segunda-feira, 10 de junho de 2019

Pecado Original Agostinho Massa Damnata



Agostinho de Hipona associava o desejo sexual com o cometimento de pecados. Segundo ele, haveria uma relação natural e inevitável entre o desejo sexual e o cometimento de pecados.
Antes disso, no século II d.C., Tertuliano de Cartago cunhou a expressão PECADO ORIGINAL, dizendo que ele era o primeiro pecado praticado, ainda no Jardim do Éden.
Agostinho se apropriou dessa ideia do Pecado Original, dizendo que a Luxúria seria um veículo para se chegar nele. Agostinho dizia que o nascimento de qualquer pessoa estava ligado ao Pecado Original, pois qualquer processo de concepção de um ser não pode ser feita sem a presença da Luxúria.
Para Agostinho, Adão e Eva poderiam ter feito sexo sem luxúria, mas escolheram fazê-lo com lascívia. Adão e Eva, com efeito, como seres humanos que são, só são livres para pecar.
Para Agostinha, Deus é bom, mas todos nós nascemos maus. Somos frutos de um Pecado Original. 
Mesmo que você faça o bem, o fará pela Graça de Deus. Todas as demais pessoas são uma MASSA DAMNATA (Massa de Condenados).
Deus, à sua maneira inescrutável, escolherá um pequeno grupo de pessoas para ser salvo. 
Para Agostinho, a justificativa para a existência da Escravidão poderia ser erigida sobre a concepção segundo a qual há nesse mundo pessoas boas e pessoas más. As boas poderiam escravizar as pessoas pecadoras.
Agostinho extraía a sua autoridade de Deus, de forma que muito do que escrevia por vezes poderia contrariar a Bíblia sem que com isso se visse repreendido ou contestado. 
Santo Agostinho foi influenciado por uma Seita Cristã denominada MANIQUEUS.
Os Maniqueus viam o Mundo como uma luta entre a Escuridão e a Luz. A alma seria uma partícula de luz aprisionada pelo mundo físico, pelo corpo, daí o desprezo dessa seita pelos desejos físicos, pelo sexo.
O desejo sexual era apenas mais um estímulo externo que fazia com que o ser humano, cego pelo desejo carnal, virasse as costas para Deus, afastando-se dele. 

ANOTAÇÕES extraídas do Livro CASOS FILOSÓFICOS, de Martin Cohen, Editora Civilização Brasileira, páginas 96/100

sábado, 8 de junho de 2019

Balaclava A Carga da Brigada Ligeira Guerra da Crimeia


Balaclava é uma enseada localizada na Península da Crimeia, atual Rússia.
Ela serviu de porto para o Britânicos, que o utilizaram como local de desembarque de suprimentos para tropas inglesas que sitiavam a cidade de Sebastopol.
O nome Balaclava deriva de Bella Clava (belo porto), que no passado foi usado pelos genoveses, até serem expulsos pelos Otomanos no século XV.
Balaclava ficou conhecida em razão de uma batalha que aconteceu ali no dia 25 de outubro de 1854, no contexto da Guerra da Crimeia (guerra travada pela Rússia contra uma aliança formada pelo Império Otomano, Grã-Bretanha, França e Piemonte, durantes os anos 1854/1855)
Como dito acima, os Britânicos utilizavam Balaclava como um Porto para o escoamento de suprimentos de sua tropas que sitiavam Sebastopol.
Em 25 de outubro de 1854 os Russos resolveram atacá-lo. O ataque fracassou, Balaclava continuou na posse dos Britânicos, mas o que ficou para a história foi uma carga da cavalaria ligeira britânica contra redutos russos protegidos por baterias de artilharia, cavalaria e infantaria russas.
No início do ataque, os Russos tomaram 4 redutos no Monte Causeway, que eram guarnecidos por tunisianos (a Tunísia fazia parte do Império Otomano) e por canhões de fabricação britânica. Os tunisianos, mal treinados, fugiram, em direção ao porto, deixando para trás os canhões britânicos. Na sequência, o ataque russo foi obstado pela ação dos Highlanders e pela Cavalaria pesada britânica. Os russos então deram início a uma retirada, levando consigo os canhões britânicos, apreendidos no início da batalha.
O problema foi a saída dos Russos levando consigo os canhões britânicos, pois isso violava uma tradição militar britânica, derivada da história do Duque de Wellington, que nunca deixou uma peça de artilharia britânica ser capturada pelo inimigo.
O comandante das Forças Britânicas na Crimeia, Lord Raglan, temia que canhões britânicos fossem usados como troféus pelos russos, de forma que ele ordenou que a cavalaria ligeira britânica, sob o comando de Lorde Lucan, efetuasse uma carga para retomá-las.
O problema é que a ordem emitida por Lord Raglan era genérica, não especificando quais peças de artilharia deveriam ser capturadas, se eram as russas ou se eram as britânicas. 
Para piorar, a cavalaria ligeira teria que atravessar 2 mil metros de extensão num vale, tendo à sua frente, forças russas formadas por artilharia, cavalaria e infantaria, tendo à sua esquerda o monte Causeway, guarnecidas pelos russos com os canhões britânicos capturados e ainda tendo à direita no fundo do vale outro grupo de russos. Se a ordem do ataque fosse direcionada para retomar as peças de artilharia britânicas localizadas no Monte Causeway, seria factível cumpri-la, mas se fossem as russas, a carga da cavalaria ligeira seria praticamente submetida a uma ação suicida, indo ao fundo do vale, percorrendo 2 quilômetros em meio a uma saraivada de projéteis vindos de canhões e carabinas.
Ao final de tudo, Lord Lucan, na dúvida sobre qual caminho seguir, com uma ordem genérica e erroneamente transmitida para ser cumprida, com seus comandados exigindo uma ação que justificasse a fama da cavalaria ligeira britânica como a melhor do mundo, resolveu tomar o caminho mais difícil, atravessando os 2 mil metros de extensão do vale, em meio a um bombardeio, alvejado pela frente e pelos flancos direito e esquerdo, indo ao fundo do vale, em direção à principal força russa. 
"Dos 661 homens que iniciaram a carga, 113 foram mortos, 134 feridos e 45 feitos prisioneiros, 362 cavalos foram perdidos ou mortos" (página 274)
Essa batalha resultou no poema de Alfred Tennyson, intitulado "A Carga da Brigada Ligeira"

"Avante brigada ligeira!
Havia algum homem abatido?
Não, embora os soldados soubessem
Alguém havia falhado:
Não cabia a eles retrucar,
Nem a eles questionar,
A eles apenas agir e morrer;
Para o vale da Morte
Cavalgaram os seiscentos."
(página 275)

Fonte: Crimeia, a história da guerra que redesenhou o mapa da Europa no século XIX, Orlando Figes, Editora Record, páginas 265/275

terça-feira, 14 de maio de 2019

O Comunismo é um Parasita que se alimenta de tecidos doentes



"O Comunismo é um parasita maligno que se alimenta apenas de tecidos doentes." (George Kennan, diplomata americano, 1946) - página 270

Esse foi o pensamento que resultou na Criação do Plano Marshall em 1947. Esse plano visava a recuperação econômica da Europa. 

"O Objetivo dos planejadores do Marshall era uma economia de mercado operante, mas eles estavam convencidos de que apenas a regulamentação do Estado e a colaboração entre trabalho e capital poderiam criá-la. Portanto, envolveram os sindicatos, além dos empregadores, no planejamento; se tanto o capital como o trabalho estivessem comprometidos com o crescimento e com os padrões de vida para todos, argumentavam eles, as velhas lutas de classes do passado poderiam ser superadas." (página 271)

Stalin, por sua vez, dizia que o Plano Marshall era uma coleira de cachorro que os americanos queriam impor aos países que viessem a adotar o plano. (página 277)

(Fonte: A Bandeira Vermelha, a História do Comunismo, David Priestland, Editora Leya)

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Sistemas de Pensamento Político Eric Voegelin



Grandes Sistemas de Pensamento Político, segundo Eric Voegelin:

a) Platão e Aristóteles: Marcam o fim da Polis - Cidade-Estado
b) Agostinho: Fim da Cristandade Romana
c) Tomás de Aquino: Transição da Alta Idade Média para o Renascimento
d) Hegel: Fim do Período do Estado Nacional

Eric Voegelin trás uma reflexão: houve algum grande sistema de pensamento político no período compreendido entre Agostinho e Tomás de Aquino? Seria correto classificar esse período (séculos V, VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII) como Idade das Trevas, idade estéril em matéria de grandes sistemas de pensamento político? Eric Voegelin diz que é errado dizer que não houve ideias políticas nesse período. 

"A Humanidade não cessa de ter ideias Políticas." (página 77)

Foi um período caracterizado pela agonia e cisão do Império Romano, que sucumbiu sob as invasões bárbaras. Mas a história não terminou em 476 d.C. Uma nova evocação precisaria surgir para substituir o Império Romano do Ocidente. Essa nova evocação foi o Império Carolíngio, cuja personalidade régia foi erigida segundo o sistema paulino das funções carismáticas. Nessa concepção, não havia distinção entre Estado e Igreja, porque clérigos e leigos representavam, respectivamente, a persona sacerdotalis (sacerdote) e a persona regalis (rei/leigo), que eram concebidos como os membros de um mesmo corpo, o Corpo de Cristo. Nesse momento, eram necessários:
a)primeiramente, superar a evocação do moribundo Império Romano do Ocidente. 
b)depois, era necessário uma nova evocação, o Império Carolíngio, com o tempo necessário para fazê-lo aceitável, convincente para o povo, representando ele, o Império Carolíngio, o destino e a vontade de Deus. 
c)por último, havia a tensão entre a ideia e a realidade. Essa tensão vai fixar a linha de evolução da realidade em direção à ideia.


Fonte: Idade Média até Tomás de Aquino. História das Ideias Políticas, Volume 2, Editora É Realizações, Coleção Filosofia Atual.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Sacrum Imperium - Império Carolíngio Ano 800 d.C Coração de Carlos Magno Imperador Sacro Império Romano



O Sacrum Imperium evoca o Corpo de Cristo (Corpo Místico) como elemento unificador e justificador de sua existência. 

Sacrum Imperium é o Império Carolíngio, é o Sacro Império Romano, que nasceu no natal do ano 800 d.C., com a Coroação de Carlos Magno.

Com a queda do Império Romano, em 476, era preciso criar uma nova entidade que congregasse em si um poder temporal e um poder espiritual. Daí a coroação de Carlos Magno no ano 800 d.C., com a criação do Sacro Império Romano (Império Carolíngio). O poder temporal era representado pelo Império Carolíngio de Carlos Magno. O poder espiritual era representado pelo Papa.

Os dois poderes, o Temporal de Carlos Magno, e o Espiritual do Papa, se amalgamaram, se uniram, de forma que não havia separação entre Igreja e Estado, pois ambos pertenciam a um mesmo corpo, o Corpo de Cristo, o Corpo Místico.

O Poder da Igreja emana de Cristo, cabeça do Corpo Místico. 
Desse Corpo Místico podemos extrair ainda seus membros, que são dois:
1)Persona Regalis (Pessoa do Rei/Leigos) 
2)Persona Sacerdotalis (Pessoa do Sacerdote/Clérigos)

Rei e Sacerdote, Leigo e Clérigo pertencem a um mesmo corpo, o Corpo de Cristo, o Corpo Místico, de forma que Estado e Igreja estavam unidos.

Fonte: Anotações extraídas da Leitura do Livro: Idade Média até Tomás de Aquino - História das Ideias Políticas, Volume II, Eric Voegelin, Editora É Realizações, Coleção Filosofia Atual.


domingo, 5 de maio de 2019

A Fome na Ucrânia Soviética 1



Anotações extraídas da leitura do Livro Terras de Sangue, A Europa entre Hitler e Stalin, Timothy Snyder, Editora Record, 2012.

"São os rebentos da primavera socialista" (página 51): Menção a uma criança faminta, que buscava a última gota de leite no seio de sua mãe já sem vida.

"O trabalho de construir o socialismo seria como erguer o oceano." (página 52)

Kulaks: Eram fazendeiros abastados, bem sucedidos, moradores da Ucrânia. Os Kulaks deveriam desaparecer como classe. A história é uma luta de classes. Os pobres lutando para derrubar os ricos. Somente dessa forma a história poderia avançar. Quem era Kulak estava sujeito ao exílio ou a ser morto. Se não fosse morto, seria exilado e usado em algum campo de Trabalhos forçados: intensa utilização para a economia soviética.

Coletivização das Terras: Quem tinha a perder com a coletivização? Seriam os agricultores que de alguma forma tinham prosperado com seu trabalho. Gulag, as prisões soviéticas de trabalhos forçados, e a Coletivização, andavam juntas (página 53).

Coletivização das Terras >> Gulag >> Camponeses livres viram escravos >> Mão-de-obra utilizada na construção de fábricas, canais e na exploração de minas >> Esse trabalho forçado resultou na modernização da URSS.

Trabalhadores das cidades eram utilizados pelo Regime Soviético para coagir os camponeses que resistiam à coletivização (página 55)

Fazenda Coletiva: O camponês, estabelecida a coletivização, já não tinha mais o direito de utilizar sua terra para seu próprio objetivo. Enquanto um agricultor livre depende de si mesmo, numa fazenda coletiva ocorre o diverso: o agricultor dependia dos líderes locais para garantir seu emprego e sua alimentação. (página 55)

Propriedade Estatal: Toda produção agrícola era declarada propriedade estatal; qualquer coleta desautorizada de alimento seria considerada roubo. O Socialismo, assim como o Capitalismo, necessitava de leis que protegessem a propriedade, nesse caso, Estatal. Era a base legal do coletivismo. 

Jovens Comunistas: Moradores das cidades, estudantes. Tiveram uma ascensão durante o regime comunista. Viam nos camponeses a figura do reacionário, que sabotaria o triunfo do comunismo (página 67)

Narrativa do Governo Soviético para rebater a evidência de que camponeses ucranianos e suas famílias estavam morrendo de fome: A resistência ao socialismo crescia à medida que seu sucesso aumentava. (página 69). O país melhorava. Imediatamente, inimigos do socialismo, aterrorizados com a iminência do sucesso socialista, buscavam sabotar o país. O problema que surgia, como a Fome, era então um sinal de que as coisas iam bem. A Fome seria um conto de fadas inventado por sabotadores do Regime Comunista. (página 69) Um camponês morrendo de fome era um sabotador a serviço das potências capitalistas, (página 69) A fome intencionalmente impingida a si mesmo e à sua família era apenas uma fachada atrás da qual havia a intenção de destruir o Socialismo. Odiavam tanto o socialismo que os esfomeados colocavam a própria vida em risco. (página 70)


"Diariamente, cerca de 40 mil pessoas esperavam por um pedaço de pão. Os que faziam fila estavam tão desesperados em guardar seus lugares que se afivelavam com cintos àqueles imediatamente à sua frente. Alguns estavam tão fracos de inanição que não conseguiam ficar em pé, sem o amparo dos outros." (página 48)




A Alma perdida de Gengis Khan



A Alma do guerreiro mongol era corporificada e materializada no SULDE (Estandarte do Espírito), que era uma lança na qual eram amarradas, à sua haste, logo abaixo da lâmina, as crinas dos melhores cavalos, dos melhores garanhões de um guerreiro.

"Sempre que montava seu acampamento, o guerreiro fincava o Estandarte do Espírito do lado de fora para proclamar sua identidade e para que este se impusesse como seu guardião perpétuo." (página 16)

"O Estandarte do Espírito sempre ficava ao ar livre, sob o Eterno Céu azul que os mongóis cultuavam." (página 16)

"Na medida em que os fios das crinas se agitavam e oscilavam na brisa praticamente constante das estepes, capturavam a energia do vento, do céu e do sol, e o estandarte canalizava essas energias para o guerreiro." (página 16)

"O flamular e o agitar das crinas ao vento incitavam seu proprietário a seguir sempre em frente, incitando-o a abandonar um lugar em busca de outro, para encontrar um pasto melhor, explorar novas oportunidades e aventuras, além de criar o próprio destino de sua vida neste mundo." (página 16)

"Enquanto estava vivo, o Estandarte de crinas carregava seu destino; na morte, ele se tornava sua alma." (página 16)

Gengis Khan tinha dois Estandartes (Sulde). O Estandarte do Espírito de Gengis Khan era a corporificação de seu espírito após a sua morte. Antes disso, ele representava a necessidade de se aventurar pelo mundo. Um para os tempos de paz, com crinas de cavalo brancas, e outro para tempos de guerra, com crinas negras. A primeira desapareceu. A de Crinas negras foi mantida num mosteiro mongol até o ano de 1937, quando desapareceu.

"Na década de 30, os capangas de Stalin executaram cerca de 30 mil mongóis em uma série de campanhas contra sua cultura e religião. As tropas destruíram um mosteiro atrás do outro, atiravam nos monges, atacaram as monjas, quebraram objetos religiosos, saquearam as bibliotecas, queimaram as escrituras e demoliram os templos. Mas a corporificação da alma de Gengis Khan havia sido salva da ação criminosa dos comunistas. Alguém a teria escondido na capital da Mongólia, Ulaanbaatar." (páginas 15/17)

No final das contas, o Sulde de crinas negras de Gengis Khan acabou sendo perdido, em meio à agitação verificada nos anos finais da década de 30 do século passado.

(Fonte: Gengis Khan e a formação do Mundo Moderno, Jack Weatherford, editora Bertrand Brasil)

sábado, 4 de maio de 2019

Ordens Militares



ORDENS MILITARES:

1) TEMPLÁRIOS: 1118, século XII

2) Cavaleiros de São João: 1080, século XI, Hospitalários.

3) Cavaleiros Teutônicos: 1190 - 1198, século XII: Camponeses de Lubeck e Bremen, diante do desemparo suportado pelos Germânicos durante o cerco à cidade de Acre, situada na Ásia, resolvem criar uma Ordem que fornecesse ajuda médica aos cruzados germânicos. Reincorporados como ordem militar em 1198, por meio de ato assinado pelo Papa Celestino.

Gênese dos Cavaleiros Teutônicos:

"O estabelecimento da Ordem Teutônica foi fruto de um desespero, não pela falta de guerreiros, mas, sim, pela falta de auxílio médico. Os exércitos cruzados que sitiavam Acre em 1190 haviam sido dizimados por doenças, pois os soldados do norte da Europa não estavam acostumados com o calor, à água ou à comida, e as condições sanitárias eram totalmente insatisfatórias. Incapazes de enterrar adequadamente os mortos, eles atiravam os corpos no fosso que os separava das muralhas, juntamente com o cascalho que usavam para cobrir o obstáculo. O cheiro dos corpos pairava sobre o acampamento como uma neblina. Tomados pela febre, muitos soldados morriam, e o imenso número de insetos que zuniam ao redor ou que pousavam, como um enxame, sobre seus corpos, apenas aumentava a agonia. As unidades médicas estavam sobrecarregadas e, além disso, os hospitalários favoreciam seus compatriotas franceses e ingleses (uma distinção difícil de ser feita, pois o Rei Ricardo possuía apenas metade da França). Os germânicos foram deixados à própria sorte. A situação era intolerável e lhes parecia que iria durar indefinidamente - o cerco não mostrava sinais de que terminaria em breve, e nenhum monarca germânico vinha do leste reivindicar melhor cuidado médico para seus homens. Consequentemente, alguns camponeses de Bremen e Lubeck decidiram fundar uma ordem médica que cuidasse dos doentes germânicos." (páginas 29/30)

(Fonte: Os Cavaleiros Teutônicos, Uma História Militar, de William Urban - Editora Madras)

terça-feira, 30 de abril de 2019

Translatio Imperii Romani Coroação de Carlos Magno Império Carolíngio



"Translatio Imperii Romani" - Mudança do Império Romano para o Império Carolíngio comandado por Carlos Magno - ano 800 d.C.

A coroação de Carlos Magno, no ano 800 d.C., como Imperador do Sacro-Império Romano, foi vista pelos contemporâneos como um ato de Deus. Não foi um mero ato do Papa; não foi um ato do Rei dos Francos; não foi um ato dos habitantes de Roma. Foi um ato de Deus. 

O processo que culminou com a Coroação de Carlos Magno foi lento. Aos poucos, Papado e o Reino dos Francos foram se retirando da influência do Império Romano. 

O Papado tinha muitas razões para se afastar da órbita de influência do Império Romano:

a) Ineficácia do Poder Imperial na Itália. Invasões de Bárbaros. Ex.: Alarico, rei dos Visigodos, em 410 d.C, invade a Itália.
b) Concílio da Calcedônia: Concluiu contra a cristologia monofisista (451 d.C.) Houve uma interrupção da comunhão entre Roma e Constantinopla. Imperador Zenão (474/491 d.C.) tentou apaziguar, procurando um ponto de acordo entre as diferentes doutrinas religiosas. Essa intervenção do Imperador em assuntos religiosos foi contraproducente, pois ao invés de apaziguar os ânimos, enfureceu o Papado, pois aquele estava se imiscuindo sobre assuntos relacionados à jurisdição espiritual. Como reação a essa intervenção de um governante temporal em assuntos espirituais, o Papa Gelásio I escreve aquilo que viria a ser conhecida como a MAGNA CARTA DA LIBERDADE MEDIEVAL DA IGREJA. Com efeito, Gelásio I desenvolveu o princípio da separação entre o Poder Espiritual (Papado) e o Poder Temporal (Reis, Imperadores). 

Em 476 d.C., o Império Romano do Ocidente é derrubado pelo Bárbaro Odroaco.
Em 751 d.C., o poder Bizantino estava praticamente derrotado. Com efeito, os poderes administrativo, político e militar exercidos por Constantinopla na Itália diminuíam. O Papa começava a exercer o papel de Príncipe Temporal no Ocidente, chegando cuidar da administração da cidade de Roma. O Papado se via cercado por inimigos: pelos Lombardos e pelo Imperador Bizantino, com suas interferências nos assuntos da Igreja.

Foi nesse contexto que se deu a aproximação do Papado com o Reino Franco. Antes de seguir, é preciso ter em mente que o ano de 476 d.C., data da deposição de Rômulo Augusto pelo bárbaro Odroaco, não assinalava o fim do Império Ocidental, porque do ponto de vista legal, O IMPÉRIO ROMANO ERA UM SÓ.

Após 476 d.C., as províncias ocidentais estavam sob o comando de Constantinopla. A transição para um novo poder imperial foi lenta, tendo início em 395 d.C., com a infiltração dos Bárbaros. O império fragilizado de então se relacionava com os Bárbaros por meio da concessão de títulos, etc. Em troca, o Império mantinha sua soberania sobre as províncias exteriores.

Em 739 d.C., o Papa Gregório III escreve ao rei dos Francos, Carlos Martel, pedindo Proteção contra os Lombardos.

Em 754 d.C., o Papa Estevão II conferiu o título de PATRICIUS ROMANORUM ao rei Franco Pepino, o breve. O Rei Franco assumiu a condição de defensor do Papado. Era uma nova realidade, pois nem o Papa poderia conferir um título para um rei de uma Tribo Bárbara e nem o rei Franco poderia doar terras (províncias imperiais) ao Papado, como fez. 

O ápice dessa relação entre o Papado e o Reino Franco se deu no Natal do ano 800 d.C., com a Coroação de Carlos Magno como Imperador.

Nascia um novo Império no Ocidente. Essa comunidade cristã tinha duas cabeças: uma Temporal, com Carlos Magno, e outra Espiritual, na figura do Papa. 

A Monarquia Carolíngia evoluiu no sentido teocrático, na medida em que a organização da igreja se integrou à hierarquia administrativa da Monarquia. O rei interferia nos assuntos da Igreja. A organização eclesiástica assumiu a forma de igreja territorial - Landeskirche. A Monarquia Franca se valeu da organização civilizacional superior da Igreja para poder adquirir estatura política e histórica. A administração Carolíngia dependia da ajuda de recursos humanos emprestados pela Igreja.

Bases Teóricas do Império do Ocidente: Para legitimar o Poder desse novo Império do Ocidente, foi evocado o Corpo de Cristo, cujos membros têm funções diferentes, conforme a Teoria Paulina. Sob Cristo, o rei-sacerdote se apresenta como pessoa sacerdotal (persona sacerdotalis) e pessoa régia (persona regalis).

No Império do Ocidente, não há distinção entre Estado e Igreja, porque leigos e clero representam, respectivamente, as pessoas régias e sacerdotais, que são os membros do Corpo de Cristo.

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(Fonte: Anotações extraídas da Leitura do Livro "Idade Média até Tomás de Aquino, História das Ideias Políticas, Volume II, Eric Voegelin, Coleção Filosofia Atual, editora É Realizações)

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Anarquismo Max Stirner - O Individualismo Absoluto


Max Stirner nasceu em 1806, em Bayreuth (atual Alemanha), numa família Protestante. Seu pai era artesão (escultor de flautas).
Os amigos de Stirner gritavam: "Abaixo os reis!" Ao ouvi-los, Stirner complementava: "Abaixo também as leis."
Stirner defendia a volta do EU, fonte de todas as relações com o mundo, portador das significações. Interessava a Stirner a sua própria subjetividade, a sua existência concreta e original. Não confundir essa subjetividade de Stirner com a subjetividade transcendental de Husserl.
O sujeito existente é chamado de ÚNICO, que é o indivíduo sem abstrações, não subordinado a nada, nem a Deus e nem à Humanidade.
Stirner dizia que havia duas alienações, com o mesmo furor de Crer, dois seres supremos aos quais o o EU deveria se submeter:
a) Para os Cristãos, esse ser supremo é Deus
b) Para os Ateus, esse ser supremo é o Homem
No mesmo sentido, para reforçar a ideia, para Stirner, havia duas alienações:
a)A alienação religiosa concebia Deus como o ser supremo 
b)A alienação criada pelo fetichismo do homem (Feuerbach), no qual o ser supremo é o Outro, é a humanidade.

Stirner dizia: "A minha causa não é divina, nem humana [,,,] não é geral, mas única, tal como eu sou único." - (página 145)
"O regresso ao Único, ao EU sem conteúdo, ou seja, ao nada: fundei a minha causa sobre o nada. Mas este nada é o centro de tudo." - Max Stirner (página 145)

O valor supremo de Stirner era o EGOÍSMO. Pensar assim naquele época era nada contra a corrente, pois Feuerbach opunha o Amor Humano ao Egoísmo, os socialistas tinham como inimigo o egoísmo intrínseco dos burgueses e Bauer criticava as massas, que acusa de se entregarem a atividades egoístas.
Ao escolher o egoísmo como Valor Supremo, Stirner constata aquilo que existe (para ele, não havia dúvidas sobre essa constatação): no Mundo só existem pessoas egoístas, consciente ou de forma inconsciente. 
Stirner não se sentia obrigado a nada, sem deveres para consigo mesmo, sem deveres para com Deus, sem deveres para com os outros e sem deveres para com a Humanidade.
Para Stirner não havia necessidade de terceiros, de mediadores.
Stirner definia o OUTRO como sendo aquilo que não é o EU.

".....é preciso que eu consiga persuadir-me, à maneira estoica, da ideia de que as condições reais da minha vida nunca têm a importância que eu lhes quero atribuir." (Max Stirner - página 163)

Fonte: Anotações extraídas da leitura do Livro História do Anarquismo, Jean Préposiet, Edições 70, Almedina


    terça-feira, 23 de abril de 2019

    Antissemitismo Estrutural Judenstaat Junkers



    Prússia era um Estado alicerçado sobre uma aristocracia proprietária de terras, os Junkers (do alemão Herr: Senhor; Jung: Jovem).
    Os Junkers eram os Aristocratas que constituíam a chamada NOBREZA EM SERVIÇO do Estado, possuindo dessa forma o monopólio dos altos postos no serviço público e no Exército, constituindo a base do Estado Prussiano.
    Mas em 1806, com a chegada de Napoleão Bonaparte, o modo de vida da Aristocracia prussiana ficou em risco. E o risco não vinha apenas das ideias trazidas pela Revolução Francesa. O mundo estava mudando. A terra, símbolo de estabilidade, tornava-se uma commodity, um mero objeto de troca. Nesse novo mundo, o dinheiro fluía, de forma que a sociedade estável, assentada sobre a propriedade fundiária, estava sob ataque.
    A Propriedade Fundiária deixava de ser uma símbolo de identidade para ser algo volátil, uma commodity, suscetível de ser vendida, consagrando o domínio do dinheiro sobre o valor real das coisas. Quem ganhava com isso era o detentor do capital, do dinheiro, geralmente comerciantes judeus. 
    Durante o domínio napoleônico na Prússia, foi dado início a uma Reforma, na qual, entre outras mudanças, aos judeus seria permitida a aquisição de propriedades rurais. Criou-se um conflito no qual de um lado estavam os reformistas do Estado Prussiano (ex.: Stein) e de outro lado estavam os Junkers prussianos, aristocratas conservadores, que não queriam mudanças, como por exemplo Ludwig Von Der Marwitz.
    Ludwig Von Der Marwitz dizia que os judeus não podiam adquirir propriedades rurais, caso contrário tornar-se-iam eles, os judeus, representantes do Estado, de forma que o Estado de Brandemburgo-Prússia tornar-se-ia um Estado Judeu (Judenstaat). Esse pensamento redundou no antissemitismo estrutural "que forma uma linha contínua no ódio que prussianos e alemães nutriram pelos judeus. Os judeus são inimigos do Estado prussiano precisamente no sentido descrito por Edmund Burke: eles 'volatizam' a propriedade e representam o domínio do dinheiro sobre o valor real."


    Fonte:
    (Anotações extraídas da Leitura do Livro BISMARCK, UMA VIDA, de Jonathan Steinberg, Editora Amarilys)

    domingo, 21 de abril de 2019

    Feudalismo





    Fonte:

    Ascensão e Queda dos Impérios Globais: 1400-2000, John Darwin, Edições 70

    terça-feira, 16 de abril de 2019

    Plantations Cana-de-açúcar Colônia Francesa de Saint-Domingue, atual Haiti



    "O Plantio de cana-de-açúcar era o comércio petrolífero do século XVIII e Saint-Domingue era a fronteira do velho oeste para o Antigo Regime, onde filhos de famílias nobres empobrecidas podiam fazer fortuna."
    "Hoje, o mundo tem tal abundância de açúcar - é um gênero tão básico da dieta moderna, associada a tudo o que é ordinário e prejudicial à saúde - que é difícil acreditar que as coisas foram um dia exatamente o oposto. As Índias Ocidentais foram colonizadas em um mundo no qual o açúcar era visto como um artigo escasso, luxuoso e altamente salutar. Os médicos do século XVIII prescreviam pílulas de açúcar para quase tudo: problemas cardíacos, dor de cabeça, tuberculose, dores de parto, insanidade, velhice e cegueira."
    "Colombo trouxe a cana-de-açúcar para Hispaniola, o primeiro povoamento europeu no Novo Mundo, sua sua segunda viagem, em 1493."
    "Os espanhóis fundaram uma colônia no lado leste de Hispaniola e a batizaram de Santo Domingo; no fim, a colônia se estenderia para o leste por dois terços da ilha, correspondendo, grosso modo, à República Dominicana dos tempos modernos. (Os habitantes nativos chamavam a ilha inteira de outro nome: Hayti.)."
    (Páginas 40/43)

    Os espanhóis trouxeram a tecnologia dos engenhos de açúcar, a cana-de-açúcar e os escravos. A Espanha lançou as fundações dessa grande riqueza e perversidade nas Américas, depois rapidamente voltou sua atenção para  a exploração do ouro e da prata. A ilha ficou a definhar por quase dois séculos, até que os franceses começaram a aproveitar seu verdadeiro potencial.
    Já em meados do século XVIII, a colônia de Saint-Domingue, situada no extremo ocidental de Hispaniola, onde hoje fica o Haiti, respondia por dois terços do comércio francês do além-mar. 

    Obs.: Ilha de Hispaniola, que atualmente comporta dois países, o Haiti, na sua parte oeste, e a República Dominicana, na sua porção leste.



    (Fonte: O CONDE NEGRO, Glória, Revolução, Traição e o verdadeiro Conde de Monte Cristo, Tom Reiss, Editora Objetiva)

    Os Africanos e a Escravidão




    "Os Portugueses descobriram que os reinos africanos estavam dispostos a lhes fornecer escravos diretamente: os africanos não consideravam que estivessem vendendo seus irmãos raciais para os brancos. Eles não pensavam absolutamente em termos raciais mas apenas em diferentes tribos e reinos. Antes, tinham vendido seus cativos para outros africanos negros ou para os árabes. Agora os estavam vendendo para os brancos. Os próprios reinos e impérios africanos mantinham milhões de escravos. À medida que o tempo passou, os africanos descobririam sobre os horrores que aguardavam os escravos negros nas colônias americanas, para não mencionar a travessia, porém continuaram a exportar quantidades cada vez maiores de "Bois d' ebène", madeira de ébano, como os franceses chamavam sua carga. Não havia misericórdia ou moralidade envolvida. Era tudo estritamente negócios." (Páginas 42/43)


    (Fonte: Conde Negro: Glória, Revolução, Traição e o Verdadeiro Conde de Monte Cristo, Tom Reiss, Editora Objetiva)

    segunda-feira, 15 de abril de 2019

    Holanda, Sociedade Diluviana


    Caráter Nacional Holandês: Redenção pela fé no enfrentamento da adversidade que a natureza peculiar de seu território lhe impunha. Território sujeito a inundações constantes, vindas do Oceano ou das tempestades. Ser holandês significava, sob orientação divina, transformar a catástrofe em fortuna, a lama em ouro e a água em terra seca. Triunfar sobre a adversidade fazia com que o holandês se visse tocado pela graça divina, sinal de que ele seria um povo eleito por Deus. A Calamidade, na forma das águas invadindo seu território ou na guerra contra os Espanhóis,  era entendida pelos holandeses como uma prova enviada por Deus para testá-los. Sendo obedientes às leis de Deus, os holandeses teriam a redenção na terra e a salvação no outro mundo. 
    Os holandeses sofriam tanto com a invasão das águas, principalmente com as enchentes dos séculos XIV e XV, que seu país foi retratado como uma Terra Submersa, por Sebastian Munster, em sua Cosmographia Universalis, no ano de 1552.
    E o emblema heráldico holandês mostra bem o trauma do país com a água: "Luctor et emergo" Luto para emergir. E a figura de um Leão a arrostar as ondas.

    Mas as provações a que os holandeses eram submetidos não vinham apenas da peculiaridade de seu território.
    A Holanda também sofria com a cobiça de outros países.
    O Certo espanhol a Leiden, em 1574, foi uma prova disso. Mais uma vez vemos a  necessidade da provação, do sofrimento para que em seguida o povo holandês fosse merecedor da Recompensa Divina, na forma da expulsão dos espanhóis. Guilherme de Orange, maior autoridade holandesa naquela época, deliberadamente rompeu diques, provocando inundações sistemáticas para afastar os invasores espanhóis. 
    Os religiosos holandeses pregavam dizendo que seu povo era predestinado, escolhido por Deus, pois tinha sobrevivido a um Dilúvio. Era uma analogia entre a constante luta do povo holandês para livrar seu território das inundações vindas do Oceano e das chuvas com o Dilúvio bíblico.
    Deus teria dado um poder aos holandeses: o poder de criar nova terra, por meio de diques, moinhos de vento e trabalho árduo. 
    Dessa forma, os holandeses se viam como os bíblicos filhos de Israel, munidos com uma nova aliança com Deus.
    O Dilúvio bíblico representa o fim do Velho mundo e o nascimento de um novo mundo, sob um novo pacto de um povo eleito com Deus. O povo holandês se via como esse povo eleito, que graças a Deus tinha conseguido impor limites ao Oceano, tinha expulsado os espanhóis, sob a condição de levar uma vida cristã conforme os mandamentos divinos.


    (Anotações retiradas da leitura do Livro O Desconforto da Riqueza, a Cultura Holandesa na Época de Ouro, de Simon Schama, Editora Companhia das Letras)




    domingo, 14 de abril de 2019

    A Imprensa, o Quarto Poder.


    Guerra da Crimeia - 1854
    Foi a primeira guerra produzida pela pressão da opinião pública e da imprensa.
    O desenvolvimento das Ferrovias tornou a imprensa nacional. Na Grã-Bretanha, a opinião pública, influenciada por essa imprensa, se tornou uma força poderosa na política.
    O Jornal "The Times", principal jornal nacional da Grã-Bretanha, se via como uma Instituição Nacional, uma espécie de "Quarto Poder". 

    "Jornalismo não é o instrumento pelo qual as várias divisões da classe dirigente se expressam: é o instrumento pelo qual a inteligência somada do país critica e controla todas elas. É de fato o quarto Estado do Reino: não meramente a contraparte escrita e a voz do terceiro. (Henry Reeve - The Times, 1855)


    "Um Ministro inglês tem que satisfazer os jornais." (Lorde Aberdeen, Primeiro Ministro inglês, meados do século XIX)


    Fonte: Crimeia, a história da guerra que redesenhou o mapa da Europa no século XIX, Orlando Figes, Editora Record, páginas 172/173)

    sexta-feira, 12 de abril de 2019

    A Deformidade Genital de Adolf Hitler



    "Acredita-se que o próprio Hitler teve duas formas de anormalidades genitais: um testículo retido e uma condição rara chamada hipospadia peniana, caso em que a abertura da uretra fica na parte de baixo do pênis, ou, em alguns casos, no períneo. A famosa canção de marcha, cantada na melodia de Colonel Bogev, cujo início é: 'Hitler has only got one ball/The other is in the Albert Hall' (Hitler só tem uma bola/A outra está no Albert Hall), pode ter sido mais precisa do que jamais imaginaram as tropas."

    (Fonte: O Último dia de Hitler, minuto a minuto, de Jonathan Mayo e Emma Craigie, editora Vestígio, página 49)

    terça-feira, 26 de março de 2019

    Ubermensch e Untermensch



    Na Alemanha Nazista, palavras de uso antigo retornavam ao uso diário, adquirindo um "uso moderno sinistramente robusto" (Victor Klemperer)
    Exemplos: 
    Ubermensch: Super-Homem. 
    Untermensch: Sub-humanos (modo pelo qual os nazistas enxergavam judeus e eslavos)

    (Fonte: No Jardim das Feras, Intriga e Sedução na Alemanha de Hitler, Erik Larson, Editora Intrínseca, página 139)

    segunda-feira, 25 de março de 2019

    Regime Nazista e o Fanatismo



    Durante o Regime Nazista, o vocábulo "Fanático" passa a ser um elogio. 

    "O termo "fanático" tornou-se característica positiva. De repente passou a conotar o que o filólogo Victor Klemperer, judeu que morava em Berlim, descreveu como 'feliz mistura de coragem e fervorosa devoção.' Os jornais controlados pelos nazistas noticiavam uma interminável sucessão de juramentos fanáticos, declarações fanáticas e crenças fanáticas - tudo coisa boa. Goring era descrito como amante fanático dos animais: fanatischer tierfreund" (página 139)

    Fonte: No Jardim das Feras, intriga e sedução na Alemanha de Hitler. Autor: Erik Larson, editora intrínseca, página 139

    Lebensraum Espaço Vital



    A Política Internacional caracteriza-se pela Luta por Espaço. O Espaço é o sustentáculo do Poder Político. 
    Pensando dessa forma, Adolf Hitler dizia que a Alemanha tendia à insignificância, tendo em conta a comparação do tamanho de seu território com o de outros países e impérios (URSS, China, EUA, Império Britânico, Império Francês). A solução de Hitler era a seguinte: A Alemanha teria que adquirir territórios no leste. O Leste (URSS,Polônia) seria o Lebensraum da Alemanha, seria o seu espaço vital, dentro do qual pretendia-se diminuir a desproporção entre a população alemã e o seu território. 
    Hitler seguia dizendo que para a aquisição desse território seria necessário a união do Volk, num processo de reafirmação nacional, no qual o elemento daninho, o judeu, deveria ser extirpado. O Judeu era visto por Hitler como aquele que confundia e corrompia o Volk (povo alemão), sendo uma ameaça à pureza da raça e também como o autor de uma conspiração internacional plutocrática e comunista contra a Alemanha.

    (Informações extraídas da Leitura do Livro Europa, a Luta pela Supremacia, de 1453 aos Nossos Dias, Brendan Simms, Edições 70, páginas 404/405)

    Realpolitik


    Há traduções de Realpolitik como "política prática" ou "política do realismo". Mas segundo Jonathan Steinberg, o verdadeiro sentido de Realpolitik é extraído da leitura das cartas escritas por Otto Von Bismarck ao General Leopold Von Gerlach, no ano de 1857. "REALPOLITIK é fazer o que funciona e o que serve aos seus interesses."
    As cartas de 1857 discutiam a forma pela qual a Prússia deveria tratar Napoleão III.
    Leopold Von Gerlach tinha como princípio político a luta contra a Revolução. Pare ele, Napoleão III era a personificação da Revolução, de forma que a política externa prussiana deveria combatê-lo, não podendo haver qualquer contemporização. Para Leopold Von Gerlach, portanto, a política deve se apoiar em princípios e com base neles as alianças e os acordos devem ser feitos.
    Otto Von Bismarck também se reconhece como um defensor do princípio que combate a revolução, mas procura mitigar sua posição, dizendo Napoleão III não é o único revolucionário existente, acrescentando que outros países têm suas raízes em processos revolucionários. Dá o exemplo da Grã-Bretanha com a sua revolução Gloriosa. Enfim, Bismarck irá se reunir com qualquer país que, revolucionário ou não, atenda aos ditames de sua Realpolitik: que a aliança funcionasse para a Prússia e que servisse aos interesses da Prússia. 



    (Anotações Extraída da leitura do Livro Bismarck, uma vida, de Jonathan Steinberg, Editora Amarilys, página 166/168)


    sábado, 16 de março de 2019

    Morte de Felipe da Macedônia, resultado da Fúria de um Amante Desprezado


    O Homem que assassinou Felipe da Macedônia, pai de Alexandre, o Grande, atendia pelo nome de Pausânias
    Pausânias vinha de uma família de nobres macedônios. Ele foi recebido na Corte Real como Pajem e logo caiu nas graças de Felipe em razão de sua beleza.
    Mas conforme o tempo passava, Felipe perdeu o interesse por seu jovem amante Pausânias e voltou sua atenção para outro belo membro de sua Corte, cujo nome, coincidentemente, também era Pausânias
    O primeiro Pausânias ficou louco de ciúmes e lançou uma campanha difamatória contra o seu rival homônimo, rotulando-o de covarde, vadio e hermafrodita. O segundo Pausânias, contudo, era um corajoso soldado que não iria suportar um ataque contra a sua honra. Para provar o seu valor, o segundo Pausânias se aproveitou de um combate contra os Ilírios para provar a sua coragem, jogando-se numa luta sangrenta, ao custo de sua própria vida.
    Um amigo do segundo Pausânias, um General importante do exército de Felipe, de nome Átalo, ao tomar conhecimento da difamação direcionada ao seu amigo e, ao saber de sua morte, resolveu agir contra o primeiro Pausânias. De forma que armou um encontro com ele, o embriagou e, aproveitando-se de seu estado de embriaguez, o sodomizou e fez com que os seus servos fizessem o mesmo.
    No dia seguinte, Pausânias, desmoralizado, ridicularizado por todos, buscou justiça. Felipe lhe negou qualquer reparação, pois não poderia agir contra o seu General. Mas Felipe, para apaziguá-lo, fez de seu ex-amante membro de sua guarda pessoal.
    Mas Pausânias não seria facilmente apaziguado. Ele continuava sendo alvo de chacotas e zombarias e ainda tinha que ver o seu algoz, o General Átalo, em glória, indo à Ásia Menor, para uma campanha militar grandiosa. Para esquecer seus problemas, Pausânias passou a frequentar as palestras do sofista grego Hermocrátes. Numa dessas palestras, Hermocrátes disse que a forma pela qual se atinge a Glória Imortal é pelo assassinato de um homem importante.
    Era tudo o que Pausânias precisava ouvir. Átalo, seu algoz, estava na Ásia, fora de seu alcance, mas Felipe, seu antigo amante e homem que lhe negara justiça, estava ao alcance de suas mãos.
    Foi assim então que Pausânias decidiu matar Felipe da Macedônia. No teatro da Colina de Vergina, coração da Macedônia, Pausânias, com uma Adaga, matou Felipe. Pausânias tentou fugir, mas foi capturado e morto. 

    (Informações extraídas da Leitura do Livro Alexandre, o Grande, de Philip Freeman, Editora Amarilys, páginas 59/61)