"Nele, um camponês rico chamado Pahom fica sabendo do fértil solo na terra dos Bashkirs, além do Volga. É gente simples, e ele conseguirá toda a terra que quiser deles sem muito problema. Quando Pahom chega à terra dos Bashkirs, dizem-lhe que por mil rublos ele pode ter tanta terra quanto nela puder andar durante um dia inteiro. Pahom, desprezando-os pela falta de sofisticação, fica exultante. Tem certeza de que poderá percorrer uma grande distância. Quase assim que se pôs a andar, contudo, avista uma paisagem atraente atrás da outra, um lago ali, ou uma faixa de terra mais adiante que seria boa para cultivar linho. Então percebe que o sol começa a se pôr. Ao compreender o risco de perder tudo, começa a correr cada vez mais depressa para fazer a tempo o percurso de volta. 'Peguei demais', diz a si mesmo. e 'arruinei tudo'. O esforço mata-o. Ele morre no posto final, e ali mesmo, é enterrado. 'Seis palmos da cabeça aos joelhos era tudo o que precisava', foi a conclusão de Tolstoi. A diferença na história, menos de sessenta anos depois, estava não apenas num único homem enterrado ali na estepe, mas em centenas de milhares de mortos por procuração"
Nota do Blog:
Trecho de texto retirado do livro Stalingrado, o Cerco Fatal, de Antony Beevor. Antony faz uma analogia entre um texto escrito por Tolstoi em 1886 - De quanta terra precisa um homem - com a megalomania de Adolf Hitler. Os milhares de mortos por procuração foram os soldados alemães que lutaram na Rússia no período de 21 de junho de 1941 até o ano de 1944. Adolf Hitler outorgou poderes para que milhares de jovens alemães lutassem e morressem em seu nome. Aos alemães mortos, se somaram milhares de russos, civis e militares, que também pereceram durante o conflito.
Dica de Leitura:
Stalingrado, o Cerco Fatal, Editora Record, Antony Beevor, 12º edição, 2011.
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