sexta-feira, 27 de junho de 2025

A Senhora do Norte Suécia Mar Báltico Livônia Grande Guerra do Norte Johannes Reinhold Von Patkul



A SENHORA DO NORTE: A SUÉCIA:

O Império Sueco, antes do início da Grande Guerra do Norte, abrangia o seu atual território (Estocolmo, Uppsala, Lund), ilha de Gotlandia (Visby)
Finlândia (Helsinque, Vasa)
Carélia (Viborg, foz do Rio Neva, Schlusselberg)
Ingria
Estônia (Narva, Talim/Reval)
Livônia (Tartu, Pernau, Riga)
Stralsund (Alemanha), Ilha de Rugen, Estetino (Stettin - Alemanha), Bremen (Alemanha).

TEATRO DE GUERRA: MAR BÁLTICO:

Vários rios desaguavam no Mar Báltico: 
Neva, onde seria construída São Petersburgo;
Duína Ocidental passando por Riga, atual Letônia; 
Vístula, com foz em Gdansk, atual Polônia; 
Oder, passando por Stettin/Estetino, atual Szczecin; 
Neiman/Neman com foz na extinta Prússia, que foi repartida entre a Polônia e a Rússia (Kaliningrado).

Esses rios fazem com que as correntes predominantes sejam para fora do Mar Báltico. E levando mais água doce, a consequência é a produção de mais gelo durante o inverno. Só o mar aberto não congelava. Kronstadt, São Petersburgo (cidade que seria construída por Pedro, na foz do Rio Neva), Estocolmo e Talim/Reval (Estônia) congelavam totalmente no inverno. O Canal entre a Suécia e a Dinamarca também eventualmente congelava. Uma vez o exército sueco se aproveitou disso e atravessou esse Canal para invadir a Dinamarca.

TALIM/REVAL/RIGA: LIVÔNIA:

Essas cidades possuíam uma arquitetura alemã, a religião era a luterana. Sofreram influência dos cavaleiros teutônicos e depois de membros da Liga Hanseática alemã. Estavam sob o domínio da Suécia.

SUÉCIA:

"É uma terra fria, severa e bela, que criou uma raça de pessoas duras e resignadas."
(página 344)

O século XVII foi o século glorioso da Suécia.

"Desde a ascensão, aos 16 anos, de Gustavo Adolfo, em 1611, até a morte de Carlos XII, em 1718, o país esteve no ápice de sua história imperial, cobrindo toda a costa norte do Mar Báltico, e o principais territórios ao longo da costa sul. Isso incluía toda a Finlândia e também a Carélia, Estônia, Ingria e Livônia, envolvendo, assim, toda a área ao redor do Golfo de Bótnia e do Golfo da Finlândia. A Suécia detinha o controle da Pomerânia Ocidental e dos portos de Estetino, Stralsund e Wismar, na costa da Alemanha do norte. Governava os bispados de Bremen e Verden, a oeste da península dinamarquesa, dando acesso ao Mar do Norte. E também controlava a maioria das ilhas do Báltico."
(página 345)

A Suécia controlava o comércio na região do Mar Báltico, por controlar as Fozes dos principais rios que desaguavam ali: Foz do Rio Oder, em Stetino. Foz do Neva, no Golfo da Finlândia; Foz do Duína Ocidental, em Riga. Só não controlava a foz do Rio Vístula, que atravessava o território polonês, em Gdansk.

"O fato de esses vastos territórios serem posse de uma coroa cuja população mal ultrapassava 1.5 milhão de habitante era uma conquista dos grandes comandantes e fortes soldados suecos. O primeiro e maior deles foi GUSTAVO ADOLFO, o Leão do Norte, salvador da causa protestante na Alemanha, cujas campanhas o levaram até o Danúbio, tendo sido assassinado aos 38 anos, enquanto guiava uma carga de cavalaria."
(página 346)

O principal produto de exportação da Suécia era o ferro (minério de ferro), que era exportado por Estocolmo, que tinha 60 mil habitantes.

A GUERRA DOS TRINTA ANOS (1618/1648). ALÉM DE SALVAR A ALEMANHA PROTESTANTE, A SUÉCIA GANHOU VÁRIOS TERRITÓRIOS:

"A Guerra dos Trinta Anos, que continuou após a sua morte (morte de Gustavo Adolfo), terminou com a Paz de Vestfália, que recompensou com abundância os esforços da Suécia. O país conquistou as províncias alemãs que lhe concederam o controle das fozes do Oder, do Weser e do Elba. Essas posses germânicas também resultaram numa anomalia: a Suécia, SENHORA PROTESTANTE DO NORTE, também era parte do Sacro Império Romano Germânico e tinha assentos na Dieta Imperial. Mais significativo do que esse poder vazio, todavia, era o acesso à Europa Central que esses territórios concederam à Suécia. Com eles servindo de ponta de lança no continente, os soldados suecos podiam marchar para qualquer ponto da Europa, e isso tornava o país uma força a ser considerada em todos os cálculos de guerra e paz do continente."
(página 346)

RAZÕES DA GRANDE GUERRA DO NORTE:

Razão História:
Em 1240, Alexander Nevski derrotou os suecos em Narva, na região do Báltico.
Razão Econômica:
Ter acesso aos portos e parar de pagar taxas aos suecos para usá-los. Os russos eram obrigados a usar os portos do Báltico controlados pelos suecos. E para usá-los tinha que pagar taxas, impostos, enriquecendo os suecos e empobrecendo os russos.
Razão Política:
O Mar Negro estava trancado para os russos pela ação dos Otomanos. A Rússia se viu abandonada pelos seus aliados austríacos (Império Habsburgo). A Áustria não tinha mais interesse em continuar sua guerra contra os Otomanos. As forças dos austríacos agora seriam direcionadas contra a França. Pedro e Rússia não podiam, sozinhos, empreender uma guerra contra o Império Otomano. A solução então foi se virar para o Norte, para o Mar Báltico. E para conseguir portos livres no Mar Báltico, era preciso passar por cima da Suécia.

JOHANNES REINHOLD VON PATKUL:

Era um militante pela independência da Livônia. Patkul era membro da aristocracia livônia, que por sua vez tinha raízes nos cavaleiros teutônicos alemães

"Era um patriota sem pátria." 
(página 348)

A política adotado pelo então rei da Suécia (final do século XVII/início do século XVIII) visava a obtenção de mais poderes para a Coroa, em detrimento dos interesses da Aristocracia, da qual Patkul fazia parte. O rei sueco queria diminuir o poder da aristocracia por meio da política da 'redução', pela qual, parte das terras pertencentes aos aristocratas seriam devolvidas ao rei, à Coroa. No absolutismo, o Rei se confundia com o Estado. Patkul, como membro da aristocracia, foi atingido por essa política, daí se tornar um militante pela independência da Livônia, que naquela época era dominada pela Suécia.
Patkul então passou a trabalhar para reunir uma aliança de países contra a Suécia. Ele conseguiu reunir a Dinamarca, a Rússia e o Eleitor da Saxônia e Rei da Polônia, Augusto II, o Forte. No acordo, a Rússia de Pedro ganharia a Carélia (onde seria construída a cidade de São Petersburgo) e a Ingria (localizada a oeste da Carélia).

PAZ COM O IMPÉRIO OTOMANO:

Para guerrear com a Suécia, a Rússia antes precisava estabelecer um tratado de paz com os Otomanos. A assinatura do tratado de armistício veio em 3 de julho de 1700. Assim, a Rússia estava livre para lutar contra a Suécia.

INÍCIO DA GRANDE GUERRA DO NORTE:

Em fevereiro de 1700, 14 mil soldados da Saxônia, então governada por Augusto II, o Forte (que também era o Rei da Polônia), invadem a província sueca da Livônia. A cidade de Riga (atual capital da Letônia) é cercada. Em março de 1700, tropas dinamarquesas atacam territórios suecos na Alemanha. Augusto II e Dinamarca já tinha feito a sua parte. Agora era a hora de Pedro, czar da Rússia, colocar seu exército em campo. A Grande Guerra do Norte iria transformar a Moscóvia numa das grandes potências da Europa. 

"Assim teve início a Grande Guerra do Norte ou, como Voltaire a chamou, 'A Famosa Guerra do Norte'. Durante 20 anos, dois soberanos jovens, Pedro e Carlos (Carlos XII rei da Suécia), brigariam pela supremacia em um conflito que decidiria o destino de ambos os impérios. Nos primeiros anos, de 1700 a 1709, o Czar ficaria na defensiva, preparando a si mesmo, seu exército e seu Estado para a hora em que aríete sueco seria apontado para seu reino. Durante esses anos, em meio às tormentas da guerra, a Rússia daria continuidade à sua transformação."
(página 356)

ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "PEDRO, O GRANDE, SUA VIDA  E SEU MUNDO.", ROBERT K. MASSIE, EDITORA AMARILYS, capítulo XXII, páginas 342/356

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