sexta-feira, 27 de junho de 2025

A Destruição de Frederico II




TUDO EM FAMÍLIA E DOENÇAS HEREDITÁRIAS ENTRE OS MONARCAS EUROPEUS:
 
Frederico II nasceu em janeiro de 1712. Frederico era o príncipe herdeiro do reino da Prússia. Tinha nove irmãos, 3 homens e 6 mulheres. Outros quatro irmãos tinham morrido ainda na infância. 
Frederico iria assumir o trono da Prússia no ano de 1740, com a morte de seu pai Frederico Guilherme I. Ganharia o epíteto de "Frederico II, o Grande". 
Frederico tinha parentes importantes. Sua mãe era Sofia Doroteia, filha de George I, Eleitor de Hanôver e futuro rei da Inglaterra. Sofia Doroteia era da linhagem alemã Guelph. Ela era esposa, filha, irmã e mãe de reis. Esposa do rei Frederico Guilherme I da Prússia, filha de um Rei Inglês, George I, mãe de um futuro rei prussiano, Frederico II, e irmão de outro rei inglês, George II.



Sofia Doroteia era prima em primeiro grau de Frederico Guilherme I. Era costume nas monarquias europeias que tudo ficasse em família. 

"Manter tudo em família era, claro, normal para as famílias governantes da Europa. Mas um acervo genético pequeno podia ter consequências indesejadas."
(página 24)

"A instabilidade mental presente na linhagem reapareceria mais tarde em George III da Inglaterra, Frederico Guilherme IV da Prússia e Ludwig II da Baviera..."
(página 24)

"No caso de Frederico Guilherme I - e possivelmente no de George III também - isso se devia à porfiria, uma doença hereditária transmitida à Casa de Hanôver pelos Tudors via Jaime I e sua filha Isabel do Palatinato." 
(página 24/25)

PORFIRIA, A DOENÇA HEREDITÁRIA DE FREDERICO GUILHERME I:

Frederico Guilherme I tinha surtos da Porfiria, que lhe causavam desmaios, gota, inquietação, explosões de raiva, insônia, inchaço nas pernas, inchaço nas genitálias, atrapalhando a sua micção, dor abdominal intensa, etc.
Frederico Guilherme I procurava enfrentar esses momentos com resignação, recorrendo à fé para encontrar um conforto para si. Ele via nessa doença uma expressão da vontade de Deus:

"...desejo sofrer tudo pacientemente. Meu Salvador sofreu tão mais por mim, e eu provavelmente mereço a punição divina pelos meus pecados."
(página 25)

A PERSONALIDADE DE FREDERICO GUILHERME I:

Frederico Guilherme I era autoritário, pão duro e tinha violentas oscilações de humor, provavelmente causadas pela sua doença hereditária. Era ainda apegado ao cristianismo calvinista e era militarista.
Sobre Estado, pessoas e exército Frederico Guilherme I pensava assim:

"...as pessoas existiam para servir o Estado, o Estado existia para servir o Exército e o Exército existia para servir o líder da Casa de Brandemburgo."
(página 26)

Por Casa de Brandemburgo leia-se Dinastia Reinante Hohenzollern, da qual faziam parte os Reis na Prússia, como por exemplo Frederico Guilherme I e seu filho Frederico II.

Frederico Guilherme I desprezava a cultura. Seu passatempo predileto era a caça. Amava a guerra e dizia "...nunca tinha gostado de nada tanto quanto da sangrenta batalha de Malplaquet." página 26 (Batalha realizada durante a Guerra da Sucessão Espanhola)
Frederico Guilherme I, além da caça, gostava de fumar, beber cerveja e conversar com seus oficiais do exército. Era também um cristão devoto. Não era um leitor de livros e, para ele, o entretenimento (teatro, ópera) era coisa do diabo. 

O PAI QUE QUERIA FAZER DE SEU FILHO E HERDEIRO UMA CÓPIA DE SI MESMO:

Frederico Guilherme I queria que seu herdeiro, o príncipe Frederico, fosse uma cópia de si mesmo. Esse desejo iria causar muita infelicidade tanto para o pai quanto para o filho. 
O príncipe herdeiro Frederico passou o início da sua infância num mundo feminino e francófono. Era um "mundinho aconchegante." (página 30).
Mas seu pai viria para tirá-lo desse mundinho aconchegante. Ao final de seus seis anos Frederico passou a ser cuidado por dois tutores vindos do exército. Tinha ainda outro tutor, Jacques Duhan de Jandun, que tinha impressionado Frederico Guilherme I no cerco de Stralsund. A educação ministrada a Frederico deveria transformá-lo num:

- cristão devoto
- administrador econômico, que não esbanjasse o dinheiro do reino
- soldado entusiasmado

Frederico deveria aprender que "não há nada nesse mundo que confira a um príncipe mais fama e honra do que a espada..." (página 30)

O dia começava cedo para Frederico. Acordava às 5:30 da manhã, fazia orações, se lavava, se penteava, se vestia. Na sequência, haveria mais rezas e leitura de trechos da Bíblia. Apesar de toda essa exposição à religião, Frederico, quando adulto, não seria um devoto cristão.
No início, Frederico, para não desagradar seu pai, fingia interesse pelo exército, pela religião. Era ardiloso e inteligente. Por exemplo: fingia gostar de comandar uma companhia composta por 130 cadetes, montada somente para ele quando não tinha completado nem 8 anos de idade.
Mas com o passar do tempo, Frederico Guilherme I, passou a perceber que Frederico não saíra uma cópia sua. Frederico tinha um comportamento afeminado, quando por exemplo, durante uma caça, vestiu luvas porque fazia frio. Também tinha medo do som de tiros. 
Em 1726, Frederico foi feito capitão do Regimento do Rei. Mas as coisas continuavam indo mal. Numa parada militar, Frederico caiu do cavalo, bem na frente de seu pai. 
O cristianismo tampouco atraia Frederico. Frederico considerava o religião cristã uma ficção metafísica (página 32).
Frederico tinha interesse em ler livros, escondidos de seu pai, de Voltaire, John Locke, etc.

QUASE UM FILICÍDIO:

Diante do comportamento errático de Frederico, seu pai, Frederico Guilherme I, tornou-se cada vez mais impaciente e brutal no trato dele. Frederico Guilherme lutava para enterrar os desejos e inclinações naturais de Frederico, visando transformá-lo numa cópia sua. 

"...as tensões naturais do fim da adolescência ultrapassaram muito o normal, chegando à violência e atingindo o ápice com um quase filicídio."
(página 32)

FONTE: LIVRO Frederico O Grande, O Rei da Prússia, Tim Blanning, Editora Amarilys.

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