentro das trincheiras em busca de alguma proteção. Mas as trincheiras também podiam trazer problemas para os soldados que nelas buscavam refúgio. O frio intenso e a umidade causavam o "pé de trincheira', que nos casos mais graves poderia redundar na amputação do pé do soldado. </p><p style="text-align: justify;">Além da Artilharia, havia ainda as minas terrestres, usadas em abundância. Uma vez um soldado americano afastou, com um chute, uma bota ensanguentada. Depois esse mesmo soldado estremeceu de pavor ao ver que ainda havia um pé ali dentro. O dono daquele pé deveria ter pisado numa das milhares de minas espalhadas pela floresta. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"Havia um fluxo constante de soldados feridos a sair da floresta, escreveu o jovem artilheiro Arthur Couch, 'Reparei num homem que estaria agarrado à barriga num esforço para conter um grande ferimento que lhe deixava sair os intestinos.' "</span></i></b> (página 99)</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"Um sargento mais velho disse-me para me deitar atrás das pedras altas e depois movimentar-me na direção onde explodira a última peça de artilharia alemã. Disse que era o mais seguro a fazer, uma vez que os artilheiros alemães sempre viravam um bocadinho o seu canhão para atingir outra posição. Eu (Arthur Couch) corri em direção à última explosão e a seguinte ocorreu a 30 metros de distância. Foi um conselho que me salvou a vida."</span></i></b> (página 99)</p><p style="text-align: justify;">Os homens que combateram na floresta de Hurtgen vivenciaram casos de esgotamento nervoso/fadiga de combate. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"Depois de lá passar 5 dias, falamos com as árvores, dizia uma das poucas piadas. Ao sexto dia, elas começam a responder-nos."</span></i></b> (página 108)</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"Bem, não é muito mau até os soldados de infantaria ficarem tão cansados que, quando saem da linha há um soldado morto da sua própria unidade deitado de costas no seu caminho, não são capazes de desviar os pés, e pisam no rosto rígido porque...que se lixe."</span></i></b> (página 108)</p><p style="text-align: justify;">Enquanto os combates se desenrolavam em meio aos pinhas da Floresta de Hurtgen, o 3º Exército de Patton, a sua da Floresta de Hurtgen, conquistava a cidade/fortaleza de Metz. Descendo ainda mais para o sul, forças americanos e francesas conquistaram a cidade de Estrasburgo, na Alsácia. A norte, os britânicos, sob o comando de Montgomery, avançavam pela fronteira holandesa/alemã, a partir de Nijmegen.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">POR QUE OS ALEMÃES DEFENDERAM A FLORESTA DE HURTGEN COM TANTO AFINCO?</span></b></p><p style="text-align: justify;">Era para evitar uma penetração das forças aliadas a norte do ponto inicial daquilo que viria a ser a última cartada de Hitler na guerra, a Ofensiva das Ardenas. Basta uma olhada no mapa para ver que o setor da Floresta de Hurtgens estava localizado naquilo que seria o flanco norte do avanço alemão pelas Ardenas. Os alemães não poderiam se dar ao luxo de iniciar uma ofensiva tendo, à sua direita, forças aliadas. A resistência alemã era empreendida por elementos do Grupo de Exércitos Centro, sob o comando do Generalfeldmarschall Model.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpU4BCHBOK5legyhCyaoYoU6kSt2sLtYRH8Zm98AzpjnVGhQyIXYceDj2eRCM_eoY5c7MrG3bdeUScVcPXhxoxsHYgg_zVxlHzZSNUqOsEEsL2jVt2LX4T38puCKq4k0s7NKqiAQ2wIOrIU8GB9WIpeCbf0yWDeY_DwY3N_ceKtmNdXzkruTycJhu4bA/s1866/img007.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1866" data-original-width="1349" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpU4BCHBOK5legyhCyaoYoU6kSt2sLtYRH8Zm98AzpjnVGhQyIXYceDj2eRCM_eoY5c7MrG3bdeUScVcPXhxoxsHYgg_zVxlHzZSNUqOsEEsL2jVt2LX4T38puCKq4k0s7NKqiAQ2wIOrIU8GB9WIpeCbf0yWDeY_DwY3N_ceKtmNdXzkruTycJhu4bA/w462-h640/img007.jpg" width="462" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">PREPARATIVOS PARA A OFENSIVA DAS ARDENAS:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Hitler teve a ideia da Ofensiva das Ardenas no mês de setembro de 1944. Hitler estava na Prússia Oriental, na Toca do Lobo (Wolfsschanze). Ele estava doente, com icterícia, mas não deixava de pensar numa forma mudar o curso da guerra. </p><p style="text-align: justify;">Na Alemanha, a Ofensiva das Ardenas seria chamada de Herbstnebel (Neblina de Outono)</p><p style="text-align: justify;">Hitler achava que a aliança entre os capitalistas (França, Grã-Bretanha, EUA) e os comunistas (URSS), mais cedo ou mais tarde, iria ruir. Ela não poderia se sustentar, pois não era algo natural. A previsão de Hitler iria se concretizar, mas só depois do fim da Segunda Guerra Mundial, com a eclosão da Guerra Fria entre os EUA e a URSS. </p><p style="text-align: justify;">Hitler ainda acreditava que só se defender os ataques dos aliados, a leste e a oeste, não resultaria em nada de positivo para a Alemanha. Era necessário uma ofensiva que poderia mudar a sorte da guerra. O objetivo era avançar em direção ao porto de Antuérpia, na Bélgica. Com esse avanço, Hitler queria dividir os aliados, com canadenses e britânicos no norte, e americanos e franceses no sul, criando assim uma nova Dunquerque. A captura do porto de Antuérpia ainda iria dificultar a logística dos aliados, impedindo que seus navios usassem o porto para abastecer as tropas no front. Enfim, os alemães não poderiam ficar somente se defendendo. A Alemanha teria que se arriscar para tentar mudar o curso da guerra. A escolha pelas Ardenas se deu pelo fato de ser a área menos defendida pelos Aliados. Outro motivo foi o fato das tropas alemãs ficarem concentradas na floresta de Eifel, do lado alemão da fronteira. Ali os alemães ficariam protegidos de ataques aéreos dos aliados. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">OS ALIADOS FORAM PEGOS DE SURPRESA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">O Comando Aliado do SHAEF (Quartel-General Supremo da Força Expedicionária Aliada), com sede em Versalhes, não fazia ideia que os alemães vinham preparando uma ofensiva nas Ardenas. Os aliados foram pegos de surpresa. Em 15 de dezembro, um dia antes do início da ofensiva alemã, um oficial de operações do SHAEF disse que não havia nada a reportar relativamente ao setor das Ardenas. A tranquilidade entre os aliados era tão grande que o Marechal de Campo Montgomery perguntou a Eisenhower se poderia passar o natal na Inglaterra. </p><p style="text-align: justify;">Os aliados achavam, naquele final de 1944, que a Alemanha nazista estava fragilizada demais para empreender uma ofensiva. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">O ESTÍMULO PARA O SOLDADO ALEMÃO CONTINUAR LUTANDO:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Soldados alemães envolvidos na ofensiva das Ardenas, por meio de cartas enviadas para casa, exprimiam a esperança de que a ofensiva seria a chance de expulsar os aliados da Alemanha. Havia ainda a propaganda feita por Goebbels, que usava o medo para manter viva, no soldado alemão, a vontade de lutar, mesmo diante de tantas dificuldades. A tática de Goebbels consistia em espalhar entre os soldados que eles, caso fossem capturados pelos americanos, seriam entregues aos russos. Seriam enviados para a Sibéria. O Slogan de Goebbels era: SIEG ODER SIBIRIEN (Vitória ou Sibéria).</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">INÍCIO DA OFENSIVA DAS ARDENAS:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Sábado, 16 de dezembro de 1944. A artilharia do 6º Exército Panzer de Sepp Dietrich abre fogo contra as posições americanas. </p><p style="text-align: justify;"><b>ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "A BATALHA DE ARDENAS, A ÚLTIMA CARTADA DE HITLER", ANTONY BEEVOR, EDITORA BERTRAND</b></p><p style="text-align: justify;"><b><br /></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-31747263828084487172022-04-17T17:39:00.001-07:002022-04-17T20:29:20.940-07:00Fernão de Magalhães Circum-navegação A Terra é uma esfera <p style="text-align: justify;"><span style="color: red;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: red;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiSw6c9LWQndNC9LvhGuLoOXICiliLfYmfquPZHMH_8wcezD_MzSGUwxwEJzEGAOhSQ7NwpRFfBP6kkPa3lQRvJQSQj0xwGN63zV_KH1nthuSCBDfGTL9VzqEPPogClQJlonrjIxhmq-NfBuRaqA_y_cPXAyf_8SSWzQv1DvNjOHP9dh4CHsETskVg_A/s2592/IMG_20220413_154927678.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiSw6c9LWQndNC9LvhGuLoOXICiliLfYmfquPZHMH_8wcezD_MzSGUwxwEJzEGAOhSQ7NwpRFfBP6kkPa3lQRvJQSQj0xwGN63zV_KH1nthuSCBDfGTL9VzqEPPogClQJlonrjIxhmq-NfBuRaqA_y_cPXAyf_8SSWzQv1DvNjOHP9dh4CHsETskVg_A/w359-h640/IMG_20220413_154927678.jpg" width="359" /></a></span></div><span style="color: red;"><br /><b><br /></b></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: red;"><b>OBJETIVO DA CIRCUM-NAVEGAÇÃO:</b></span></p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"O escopo da viagem era alcançar as fabulosas Ilhas das Especiarias, mas não como os portugueses, pelo caminho do levante, circum-navegando a África, percorrendo o Oceano Índico e por fim velejando pelo Mar de Sonda. Mas sim contornando as Américas (que era a direção atribuída pelo Santo Padre à Espanha), embora a maior parte dos cartógrafos, costumasse representar nos mapas aquele remoto continente como terra soldada ao Polo Antártico. Na pior das hipóteses, abriria caminho através de uma passagem secreta que Magalhães seria o único a conhecer."</span></i></b> (página 31)</p><p style="text-align: justify;">As ilhas das especiarias (Molucas - atual Indonésia) já eram frequentadas pelos portugueses. Eram nas Molucas que cresciam as especiarias desejadas pelos europeus (noz-moscada, cravo da índia, etc). Era o comércio mais lucrativo daqueles dias. </p><p style="text-align: justify;">Os espanhóis queriam tomar essas ilhas dos portugueses, estabelecendo um monopólio no comércio das especiarias. O Estado Moderno do século XVI, substituto do feudalismo então vigente, buscava fontes de produtos que pudessem ser comercializados, redundando em dinheiro para o país que detivesse o monopólio desse comércio. Portugal e Espanha foram os primeiros nessa transição do Estado feudal para o Estado Moderno acumulador de capital</p><p style="text-align: justify;">Fernão de Magalhães, então, deveria, ao chegar às Molucas, estabelecer um monopólio espanhol, resultando que aquelas ilhas só poderiam negociar com emissários do rei espanhol. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">FERNÃO DE MAGALHÃES:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Súdito português que optou trabalhar para a Espanha, para o rei Carlos V. Foi capitão-general de uma esquadra financiada pela Espanha, responsável pela primeira circum-navegação da história, iniciada em 20 de setembro de 1519 e encerrada em 6 de setembro de 1522. </p><p style="text-align: justify;">Fernão tinha se desentendido com o rei de Portugal. Trabalhar para o rei da Espanha e, pior ainda, buscar uma rota alternativa para o oriente, tornou Fernão de Magalhães persona non grata em Portugal, pois colocava em risco o monopólio português no comércio das especiarias. </p><p style="text-align: justify;">Fernão de Magalhães foi o idealizador da circum-navegação, iniciando-a mas não conseguindo completá-la. Fernão de Magalhães foi morto numa batalha com indígenas na ilha de Mactan (atual Filipinas), em abril de 1521. Quem efetivamente conseguiu completar a circum-navegação no comando da frota espanhola foi Juan Sebastian Elcano, natural do país Basco, no norte da Espanha.</p><p style="text-align: justify;">Fernão de Magalhães já tinha comandado a sua frota na travessia do Oceano Atlântico, passando pelo que hoje é o Rio de Janeiro. Passou ainda pelo Rio da Prata, cuja foz cogitou-se ser a passagem para o Oceano Pacífico. Não era. A frota espanhola continuou descendo pela costa da atual Argentina.Descobriu, por fim, uma passagem para o Oceano Pacífico, na região que foi batizada como Tierra del Fuego, no extremo sul da América do Sul, no atual Chile ( Estreito de Todos os Santos - Estreito de Magalhães). </p><p style="text-align: justify;">Entrando no atual Oceano Pacífico, na época chamado de Mar del Sur, a frota espanhola teve que percorrer um longo caminho até encontrar Terra. Enquanto Cristovão Colombo levou um mês e alguns dias para avistar Terra, Fernão de Magalhães e sua frota só vieram a encontrar Terra no dia 21 de janeiro de 1521, depois de percorridos mais de 100 dias de navegação rumo ao oeste. Parecia que aquele oceano era uma espécie de deserto que iria engolir a frota espanhola. E a Terra descoberta naquele 21 de janeiro não era grande coisa. Mas era <b><i><span style="font-size: medium;">"...uma ilhota de rochas escuras, com árvores sem frutas, ...nem uma gota de água doce." </span></i></b>(página 163)</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"A sensação de termos encalhado num planeta feito só de água, água e mais água. Para não falar da eterna calmaria - foi assim que Magalhães pensou, não sem irritação, em chamar aquele mar traiçoeiro de Oceano Pacífico."</span></i></b> (página 154)</p><p style="text-align: justify;">Na sequência da viagem outras ilhas iam surgindo. a principal delas o conjunto de ilhas que hoje constituem as Filipinas ( arquipélago das Filipinas, 16/03/1521)</p><p style="text-align: justify;">A circum-navegação tinha sido um êxito. As Molucas, ilhas das Especiarias foi alcançada em 6 de novembro de 1521. Mas nessa data Fernão de Magalhães já estava morto.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #38761d;">MORTE DE FERNÃO DE MAGALHÃES:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Entre março e abril de 1521, a frota espanhola ficou explorando as ilhas que hoje compõem o moderno país das Filipinas. No começo, tudo correu bem. Os espanhóis foram bem recebidos pelos locais. que estavam fascinados pelo poder das armas espanholas (seus canhões, suas armaduras, etc)</p><p style="text-align: justify;">Num primeiro momento, essa mistura de admiração e medo fez com que os indígenas locais se submetessem aos espanhóis. Parecia que os locais tinham sinceramente se convertido ao cristianismo, tornando-se ainda súditos do rei espanhol. Parecia tudo muito fácil. E essa facilidade inicial tornou Fernão de Magalhães cheio de si, achando que poderia, em pouco tempo, transformar todos os habitantes daquelas ilhas em cristãos e súditos espanhóis. Fernão de Magalhães não iria aceitar qualquer oposição aos seus planos.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"A essa altura Fernão de Magalhães deveria sentir-se tocado pela graça do Senhor; e esse excesso de confiança acabou por ser uma das causas da sua ruína." </span></i></b>(página 196)</p><p style="text-align: justify;">Fernão de Magalhães cria, acreditava que sua missão estava próxima de ser realizada em sua integralidade. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"Assim que se crê firmemente em alguma coisa, ela se torna real."</span></i></b> (página 197)</p><p style="text-align: justify;">Naquela altura dos acontecimentos, para Fernão de Magalhães bastava a sua vontade para tornar verdadeiro tudo o que desejava. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"A verdade é só uma questão de vontade."</span></i></b> (página 197)</p><p style="text-align: justify;">Essa confiança excessiva de Fernão de Magalhães seria a causadora de sua morte no dia 27 de abril de 1521. Ao ver seus planos sendo contestados pelo príncipe Cilapulapu, líder de uma das ilhas (Mactan) componentes do arquipélago da atual Filipinas, Fernão de Magalhães organizou uma expedição armada para enfrentá-lo. Mas Fernão organizou mal o ataque. Acreditava que os nativos iriam se render ao primeiro tiro de canhão. No fim, a falta de organização do ataque espanhol, somada à bravura dos nativos de Mactan, acabou por determinar a derrota dos espanhóis. Em meio à luta, Fernão de Magalhães acabou sendo morto. </p><p style="text-align: justify;">Enquanto isso, os nativos das outras ilhas, ao verem a derrota dos espanhóis, perderam o respeito por eles. Se deram conta que os espanhóis não eram deuses. Eram humanos e frágeis como eles e podiam ser derrotados. A partir daí, os nativos começaram a perder o respeitos pelos espanhóis. O resultado é que os espanhóis foram expulsos das ilhas. Os nativos então abandonaram o cristianismo e voltaram para seus deuses. </p><p style="text-align: justify;">Sem Fernão de Magalhães no comando da frota, os espanhóis saíram das Filipinas. A frota passou então pelo Oceano Índico. Desceu pela costa oriental africana. Passou pelo Cabo da Boa Esperança, seguindo então pelo Oceano Atlântico, até chegar à Espanha, completando a circum-navegação em setembro de 1522</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">QUEM TERMINOU A CIRCUM-NAVEGAÇÃO:</span></b></p><p style="text-align: justify;">A frota espanhola chegou à Espanha em setembro de 1522, sob o comando do espanhol Juan Sebastian Elcano. A frota então estava reduzida a um navio, o Victoria. Os méritos da circum-navegação ficaram com o espanhol Juan Sebastian Elcano. Fernão de Magalhães foi esquecido por motivos políticos. Ele era português. A Espanha era rival de Portugal. Dessa forma, a Espanha agiu para desaparecer com Fernão de Magalhães, atribuindo o mérito da primeira circum-navegação da Terra ao espanhol Elcano. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">DESTINO DA PASSAGEM DESCOBERTA POR FERNÃO DE MAGALHÃES:</span></b></p><p style="text-align: justify;">O caminho descoberto por Fernão de Magalhães se mostrou economicamente inviável e extremamente perigoso, caindo em desuso.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">Agora, quem seguia aquele caminho preferia transportar as mercadorias em caravanas pelo istmo do Panamá." </span></i></b>(página 246)</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">A TERRA É REDONDA. NÃO É PLANA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Com a chegada às Filipinas e às ilhas Molucas, ficava confirmado <b><i><span style="font-size: medium;">"...que a Terra é uma esfera e que, seguindo em linha reta, mais cedo ou mais tarde, chega-se de volta ao ponto de partida"</span></i></b> (página 172)</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DE LEITURA DO LIVRO "FERNÃO DE MAGALHÃES" A MAGNÍFICA HISTÓRIA DA PRIMEIRA CIRCUM-NAVEGAÇÃO DA TERRA", GIANLUCA BARBERA, EDITORA VESTÍGIO.</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-51140348472047330152022-04-13T17:45:00.002-07:002022-04-13T17:45:51.009-07:00A Morte de Hitler Teorias da Conspiração Hitler teria fugido do bunker?<div style="text-align: justify;"><span style="color: red;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGif0os1cIZ6iuHFdNlrzRUkTKT-fZVqmQIvlClVaSGa0L0dIjcHohqmi9KQFQil8Z63kV56ZcqdTz1KtkQNnH1jSOdaKRkonoAOc-nN_Qw6_qZyHBE5RVELE0A6eXlu6vtArHGSqMTvNXFaxrrDuQDwFAIeszBGvrpQ1hcTrCVU9tnJRRG3mgebUByg/s2592/IMG_20220413_155030972.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="1456" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGif0os1cIZ6iuHFdNlrzRUkTKT-fZVqmQIvlClVaSGa0L0dIjcHohqmi9KQFQil8Z63kV56ZcqdTz1KtkQNnH1jSOdaKRkonoAOc-nN_Qw6_qZyHBE5RVELE0A6eXlu6vtArHGSqMTvNXFaxrrDuQDwFAIeszBGvrpQ1hcTrCVU9tnJRRG3mgebUByg/w360-h640/IMG_20220413_155030972.jpg" width="360" /></a></div><br /><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: red;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: red;"><b>A VERDADE:</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: red;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;">Hitler fugiu para a Argentina ou cometeu suicídio? </div><div style="text-align: justify;">Vamos aos fatos:</div><div style="text-align: justify;">Nas últimas semanas de abril de 1945, Hitler rejeitou todas as propostas para fugir e se esconder dos aliados. Testemunhas que estavam com Hitler, no Bunker da Chancelaria, relataram que ele dizia estar tudo perdido. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"A 22 de abril de 1945, dois dias após o seu 56º aniversário, disse aos seus generais e à sua equipe que se suicidaria com um tiro..."</span></i></b> (página 196)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Albert Speer, no dia 24 de abril, ficou sabendo, pela boca de Hitler, que Eva Braun queria compartilhar do mesmo destino de seu companheiro, suicidando-se. </div><div style="text-align: justify;">Como planejado, no dia 30 de abril de 1945, Hitler, acompanhado por Eva Braun, trancou-se no seu escritório, no bunker da Chancelaria, em Berlim. Posteriormente, testemunhas que entraram no escritório de Hitler encontraram-no no sofá, a escorrer sangue de um buraco na têmpora direita, a pistola caída no chão ao seu lado. O corpo de Eva Braun estava ao lado do corpo de Hitler. O corpo de Eva Braun exalava um forte odor, indicativo que tinha se envenenado. </div><div style="text-align: justify;">Os corpos de Hitler e de Eva foram então enrolados em cobertores, embebidos em combustível e queimados no jardim da Chancelaria do Reich. Após isso, os corpos carbonizados de Hitler e Eva foram enterrados no mesmo local.</div><div style="text-align: justify;">Com o fim da guerra, soldados soviéticos desenterram os corpos de Hitler e Eva. Pouco restou de Hitler e Eva. Os soldados soviéticos conseguiram pagar próteses dentárias e uma parte de um maxilar. De posse deles, os soviéticos procuraram o técnico que trabalhava para o dentista de Hitler, que confirmou que os restos mortais encontrados no jardim da Chancelaria do Reich pertenciam a Hitler e a Eva Braun (página 197)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"Os restos mortais de Adolf Hitler, como Ian Kershaw conclui na sua monumental biografia do líder nazi, 'cabiam, ao que parece, numa caixa de charuto'."</span></i></b> (página 197)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A conclusão de que Hitler não fugiu e que se matou no Bunker é baseada em várias investigações, feitas pelos britânicos, pelos soviéticos e por um Tribunal alemão de Berchtesgaden, que em 1956, após uma exaustiva investigação, concluiu pela morte de Hitler, emitindo então sua certidão de óbito.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">AS TEORIAS CONSPIRATÓRIAS:</span></b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quem preparou o terreno para o surgimento das teorias conspiratórias, sobre a morte ou não de Hitler, foi o ditador comunista Stalin. Por que Stalin agiu dessa forma? Para Stalin era importante que as pessoas achassem que Hitler ainda estava vivo, de forma a justificar sua política de ser o mais duro possível com os alemães, de forma a erradicar o nazismo de uma vez por todas, e de colocar os alemães de joelhos. </div><div style="text-align: justify;">Stalin ainda tinha outro objetivo. Ele queria rechaçar a versão de que Hitler teria lutado até fim contra o bolchevismo, sendo morto em combate. Essa narrativa tinha sido divulgada na noite do dia 1 de maio de 1945: <b><i><span style="font-size: medium;">"Às 22h26 do dia 1 de maio de 1945, a morte de Hitler foi oficialmente anunciada na rádio alemã. O almirante Donitz, apontado para lhe suceder no cargo, disse à Wehrmacht que o Fuhrer fora morto 'na luta contra o bolchevismo, até ao seu último fôlego'".</span></i></b> (página 191)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Stalin então queria que Hitler fosse visto como um covarde, um fujão. Para conseguir seu objetivo, Stalin colocou em segredo um relatório de mais de 400 páginas, concluído em 1949, que concluía que Hitler tinha se suicidado no Bunker da Chancelaria do Reich. Esse relatório só viria à luz com a queda da União Soviética (1989/1991). Para Stalin, a mitologia de que Hitler ainda estaria vivo ajudaria seu plano de manter o controle sobre a Europa a leste da Cortina de Ferro. Até a presença anglo-americana e de tropas francesas em território alemão, após o fim da guerra, ajudava a fomentar a mitologia de que Hitler estaria vivo. Seria o medo de que Hitler, emulando Napoleão Bonaparte, voltasse à Alemanha para recomeçar a guerra.</div><div style="text-align: justify;">Logo após a guerra, revistas sensacionalistas americanas e inglesas contavam histórias de que Hitler estaria vivo. Eram histórias que não se escoravam em documentos ou depoimentos de testemunhas reais, mas ajudavam na venda das revistas.</div><div style="text-align: justify;">Muito foi dito e escrito na época sobre o destino de Hitler: ele estaria numa ilha no Báltico; ele teria sido visto em Dublin, vestido de mulher; teria até sido visto como mendigo nas ruas da Albânia. Mas a história mais contada era a de que Hitler teria fugido para a Argentina</div><div style="text-align: justify;">Contribuíram para as narrativas de que Hitler tinha fugido para a Argentina, o fato de alguns nazistas terem de fato fugido para aquele país, como por exemplo, Adolf Eichmann. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">SÉCULO XXI E O RESSURGIMENTO DAS TEORIAS CONSPIRATÓRIAS SOBRE O DESTINO FINAL DE HITLER:</span></b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O século XXI viu o renascimento das teorias conspiratórias sobre o destino final de Hitler. Livros, filmes e até documentários foram lançados. Como toda teoria conspiratória, elas buscam desqualificar estudos feitos por acadêmicos profissionais que são rejeitados simplesmente pelo fato de serem acadêmicos profissionais. </div><div style="text-align: justify;">Defensores de teorias conspiratórias seguem um script definido:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">a) Só eles conhecem a verdade. Eles lutariam contra grupos de pessoas malévolas e ricas que manipulam nos bastidores.</div><div style="text-align: justify;">b) Só eles levantam o véu do conhecimento oficial.</div><div style="text-align: justify;">c) Avalanche de frases do tipo: 'Poderia ter havido'; É possível que Hitler tenha vindo por aqui'; 'Se havia de fato um bunker'.</div><div style="text-align: justify;">d) Por que não contam a verdade?</div><div style="text-align: justify;">e) Veem-se como perseguidos.</div><div style="text-align: justify;">f) Usam de especulações, suposições, insinuações, sugestões e simplesmente invenções.</div><div style="text-align: justify;">g) Procuram sistematicamente desacreditar o saber produzido nas Universidades.</div><div style="text-align: justify;">h) Procuram desacreditar a ciência, buscando promover um conhecimento alternativo de natureza diversa.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O livro de Richard E. Evans comenta esses novos livros, filmes e documentários, de forma exaustiva, mostrando as suas falhas, rebatendo todas essas teorias conspiratórias. Chega a ser cansativo ler o autor rebatendo os vários absurdos criados em torno do destino final de Hitler. Há de tudo. Apenas alguns exemplos: </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">a) Hitler teria fugido para a Argentina. </div><div style="text-align: justify;">b) Hitler teria fugido para uma ilha do Báltico. Hitler teria fugido para o Estado do Mato Grosso, no Brasil. Hitler então teria se estabelecido na cidade de de Nossa Senhora do Livramento, perto de Cuiabá, onde, munido de um mapa dado por aliados do Vaticano, se lançou na busca de um tesouro escondido. </div><div style="text-align: justify;">c) Haveria um sósia de Hitler no Bunker, que se passava por ele, enquanto o Hitler original fugia de Berlim. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Apesar de cansativo, o trabalho do autor é necessário nesses tempos de pós-verdade, de fake news. É necessário, nesse mundo no qual há gente disposta a acreditar em qualquer absurdo, como por exemplo, que a Terra é plana.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "AS CONSPIRAÇÕES EM TORNO DE HITLER, O TERCEIRO REICH E A IMAGINAÇÃO PARANÓICA", RICHARD E. EVANS, EDITORA EDIÇÕES 70.</span></b></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-88133104510352602832021-10-29T17:57:00.001-07:002021-10-29T17:57:17.769-07:00Uma das razões para a queda do Império Romano do Ocidente Perda de Cartago<p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzhBnsjdH6WGqumTSdQLs4LFLEx-ev1SsojyyNXp_zL3whZy7XmSTQBr5IwYTDaQL3OXVUWoWTSepdtYCO1uudmEjemrSC1JH69UhKyvmFu8pTJIQ8MNkuIiFbZwkYa1OX-eBYN9G7tb5M/s2048/IMG_20210921_210555564.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzhBnsjdH6WGqumTSdQLs4LFLEx-ev1SsojyyNXp_zL3whZy7XmSTQBr5IwYTDaQL3OXVUWoWTSepdtYCO1uudmEjemrSC1JH69UhKyvmFu8pTJIQ8MNkuIiFbZwkYa1OX-eBYN9G7tb5M/w360-h640/IMG_20210921_210555564.jpg" width="360" /></a></b></div><b><br /><span style="color: red;"><br /></span></b><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">A INVASÃO DOS BÁRBAROS:</span></b></p><p style="text-align: justify;">A incursão de povos bárbaros pelo interior do Império Romano do Ocidente não chegava a ser uma novidade. </p><p style="text-align: justify;">O Império Romano do Ocidente lidava com as incursões dos povos bárbaros criando políticas para absorvê-los. </p><p style="text-align: justify;">Essa absorção podia ser feita de várias formas. O exército romano atuava para absorvê-los. Havia ainda políticas de assentamento, como por exemplo o caso dos visigodos, que foram assentados na região de Toulouse, na atual França. Os Borgonheses foram assentados nas proximidades de Genebra, na atual Suíça.</p><p style="text-align: justify;">O que importa dizer é que algo aconteceu no século V que esgotou a capacidade do Império Romano do Ocidente em lidar com essas incursões bárbaras, resultando na sua desintegração política.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">A PERDA DA PROVÍNCIA NA ÁFRICA DO NORTE:</span></b></p><p style="text-align: justify;">A hipótese levantada por este livro para explicar esse esgotamento está na perda de Cartago, onde hoje se localiza a Tunísia. Cartago era a fonte de cereais e de azeite do Império Romano do Ocidente. </p><p style="text-align: justify;">Cartago caiu no ano 439 para os vândalos. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"O problema eram os vândalos, cuja confederação havia entrado no império a partir do norte, atravessando o Reno em 407, deslocando-se através da Gália para Espanha, na década seguinte. Embora estivessem parcialmente esmagados em 417, não estavam dominados e invadiram o norte da África, em 429, sob a liderança de Genserico (✝477), o seu novo rei. O seu assentamento em 435 não foi de maneira alguma acompanhado de uma derrota militar e o seu novo território, não muito fértil em si mesmo, situava-se nos limites das principais fontes de cereais e de azeite do império ocidental - as terras ricas em redor da cidade romana de Cartago, na atual Tunísia. Por que razão não quereriam eles controlar este território e por que motivo não o compreenderiam os romanos e não defenderiam melhor Cartago? Mas Aécio (✝454), o supremo chefe militar e político no Ocidente à época, não o fez e Cartago, por conseguinte, caiu em 439. Esta opção - um erro - constituiu um dos pontos de viragem mais importantes na capacidade dos romanos controlarem os tempos da mudança política no Ocidente."</span></i></b> (página 57/58)</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"Sem a riqueza da África, o Império Romano do Ocidente começou a esgotar os recursos tributários. Sem receitas tributárias, era mais difícil pagar exércitos regulares, cada vez mais necessários na situação política complexa naquele período. Sem exército regular, era cada vez mais necessário utilizar exércitos de bárbaros, como aliados, mas era também cada vez mais difícil controlá-los."</span></i></b> (página 58) </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "EUROPA MEDIEVAL", DE CHRIS WICKHAM, EDITORA EDIÇÕES 70</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-50404599133562316962021-10-28T16:39:00.000-07:002021-10-28T16:39:16.014-07:00Muhammad Ali Paxá O Modernizador do Egito<p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0MJQVLHLkSz1f2RAzTtylW1hqkB_sFcfYJ9A7xWYbyCjt2YPCTen96sRDXN7s2UUV0MKpFY9Y_zoPBzDknlhETVXXQ69DkZhsETQ8XC4Jw31YuuSG5Co7U7sIsdgOflL4PrD9d6C8D-z6/s2048/2021_10_18+09_12+Office+Lens.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1444" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0MJQVLHLkSz1f2RAzTtylW1hqkB_sFcfYJ9A7xWYbyCjt2YPCTen96sRDXN7s2UUV0MKpFY9Y_zoPBzDknlhETVXXQ69DkZhsETQ8XC4Jw31YuuSG5Co7U7sIsdgOflL4PrD9d6C8D-z6/w453-h640/2021_10_18+09_12+Office+Lens.jpg" width="453" /></a></b></div><b><br /><div style="text-align: center;"><b><span style="color: #2b00fe;">Muhammad Ali ou Mehmet Ali</span></b></div></b><p></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">ORIGEM:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Antes de tudo, é preciso esclarecer sobre a grafia do nome de Muhammad Ali. O livro "Os árabes", de Eugene Rogan, grafa o nome como Muhammad Ali. Já o livro "Uma História Concisa do Oriente Média, de Arthur Goldschmidt Júnior e Ibrahim Al-Marashi, grafa o nome como Mehmet Ali.</p><p style="text-align: justify;">Muhammad Ali ou Mehmet Ali era de etnia albanesa. Nasceu em 1770, na cidade de Kavala, na Macedônia, que na época fazia parte do Império Otomano. Muhammad Ali era então um comandante a serviço do Império Otomano. Comandava um contingente de 6 mil albaneses. </p><p style="text-align: justify;">A modéstia não era uma característica da personalidade de Muhammad Ali, que dizia: nasci no mesmo ano que Napoleão Bonaparte e na terra de Alexandre, o Grande. </p><p style="text-align: justify;">Na condição de comandante a serviço do sultão otomano, Muhammad Ali foi escalado para debelar o caos que havia tomado conta do Egito, então uma província otomana, na esteira da saída das tropas napoleônicas em 1801. </p><p style="text-align: justify;">Quatro anos depois de chegar ao Egito, com a situação local apaziguada, como recompensa de seu bom trabalho, Muhammad Ali foi alçado pelo sultão otomano para a posição de Paxá, que o credenciava a servir como governador em qualquer província otomana. Num primeiro momento, Muhammad Ali foi nomeado governador na província otomana do Hejaz, na qual se localizava a cidade sagrada de Meca. Mas Muhammad Ali queria mesmo era ser governador do Egito, que tornou-se realidade somente em junho de 1805. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">GOVERNADOR DO EGITO:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Muhammad Ali Paxá, na condição de governador da província otomana do Egito, passou a colocar seu plano em marcha, consubstanciado no desejo de fazer do Egito um trampolim a partir do qual buscaria derrubar o sultão otomano, tornando-se então ele próprio o líder do Império Otomano. O Egito, apesar de ser uma província otomano, era dotado de autonomia, cuja obrigação com o Império Otomano consistia no pagamento de um tributo a Istambul. Isso dava a Muhammad Ali, que no papel era somente um vice-rei do sultão otomano, uma grande liberdade de ação, podendo governar o Egito da forma mais independente possível. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"...Muhammad Ali era um otomano e buscava dominar o Império Otomano."</span></i></b> (página 101)</p><p style="text-align: justify;">Para conseguir dominar o Império Otomano, antes de tudo Muhammad Ali passou a modernizar e a fortalecer o Egito. Muhammad buscou a tecnologia industrial europeia para produzir armas e têxteis para o seu exército. Para pagar por essa tecnologia, o Egito investiu na sua agricultura.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"Mehmet Ali foi ainda o primeiro governante não ocidental a compreender a importância da revolução industrial."</span></i></b> (página 185, Uma História Concisa do Oriente Médio).</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"O Egito se tornou o primeiro país do Oriente Média a fazer a transição da agricultura de subsistência (na qual os produtores cultivavam o que consumiam, mais o que tinham de pagar em arrendamento e impostos) para o cultivo agrícola comercial (no qual cultivavam produtos para serem vendidos). Tabaco, açúcar, índigo e algodão se tornaram os principais produtos agrícolas. Usando as receitas do que produziam, Mehmet Ali financiava seus esquemas para o desenvolvimento industrial e militar."</span></i></b> (página 185 - Uma História Concisa do Oriente Médio).</p><p style="text-align: justify;">A autonomia que o Império Otomano concedia à sua província egípcia permitia que Muhammad Ali negociasse diretamente com outros países, como se o Egito fosse um país soberano.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"Ele apreciava ter relações diretas com as grandes potências da Europa, que o tratavam mais como um soberano independente do que como um vice-rei do sultão otomano."</span></i></b> (página 101)</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">CONSOLIDAÇÃO DO PODER NO EGITO:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Muhammad Ali levou 6 anos para consolidar seu poder no Egito. Internamente não enfrentava nenhum desafio. </p><p style="text-align: justify;">A primeira campanha militar empreendida pelo Egito de Muhammad Ali foi feita para atender a uma ordem emanada do sultão otomano. A campanha (1812-1818) foi para debelar uma revolta na península arábica, encabeçada pela seita wahabita. O wahabismo foi um movimento que pretendia uma reforma do islamismo, que se opunha ao sultão otomano, por ver no Império Otomano a representação de um islamismo degradado. As forças egípcias, então comandadas por Ibrahim, filho de Muhammad Ali, derrotaram os wahabitas em 1818. </p><p style="text-align: justify;">Em reconhecimento aos serviços prestados, o Império Otomano deu a Ibrahim o título de Paxá (governador), nomeando-o governador da província do Hejaz. A província otomana do Hejaz fica no oeste da península arábica, na qual ficam as cidades de Meca, Medina e Jidá (Jedah). Pelo porto de Jidá, milhares de peregrinos chegam, indo depois para a cidade de Meca, na qual realiza-se a peregrinação sagrada que todo muçulmano deve fazer pelo menos uma vez em sua vida (Hajj). Essa peregrinação anual rendia um bom dinheiro para o governador do Hejaz. </p><p style="text-align: justify;">Com seu filho no cargo de governador da província Hejaz, na prática Muhammad Ali a adicionou ao seu Egito.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">CONQUISTA DO SUDÃO (1820/1824):</span></b></p><p style="text-align: justify;">Depois da campanha na península arábica, os egípcios sob o comando de Muhammad Ali partiu para o sul, conquistando o Sudão, dominando assim o litoral do Mar Vermelho, conseguindo o monopólio do comércio local, ajudando a enriquecer ainda mais o Egito.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">INDEPENDÊNCIA DA GRÉCIA E INTERVENÇÃO EGÍPCIA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Com a eclosão do movimento de independência na Grécia, o sultão otomano teve que mais uma vez se socorrer do exército de Muhammad Ali. </p><p style="text-align: justify;">O exército egípcio de Muhammad Ali foi bem sucedido na contenção da rebelião grega. Como prêmio, a família de Muhammad Ali foi premiado pelo governo otomano com províncias na Grécia e no Mar Egeu. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"Os egípcios estavam conseguindo sufocar rebeliões que haviam resistido aos otomanos e expandindo o território sob controle do Cairo. Se Muhammad Ali se rebelasse, não estava claro se os otomanos seriam capazes de resistir a suas tropas."</span></i></b> (página 110)</p><p style="text-align: justify;">Resumo da história: O Império Otomano, nos anos 1812/1818, não conseguiu conter a rebelião da seita Wahabita na península arábica. Precisaram então se socorrer do exército egípcio de Muhammad Ali. Na sequência, com a rebelião na Grécia, os otomanos mais uma vez se viram obrigados a se socorrer com o exército de Muhammad Ali. O Império Otomano não conseguia mais resolver os problemas que eclodiam em suas províncias, dependendo cada vez mais do exército egípcio de Muhammad Ali. E a cada serviço prestado ao Império Otomano, a família de Muhammad Ali ganhava mais e mais províncias, aumentando ainda mais o seu poder. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">BATALHA DE NAVARINO. INDEPENDÊNCIA GREGA E INSUBORDINAÇÃO DE MUHAMMAD ALI:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Mesmo depois da intervenção egípcia na Grécia, a rebelião não foi totalmente debelada. E para piorar a situação do Império Otomano, as potências ocidentais França e Grã-Bretanha passaram a apoiar a independência da Grécia. Em 1827, na batalha naval de Navarino, França e Grã-Bretanha derrotaram as forças combinadas de egípcios e otomanos. No ano de 1832, um reino independente grego seria estabelecido na Conferência de Londres.</p><p style="text-align: justify;">Num ato de insubordinação explícita, Muhammad Ali negociou um tratado em separado com a Grã-Bretanha. Era uma afronta ao sultão otomanos que, um vassalo seu, Muhammad Ali, negociasse com os europeus sem consultá-lo. E o pior de tudo é que o sultão otomano não tinha força militar para obstar a insubordinação de Muhammad Ali. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">A CONQUISTA DA SÍRIA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Muhammad Ali era um insubordinado. Não prestava contas para o sultão otomano, que nominalmente era seu superior. Negociou em separado com os europeus, numa afronta ao sultão otomano. Mas o pior, para o Império Otomano, estava por vir. Muhammad agora visava conquistar militarmente a província otomana da Síria. Agora o exército egípcio estava em guerra contra o Império Otomano. Em 1831, Ibrahim Paxá, o filho de Muhammad Ali, a frente de um exército egípcio bem treinado, nos moldes de um exército europeu, partir para conquistar a Síria. </p><p style="text-align: justify;">No caminho para conquistar a Síria, o exército egípcio conquistou a cidade de Acre e a Palestina (1832). Damasco caiu para os egípcios. Agora o exército egípcio partiu para conquistar as cidades de Alepo e Homs. Em outubro de 1832 os egípcios entraram na Anatólia, Na batalha de Konya, em dezembro de 1832, o exército egípcio conseguiu uma grande vitória sobre os otomanos. Os egípcios estavam então a uma distância de 200 quilômetros de Istambul, a capital otomana. O sultão otomano então se viu obrigado a negociar com Muhammad Ali, concedendo a ele as províncias do Hejaz, Creta, Acre, Damasco, Trípoli e Alepo. Muhammad Ali ainda foi reconduzido à posição de Governador do Egito, que tinha perdido quando seu filho Ibrahim Paxá invadiu a Síria (Paz de Kutahya - 1833)</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #ffa400;">DOMÍNIO EGÍPCIO NA SÍRIA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">O domínio egípcio na Síria causou descontentamento entre a população local. Aumento de impostos e recrutamento para o exército fizeram com que os sírios passassem a odiar a presença egípcia. Rebeliões então eclodiram na Palestina e no Líbano, que faziam parte da Grande Síria (a Grande Síria do século XIX abrangia os atuais Líbano, Síria, Jordânia, Israel, Cisjordânia, Faixa de Gaza). </p><p style="text-align: justify;">Muhammad Ali não se deixou amedrontar pela rebelião. Ele estava tão confiante de seu poder que passou a trabalhar pelo desmembramento definitivo da Síria e do Egito do Império Otomano, buscando até uma forma de indenizar o sultão otomano. </p><p style="text-align: justify;">O problema para Muhammad Ali era que a França e a Grã-Bretanha não iriam aceitar o desmembramento do Império Otomano. Então, quando tudo parecia perdido para o Império Otomano, ele foi socorrido por uma coalização europeia, constituída por Grã-Bretanha, Áustria, Prússia e Rússia. </p><p style="text-align: justify;">Em janeiro de 1841, acossado por rebeliões e pela coalização europeia, os egípcios saíram da Síria. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">CAPITULAÇÃO DE MUHAMMAD ALI:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Um acordo intermediado pelos britânicos estabeleceu que Muhammad Ali teria o governo hereditário do Egito e do Sudão. Em troca, Muhammad Ali, além de abandonar a Síria, reconheceu o sultão otomano como seu suserano, concordando ainda a fazer um pagamento anual ao Império Otomano. Enfim, pelo menos nominalmente, o Egito voltava a ser uma província otomana. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"O Egito teria o seu próprio governo e faria suas próprias leis, mas permaneceria vinculado à política externa do Império Otomano."</span></i></b> (página 121)</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">MORTE DE MUHAMMAD ALI:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Muhammad Ali morreu em agosto de 1849. Foi sucedido pelo seu neto Abbas. </p><p style="text-align: justify;">A dinastia inaugurada por Muhammad Ali governaria o Egito até que a revolução de 1952 a derrubasse. </p><p style="text-align: center;"><b>ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DAS LEITURAS DOS LIVROS "UMA HISTÓRIA CONCISA DO ORIENTE MÉDIO, DE ARTHUR GOLDSCHMIDT JUNIOR E DE IBRAHIM MARASHI, EDITORA VOZES E "OS ÁRABES", DE EUGENE ROGAN, EDITORA ZAHAR</b></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo5ZxSavb2L_cMDAJt6W65mmkoX7p98PxY_K9WNk0Evrsmm5ZrrmVn1cXLE9f5qix_3zU1ljk0F74TJSHjTT2C25QoeCV2vZqF46grtZp8pxpqWWRq8RAOunwu_EZK_Pw-hUxQsJgYuu9a/s2048/IMG_20210903_141048903_HDR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo5ZxSavb2L_cMDAJt6W65mmkoX7p98PxY_K9WNk0Evrsmm5ZrrmVn1cXLE9f5qix_3zU1ljk0F74TJSHjTT2C25QoeCV2vZqF46grtZp8pxpqWWRq8RAOunwu_EZK_Pw-hUxQsJgYuu9a/s320/IMG_20210903_141048903_HDR.jpg" width="180" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNHDjhBud-Lqk4WloqnIXyqEebIHaZfRtOTzZrIW1gnaJUdjKADwmaNxQPN_yC79fum_7-yszRaYibuqWZtc9KOrYj0jnwlB8mYTxRibhhfcBV81EZRnBGELWxRQ28iSg3QcHXBntnC5g1/s2048/IMG_20211018_210038540.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNHDjhBud-Lqk4WloqnIXyqEebIHaZfRtOTzZrIW1gnaJUdjKADwmaNxQPN_yC79fum_7-yszRaYibuqWZtc9KOrYj0jnwlB8mYTxRibhhfcBV81EZRnBGELWxRQ28iSg3QcHXBntnC5g1/s320/IMG_20211018_210038540.jpg" width="180" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-67450047826746482132021-10-24T17:48:00.000-07:002021-10-24T17:48:40.904-07:00IMPÉRIO OTOMANO COMO SUCESSOR DO IMPÉRIO ROMANO CHRIS WICKHAM<p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8rSX2QyIJiPXYEUgfsGcI3rLahBfXMSgIZi5_iwGwYJDYWPNtsJnviuuWErabiuOlh6_UPhvyaQJWpMqgaMJZGRGyI_-vYNZrhrnBFG05b0t7hPbazqcfzEZrcZLH_peQh2pMDGaBNV_4/s2048/IMG_20210921_210604868.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8rSX2QyIJiPXYEUgfsGcI3rLahBfXMSgIZi5_iwGwYJDYWPNtsJnviuuWErabiuOlh6_UPhvyaQJWpMqgaMJZGRGyI_-vYNZrhrnBFG05b0t7hPbazqcfzEZrcZLH_peQh2pMDGaBNV_4/w360-h640/IMG_20210921_210604868.jpg" width="360" /></a></b></div><b><br /><span style="color: red;"><br /></span></b><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">É CERTO DIZER QUE O IMPÉRIO ROMANO DUROU ATE À PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL, QUANDO O ESTADO OTOMANO COLAPSOU?</span></b></p><p style="text-align: justify;">Sim, da leitura do presente livro é possível dizer que, em certo sentido, o Império Romano durou até o colapso o Império Otomano, em 1918, no final da Primeira Guerra Mundial.</p><p style="text-align: justify;">Por que o autor afirma isso?</p><p style="text-align: justify;">A afirmação se baseia no fato de que o Império Otomano utilizou algumas das estruturas fiscais e administrativas básicas do passado romano/bizantino na construção do seu próprio Estado. A própria capital do Império Otomano, Istambul, foi erigida sobre a antiga capital do Império Romano do Oriente (Império Bizantino), Constantinopla. </p><p style="text-align: justify;">O que colapsou, portanto, no século V, foi o Império Romano do Ocidente. O Império Romano do Oriente, com base na sua capital em Constantinopla, iria durar ainda quase mil anos, sob o nome de Império Bizantino, <b><i><span style="font-family: arial;">",,,embora os seus habitantes se chamassem a si próprios romanos até ao seu fim.."</span></i></b> (página 53)</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"Por que razão caiu o Império Romano? A resposta curta é dizer que não caiu. Metade do império, a sua metade oriental (os atuais Bálcãs, Turquia, Levante, Egito), governada a partir de Constantinopla, continuou a existir sem problemas durante o período de desagregação imperial e da conquista por forasteiros da metade ocidental (correspondente ao atual território da França, Espanha, Itália, norte da África e Bretanha), ocorrida no século V."</span></i></b> (página 53)</p><p style="text-align: justify;">O autor justifica a ideia de que o Império Romano sobreviveu até o século XX dizendo que não pretende <b><i><span style="font-family: arial;">"evocar a imagem de um passado que nunca muda. Existem sempre elementos do passado no presente, mas tal não significa que não tenha havido grandes mudanças."</span></i></b> (página 53)</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "EUROPA MEDIEVAL", CHRIS WICKHAM, EDITORA EDIÇÕES 70</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-49769259078342003082021-10-19T17:01:00.002-07:002021-10-19T17:01:38.470-07:00A Decisão da Alemanha Nazista de romper o Pacto Ribbentrop Molotov e preparar uma Guerra contra a União Soviética<p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUDJWh5e4hsDhPRTBaIm5Y-612W4Q-M5fgn1X9Tj_jCZU2GsvHEngKdgB0F26FBNmbrZt2ca43pgstpwASU5h4iFkb8T5vBgIPhlpTnC4eOzv4J_j0J40GuLsJX8NWGAPdfdNpDS110KP6/s1414/HITLER+MOLOTOV.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="977" data-original-width="1414" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUDJWh5e4hsDhPRTBaIm5Y-612W4Q-M5fgn1X9Tj_jCZU2GsvHEngKdgB0F26FBNmbrZt2ca43pgstpwASU5h4iFkb8T5vBgIPhlpTnC4eOzv4J_j0J40GuLsJX8NWGAPdfdNpDS110KP6/w400-h276/HITLER+MOLOTOV.jpg" width="400" /></a></b></div><b><br /><div style="text-align: center;"><b><span style="color: #2b00fe; font-family: Bebas Neue;">Encontro de Hitler com Molotov, Novembro de 1940</span></b></div></b><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red; font-family: georgia;">NEGOCIAÇÕES ENTRE A ALEMANHA NAZISTA E A UNIÃO SOVIÉTICA. 12 DE NOVEMBRO DE 1940. MOLOTOV VAI A BERLIM PARA SE ENCONTRAR COM HITLER E RIBBENTROP. NEGOCIAÇÕES PARA A CONTINUIDADE DO ACORDO NAZI-SOVIÉTICO, ASSINADO EM 23 DE AGOSTO DE 1939. DIRETIVA N°21 A DECISÃO DE HITLER DE ATACAR A UNIÃO SOVIÉTICA, DEZEMBRO DE 1940.</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">MOLOTOV VAI A BERLIM:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Em 12 de novembro de 1940, Molotov, o Ministro das Relações Exteriores da União Soviética, vai a Berlim para negociar a continuidade do Pacto Ribbentrop/Molotov, o acordo Nazi-Soviético assinado em 23 de agosto de 1939. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"O tempo não ofereceu um bom presságio na chegada de Molotov a Berlim. Céus de chumbo e chuva fustigante receberam o Ministro do Exterior soviético na capital de Hitler."</span></i></b> (página 224)</p><p style="text-align: justify;">Nessa viagem, Molotov se encontrou com Ribbentrop, Ministro das Relações Exteriores da Alemanha Nazista e com o próprio Hitler.</p><p style="text-align: justify;">Nesse momento, tanto a Alemanha quanto a União Soviética desejavam manter o acordo. Mas esse era o único ponto em comum entre as duas ditaduras, pois de resto não havia pontos de convergência. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">A POSIÇÃO ALEMÃ:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Os alemães estavam desgostosos com o comportamento da União Soviética. A Alemanha se via como a única parte do acordo que tinha se arriscado, entrando em guerra contra a Polônia, a Grã-Bretanha e a França. Enquanto isso, a União Soviética anexou territórios nos países Bálticos (Letônia, Lituânia, Estônia), no leste da Polônia e na Bessárabia e na Bucovina, sem precisar disparar um tiro sequer. </p><p style="text-align: justify;">A parte econômica do acordo, consistente no envio de matéria-prima soviética para a indústria alemã, também não estava sendo vantajosa para a Alemanha.</p><p style="text-align: justify;">A Alemanha queria que a União Soviética se abstivesse da Europa. A Alemanha não via com bons olhos o desejo da União Soviética de se imiscuir em assuntos europeus. A URSS já tinha anexado os países bálticos, uma parte da Finlândia, o leste da Polônia, a Bessarária e a Bucovina. Para a Alemanha seria melhor que a União Soviética se concentrasse na expansão territorial para o sul, na direção do Golfo Pérsico/Oceano Índico, onde iria se chocar com os interesses da Grã-Bretanha. Esse seria o melhor dos mundos para a Alemanha nazista: </p><p style="text-align: justify;">Ver a URSS esquecer a Europa, deixando-a para a Alemanha, expandindo-se para a região do Golfo Pérsico e do Oceano Índico, chocando-se com os interesses do Império Britânico. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"Hitler claramente queria a União Soviética de Stalin fora da Europa, incapaz de intrometer-se em assuntos balcânicos, ou do mar Báltico e do Bósforo. Ao tentar empurrar a URSS para o sul, canalizando suas ambições para o Oceano Índico e o 'falido' Raj britânico, ele não só queria alcançar esse objetivo mas também levar a União Soviética a um conflito com os britânicos, o que desestabilizaria a URSS e impossibilitaria qualquer suposta reaproximação anglo-soviética."</span></i></b> (página 242)</p><p style="text-align: justify;">Para conseguir convencer a URSS de seu plano, Ribbentrop e Hitler, em novembro de 1940, tentaram convencer Molotov de que a guerra já tinha praticamente acabado, com a Grã-Bretanha em vias de se render, de forma que o Império Britânico poderia então ser dividido entre a Alemanha e a União Soviética. A ironia da história é que, durante a estada de Molotov em Berlim, em meados de novembro de 1940, aviões britânicos bombardearam a cidade, mostrando que a Grã-Bretanha estava longe de uma rendição.</p><p style="text-align: justify;">Num desses bombardeios, Molotov e Ribbentrop foram se refugiar num abrigo, num bunker.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"Enquanto Molotov e Ribbentrop discutiam como dividir o mundo fora do bunker, portanto, ouviram sem dúvida a cacofonia do ataque aéreo (britânico), particularmente o gemido ondulante das sirenes e os sustentados disparos das baterias antiaéreas de Berlim. Naquelas circunstâncias, as reiteradas afirmações de Ribbentrop de que os britânicos estavam acabados e a guerra contra a Grã-Bretanha 'ja estava ganha' devem ter soado um pouco prematuras. De acordo com Stalin, Molotov conteve as presunções de Ribbentrop com uma estocada certeira, perguntando 'por que estamos neste abrigo e de quem são essas bombas que caem', se a Grã-Bretanha tinha sito derrotada. Ribbentrop finalmente calou-se, tinha tinha o que responder." </span></i></b>(páginas 239/240)</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">A POSIÇÃO DA UNIÃO SOVIÉTICA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">A União Soviética via-se em ótima situação. Tinha tido ganhos territoriais sem precisar entrar em guerra. Estava em paz, enquanto via Alemanha e Grã-Bretanha brigando entre si. Stálin tinha o desejo de manter o acordo Ribbentrop-Molotov. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"No que dizia respeito a Moscou, as negociações deveriam continuar. As conversações de Berlim tinham sido apenas a abertura do processo."</span></i></b> (página 240)</p><p style="text-align: justify;">A União Soviética, no encontro de novembro de 1940, deixou claro sua posição:</p><p style="text-align: justify;">- A Finlândia deveria fazer parte de sua esfera de influência, não aceitando qualquer ingerência alemã ali</p><p style="text-align: justify;">- A União Soviética queria ter alguma forma de controle sobre os estreitos de Dardanelos e Bósforo. A União Soviética queria uma garantia de que suas bases no Mar Negro não seriam atacadas por meio desses estreitos pertencentes à Turquia. </p><p style="text-align: justify;">- Queria que a Alemanha explicasse as razões do acordo Tripartite entre esta, a Itália e o Japão. </p><p style="text-align: justify;">- A União Soviética tinha interesse na expansão para o sul do Cáucaso, na direção do Golfo Pérsico</p><p style="text-align: justify;">- A União Soviética também tinha interesse no status dos estreitos de Kattegat e Skagerrak , que ligam o Mar Báltico ao Mar do Norte, e depois ao Oceano Atlântico.</p><p style="text-align: justify;">- A União Soviética queria discutir a neutralidade da Suécia.</p><p style="text-align: justify;">- A União Soviética ainda queria discutir assuntos relacionados à Hungria e à Iugoslávia.</p><p style="text-align: justify;">Como vemos então, a União Soviética, ao contrário do que desejava a Alemanha, tinha interesses na Europa. Não se contentaria apenas com uma expansão para o sul, em direção ao Golfo Pérsico e Oceano Índico. A União Soviética também tinha interesses na Europa.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">A DECISÃO DA ALEMANHA NAZISTA DE ATACAR A UNIÃO SOVIÉTICA - UMA DECISÃO ESTRATÉGICA, NÃO IDEOLÓGICA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Em novembro de 1940, a Hitler ainda não tinha batido o martelo no sentido de ordenar um ataque à União Soviética. O encontro de novembro de 1940 entre Hitler e Molotov não tinha a intenção de enrolar os soviéticos. Ainda havia, por parte dos nazistas, a intenção de manter o acordo Nazi-Soviético. Os alemães, na realidade, naquela altura dos acontecimentos, mantinham todas as possibilidades em aberto: solução diplomática e solução militar. Uma solução militar contra a URSS já tinha sido aventada por Hitler em julhos de 1940, mas sem maiores consequências. </p><p style="text-align: justify;">A decisão concreta de realmente travar uma guerra contra a União Soviética só veio em dezembro de 1940, por meio da Diretiva número 21. O que desencadeou essa decisão extrema foi o comportamento da União Soviética durante a Conferência do Danúbio - Comissão Internacional do Danúbio (outubro/dezembro de 1940). </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"A Comissão Internacional do Danúbio pertencia a esse tipo de organização regional cujas atividades raramente afetam os negócios internacionais (...) fazia reuniões periódicas, e em várias iterações, para regulamentar o tráfego no Danúbio e servir de fórum para as potências vizinhas resolverem suas diferenças. Mas, em 1940, aquilo que até então tinha sido uma questão bastante provinciana já se tornara o joguete das ditaduras totalitárias europeias, com a Alemanha e a União Soviética - esta ultima uma 'Potência Danubiana' - disputando a supremacia."</span></i></b> (página 244)</p><p style="text-align: justify;">Mais uma vez, para desgosto dos alemães, a União Soviética resolver se meter em assuntos europeus, agora sobre a regulação da navegação no Rio Danúbio. Esse comportamento soviético foi a gota d'água que fez o copo alemão transbordar. Estava claro para a Alemanha que a URSS não iria deixar a Europa somente para a Alemanha. Diante disso, Hitler resolveu emitir ordens para o planejamento de um ataque à União Soviética. </p><p style="text-align: justify;">Tudo o que acima foi dito comprova que o que levou Hitler a preparar uma guerra contra a URSS foi a questão estratégica, nada tendo a ver com ideologia.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"A maior queixa do Fuhrer contra Moscou, portanto, não era ideológica, mas estratégica. A virada contra a União Soviética costuma ser descrita quase exclusivamente em termos ideológicos, como expressão de um preconceito antibolchevique que vinha de longa data e nunca foi suprimido por completo. Há qualquer coisa de verdade nisso, claro. (...) Mas preocupações estratégicas e geopolíticas ainda tinham mais influência do que a ideologia (...) Consequentemente, só em dezembro, quando Moscou insistiu mais uma vez em seu papel europeu durante a conferência da Comissão Danubiana, quando a resposta soviética às propostas de Ribbentrop em Berlim foram recebidas e as perspectivas de uma solução negociada pareciam esgotadas, é que Hitler tomou a decisão irrevogável de atacar Stalin. Esse nexo fica mais claro quando se leva em conta o momento escolhido. A conferência da Comissão Danubiana finalmente entrou em colapso em 17 de dezembro, com as delegações italiana e soviética trocando socos. Na manhã seguinte, Hitler baixou sua Diretiva número 21, ordenando às forças alemãs que preparassem para 'esmagar a Rússia soviética numa campanha fulminante'. Com isso, a sentença de morte do Pacto Nazi-Soviético foi decretada - e nasceu a Operação Barbarossa."</span></i></b> (página 246)</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "O PACTO DO DIABO, A ALIANÇA DE HITLER COM STALIN, 1939-1941", ROGER MOORHOUSE, EDITORA OBJETIVA</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhJSF2POP-8rQNdsN02H7oYiCP8YR0uWtm5vk7baP7CnuOJPwXCWZe1mV3U6nL22hoIzwzNRRzzoz1w5sI1IODKCHe7TxPWvHFMl4PDfDhWhuk-ZxpSv8sEPaE2DQpve85B0b-O7t6Ovud/s2048/IMG_20210419_221025169.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhJSF2POP-8rQNdsN02H7oYiCP8YR0uWtm5vk7baP7CnuOJPwXCWZe1mV3U6nL22hoIzwzNRRzzoz1w5sI1IODKCHe7TxPWvHFMl4PDfDhWhuk-ZxpSv8sEPaE2DQpve85B0b-O7t6Ovud/w225-h400/IMG_20210419_221025169.jpg" width="225" /></a></b></div><b><br /><span style="color: #2b00fe;"><br /></span></b><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-856239004524776942021-10-18T17:12:00.001-07:002021-10-18T17:12:21.680-07:00Um Príncipe árabe traído pela Grã-Bretanha Nascimento da Arábia Saudita<p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4dM0b1qKVy8EOvlbSi2saToCdtchcFQAPfuuQhyphenhyphenK9StPv06TsYYD24zl06KAQoToyB_fSdFCNkWUhjloCCxADBhQZHVI7abiDIRnnh0Hh025dc-quUmojXaJLR5fX2pRBHkVXVzKRM5Gr/s2048/2021_10_18+09_13+Office+Lens.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4dM0b1qKVy8EOvlbSi2saToCdtchcFQAPfuuQhyphenhyphenK9StPv06TsYYD24zl06KAQoToyB_fSdFCNkWUhjloCCxADBhQZHVI7abiDIRnnh0Hh025dc-quUmojXaJLR5fX2pRBHkVXVzKRM5Gr/w300-h400/2021_10_18+09_13+Office+Lens.jpg" width="300" /></a></b></div><b><br /><div style="text-align: center;"><b><span style="color: #2b00fe; font-family: verdana;">No centro da foto, Emir (Príncipe) Faisal, filho do Xarife de Meca Hussein. Ele iria se tornar, pelas mãos dos Britânicos, Rei do Iraque</span></b></div></b><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red; font-family: verdana;">UM PRÍNCIPE ÁRABE TRAÍDO PELA GRÃ-BRETANHA. DOIS PRÍNCIPES ÁRABES LUTANDO PELO DOMÍNIO DA PENÍNSULA ARÁBICA. QUEDA DO IMPÉRIO OTOMANO. SURGIMENTO DA ARÁBIA SAUDITA.</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;"><br /></span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">UM PRÍNCIPE ÁRABE TRAÍDO PELA GRÃ-BRETANHA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">O príncipe árabe traído pela Grã-Bretanha foi o Xarife Hussein Ibn Ali de Meca. </p><p style="text-align: justify;">Hussein era da tribo Hachemita, a mesma de Maomé. Era o xarife de Meca, a cidade sagrada do islã. Xarife era o título dado ao descendente de Maomé (Muhammad). Era ainda senhor da província de Hejaz, localizada no oeste da península arábica, na costa do mar vermelho. Hussein era vassalo do Império Otomano. Meca e o Hejaz faziam parte do Império Otomano</p><p style="text-align: justify;">Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, a Grã-Bretanha passou a negociar com Hussein. O Império Otomano tinha entrado na guerra ao lado da Alemanha. A Grã-Bretanha viu em Hussein um possível aliado contra o Império Otomano. </p><p style="text-align: justify;">Em troca do apoio de Hussein na guerra contra os Otomanos, a Grã-Bretanha prometeu a criação de um Reino Árabe independente, que abrangeria as atuais Síria, Líbano, Iraque, Israel, Jordânia, Cisjordânia, Faixa de Gaza e o Hejaz. Esse Reino Árabe seria então dado a Hussein e aos seus filhos, Faisal e Abdullah.</p><p style="text-align: justify;">Hussein então, ao lado de seus filhos, deu início a uma rebelião contra os Otomanos. Em julho de 1917, Faisal tomou a fortaleza otomana de Ácaba, localizada atualmente na Jordânia. Com a ajuda dos britânicos, os árabes as forças otomanas na Síria, tomando a cidade de Damasco.</p><p style="text-align: justify;">Terminada a Primeira Guerra Mundial, Hussein foi traído pelos britânicos e pelos franceses. As atuais Síria e Líbano foram dadas para a França. A Palestina (atuais Israel, Jordânia, Faixa de Gaza, Cisjordânia) e o Iraque ficaram com a Grã-Bretanha. No fim, Hussein teve que se contentar com a província do Hejaz, com suas cidades de Meca, Medina e Jidá (Jedah). </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">DOIS PRÍNCIPES ÁRABES LUTANDO PELO DOMÍNIO DA PENÍNSULA ARÁBICA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">O Xarife de Meca, Hussein, além de ter sido traído pela Grã-Bretanha, se deparou com outro problema: a ascensão de Ibn Saud, um governante árabe cujo centro de poder localizava-se no centro da península arábica, num oásis próximo da cidade de Diriyah. </p><p style="text-align: justify;">O poder de Ibn Saud foi resultado da união de seus antepassados com um movimento reformista islâmico, o Wahabismo. O Wahabismo foi criado por Muhammad Ibn Abd al-Wahab. O Wahabismo defendia um retorno ao islã puro do profeta e seus sucessores, os califas. O Wahabismo defendia que o islã que voltasse no tempo, englobando os três primeiros séculos do islã após a revelação do Alcorão. Tudo o que tinha vindo depois deveria ser descartado.</p><p style="text-align: justify;">Num primeiro momento, os antepassados de Ibn Saud e os seguidores do Wahabismo foram contidos pelo Império Otomano, por meio dos exércitos de Muhammad Ali, o senhor do Egito.</p><p style="text-align: justify;">Mas no século XIX o movimento reformista do Wahabismo retornou, mais uma vez com o patrocínio da família saudita. A expansão dos sauditas, sob o comando de Ibn Saud, foi rápida. Partindo do coração da península arábica (Najd), os sauditas conquistaram áreas da península arábica na costa do Golfo Pérsico. Enquanto o Xarife de Meca, Hussein, lutava contra os Otomanos, os sauditas se expandiam pela península arábica, chegando nas proximidades do Hejaz. </p><p style="text-align: justify;">Com o fim da Primeira Guerra Mundial, as forças de Ibn Saud partiram de Riad (atual capital da Árabia Saudita) para conquistar o Hejaz de Hussein. Os ingleses nada fizeram para socorrer seu antigo aliado Hussein, Sozinho, Hussein foi derrotado pelos sauditas e teve que abandonar a sua terra.</p><p style="text-align: justify;">Ibn Saud, depois de derrotar Hussein, unificou grande parte da península arábica sob o seu governo. Ibn Saud então renomeou seu reino, criando o moderno estado da Arábia Saudita. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Hussein ajudou os ingleses a derrotar o Império Otomano. Hussein foi traído pelos ingleses, que não o ajudaram na luta contra os sauditas. Os ingleses ainda não entregaram o prometido Reino Árabe. </p><p style="text-align: justify;">Mas os ingleses deram dois prêmios de consolação a Hussein:</p><p style="text-align: justify;">Faisal, um dos filhos de Hussein, foi premiado com o Reino do Iraque.</p><p style="text-align: justify;">Abdullah, outro filho de Hussein, foi premiado com o Reino da Transjordânia (atual Jordânia)</p><p style="text-align: justify;">Esses dois prêmios de consolação dados aos filhos de Hussein foram denominados de Solução Xarifiana.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"Como Secretário das Colônias, Winston Churchill, explicou à Câmara dos Comuns em junho de 1921: 'Estamos cada vez mais inclinados para o que eu chamaria de solução xarifiana, tanto na Mesopotâmia, para onde se encaminha agora o emir Faisal, como para a Transjordânia sob o atual comando do emir Abdullah.' Ao pôr no trono dos mandatos britânicos os filhos de Hussein, Churchill esperava de alguma forma redimir as promessas quebradas da Grã-Bretanha aos hachemitas, ao mesmo tempo que assegurava ao Reino Unido governantes leais e dependentes em suas possessões árabes."</span></i></b> (página 262/263)</p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #2b00fe;"><b>ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "OS ÁRABES, UMA HISTÓRIA" EUGENE ROGAN, EDITORA ZAHAR</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #2b00fe;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #2b00fe;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUaYkCc2wKyXHJ-l02_k4HtLE6HuFh4xNOLbvXbTIg2iEGJaH9CeJonucCo40XlS4HHtlQdayhvwN0FZjS0kauv-Bsu1W4S0dxRZQeYE15173Uw_Mil71XZhQeJZTMmjcuxlVhBEFrTQBn/s2048/IMG_20211018_210048160.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUaYkCc2wKyXHJ-l02_k4HtLE6HuFh4xNOLbvXbTIg2iEGJaH9CeJonucCo40XlS4HHtlQdayhvwN0FZjS0kauv-Bsu1W4S0dxRZQeYE15173Uw_Mil71XZhQeJZTMmjcuxlVhBEFrTQBn/w225-h400/IMG_20211018_210048160.jpg" width="225" /></a></span></div><span style="color: #2b00fe;"><br /><b><br /></b></span><p></p>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-82844244830009057712021-09-28T17:01:00.001-07:002021-09-28T17:01:10.607-07:00Clientelismo Patronato no Império Romano<p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxXsHDIN4EPsAfYsw2Y2GB-ebgRSAmYXmf0my3QBDnpLNzbrTktlTQVaCLBbObRjG4Iw84iYdI3f36ZbFqQBPw5D6aWeXvf7jmgA7rPokMYqryZmeeArw4K-TrYoNI7IP59GlFHWvbtTIl/s2048/IMG_20210925_213429518.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxXsHDIN4EPsAfYsw2Y2GB-ebgRSAmYXmf0my3QBDnpLNzbrTktlTQVaCLBbObRjG4Iw84iYdI3f36ZbFqQBPw5D6aWeXvf7jmgA7rPokMYqryZmeeArw4K-TrYoNI7IP59GlFHWvbtTIl/w360-h640/IMG_20210925_213429518.jpg" width="360" /></a></b></div><b><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><span style="color: red;"><br /></span></b><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">CLIENTELISMO NO IMPÉRIO ROMANO</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">> PATRONATO</span></b></p><p style="text-align: justify;">Quem tem padrinho não morre pagão. Essa máxima se aplicava ao dia a dia do Império Romano. </p><p style="text-align: justify;">Em Roma, quem tinha poder tinha uma rede de clientes, na qual podia buscar ajuda. Essas redes clientelares significavam que alguém tinha boas conexões eclesiásticas ou governamentais. Em Roma, você não podia ser bem sucedido sem um padrinho, sem um patrono. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">"Sinésio, bispo de Ptolemais, na Cirenaica (atual leste da Líbia), entre 411 e 413, enfrentou um governador brutal, Andronikos, na sua chegada como bispo. Andronikos, como reclama Sinésio em suas cartas, era particularmente violento com os senadores, causando a morte de um deles por supostas infrações fiscais. Sinésio conseguiu que ele fosse demitido, o que mostra que somente um bispo determinado e com boas conexões em Constantinopla poderia confrontar o abuso de poder - ou então que um oficial local, fosse ele bom ou mau, poderia não sobreviver a um ataque frontal de um determinado oponente político com suas próprias redes clientelares, eclesiásticas ou governamentais."</span></i></b> (página 62)</p><p style="text-align: justify;">Na administração civil era necessário ter dinheiro para buscar nomeações e para manter uma rede de patronato. O suborno era algo comum.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">"No exército acontecia a mesma coisa; embora ele fosse mais aberto ao mérito, todos os generais de sucesso tornaram-se ricos."</span></i></b> (página 70)</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "O LEGADO DE ROMA, ILUMINANDO A IDADE DAS TREVAS, 400-1000", CHRIS WICKHAM, EDITORA UNICAMP</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-40186355776352653212021-09-25T17:41:00.001-07:002021-09-25T17:41:29.916-07:00Os Vizinhos do Mundo Romano<p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9VitDjZBN8VXq1sQDEJAsEzbl7MgZhPqD0dLhjclNK8kt0-fkhK_D2eVCep9SgcwXaLkVJYlmXOtorxesOj_MBotHYgzTnmBXuBMN61qkh6QrX2xuCUZ91z8nzWtJbMR1dlF4R4vCrZug/s2048/IMG_20210925_213443428.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9VitDjZBN8VXq1sQDEJAsEzbl7MgZhPqD0dLhjclNK8kt0-fkhK_D2eVCep9SgcwXaLkVJYlmXOtorxesOj_MBotHYgzTnmBXuBMN61qkh6QrX2xuCUZ91z8nzWtJbMR1dlF4R4vCrZug/w360-h640/IMG_20210925_213443428.jpg" width="360" /></a></b></div><b><br /><span style="color: red;"><br /></span></b><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">OS OUTROS:</span></b></p><p style="text-align: justify;">O mundo romano tinha seus vizinhos. Eram então os "outros". Esses outros despertavam nos romanos sentimentos de incompreensão e de desprezo. Esses "outros" podiam receber o nome de 'barbari", os bárbaros. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">VIZINHO DO LESTE:</span></b></p><p style="text-align: justify;">A leste havia a Pérsia, então governada pela dinastia Sassânida (220/640 d.C). </p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><i>"O estado persa era quase tão grande quanto o Império Romano, estendendo-se a leste para a Ásia Central e para o atual Afeganistão; (...) manteve-se unido por um complexo sistema fiscal, apesar de ter tido uma poderosa aristocracia militar também, ao contrário de Roma."</i></b></span> (página 86)</p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><i>"A Pérsia era uma ameaça contínua, porém estável: as guerras aconteciam apenas nas fronteiras, no máximo estendiam-se até a Síria, pelos 250 anos entre a desastrosa invasão de Juliano ao território que hoje é o Iraque (então o coração econômico e político da Pérsia), em 363, e a temporária conquista persa do Oriente romano, em 614-628, que culminou no cerco de Constantinopla, em 626."</i></b></span> (página 86)</p><p style="text-align: justify;">A maior parte dos persas adotava o zoroastrismo. Havia ainda minorias cristãs e judaicas. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"O Zoroastrismo certamente contribuiu para a 'estranheza' persa aos olhos romano; por exemplo, seus sacerdotes, chamados 'magoi', em grego, ou 'magi', em latim, deram seu nome à mágica em ambas as línguas, mesmo que a religião zoroastriana favorecesse uma teologia abstrata e rituais públicos, como fazia o cristianismo."</span></i></b> (página 87)</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">VIZINHOS DO SUL:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Na África os romanos tinham que lidar com os Berberes, que constituíam tribos nômades e seminômades do Saara e de suas margens. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"...por muito tempo essas (tribos berberes) não foram levadas a sério como ameaças militares, porém tais grupos estavam ganhando em coerência social e militar, em grande parte como resultado da influência romana."</span></i></b> (página 87)</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">VIZINHOS NA BRITÂNIA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">A Britânia corresponde hoje à Inglaterra, Escócia, Irlanda e Irlanda do Norte. Nos tempos romanos, os vizinhos da Britânia romana eram os Pictos a norte e os irlandeses a oeste. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">VIZINHOS DAS FRONTEIRAS DOS RIOS DANÚBIO E RENO:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Francos, Frísios, Saxões, Godos, Alamanos, Longobardos, Lombardos, Quados e muitos mais. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-size: medium;">"A longa fronteira do Reno e do Danúbio voltava-se para comunidades tribais, em sua maioria falantes de línguas germânicas, que os historiadores, desde Tácito, no século I, tinham visto como um bloco, os 'germani', apesar de não haver qualquer evidência de que essas pessoas reconhecessem algum vínculo comum. Os principais grupos ao longo da fronteira eram, por volta do século IV, os francos, no Baixo Reno, os alamanos, no centro e no Baixo Reno, e os godos, no Baixo Danúbio e no noroeste das estepes do que é hoje a Ucrânia. Mais para trás estavam os frísios, na moderna Holanda, os saxões, ao norte da moderna Alemanha, os vândalos e longobardos e lombardos , a leste. Esses eram os principais grupos, porém havia dúzias de outros. Os quados, que se localizavam no que são agora a Eslováquia e a Hungria, são dignos de menção, talvez apenas porque, depois de travarem uma pequena guerra contra Valentiniano I, em 374/375, reuniram-se com o imperador e argumentaram (corretamente, de fato) que seus próprios ataques eram uma justificada e, em grande parte, defensiva resposta à agressão romana: isso foi visto por Valentiniano como algo tão insolente que ele teve um ataque apoplético e morreu."</span></i></b> (página 88/87)</p><p style="text-align: justify;"><b>ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "O LEGADO DE ROMA, ILUMINANDO A IDADE DAS TREVAS, 400-1000", CHRIS WICKHAM, EDITORA UNICAMP.</b></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhifyIBn7QoXGTYEfOHcVoVOVHhswNS4S1oEZDupABOZT9Wb6fZKj-rzoeIdFNPIw8Op9e8obpZkGBDCzVexTHCuARnhHXsAZMymxDKzUDPxziU0Z2zsHHgJy_2beHBg_ua-SZBbaCKidm9/s2048/IMG_20210925_213429518.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhifyIBn7QoXGTYEfOHcVoVOVHhswNS4S1oEZDupABOZT9Wb6fZKj-rzoeIdFNPIw8Op9e8obpZkGBDCzVexTHCuARnhHXsAZMymxDKzUDPxziU0Z2zsHHgJy_2beHBg_ua-SZBbaCKidm9/s320/IMG_20210925_213429518.jpg" width="180" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-52151978956896057652021-09-21T17:14:00.002-07:002021-09-21T17:14:14.355-07:00Idade Média Séculos XI XII Desagregação do Poder Político<p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTJZzCZfFBYYmH2Jg9QVmmpH60xti2ES2r2FkPDXqCuui9FMBGwPk8vRn0Jq0FudGcWQ7tyU1vqd9hU-M2yic7SkIY_6FhfZJc3afLyu1zW6SXo-Hy2ALD-CuYwxyKNnb_fyPbebdEYzFr/s2048/IMG_20210921_210604868.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTJZzCZfFBYYmH2Jg9QVmmpH60xti2ES2r2FkPDXqCuui9FMBGwPk8vRn0Jq0FudGcWQ7tyU1vqd9hU-M2yic7SkIY_6FhfZJc3afLyu1zW6SXo-Hy2ALD-CuYwxyKNnb_fyPbebdEYzFr/w360-h640/IMG_20210921_210604868.jpg" width="360" /></a></b></div><b><br /><span style="color: red;"><br /></span></b><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">CARACTERÍSTICA GERAL DA IDADE MÉDIA NOS SÉCULOS XI E XII:</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"Os poderes políticos tornaram-se mais locais e mais cuidadosamente delimitados."</span></i></b> (página 187)</p><p style="text-align: justify;">Os poderes políticos (de maior escala) centralizados no Império Romano do Ocidente e do Império Carolíngio deram lugar, nos séculos XI e XII, a uma estrutura celular de poder, representada por senhores locais (entidades políticas baseadas nos senhorios, de escala mais reduzida e personalizada).</p><p style="text-align: justify;">Além de ser uma entidade política mais reduzida, ela dependia de relações pessoais. Eras as relações pessoais entre seu senhor e seu vassalo. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"Estamos, pois, perante uma estrutura política dependente de relações pessoais."</span></i></b> (página 160)</p><p style="text-align: justify;">Nessa época, só havia dois estados europeus com sistemas políticos de maior escala: O Império Bizantino, no sudeste europeu e, no sudoeste europeu, o estado Al Andalus. </p><p style="text-align: justify;">Havia ainda a Inglaterra e o Reino de Castela, nos quais o rei sempre conseguiu manter em suas mãos uma quantidade considerável de poder. Na Inglaterra, por exemplo, os senhores locais, em seus castelos, não tinham poder suficiente que os habilitasse a prescindir do poder real, pois ele era de tal ordem que, brigar com ele seria uma opção perdedora. Assim, o estado inglês organizava-se em torno de seu rei. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">DESAGREGAÇÃO DOS PODERES POLÍTICOS NOS SÉCULOS XI E XII:</span></b></p><p style="text-align: justify;">A desagregação do poder político foi um efeito, cuja causa residia nas políticas fundiárias num mundo no qual o Estado não era separadamente sustentado por uma política tributária. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">FRANÇA, EXEMPLO DE DESAGREGAÇÃO DO PODER POLÍTICO:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Na França dos séculos XI e XII o poder era descentralizado. O rei francês dominava um território que abrangia Paris, estendendo-se então 120 km até Orleães, no rio Loire. O resto do território era dividido entre vários senhores (duques, condes).</p><p style="text-align: justify;">Nos séculos XI e XII o rei francês não era visto como a figura de mais destaque em seu próprio reino. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">O RETORNO DA CONCENTRAÇÃO DO PODER NAS MÃOS DO MONARCA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">A descentralização do poder visto nos séculos XI e XII seria revertida nos séculos seguintes, com uma reconstrução de reinos poderosos.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"Porém, quando este poder foi reconstruído por esses governantes, e outros, baseou-se nesta estrutura celular de poderes de fato e não - ou em apenas pequena escala - nas práticas e ideologias reais do passado. O mundo público que os Carolíngios e Otonianos herdaram do Império Romano tinha desaparecido por quase toda a Europa e foi necessário reconstruí-lo em outros moldes."</span></i></b> (página 183)</p><p style="text-align: justify;">Governantes mencionados acima:</p><p style="text-align: justify;">Filipe II da França (1200-1210 século XIII)</p><p style="text-align: justify;">Rogério II da Sicília ( 1120 1140)</p><p style="text-align: justify;">Henrique II da Inglaterra</p><p style="text-align: justify;">Frederico Barba Ruiva na Alemanha, com menos sucesso</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: red;">ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "EUROPA MEDIEVAL", DE <span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; text-align: left;">Chris Wickham, Editora Edições 70</span></span></i></b></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; font-size: 15px; text-align: left;"><span style="color: #585858; font-family: Arial, sans-serif;">https://www.almedina.com.br/produto/europa-medieval-8094</span></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-46763320588295127782021-09-20T17:14:00.000-07:002021-09-20T17:14:30.103-07:00Não Chore Agora Você é Minha Esposa Rapto de Esposas Quirguistão<p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiyAiALjV1pcN52uCpPHa4LLXaXeDmiAvdQgyUx-HB3i_lkDBsHQLov-kpvGb_4dDq9mS61Pgwg8EXNeG099eYdhwAfhYQrmhjOAgalvt1jUhjA7PlapkUcp2vEvBUhzWEuB1v_rDD6hzc/s2048/IMG_20210807_205718326.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiyAiALjV1pcN52uCpPHa4LLXaXeDmiAvdQgyUx-HB3i_lkDBsHQLov-kpvGb_4dDq9mS61Pgwg8EXNeG099eYdhwAfhYQrmhjOAgalvt1jUhjA7PlapkUcp2vEvBUhzWEuB1v_rDD6hzc/w360-h640/IMG_20210807_205718326.jpg" width="360" /></a></b></div><b><br /><span style="color: red;"><br /></span></b><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">UM HOMEM ABORDA UMA MULHER E LHE DIZ:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Em algum lugar do Quirguistão, uma ex-república soviética, localizada na Ásia Central, um homem aborda uma mulher, com a qual nunca teve nenhum relacionamento, e lhe diz: </p><p style="text-align: justify;"><b>"Não chore, agora você é minha esposa"</b></p><p style="text-align: justify;">São com essas palavras que geralmente começa o sequestro de uma mulher no Quirguistão. </p><p style="text-align: justify;">Feito o sequestro, o sequestrador e provável futuro marido da sequestrada a leva para um local previamente acertado. Ali, geralmente a família de ambos, do sequestrador e da sequestrada, estão esperando por eles. </p><p style="text-align: justify;">Quando a mulher sequestrada chega ao local uma cerimônia é realizada, consistente na colocação de um xale branco em sua cabeça. Se a sequestrada aceitar o xale branco, é o sinal de que ele anuiu ao casamento.</p><p style="text-align: justify;">Em alguns casos, o sequestro é tão bem planejado que o sequestrador e a sequestrada são recebidos com uma festa, na qual, por vezes, a própria família da mulher sequestrada se faz presente, anuindo a tudo. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">AGARRE E CORRA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">No Quirguistão o sequestro de esposas é chamado de Ala Kuchuu, que significa "Agarre e Corra". </p><p style="text-align: justify;">Agarre a mulher que lhe interessa para ser sua esposa e corra com ela.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"As pessoas acham que esse costume (sequestro de esposas) é mencionado no Manas (poema épico quirguiz), um mal-entendido que se espalhou porque quase ninguém leu o poema de cabo a rabo. O Ala Kuchuu nem é mencionado no Manas. No passado, as mulheres eram raptadas durante a guerra, ou quando os dois noivos queriam fugir dos pais que se opunham ao casamento, ou quando o noivo não queria pagar o kalym, o dote nupcial."</span></i></b> (página 346)</p><p style="text-align: justify;">No Quirguistão, 1/3 dos casamentos são originados por meio desses sequestros. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial;">"Anteriormente, os sequestradores podiam ser multados em cerca de 100 mil somes, algo em torno de 1.300 dólares, e arriscavam pegar 3 anos de reclusão. A pena era mais severa para que roubava uma ovelha."</span></i></b> (página 346)</p><p style="text-align: justify;">A punição passou a ser de 7 anos de prisão incondicional, mas o risco de algum sequestrador de noivas ser punido é mínimo. Um em cada 1500 homens é condenado pelo sequestro de uma mulher para se casar com ela. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">POR QUE UMA MULHER ACEITA SE CASAR COM O SEU SEQUESTRADOR?</span></b></p><p style="text-align: justify;">Geralmente, uma mulher sequestrada aceita se casar com o seu sequestrador por pressão da própria família. </p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="font-family: arial;">"As mulheres mais velhas fazem pressão psicológica: << Nós também fomos raptadas, choramos mas tivemos filhos e esquecemos de tudo. Olhe para nós agora. Temos filhos e moramos numa bela casa>>"</span></b></i>(página 347)</p><p style="text-align: justify;">Essas mulheres mais velhas são da família do sequestrador e podem ser até da família da sequestrada.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "SOVIETISTÃO, UMA HISTÓRIA DO CAZAQUISTÃO, DO TADJIQUISTÃO, DO USBEQUISTÃO, DO QUIRGUISTÃO E DO TURCOMENISTÃO", ERICA FATLAND, EDITORA ÂYINÉ</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-65528908754904151822021-09-05T17:30:00.003-07:002021-09-05T17:30:30.409-07:00A desunião da Umma A Comunidade Muçulmana Xiitas Sunitas Abássidas Omíadas<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghFXIrqdXY5T9LP1P9_ne66WDp9SpDC7gFTLl0LZm98qJoClc22Q4MchjJMdslEavMd1xHW3rmHI3ogsd25xRv0Ak4Y6CYm96Xk4WasNxllAJfpvM253iA3A0bF4YtEGF7Ibb_PXO_H-Sm/s2048/IMG_20210903_141032755_HDR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghFXIrqdXY5T9LP1P9_ne66WDp9SpDC7gFTLl0LZm98qJoClc22Q4MchjJMdslEavMd1xHW3rmHI3ogsd25xRv0Ak4Y6CYm96Xk4WasNxllAJfpvM253iA3A0bF4YtEGF7Ibb_PXO_H-Sm/w360-h640/IMG_20210903_141032755_HDR.jpg" width="360" /></a></div><br /> <p></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">ISLÃ:</span></b></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b>"Islam"</b></span> = Islã, o nome da religião. Ato de Submissão</p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b>"Muslim"</b></span> = Muçulmano = É aquele que se submente à vontade de Deus (Allah)</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">"Muhammad" (Maomé)</span></b> = Profeta, legislador, árbitro e líder espiritual e comandante militar. Muhammad foi o mensageiro de Deus, por meio do anjo Gabriel.</p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b>Profeta</b></span>: É o mensageiro de Deus. É o homem ao qual Deus havia falado. Maomé, na visão da religião islâmica, foi o último profeta. Houve outros, como Jesus, Jó, Abraão, Noé, Jonas. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Alcorão</span></b>: Registro das mensagens de Deus via anjo Gabriel a Muhammad (Maomé). </p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b>"Umma"</b></span> = Comunidade Muçulmana.</p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b>Califa = Khalifat Rasul Allah</b></span> = Sucessor do Mensageiro de Deus. </p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b>Caaba</b></span>: Abraão e seu filho Ismael encontraram a pedra negra e erigiram a Caaba em torno dela.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">UMMA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">A Umma é a comunidade muçulmana criada por Muhammad (Maomé), o profeta que viveu no século VII d.C. Por meio de um anjo, o islã foi revelado a Muhammad. </p><p style="text-align: justify;">Sob o lema de que <b><span style="color: red;">não existe deus algum além de Allah e que Muhammad é o seu mensageiro</span></b>, o Islã foi criado, reunindo-se em torno dele um grupo de devotos, que formou uma comunidade, a qual foi denominada Umma.</p><p style="text-align: justify;">No início, essa comunidade foi coesa. Maomé, na cidade de Meca, no Hijaz, oeste da atual Arábia Saudita, reuniu em torno de si um grupo de seguidores, que vinham de diversas tribos árabes. Maomé e seu grupo sofreram perseguição por parte dos pagãos árabes, que originalmente eram politeístas e tinham na Caaba, um ponto de peregrinação, na qual veneravam seus inúmeros deuses. </p><p style="text-align: justify;">Em 622, o ano inaugural do calendário muçulmano, Maomé e seus seguidores partiram de Meca e foram para a cidade de Medina, localizada no oeste da península arábica. Esse evento passaria para a história com o nome de Hijira (Hijra)</p><p style="text-align: justify;">Nos anos que se seguiram, Maomé e o seu islã conquistaram a cidade de Meca e tribos árabes espalhadas pela península arábica. O território dominado pelo Islã abrangia o Hijaz, algumas outras tribos árabes espalhadas pela península arábica. Nessa época, com Maomé no comando da Umma, não havia dissidências. Mas tão logo Maomé morreu, no ano de 632 (século VII), a comunidade muçulmana criada por ele, a Umma, passou a apresentar dissidências. </p><p style="text-align: justify;">O primeiro problema a ser resolvido consistia em achar um substituto para Maomé. A escolha recaiu sobre seu amigo Abu Bakr. Abu Bakr não seria um novo profeta, mas seria um Califa, o sucessor do Profeta. Tão logo assumir a posição de califa, Abu Bakr precisou agir rapidamente para impedir que a Umma se desintegrasse. De fato, com a morte de Maomé, vários tribos árabes não se viram mais obrigadas a pagar o tributo que viabilizava a existência de uma comunidade muçulmana. Abu Bakr teve que ir à guerra para demovê-las disso. Mas não foi só o medo de uma retaliação que manteve as tribos árabes unidas em torno da Umma. Abu Bakr ofereceu a elas a chance de enriquecimento, por meio de guerras contra os Impérios Sassânida (Pérsia) e Bizantino. Essas guerras resultavam em grandes pilhagens que, depois que 1/5 delas era reservado para a Umma, o restante era distribuído entre os guerreiros das tribos árabes que delas participavam.</p><p style="text-align: justify;">Abu Bukr morreu em 634. No lugar dele assumiu Umar (634/644). Após Umar, assumiu o califado um membro do clã Omíada, Uthmann (644/656).</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">XIITAS VERSUS SUNITAS:</span></b></p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">1) ALI, O PRIMEIRO MÁRTIR:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Com a morte de Uthmann, Ali, o primo e genro de Muhammad, assumiu o califado. Ali era filho de Abu Talib, tio e protetor de Muhammad. Ali foi a primeira pessoa que Muhammad conseguiu converter ao islamismo. Muhammad era órfão e foi criado pelo seu tio Abu Talib, que o protegeu dos pagãos de Meca enquanto seu sobrinho defendia o islamismo. Ali casou-se com Fátima, a filha de Muhammad. </p><p style="text-align: justify;">Ali daria início a uma nova divisão na Umma, entre xiitas e sunitas. </p><p style="text-align: justify;">Sunitas basicamente são os muçulmanos que reconhecem como legítimos os califas Abu Bukr, Umar e Uthmann. Também iriam reconhecer como legítimos os califados Omíada e Abássida. </p><p style="text-align: justify;">Os xiitas (O partido de Ali - Shi'at Ali), por sua vez, só reconheciam como um legítimo governante da Umma islâmica a pessoa que fosse descendente de Muhammad (Maomé). E o único descendente de Maomé que havia era Ali, que era seu primo e genro. E havia ainda os filhos de Ali, Hasan e Husayn.</p><p style="text-align: justify;">Ali, como dissemos, foi feito califa. Mas seu califado foi tumultuado. Teve que enfrentar a oposição de Aisha, a ex-esposa de Muhammad e de dois aliados deste, naquilo que fico conhecida como a Batalha do Camelo, o primeiro confronto no qual dois exércitos muçulmanos se enfrentaram. Ali saiu vitorioso dessa batalha, mas acabaria enfrentando uma outra rebelião, comandada por Mu'awiya, que era governador da Síria. Em meio à rebelião, Ali acabaria sendo assassinado em 661, daí ter passado para a história como mártir. Mu'awiya então assumiu o califado e, por ser da tribo Omíada, seu período e dos seus sucessores passaria a ser denominado como Califado Omíada, com sua capital na cidade de Damasco. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">2) HUSAYN, O SEGUNDO MÁRTIR:</span></b></p><p style="text-align: justify;">Os xiitas voltaram à carga com Husayn, o filho de Ali. Em 680, Husayn e seus 72 guerreiros, na cidade de Carbala, atual Iraque, enfrentaram 10 mil soldados do califado Omíada. O resultado foi a morte de Husayn, que passou para a história como o segundo mártir.</p><p style="text-align: justify;">Husayn e Ali passariam para a história como os martirizados e seus partidários passariam para a história como xiitas, o Partido de Ali, contrapondo-se aos sunitas.</p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b>ABÁSSIDAS VERSUS OMÍADAS:</b></span></p><p style="text-align: justify;">O califado Omíada levaria o islã para a Península Ibérica (atuais Portugal e Espanha) e para além do rio Oxus (Amu Daria), na Ásia Central. Mas esse sucesso não fez com que o califado Omíada fosse aceito por todos os muçulmanos. O califado Omíada acabaria por ser derrubado e, no seu lugar, surgiria o Califado Abássida. </p><p style="text-align: justify;">O líder dos Abássidas era Abbas, que dizia descender de um tio de Maomé. Com os Abássidas, o centro do poder islâmico passou de Damasco para Bagdá, no Iraque. </p><p style="text-align: justify;">Mas nem o califado Abássida conseguiria fazer da Umma um todo coeso. O império islâmico era extenso e os califas abássidas não davam conta de torná-lo uniforme e unido. Governadores nomeados para áreas distantes descolavam-se de Bagdá e criavam eles próprios estados independentes. Um governador nomeado no ano 800 para Túnis, na atual Tunísia, fundou sua própria dinastia, a Aglábida. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">UMMA DESUNIDA:</span></b></p><p style="text-align: justify;">A Umma, a Comunidade Muçulmana, começou como algo coeso, formado apenas pelas tribos árabes que habitavam a península arábica. Com a expansão do século VII, a Umma passou a conter diversos membros de diversas etnias, culturas, religiões, etc. Foram incluídos na Umma os persas, os turcos, os habitantes da península ibérica, os berberes do norte da África, etc. Essa miríade de povos e a extensão do império islâmico, que abarcava o norte da África, a península ibérica, o oriente médio e a Ásia Central, tornou impossível manter a Umma unida sob um só poder. Enfim, apesar de todos esses povos testemunharem que não há deus algum além de Allah e que Muhammad (Maomé) é o seu mensageiro, eles nunca conseguiram se unir de forma a criar um todo coeso, que buscasse andar numa só direção, sob um só comando. </p><p style="text-align: justify;">E foi sempre assim. Durante a Primeira Guerra Mundial, quando o Império Otomano levantou a bandeira da Guerra Santa contra ingleses e franceses, obteve pouco ou nenhum sucesso. As tribos árabes acabaram se unindo com os cristãos ingleses na luta contra o sultão muçulmano líder do Império Otomano.</p><p style="text-align: justify;">E mais recentemente, quando Saddam Hussein apelou para uma guerra santa contra os ocidentais, nos anos de 1991 e 2003, igualmente não obteve êxito, vendo-se sozinho na luta contra americanos, ingleses, etc. Os muçulmanos da Síria, da Arábia, do Egito, da Jordânia não vieram em seu socorro, pelo contrário, alguns desses países forneceram bases militares para os exércitos dos EUA. </p><p style="text-align: justify;"><b>ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "UMA HISTÓRIA CONCISA DO ORIENTE MÉDIO", DE ARTHUR GOLDSCHMIDT JR, E IBRAHIM AL-MARASHI, EDITORA VOZES</b></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRz70XSLBdZ4GoIGKVhyT7N1PGXYSbl-k3jwz78cfgR8IRVFlPbrP5rZ5qcCtPxPzIVKh3rbc3AKfc1F6DPIHasWTOflNRpZ4l8tfDwUI3Dtm3cQWgr4dL3rUTLiGdEioCNLGbwYZB3P00/s2048/IMG_20210903_141042068.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRz70XSLBdZ4GoIGKVhyT7N1PGXYSbl-k3jwz78cfgR8IRVFlPbrP5rZ5qcCtPxPzIVKh3rbc3AKfc1F6DPIHasWTOflNRpZ4l8tfDwUI3Dtm3cQWgr4dL3rUTLiGdEioCNLGbwYZB3P00/s320/IMG_20210903_141042068.jpg" width="180" /></a></div><br /><b><br /></b><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2323593024318643455.post-57725747655195030792021-08-26T18:38:00.000-07:002021-08-26T18:38:09.424-07:00A Ideologia por trás das Guerras do Afeganistão e do Iraque<div style="text-align: justify;"><b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6IF6kVp3Rl-NVh_8CJLxxBbhsPe3q_qK5w2DGx5sJ786btMogRZmqGlRbZmmPEuSmddqtfTCTw9x0FLKtvAu6WK_CVBfQWvNYoCZen2TEzoDtRLBkDhdkQdRofsHNwyZ1rlNKNQtfp7pM/s2048/IMG_20210826_223342735.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1150" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6IF6kVp3Rl-NVh_8CJLxxBbhsPe3q_qK5w2DGx5sJ786btMogRZmqGlRbZmmPEuSmddqtfTCTw9x0FLKtvAu6WK_CVBfQWvNYoCZen2TEzoDtRLBkDhdkQdRofsHNwyZ1rlNKNQtfp7pM/w360-h640/IMG_20210826_223342735.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><span style="color: red;"><br /></span></b></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;"><br /></span></b></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">POLÍTICAS DE CONTENÇÃO E DE INTERVENÇÃO:</span></b></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;"><br /></span></b></div><div style="text-align: justify;">Até o fim da Guerra Fria, no final dos anos 80 do século XX, os EUA praticavam a política da contenção. Contenção significava, na medida do possível, evitar interferir militarmente para ter influência na política interna de outros países.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Com o fim da Guerra Fria, com o fim do fantasma do império soviético. os EUA, como a única potência sobrevivente, passaram a se arvorar como a polícia do mundo, construtores e propagadores das democracias liberais de mercado pelo mundo. Os EUA passaram a se ver como construtores de nações democráticas que fossem soberanas, estáveis e autossuficientes, verdadeiros baluartes da democracia e da economia liberal.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"...a estratégia de contenção da Guerra Fria seria substituída por uma estratégia de transformação messiânica mundial gerida num espírito do que Norman Podhoretz (um neoconservador destacado) descreveu como <<incandescente de clareza moral>>..."</span></i></b> (página 24)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Essa ideologia messiânica foi abraçada por pensadores que foram rotulados como os neoconservadores. De acordo com esses neoconservadores, os EUA seriam, a partir de agora, atores que, atuando no mundo, iriam criar sua própria realidade, levando seus valores e instituição para outras partes do mundo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">NEOCONSERVADORES:</span></b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Grupo de pensadores que não tinha ficado satisfeito com o fim do comunismo, com o fim da URSS em dezembro de 1991, tampouco com a abordagem mercantilista à China comunista, antes e depois do Massacre da Paz Celestial, em 1989.</div><div style="text-align: justify;">Os neoconservadores também atacam qualquer política de apaziguamento. Segundo eles, qualquer ação de apaziguamento deveria sempre ser vista como <<outra Munique>>, em referência ao acordo de Hitler com a Grã-Bretanha e com a França, em 1938, que resultou na destruição da Tchecoslováquia. Os neoconservadores, ainda nessa linha, buscavam comparar, por exemplo, figuras como Saddam Hussein, com Hitler, de forma a demonizá-lo, a ponto de inviabilizar por completo qualquer tentativa de se buscar uma solução diplomática e pacífica de crises. E foi justamente esse comportamento intransigente dos neoconservadores que levou à guerra contra o Iraque, em 2003. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"A diplomacia torna-se <<apaziguamento>> ou <<outra Munique>>, como se o mundo estivesse parado em 1938."</span></i></b> (página 21)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os neoconservadores, como dito acima, defendem uma estratégia de transformação messiânica mundial, por meio do uso benigno do poder militar dos EUA, de forma a transformar tiranias, como era o Iraque de Saddam Hussein, numa democracia liberal. </div><div style="text-align: justify;">Mas os neoconservadores, no início dos anos 90 do século XX, não estavam sozinhos nessa cruzada, pois com o fim da União da Repúblicas Socialistas Soviéticas, em dezembro de 1991, todos os grupos políticos passaram a defender o alargamento das democracias no mundo. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><b><i>"Quer quisessem quer não, outras sociedades seriam transformadas desde que se conseguisse descobrir um grupo local, mesmo que pequeno, para apoiar essa transformação, normalmente exilados sem grandes contatos com o país natal."</i></b></span> (página 25)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Esse messianismo pretendia então levar os valores ocidentais da democracia e dos direitos universais para locais como Somália, Balcãs (conflito entre a Sérvia e a Bósnia, depois Kosovo), Iraque, Afeganistão, etc.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O governo de Bill Clinton, de 1993 a 2000 interviu na Somália e nos conflitos nos Balcãs (desintegração da Iugoslávia). Mas nada fez durante o genocídio em Ruanda, em 1994. Os neoconservadores rotularam Bill Clinton como <<meio imperialista>> (página 24). Já George H.W. Bush, o sucessor de Ronald Reagan na Casa Branca, foi criticado pelos neoconservadores, por não ter acabado de vez com Saddam Hussein, quando teve a chance, durante o conflito de 1991 (Operação Tempestade no Deserto - Primeira Guerra do Iraque). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="color: #800180;">A GRANDE OPORTUNIDADE PARA SE COLOCAR EM PRÁTICA A IDEOLOGIA DOS NEOCONSERVADORES:</span></b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A oportunidade para os neoconservadores surgiu com os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Nesse dia, terroristas da Alcaida (Al Qaeda) organizaram um ataque terrorista aos EUA, usando aviões comerciais como mísseis, atacando a cidade de Nova York e o Pentágono, em Washington. Esse ataque foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para os neoconservadores. </div><div style="text-align: justify;">O presidente americano na época dos ataques terroristas era George W. Bush, eleito no ano de 2000.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"...novo presidente que prometera ser humilde e contido no uso do poder americano e que não gostava dos papéis de polícia do mundo e construtor de nações teve que assumir o espírito do momento. Bush nunca foi um grande pensador e era intelectualmente preguiçoso. Isso deu grande margem de manobra a homens mais velhos à sua volta que lidavam com certezas de um modo mais convincente."</span></i></b> (página 25)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Eram então os neoconservadores que passaram a influenciar as políticas de Bush. Assim, com o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 estava aberto o caminho para uma intervenção militar dos EUA. Criou-se a ideia do Eixo do Mal, que seria composto pelo Iraque, pelo Irã e pela Coreia do Norte. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A primeira ação intervencionista americana foi no Afeganistão. Ali os americanos queriam expulsar o Talibã, que tinha dado abrigo à rede terrorista da Alcaida (Al Qaeda), a mentora e executora dos atentados de 11 de setembro. Mas o Afeganistão, era um alvo pequeno demais para os neoconservadores, que queriam ir além, incluindo em sua cruzada o Iraque de Saddam Hussein. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Como pretextos a um ataque ao Iraque, o governo os americanos tentaram vincular Saddam Hussein aos ataques terroristas de 11 de setembro. Depois começaram com a história de que o regime iraquiano colocava a segurança do mundo em perigo, em razão de possuir armas de destruição em massa. Armas essas que nunca foram encontradas. E toda essa narrativa vinha sempre dourada pela pílula da liberdade. Era sempre a ideia de que os EUA estavam intervindo para levar seus valores democráticos a outras partes do mundo, transformando tiranias em democracias estáveis. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No fim dessas aventuras, os americanos se mostraram eficientes no campo de batalha, no qual derrotaram seus inimigos. De início, no Afeganistão, o Talibã foi contido e, no Iraque, a tirania de Saddam Hussein foi derrubada. Saddam Hussein, capturado pelos americanos, foi enforcado em 2006.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Por outro lado, os americanos não foram eficazes na construção de nações democráticas. Tanto Afeganistão quanto o Iraque afundaram em conflitos internos. O Iraque, um país artificial criado pela Grã-Bretanha, depois da Primeira Guerra Mundial, a partir de três províncias do antigo Império Otomano, nunca conseguiu ser uma nação verdadeiramente democrática, com valores ocidentais. A divisão interna, entre curdos, muçulmanos xiitas e sunitas, perdura até hoje. O Iraque continua sendo um país instável. E para piorar ainda mais as coisas, a intervenção americana no Iraque resultou na criação de mais um grupo islâmico radical, o Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: arial; font-size: medium;">"Havia um abismo entre o ódio ao despotismo - simbolizado pela derrubada das estátuas de Saddam - e os recursos culturais mais profundos necessários para criar uma democracia funcional em qualquer lugar no Oriente Médio."</span></i></b> (página 28)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No Afeganistão, os esforços americanos na construção de uma nação liberal e democrática também resultaram num retumbante fracasso. O Talibã, derrotado em 2001, voltou mais forte agora em 2021.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "UMA HISTÓRIA DO PRESENTE, O MELHOR E O PIOR DOS MUNDOS", MICHAEL BURLEIGH, EDIÇÕES 70, PÁGINA 21/35</b></div><div><br /></div><div><br /></div>Unknownnoreply@blogger.com0