OS OUTROS:
O mundo romano tinha seus vizinhos. Eram então os "outros". Esses outros despertavam nos romanos sentimentos de incompreensão e de desprezo. Esses "outros" podiam receber o nome de 'barbari", os bárbaros.
VIZINHO DO LESTE:
A leste havia a Pérsia, então governada pela dinastia Sassânida (220/640 d.C).
"O estado persa era quase tão grande quanto o Império Romano, estendendo-se a leste para a Ásia Central e para o atual Afeganistão; (...) manteve-se unido por um complexo sistema fiscal, apesar de ter tido uma poderosa aristocracia militar também, ao contrário de Roma." (página 86)
"A Pérsia era uma ameaça contínua, porém estável: as guerras aconteciam apenas nas fronteiras, no máximo estendiam-se até a Síria, pelos 250 anos entre a desastrosa invasão de Juliano ao território que hoje é o Iraque (então o coração econômico e político da Pérsia), em 363, e a temporária conquista persa do Oriente romano, em 614-628, que culminou no cerco de Constantinopla, em 626." (página 86)
A maior parte dos persas adotava o zoroastrismo. Havia ainda minorias cristãs e judaicas.
"O Zoroastrismo certamente contribuiu para a 'estranheza' persa aos olhos romano; por exemplo, seus sacerdotes, chamados 'magoi', em grego, ou 'magi', em latim, deram seu nome à mágica em ambas as línguas, mesmo que a religião zoroastriana favorecesse uma teologia abstrata e rituais públicos, como fazia o cristianismo." (página 87)
VIZINHOS DO SUL:
Na África os romanos tinham que lidar com os Berberes, que constituíam tribos nômades e seminômades do Saara e de suas margens.
"...por muito tempo essas (tribos berberes) não foram levadas a sério como ameaças militares, porém tais grupos estavam ganhando em coerência social e militar, em grande parte como resultado da influência romana." (página 87)
VIZINHOS NA BRITÂNIA:
A Britânia corresponde hoje à Inglaterra, Escócia, Irlanda e Irlanda do Norte. Nos tempos romanos, os vizinhos da Britânia romana eram os Pictos a norte e os irlandeses a oeste.
VIZINHOS DAS FRONTEIRAS DOS RIOS DANÚBIO E RENO:
Francos, Frísios, Saxões, Godos, Alamanos, Longobardos, Lombardos, Quados e muitos mais.
"A longa fronteira do Reno e do Danúbio voltava-se para comunidades tribais, em sua maioria falantes de línguas germânicas, que os historiadores, desde Tácito, no século I, tinham visto como um bloco, os 'germani', apesar de não haver qualquer evidência de que essas pessoas reconhecessem algum vínculo comum. Os principais grupos ao longo da fronteira eram, por volta do século IV, os francos, no Baixo Reno, os alamanos, no centro e no Baixo Reno, e os godos, no Baixo Danúbio e no noroeste das estepes do que é hoje a Ucrânia. Mais para trás estavam os frísios, na moderna Holanda, os saxões, ao norte da moderna Alemanha, os vândalos e longobardos e lombardos , a leste. Esses eram os principais grupos, porém havia dúzias de outros. Os quados, que se localizavam no que são agora a Eslováquia e a Hungria, são dignos de menção, talvez apenas porque, depois de travarem uma pequena guerra contra Valentiniano I, em 374/375, reuniram-se com o imperador e argumentaram (corretamente, de fato) que seus próprios ataques eram uma justificada e, em grande parte, defensiva resposta à agressão romana: isso foi visto por Valentiniano como algo tão insolente que ele teve um ataque apoplético e morreu." (página 88/87)
ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "O LEGADO DE ROMA, ILUMINANDO A IDADE DAS TREVAS, 400-1000", CHRIS WICKHAM, EDITORA UNICAMP.
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