sábado, 11 de abril de 2020

Pedro, o Grande Moscou do Século XVII Cidade de Madeira Czar Aleixo Direito Divino Responsável Somente Perante Deus Cossacos


MOSCÓVIA:

A cidade de Moscou era apinhada de Igrejas. No centro dela, ficava a Fortaleza do Kremlin, que "era por si só, uma cidade." (página 2). O Kremlin era uma cidade dentro de uma outra cidade. A fortaleza do Kremlin ficava situada numa colina, 40 metros acima do Rio Moscou. Kreml, em russo, é igual a Fortaleza. O Czar e o Patriarca viviam no Kremlin. Dali governavam seus mundos, o Czar, o secular, e o Patriarca, o espiritual.
Outro ponto de destaque em Moscou era a Praça Vermelha, que localizava-se numa área abaixo da Catedral de São Basílio e do Kremlin. A Praça Vermelha, no século XVII, não era pavimentada e era um "mercado aberto e movimentado, com toras de madeira no chão para cobrir a lama." (página 3). Abaixo da Praça Vermelha...

"colina abaixo, mais perto do Rio Moscou, animais eram vendidos, além de peixes retirados vivos na hora de tanques. Na margem, perto da nova ponte de pedra, filas de mulheres se inclinavam sore a água para lavar roupas."
(página 4)

Anoitecer em Moscou do século XVII...

"Ao anoitecer....poucos cidadãos honestos se aventuravam nas ruas escuras, as quais se tornavam o habitat de ladrões e de pedintes armados determinados a extrair à força, na escuridão, aquilo que não tinham conquistado por meio das súplicas durante as horas do dia."
(página 4)

A Moscou do século XVII tinha espaços abertos deixados como corta fogo que eram tomados pela grama. Essa medida era necessária, pois a Moscou de 1670 era uma cidade de madeira. Até as ruas eram feitas de madeira, forradas com tábuas irregulares e pranchas. Madeira como calçamento das ruas, que afundava na lama durante o período de chuvas e que ficavam cheia de pó no verão. 
Você poderia se encontrar com homens nus que tinham vendido todas as suas posses, inclusive suas roupas, para comprar bebidas. Assassinatos eram comuns durante a noite em Moscou.

CZAR ALEIXO MIKHAILOVICH:

Era o segundo Czar Romanov. A população aprendia a ver o Czar como se ele fosse uma criatura semidivina.
No ano de 1645 Aleixo sucede seu pai e torna-se o novo Czar russo. Contava com 17 anos de idade e o apelido dele era Jovem Monge.
A cabeça de Aleixo funcionava assim:

"Em momento algum questionou seu direito divino de reinar; em sua mente, ele e todos os monarcas eram escolhidos por Deus e responsáveis apenas perante Deus."
(página 13)

Aleixo estendia esse pensamento do direito divino para outros monarcas, como por exemplo para o monarca inglês Carlos I, que foi decapitado pelo Parlamento inglês:

"Quando membros do Parlamento Inglês decapitaram o Rei Carlos I, em 1649, o Czar Aleixo ficou tão chocado e pessoalmente indignado que expulsou todos os mercadores ingleses do interior da Rússia...Enquanto o Rei Carlos II permanecia no exílio, Aleixo lhe enviou dinheiro..."
(página 13 - N.A.)

Provérbios russos:

"Só Deus e o Czar sabem."
(página 10)

"O Sol brilha no Céu e o Czar brilha na Terra."
(página 10)

"O Soberano é o pai; a Terra, a Mãe."
(página 10)

A Terra era vista como a Mãe madura e fértil dos Russos (rodina em russo). O Czar, por sua vez, era o Pai do povo, chamado de Batushka.

"Em certo sentido, muito antes do comunismo, a terra russa já era comunal. Pertencia ao Czar como um pai, mas também ao povo, à sua família. A disposição do solo pertencia ao Czar - ele poderia conceder áreas enormes a nobres favorecidos -, mas, ainda assim, a terra continuava sendo propriedade conjunta da família nacional."
(página 10/11)

"Seu governo autocrata era patriarcal. Ele (Czar) se dirigia aos súditos como filhos e exercia sobre eles o mesmo poder ilimitado que um pai detém sobre sua prole."
(página 10)

Um nobre, mesmo um nobre, se dirigia dessa forma ao Czar, chamando a si mesmo de "escravo" e seu filho de "desprezível":

"Nós, seu escravo Artemon Matveiev, com o desprezível, meu filho Adrushka, humildemente imploramos, diante do alto trono de Sua Real Majestade, abaixando nossas cabeças à terra..."
(página 11)

O Governo do Czar: 

A Burocracia que tocava o governo russo era corrupta e ineficiente. Aleixo governava o maior país do mundo, que se estendia da fronteira polonesa ao Pacífico. Seu centro ficava em Moscou.
A Rússia tinha 8 milhões de habitantes. A maioria dos russos vivia no interior, tirando seu sustento da terra, dos rios e das florestas. Os russos conseguiam tudo do que precisavam da floresta, que se estendia como um oceano: peles para vestir; madeira para construir casas e para aquecer no inverno; etc. Em meio às árvores encontrava-se o povo russo comunal, reunido em "pequenos vilarejos construídos em clareiras, na borda de lagos ou na margem dos rios de águas lentas." (página 16).
Nessa mesma época, a França de Luís XIV tinha 19 milhões de habitantes. A Suécia tinha menos de 2 milhões de habitantes. A Inglaterra tinha um pouco mais do que 5 milhões de habitantes.

Principais cidades russas na época do nascimento de Pedro:

Novgorod, Moscou, Pskov, Arcangel, Yaroslavl, Tula, Tver, Suzdal, Astracã, Cazã (Kazan), Smolensk e Kiev.

SOCIEDADE RUSSA NO SÉCULO XVII:

Imagine uma Pirâmide. Sobre tudo, estava DEUS. Abaixo de Deus, vinha o Czar Russo. Abaixo do Czar, vinham os Boiardos, que eram os nobres pertencentes a famílias principescas, latifundiários hereditários. Abaixo dos Boiardos, apareciam os membros da nobreza menor, que recebiam propriedades por seus serviços. Abaixo da nobreza menor, vinham os citadinos, mercadores, artesãos. E abaixo de tudo isso, vinham os camponeses servos.

COSSACOS:


"Kiev e as regiões férteis tanto a leste quando a oeste do Dnieper era o território dos Cossacos, um povo ortodoxo, originalmente composto por vagabundos, saqueadores e fugitivos que haviam deixado para trás as duras condições de vida na antiga Moscóvia para formar bandos de cavalaria não oficiais, tornando-se depois desbravadores, estabelecendo fazendas, vilas e cidades por todo o norte da Ucrânia."
(página 15)

Essa região do rio Dnieper era uma espécie de Velho Oeste americano para os russos. Uma terra sem lei. Para piorar, quem morava ali ainda era fustigado por saques e pilhagens feitas tártaros das estepes e da Crimeia. Além dos saques, ainda podiam virar escravos nas mãos dos muçulmanos. Nos anos de 1382 e 1571, a própria cidade de Moscou foi saqueada e queimada pelos tártaros.
Essa região habitada pelos cossacos ficava a 500/600 km de distância da costa do Mar Negro. Essa área que separava os cossacos da costa do Mar Negro era a "...famosa estepe de terra negra da parte baixa da Ucrânia - permanecia vazio. Ali, a grama crescia tanto que às vezes somente a cabeça e os ombros de um homem a cavalo poderiam ser vistos se movimentando acima da vegetação. Nos tempos de Aleixo, essa estepe era terra de caça e pastoreio dos tártaros da Crimeia - descendentes islâmicos dos antigos conquistadores mongóis e vassalos do sultão muçulmano."
(página 15)

RÚSSIA DURANTE NO NASCIMENTO DE PEDRO:

Moscou, a capital da Moscóvia, que viria a ser Império Russo, localizava-se numa área bem provida de rios.
Rio Volga
Rio Don
Rio Dnieper
Rio Duína
A norte de Moscou havia a nascente do Rio Volga, que corria para leste, passando por Tver, Yaroslavl e Nijni-Novgorod, onde se encontrava com o Rio Oka, que por sua vez passava pela cidade de Tula (sul de Moscou), dirigindo-se para o leste, recebendo pelo caminho as águas do Rio Moscou. Com as águas do Rio Oka, o Rio Volga, segue ainda para o leste, até a cidade de Kazan (Cazã), de onde finalmente dirige-se para o sul, passando por Samara, Tsaritsin (Stalingrado) e Astracã (Mar Cáspio).
No sul de Moscou ainda pode ser encontrado a nascente do Rio Don. Esse rio corre sempre para o sul, passando por Voronej, Rostov, até desaguar no Mar de Azov. Havia ainda o Rio Dnieper, que também estava a sul de Moscou, igualmente correndo sempre na direção sul, até desaguar no Mar Negro.
Ao Norte/Nordeste de Moscou, temos o rio Duína, que corre em direção ao Mar Branco, em Arcangel. Na época, era o único porto russo, que ficava a maior parte do tempo congelado. Dele,  quando não estava congelado, partia-se para o Mar Báltico, passando pelo círculo polar.

RÚSSIA: O GIGANTE SEM SAÍDA VIÁVEL PARA O MAR:

A Rússia já se estendia profundamente para o leste, passando por Kazan (Cazã), indo ainda mais longe, passando pelos Montes Urais, alcançando a Sibéria e chegando no Pacífico. Ao sul dessa área, a fronteira era delimitada com a China pelo Rio Amur.
A Oeste de Moscou encontrava-se o Reino da Comunidade Polônia/Lituânia. No norte dessa fronteira, ficava a cidade russa de Smolensk. Ao sul dela, ficava Kiev.
Mais a norte e noroeste de Moscou ficava a fronteira com a Suécia. A Suécia ocupava a Livônia (atuais Letônia e Estônia), a Ingria (costa do Mar Báltico) e a Carélia (Golfo da Finlândia). A presença sueca nessa área obstava a passagem russa para o Mar Báltico. O gigante russo se via cercado, sem acesso ao mar, exceto pela cidade de Arcangel, no Mar Branco. Outra opção seria o Pacífico, percorrendo milhares de quilômetros, passando pelos Montes Urais, pela Sibéria, sem estradas, passando por uma região hostil, tornava-se totalmente inviável de ser explorado durante os séculos XVII e XVIII.

ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "PEDRO, O GRANDE, SUA VIDA E SEU MUNDO, ROBERT K. MASSIE, EDITORA AMARILYS, capítulo 1, Moscóvia Antiga, páginas 2/18.

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