ZOMBADORES DE HITLER:
Quando Hitler se tornou Chanceler da Alemanha, em 30 de janeiro de 1933, os jornais britânicos da época zombavam dele, não acreditando que ele iria durar muito tempo no cargo.
Diziam então de Hitler:
"um homem tão pouco inspirador." (página 22)
"dono de um bigodinho ridículo." (página 22)
"pintor de paredes austríaco." (página 22)
"irritável como uma moça." (página 22)
"gordinho austríaco com aperto de mão molenga." (página 22)
Os britânicos acreditavam que Hitler teria um fim igual ao de seus antecessores, os quais duraram pouco no cargo, em meio a uma crise econômica que não tinha fim.
"Desde a guerra, a média de duração de um chanceler no cargo era de menos de um ano, e a economia do país vivia uma grande depressão, com 24% da força de trabalho desempregada." (página 22)
PASSADORES DE PANO/CONTEMPORIZADORES DE HITLER:
Enquanto alguns estadistas já vinham em Hitler o embrião de uma tragédia que iria se abater sobre a humanidade, outros procuravam passar o pano no regime nazista, buscando ver algo de bom nele.
As pessoas que buscavam contemporizar com as barbaridades nazistas tinham um temor ainda maior: o comunismo. Essas pessoas teriam que a Alemanha caísse nas mãos dos comunistas. Para essas pessoas, entre dois males inevitáveis, o nazismo e o comunismo soviético, era preciso escolher o menor deles, daí escolherem o nazismo.
Uma das pessoas que pensava dessa maneira foi o ex-general britânico Ian Hamilton, que havia lutado na Primeira Guerra Mundial. Ian Hamilton tinha mais medo do comunismo soviético do que do nazismo de Hitler. Ian Hamilton acreditava que caso a Alemanha sucumbisse ao comunismo soviético, isso seria o "infortúnio mais mortal para a Europa." (página 26/27 )
Enfim, o medo que o comunismo soviético se alastrasse pela Europa fez com que muitos membros da classe social de Ian Hamilton visse o nazismo com olhos condescendentes, contemporizando com Hitler.
Quando, em 1º de Abril de 1933, os nazistas patrocinaram o primeiro ato de perseguição aos judeus de amplitude nacional, consubstanciado no boicote a empresas e lojas pertencentes a judeus, a reação internacional foi de ultraje. Mas esse ultraje não passou de esperneio, sem medidas práticas para demover os nazistas de suas políticas criminosas.
O governo inglês, por exemplo, nada podia fazer além de um protesto por meio de seu embaixador em Berlim.
No mais, numa política de lavar as mãos, imperava a ideia segundo a qual 👉👉
"Se um país enlouquece, tem o direito de cometer horrores de todo tipo dentro de suas próprias muralhas." (página 27)
OS PRIMEIROS ESTADISTAS QUE ALERTARAM SOBRE O PERIGO QUE O REGIME NAZISTA REPRESENTAVA PARA A HUMANIDADE:
Um dos primeiros estadistas a alertar sobre o perigo que o regime nazista representava para a humanidade foi o embaixador britânico em Berlim, Sir Horace Rumbold. Já em abril de 1933, Sir Horace Rumbold já alertava o governo de seu país por meio de despachos, nos quais descrevia a ideologia nazista para seus superiores. Ele tinha lido o livro Mein Kampf, espécie de autobiografia e manifesto escrito por Adolf Hitler.
Horace Rumbold então desvelava o Darwinismo Social do regime nazista nos seguintes termos:
"Ele (Hitler) inicia afirmando ser o homem um animal que luta e conclui, portanto, ser a nação uma unidade lutadora, posto que é uma comunidade de lutadores. Um organismo vivo que deixe de lutar por sua existência está destinado à extinção, afirma. País ou raça que pare de lutar está igualmente condenado." (página 29)
O pacifismo então seria, no pensamento de Hitler, o mais mortal dos pecados, pois significava a rendição da raça na luta por sua existência. Hitler, portanto, buscava transplantar a ideia da sobrevivência do mais apto, do mais forte, que é verificada na luta dos organismos vivos na natureza pela sua sobrevivência, para o âmbito das relações entre os Estados e as raças humanas.
Um Estado e uma raça humana que não lutam estarão condenados à extinção, da mesma forma como um organismo vivo que deixe de lutar pela sua sobrevivência.
Fica claro, então, desde o início, o caráter belicoso do pensamento de Hitler, que via no conflito, na luta a chave para a sobrevivência da Alemanha. Quem não luta perecerá. Se a Alemanha não lutasse, iria perecer.
O alerta de Horace Rumbold ao governo britânico não resultou em nada. Ademais, naquela mesma época, o embaixador francês em Berlim, François Poncet, que também tinha lido o livro Mein Kampf, não o via como uma ameaça concreta.
Francois Poncet ficava em dúvida em "...encarar Mein Kampf como uma linha-mestra de sua (de Hitler) atuação no poder ou os resmungos inócuos de um jovem agitador. No geral, tendia à segunda opção." (página 31)
ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "NEGOCIANDO COM HITLER, A DESASTROSA DIPLOMACIA QUE LEVOU À GUERRA", DE TIM BOUVERIE, EDITORA CRÍTICA
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