BÁRBAROS NO PODER IMITAVAM A GOVERNAÇÃO ROMANA:
No ano de 484, Hunerico, rei dos Vândalos, no Norte da África, onde antes havia uma Província Romana, agia como os romanos.
Ele era ariano e considerava as práticas católicas dos romanos como heresia. Para os arianos como Hunerico, Jesus Cristo foi somente um homem. Era apenas humano, sem dimensão divina, como acreditavam os cristãos católicos.
O que importa aqui é que Hunerico emulava o comportamento dos Imperadores Romanos, que desencadeavam processos de heresia contra qualquer um que viesse a desafiar o entendimento esposado pelo catolicismo.
No passado, sob o Império Romano, os católicos estavam na posição de acusadores, perseguidores. Os romanos católicos queriam impor o cristianismo católico para todosExemplo: disputa entre donatistas e católicos, em 411 (século V). Agora, sob o reinado de Hunerico, eram os católicos que estavam na posição de perseguidos e heréticos. Os vândalos queriam impor o arianismo para todos, perseguindo quem pensasse de forma diversa.
"Assim, é possível ver os vândalos como uma versão dos próprios romanos."
(página 133)
"Hunerico gostava de ser um Imperador romano no modo de perseguir..."
(página 132)
Como dissemos acima, Hunerico era o chefe/rei dos Vândalos.
"O uso moderno de seu nome mostra a má reputação que eles já tinham..."
(página 132)
Os vândalos eram acusados de crueldade e opressão; chegada violenta à África em 429; estilo de vida luxurioso. Genserico (428/477), pai de Hunerico, levou os Vândalos da Espanha para a Numídia (província romana no norte da África). Conquistaram Cartago. Pilharam a Sicília, conquistaram a Sardenha e saquearam Roma em 455.
Apesar de perseguirem os cristãos católicos, "há evidências que mostram que os vândalos acreditavam ser muito romanos." (página 132)
"A administração vândala parece ter sido quase idêntica à administração romana da província da África e composta por africanos..."
(página 133)
"...a moeda era uma adaptação criativa de moedas romanas."
(página 133)
PERDER A ÁFRICA DO NORTE PARA OS VÂNDALOS OCASIONOU UM GRAVE PREJUÍZO PARA O IMPÉRIO ROMANO DO OCIDENTE:
Os Vândalos governavam a África como uma aristocracia militar fundiária, etnicamente distinta. As terras que pertenciam os romanos foram expropriadas.
A presença dos Vândalos no norte da África impactaram Roma de forma grave. A principal área exportadora de alimentos para o Império Romano do Ocidente caiu nas mãos dos 'bárbaros'. O corte desse fornecimento de alimentos ocasionou a diminuição da população romana. O comércio que havia entre Cartago e Roma caiu por terra. Roma passou a enfrentar uma crise fiscal, quando mais precisava de dinheiro para manter seu exército.
"Não ter previsto que Genserico tomaria Cartago, apesar de um tratado afirmado em 435, é indiscutivelmente o principal erro estratégico do governo imperial no século V."
(página 134)
Cartago só voltaria a ser romana (Império Romano do Oriente - Império Bizantino) em 533/534.
SÉCULO V. NAS RUÍNAS DAQUILO QUE TINHA SIDO O IMPÉRIO ROMANO DO OCIDENTE. MUNDO PÓS-ROMANO:
Frase de Impacto sobre a Queda do Império Romano:
↪ "nada mudou, mas tudo mudou." (páginas 134/135)
↪ A queda do Império Romano do Ocidente foi algo que poderia ter sido evitado: "Os acontecimentos do século V não eram inevitáveis, e não foram percebidos como tal pelas pessoas que os vivenciaram.." (página 134/135)
Com a queda do Império Romano do Ocidente, nada mudou, mas tudo mudou
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"...repetidas vezes os exércitos 'bárbaros' ocuparam províncias romanas, as quais eles administravam de maneiras romanas; nada mudou, mas tudo mudou. No ano 400, os Impérios Romanos Ocidental e Oriental eram gêmeos, governados por irmãos (Honório e Arcádio, os dois filhos de Teodósio I, que governaram entre 395 e 423 e 395 e 408, respectivamente), com pouca diferença estrutural entre eles...Em 500, o Oriente quase não tinha sido afetado (na verdade, ele estava passando por um boom econômico), mas o Ocidente se encontraria dividido em meia dúzia de grandes seções."
(páginas 134/135)
Divisões daquilo que tinha sido o Império Romano do Ocidente:
⏩África Vândala
⏩Espanha Visigótica e Sudoeste da Gália
⏩Burgúndia (Sudeste da Gália)
⏩Norte Franco da Gália
⏩Itália Ostrogótica (incluindo a região dos Alpes)
⏩Outras regiões menores
"Os maiores sistemas políticos ocidentais eram todos regidos por uma tradição romana, embora fossem mais militarizados, suas estruturas fiscais estivessem mais fracas, tivessem menos relações inter-econômicas..."
(páginas 134/135)
"Uma grande mudança havia ocorrido sem que ninguém, em particular, a planejasse."
(páginas 134/135)
O primeiro autor a falar que o Império Romano do Ocidente havia ruído no ano de 476: Marcelino Comes, residente em Constantinopla, escrevendo no ano de 518:
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"Os acontecimentos do século V não eram inevitáveis, e não foram percebidos como tal pelas pessoas que os vivenciaram. Nesse período, ninguém via que o Império do Ocidente estava 'caindo'. O primeiro autor a especificamente datar seu fim (em 476) foi um cronista residente em Constantinopla, Marcelino Comes, que escreveu por volta de 518."
(páginas 134/135)
ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "O LEGADO DE ROMA, ILUMINANDO A IDADE DAS TREVAS, 400-1000, CHRIS WICKHAM, EDITORA UNICAMP, IMPRENSA OFICIAL, GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, capítulo 3, Crise e Continuidade, 400-550.
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