quinta-feira, 22 de abril de 2021

Hitler invade a ilha de Creta Maio de 1941



CRETA - ANTONY BEEVOR

Tudo começou em outubro de 1940, com a Itália invadindo a Grécia. Antes disso, em junho de 1940, a mesma Itália tinha declarado guerra à Grã-Bretanha. O que era para ser um passeio, tornou-se uma pesadelo para os italianos. Os gregos resistiram à invasão e ainda impuseram derrotas aos italianos. A Grã-Bretanha ainda veio em socorro aos gregos. Enquanto isso, a Alemanha via com preocupação o seu aliado, a Itália, apanhando dos gregos e, pior de tudo, via a Grã-Bretanha voltando a ter uma base no continente europeu. A Alemanha, prestes a iniciar a Operação Barbarossa, a invasão da URSS, não poderia permitir que sua retaguarda direita fosse ameaçada pela presença britânica nos Bálcãs. A Grã-Bretanha enviou uma Força Expedicionária para a Grécia. E para piorar ainda mais para os alemães, a presença britânica nos Bálcãs colocava sob ameaça seus poços de petróleo em Ploesti, na Romênia. Diante de tudo isso, a Alemanha nazista se viu obrigada a invadir os Bálcãs. Para chegar à Grécia, a Alemanha teria que passar pela Iugoslávia. Superada a Iugoslávia, os alemães invadiram a Grécia. Conquistada a Grécia, os alemães então partiram para a conquista da ilha de Creta. E é sobre a conquista da ilha de Creta pela Alemanha nazista, em maio de 1941, de que trata esse livre de Antony Beevor.

INTERESSE ITALIANO NA GRÉCIA:

Em seu sonho imperial, em seu sonho de reviver o Império Romano, Mussolini planejava conquistar a Grécia. A Itália ainda tinha declarado guerra à Grã-Bretanha em 10 de junho de 1940, tornando a conquista a Grécia e do Mar Mediterrâneo oriental ainda mais necessário, de forma a ameaçar a presença britânica no Egito e no vital Canal de Suez. Se a Itália conseguisse dominar a navegação no Mar Mediterrâneo oriental, a Grã-Bretanha se viria em sérios apuros, em razão de sua dependência do Canal de Suez.

Então, em 28 de outubro de 1940, partindo da Albânia, país que o exército italiano ocupara em abril de 1939, a Itália deu início à invasão da Grécia. O desempenho do exército italiano foi catastrófico. Os gregos, com a ajuda de uma Força Expedicionária Britânica, deram uma surra nos italianos. Mussolini então teve que pedir ajuda à Alemanha Nazista. A Alemanha então veio em socorro aos italianos, em 6 de abril de 1941, invadindo a Grécia, a partir da Iugoslávia, invadida pelos alemães em 27 de março. Os alemães então varreram os gregos e a Força Expedicionária britânica. Posteriormente, os alemães ainda iriam invadir a ilha de Creta, em maio de 1941, expulsando dali forças  (uma mistura de soldados neozelandeses, australianos, escoceses, ingleses, gregos e guerrilheiros locais) da Creforce, sob o comando do general  neozelandês Freyberg 

ESTRATÉGIA PERIFÉRICA ALEMÃ:

Hitler via na conquista da Grécia e do mediterrâneo oriental uma forma de derrotar a Grã-Bretanha sem precisar atacá-la de forma direta, numa invasão pelo Canal da Mancha. 

Fazia parte dessa estratégia periférica alemã a conquista de Gibraltar, denominada Operação Félix. Neste caso, Hitler teve problemas com o ditador espanhol Franco, que não se viu inclinado a ajudar os alemães. Restou então para Hitler a Grécia e o Mediterrâneo Oriental, por meio dos quais os nazistas poderiam atacar o Canal de Suez, artéria vital para a Grã-Bretanha. A invasão da Grécia foi denominada de Operação Marita. 

Mas no fim foi a Itália que deu início à invasão da Grécia, em outubro de 1940. O Mar Mediterrâneo era o "Mare Nostrum" dos Italianos e Hitler fez essa concessão a Mussolini. Mas a invasão italiana foi um total fracasso. Os gregos, com a ajuda da Força Expedicionária Britânica, impuseram várias derrotas aos italianos. Diante do fracasso italiano, Hitler se viu obrigado a intervir nos Bálcãs.  A Alemanha tinha que socorrer seu aliado em apuros, além de expulsar a Força Expedicionária britânica da Grécia. Hitler não poderia permitir que os britânicos ficassem instalados na Grécia, colocando em risco seu exército (criação de uma frente inimiga à direita de sua retaguarda), bem na véspera da Operação Barborossa, a invasão da URSS.

INTERESSE BRITÂNICO NOS BÁLCÃS E NA GRÉCIA:

A Grã-Bretanha viu na Grécia e nos Balcãs uma chance de voltar a por os pés no continente europeu, apagando o vexame da retirada de Dunquerque. 

O Britânicos também ficariam próximos do campo petrolífero de Ploesti, na Romênia, que era utilizado pelos alemães no abastecimento de sua máquina de guerra. Com uma base na Grécia, os britânicos poderiam enviar bombardeios para destruir o campo petrolífero de Ploesti. 

Os britânicos ainda sonhavam com uma aliança balcânica contra os alemães, unindo Turquia, Grécia e Iugoslávia. Ficou só no sonho. A Iugoslávia ainda ensaiou uma oposição à Alemanha, mas a Blitzkrieg alemã a esmagou. A Turquia rechaçou a proposta inglesa, pois temia ter o mesmo fim da Polônia: ser invadida concomitantemente pela Alemanha e pela sua inimiga história, a URSS, que naquela época ainda era aliada dos nazistas. 

CONSEQUÊNCIAS DO CONFLITO BALCÂNICO/GREGO PARA O DESENROLAR DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL:

1) Há um corrente que defende que o conflito balcânico (invasão italiana à Grécia, seguida da invasão alemã à Iugoslávia e à Grécia/Creta) atrasou o lançamento da Operação Barbarossa, a invasão alemã à URSS. 

2) Confirmou a falsa sensação de segurança de Stalin. A invasão alemã dos Bálcãs fez com que Stalin pensasse que o objetivo alemão era a conquista do Canal de Suez, no Egito. Isso fez com que Stalin passasse a desprezar ainda mais as notícias de que a Alemanha estava preparando uma invasão à URSS. 

3) Para os ingleses foi mais uma retirada do continente europeu. 

"...dos 58 mil soldados enviados à Grécia, houve dois mil mortos e feridos e 14 mil aprisionados." (página 77)

De positivo para a Grã-Bretanha restou somente a mensagem que buscou passar para o resto do mundo, principalmente para os EUA. A mensagem era a de que a Grã-Bretanha não abandonava seus aliados. Essa mensagem era importante, principalmente naquele momento em que a Grã-Bretanha buscava uma aliança com os EUA.

ANOTAÇÕES EXTRAÍDA DA LEITURA DO LIVRO "CRETA", DE ANTONY BEEVOR, EDITORA RECORD





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