NÃO HÁ JUIZ MAIS IMPARCIAL DO QUE O CANHÃO:
Na época de Pedro, o Grande, os europeus pensavam e as suas nações resolviam seus conflitos baseados no seguinte pensamento:
"Não há juiz mais imparcial do que o canhão. Ele vai direto ao ponto e é incorruptível."
(página 357)
A mentalidade da época via como normal que as nações resolvessem seus problemas no campo de batalha.
OS EXÉRCITOS CRESCIAM:
Na época de Pedro os exércitos cresciam embalados pelo crescimento das receitas tributárias. As máquinas governamentais das grandes nações aperfeiçoavam o sistema de cobrança dos tributos, aumentando assim a entrada de dinheiro no tesouro do Estado. Na esteira desse aumento de arrecadação, os exércitos cresciam.
VAUBAN:
Numa época em que o canhão era visto como a melhor forma de resolver um conflito, pessoas como o francês Vauban ganhavam importância para os Estados. Vauban foi um construtor bem sucedido de castelos para o rei francês Luís XIV. Além de elaborar sistemas defensivos, Vauban também se destacava na parte ofensiva, elaborando cercos e tomadas de castelos.
JOHN CHURCHILL, DUQUE DE MARLBOROUGH:
O Britânico John Churchill, Duque de Marlborough, foi quem deteu Luís XIV no século XVIII. John Churchill nunca perdeu uma batalha. Comandou os exércitos da Europa contra os exércitos franceses de Luís XIV, durante a guerra da Sucessão Espanhola. Foi o guerreiro mais bem sucedido de sua época.
CARLOS XII:
Enquanto uma parte da Europa lutava na Guerra da Sucessão Espanhola (Grã-Bretanha, Áustria, França, Espanha), a parte norte da Europa começaria, no ano de 1700, a lutar na Grande Guerra do Norte (Suécia versus Rússia, Augusto II, o Forte, eleitor da Saxônia e rei da Polônia e Dinamarca).
Carlos XII, então rei da Suécia, durante a eclosão da Grande Guerra do Norte, seria um de seus grandes protagonistas.
Carlos XII, nascido em 1682, era filho de Carlos XI com Ulrica Leonor. Ele acreditava ser um agente de Deus na Terra. Desse enlace real nasceram 7 filhos, dos quais só 3 sobreviveram: o próprio Carlos e suas duas irmãs. Carlos XI morreu em 1697. Um Conselho de Regentes assume o poder, com Carlos XII, com 15 anos, ascendendo ao Trono sueco. Uma das irmãs de Carlos XII casou-se com o Duque de Holstein Gottorp.
Carlos XII era um Monarca Absoluto, o que significava que não era limitado por nada.
Em 1700, com 18 anos de idade, Carlos XII seria defrontado por três inimigos: Augusto II, Eleitor da Saxônia e Rei da Polônia, invadindo a província sueca da Livônia. Ao mesmo tempo, a Dinamarca, inimigo histórico da Suécia, invadia o território contíguo do Holstein. E ainda teria que se ver com Pedro, Czar da Rússia. Carlos XII, um jovem de 18 anos, tendo que enfrentar todos esses inimigos de uma só vez, na Grande Guerra do Norte.
INGLATERRA:
Guilherme III, monarca da Inglaterra, preocupava-se somente com a França de Luís XIV e não queria que seus planos (conter a ambição francesa) fossem atrapalhados por guerras no norte. Queria manter o status quo inalterado.
CONTRA-ATAQUE DE CARLOS XII:
Primeiramente, Carlos XII virou-se contra a Dinamarca. Contou com a ajuda das frotas marítimas da Inglaterra e da Holanda. Como já dissemos, a Inglaterra não queria problemas no norte, desejando que o status quo fosse mantido ali, com a Suécia como a Senhora do Norte.
ATAQUE RUSSO EM NARVA:
A Cidade de Narva ficava na costa sul do Golfo da Finlândia (passagem para o Báltico), numa área denominada INGRIA. Situa-se atualmente na Estônia. Na época de Pedro, Narva pertencia à Suécia. Localizava-se a 120 km da Foz do Rio Neva, na Carélia, onde no futuro seria construída a cidade de São Petersburgo.
Em 4 de outubro de 1700, russos começam a cavar trincheiras ao redor de Narva.
Depois de vencer os dinamarqueses, Carlos XII foi para a Livônia, para levantar o cerco a Narva.
Em 20 de novembro de 1700 acontece a Batalha de Narva. O Exército de Carlos XII vence com facilidade. E esse foi o problema, pois a facilidade encontrada em Narva criou na mente de Carlos XII um juízo errado em relação à Rússia de Pedro. Carlos XII ficou confiante demais e passou a menosprezar os russos. Mas de qualquer forma, a forma como os russos foram derrotados em Narva, fizeram deles motivo de desprezo aos olhos do restante da Europa.
UM EXÉRCITO EM CONSTRUÇÃO:
Pedro entrou para a Grande Guerra do Norte mas seu exército ainda estava em construção. Em seu comando estava o Boiardo Boris Sheremetev - a conferir!!!
Pedro ainda corria para fortalecer suas fortalezas em Pskov e Novgorod, que ficavam próximas à Livônia, província sueca. Para esse trabalho, foram convocados mulheres, crianças, padres e monges. O Czar russo podia agir dessa forma, porque ele, como autocrata, tinha o poder sobre os corpos de seus súditos, enquanto Deus tinha o poder sobre as almas deles.
1/4 dos sinos da Rússia foram transformados em canhão. Todo o esforço do país voltava-se para vencer a guerra contra os suecos.
CORRIDA POR FERRO E COBRE PARA A FABRICAÇÃO DE ARMAS:
Havia uma corrida pela obtenção de ferro e cobre para a confecção de armas (1701-1705). Siderúrgicas foram criadas. Todo esse esforço era voltado para a produção de canhões para compor a artilharia russa. O cobre era buscado na Sibéria e nos Montes Urais.
SUCESSÃO ESPANHOLA:
Enquanto no norte da Europa russos, saxões, dinamarqueses e suecos lutavam entre si, na Europa ocidental a preocupação residia na questão denominada 'Sucessão Espanhola."
Carlos II da Espanha tinha morrido, deixando o trono espanhol para Filipe de Anjou, que vinha a ser o neto de Luís XIV. Luís XIV obviamente ficou feliz com a situação e aceitou o trono espanhol em nome de seu neto. Obviamente também que Áustria e Inglaterra não iriam aceitar isso, de forma que a sucessão espanhola iria redundar em mais uma guerra europeia.
REAFIRMAÇÃO DA ALIANÇA ENTRE PEDRO, CZAR DA RÚSSIA, E AUGUSTO II, O FORTE, ELEITOR DA SAXÔNIA E REI DA POLÔNIA:
Apesar do fracasso da Rússia em Narva, Pedro e Augusto II reafirmaram a aliança contra a Suécia. Segundo esse acordo de 1701, Livônia e Estônia ficariam com a Polônia e a Ingria iria para a Rússia. Augusto II usava a guerra contra a Suécia como uma forma de se fortalecer entre os magnatas poloneses, que o tinham eleito rei. Na Polônia, o rei então não tinha poderes absolutos, como por exemplo Luís XIV, na França. Na Polônia, o poder efetivo estava nas mãos e inúmeros senhores locais, os magnatas, que detinham poderes em suas regiões. Se saísse vencedor da guerra contra a Suécia, Augusto II esperava mudar esse cenário, centralizando o poder polonês em suas mãos.
Mas enquanto não derrotasse os suecos, Augusto II teria a oposição do Cardeal da Polônia, que dizia que a guerra (contra a Suécia) não era problema da Polônia e que Augusto II agiu sem o consentimento polonês.
1701: RIGA:
Em 1701, Carlos XII, depois de vencer os russos em Narva, avança com seu exército para o sul, indo a Riga (atualmente, capital da Letônia, às margens do Rio Dvina Ocidental). Carlos XII iria enfrentar 9 mil saxões e 4 mil russos comandados por Steinau. Carlos XII vence mais essa batalha, expulsando os saxões para a Polônia. Augusto II refugiou-se na Polônia. Carlos XII, por sua vez, esperou o posicionamento da Dieta polonesa (espécie de Parlamento, que reunia os magnatas/nobres poloneses) sobre a conduta de Augusto II (iriam apoiá-lo ou iriam abandoná-lo - julho de 1701).
Os poloneses não concordavam com a guerra contra a Suécia, mas também não foram simpáticos a Carlos XII, dizendo para este que ficasse longe do território polonês. Então, na primavera de 1702, Carlos XII, fazendo-se acompanhar de seu exército, até então invicto, invade a Polônia, para ir atrás de Augusto II. Carlos XII queria pressionar os poloneses para que retirassem Augusto II do trono polonês. Em julho de 1702, suecos e saxões se bateram em Klissow, numa batalha inconclusiva.
VITÓRIAS DO EXÉRCITO DE PEDRO NA LIVÔNIA:
Enquanto Carlos XII ficava perseguindo Augusto II pela Polônia, sem sucesso, o exército russo, sob o comando de Sheremetev, com base em Pskov, empreendia incursões pela vizinha Livônia, conseguindo pequenas vitórias nessa província sueca. Em contrapartida, navios suecos tentavam bloquear o comércio russo feito no porto de Archangel.
No verão de 1702, os russos conseguem outra vitória na Livônia, em Hummelshof. Tropas suecas ainda mantinham cidades importantes na Livônia, como Riga, Tartu e Pernau. Os russos agiam como uma espécie de guerrilheiros, queimando vilas, cidades e fazendas na Livônia.
CUIDADO COM AQUILO QUE VOCÊ DESEJA:
Patkul, o aristocrata livônio, cansado do absolutismo sueco, foi buscar ajuda na Saxônia contra a Suécia. Queria a independência da Livônia. No fim das contas, estava conseguindo trazer a destruição para ela, com o exército russo entrando nela, incendiando cidades, vilas e fazendas. Civis livônios eram capturados pelos russos e depois vendidos como servos na Rússia. Em 1704, Tartu e Narva são capturados pelos russos.
RUSSOS ATACAM NA CARÉLIA:
Exércitos de Pedro avançam na Carélia, onde atacam os suecos no Lago Ladoga e Peipus. Os suecos tinham uma fortaleza (Noteborg) no Lago Ladoga, de onde o Rio Neva flui para o Golfo da Finlândia. O Lago Ladoga é o maior lago europeu. Noteborg cai nas mãos dos russos e é renomeada para Schlusselburg. A Ingria, a oeste da Carélia, também cai em poder dos Russos.
ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO PEDRO, o Grande, Robert K. Massie, Editora Amarilys, (capítulos XXIII, XXIV, XXV e XXVI)
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