quarta-feira, 7 de julho de 2021

A Família Burguesa A Inimiga do Comunismo O Comunismo exigia um novo tipo de Ser Humano



NOCIVIDADE SOCIAL DA FAMÍLIA BURGUESA:

Para os comunistas, a nocividade social da família burguesa era uma verdade inquestionável. (página 43)

Depois de vencerem a guerra civil, os bolcheviques se viam agora em uma nova arena de luta: a família burguesa.

"...ela (família burguesa) olhava para dentro de si própria e era conservadora, uma fortaleza da religião, da superstição, da ignorância e do preconceito; ela fomentava o egotismo e as aquisições materiais, além de oprimir mulher e crianças."

A família era o maior obstáculo, por exemplo, à socialização das crianças. Por amar a criança, a família a transforma num ser egotista. encorajando-a se ver como o centro do universo. (página 43)

Esse amor egotista, fomentado no interior da família burguesa, deveria ser trocado pelo amor racional de uma família social mais ampla, que englobaria toda a comunidade, na construção de um modo de vida coletivo.

Era necessário eliminar os hábitos e costumes burgueses do Império Russo dos Romanov. 

"Uma guerra revolucionária pela liberação da personalidade comunista por meio da erradicação do comportamento individualista (burguês) e de hábitos fora dos padrões (prostituição, alcoolismo, vandalismo, religião), herdados da antiga sociedade." (página 42)

Os bolcheviques esperavam que a família desaparecesse conforme a Rússia soviética se desenvolvesse até se transformar em um sistema totalmente socialista, no qual o Estado assumiria a responsabilidade por todas as funções básicas do lar, oferecendo creches, lavanderias e refeitórios em centros públicos e em prédios residenciais. 

UM EXEMPLO DE UMA POLÍTICA COMUNISTA PARA DESINTEGRAR A FAMÍLIA BURGUESA:

UPLOTNIE (CONDENSAÇÃO): 

Era a política da condensação, por meio da qual as famílias seriam obrigadas a dividir suas casas com outras pessoas, combatendo o privilégio e as forçando a se tornarem comunistas (página 44). Essa política matava dois coelhos com uma paulada só. Primeiramente, resolvia o problema habitacional na grandes cidades, ajudando na propaganda do Partido Comunista, centrada no combate aos privilégios e projetando um modo de vida coletivo. Depois, com essa política, o Estado Soviético acreditava que forçando as pessoas no compartilhamento de espaços comunais, elas iriam se tornar naturalmente comunistas em seus pensamentos. A vida do indivíduo passaria a ser imersa na comunidade. 

"Enquanto isso, os bolcheviques adotaram diversas estratégias - como a transformação do espaço doméstico - cujas intenções eram acelerar a desintegração da família. Para lidar com a falta de casas nas cidades superlotadas, os bolcheviques forçaram famílias ricas a dividirem seus apartamentos com os pobres urbanos." (página 44)

"Durante a década de 20, o tipo mais comum de apartamento comunal era aquele em que os proprietários originais ocupavam os cômodos principais na parte da frente, enquanto os quartos dos fundos eram ocupados por outras famílias." (página 44)

"Naquela época, os proprietários antigos podiam selecionar os comoradores..." (página 44)

Seguindo ainda essa política, foram planejadas Casas Comunais - Doma Kommuny - nas quais tudo seria compartilhado, inclusive roupas íntimas. As tarefas domésticas, como cuidar das crianças e cozinhar, seriam designadas rotativamente a grupos. Todos ainda dormiriam em um grande dormitório, dividido por gênero, com quartos particulares reservados para as práticas sexuais. (página 45). 

Esse tipo de iniciativa visava a destruição da esfera privada na vida das pessoas. Essas construções foram planejadas por arquitetos russos que foram denominados de Construtivistas. Era a arquitetura a serviço da utopia comunista, que deveria afastar o indivíduo da esfera privada/burguesa, inserindo-o num modo de vida coletivo.

Todavia, poucas dessas casas foram construídas. Elas ficaram apenas no campo da utopia e de romances, como o romance futurista "Nós", de Yevgeny Zamiatin (página 45).

"Mas o objetivo continuava a ser dominar a arquitetura de modo a induzir o indivíduo a afastar-se das formas privavas (burguesas) de domesticidade, dirigindo-se a um modo de vida mais coletivo." (página 45)

"O espaço e a propriedade privada desapareceriam, a família individual (burguesa) seria substituída pela fraternidade e por organizações comunistas, e a vida do indivíduo passaria a ser imersa na comunidade." (página 44)

SONHO DOS BOLCHEVIQUES:

O Estado soviético assumiria o lugar das famílias.

A vida privada, para os comunistas, era inimiga do regime bolchevique.

PARTIDO COMUNISTA EM PRIMEIRO LUGAR:

Os comunistas eram ensinados a "colocar o comprometimento com o proletariado acima do amor romântico ou da família." (página 46)

Nesse sentido, uma vida promíscua seria melhor do que estabelecer uma família, que poderia levar seus membros a se afastarem da lealdade ao Partido Comunista. 

O Partido Comunista vinha em primeiro lugar nada poderia colocar em dúvida a lealdade a ele. A pessoa só devia verdadeiramente se comprometer com o Partido. Constituição de uma família, o amor romântico, tudo isso só servia para desviar as pessoas daquilo que realmente importava: a causa comunista. Família e amor romântico eram coisas de burguês. 

Coisas de burguês também eram as mobílias que guarneciam uma residência. Um comunista raiz deveria viver numa casa guarnecida somente por mobílias funcionais, necessárias. O homem soviético não poderia se deixar escravizar pelo consumismo. Era precisa levar uma vida ascética, abandonando o estilo de vida burguês, com seus perfumes, roupas elegantes, cosméticos, anéis, etc. 

RENUNCIAMOS AO ANTIGO MUNDO

TIRAMOS SUA POEIRA DE NOSSOS PÉS

(Internacional Comunista, página 53)

Um comunista deveria sentir vergonha de desfrutar de um bom café da manhã que seria inacessível para um simples trabalhador. 

O COMUNISMO EXIGIA UM NOVO TIPO DE SER HUMANO:

Enfim, como dito por Máximo Gorki, para que o Comunismo triunfasse, seria necessário a criação de uma Personalidade Coletiva, contrapondo-se à personalidade individual.

Na visão dos bolcheviques, "...o ativista revolucionário era um protótipo de uma nova espécie de ser humano - uma personalidade coletiva que viveria apenas pelo bem comum - que popularia o futuro da sociedade comunista. Muitos socialistas viam a criação desse tipo de ser humano como o objetivo fundamental da Revolução. 'A nova estrutura da vida política exige de nós uma nova estrutura da alma', escreveu Máximo Gorki na primavera de 1917." (página 38)

ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "SUSSURROS, A VIDA PRIVADA NA RÚSSIA DE STALIN", ORLANDO FIGES, EDITORA RECORD



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