segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

O Mundo Pós Paz de Vestfália - Vestefália




O QUE SE SEGUIU À PAZ DE VESTFÁLIA?

👉Pretensão de Luís XIV, rei francês, a uma Monarquia Universal. 

No século XVI Carlos V, da dinastia Habsburgo, pretendia criar uma Monarquia Universal, unindo todos os europeus sob uma monarquia cristã governada pela dinastia Habsburgo. Já no século XVII a pretensão por uma Monarquia Universal foi assumida por Luís XIV, da dinastia Bourbon. 
Luís XIV queria romper o cerco Habsburgo, que estrangulava a França. França se via cercada por territórios governados por Habsburgos austríacos (Sacro Império Romano Germânico, Áustria) e por Habsburgos Espanhóis (Países Baixos, Espanha, etc). A França precisava romper esse cerco, criando ainda uma barreira ao longo do Rio Reno de forma a proteger a fronteira oriental com a Alemanha. 
Espanha, Áustria, Holanda e Inglaterra buscavam refrear os planos expansionistas franceses. A França, por sua vez, contava com o Império Otomano e com a Suécia como aliados.

👉 Revolução Gloriosa na Inglaterra - 1688:

Políticos protestantes ingleses (Whigs), temiam que a Inglaterra voltasse a ser dominada pelos católicos Os temores dos protestantes ingleses cresceram quando Jaime II subiu ao trono no ano de 1685. Jaime II era um católico convicto e aliado do também católico rei francês Luís XIV. Jaime II ainda tinha um herdeiro varão católico. Ao mesmo, na Europa, tropas francesas de Luís XIV conquistavam novos territórios, ameaçando a Holanda protestantes e os estados alemães protestantes. A expansão de Luís XIV colocava a Europa sob o risco de ser governada por uma Monarquia Universal católica. O equilíbrio europeu estava ameaçado. Era preciso fazer algo. Daí nasceu a Revolução Gloriosa de 1688, com a deposição do rei Jaime II e com a coroação do Stadholder holandês Guilherme de Orange como o rei Inglês Guilherme III.

"Em finais dos anos 1680 a questão tinha chegado a um ponto crítico. Em junho de 1688 nasceu a Jaime II um herdeiro varão católico, que em última instância receberia a herança de preferência a Maria e Ana, as duas filhas protestantes de seu primeiro casamento. Um perigo mais imediato era, porém, o que apresentava o movimento de Luís XIV para o Palatinado (território integrante do Sacro Império Romano Germânico). Foi este golpe iminente que impeliu Guilherme de Orange a invadir a Inglaterra em novembro de 1688. Só a restauração do governo constitucional em Inglaterra, acreditavam os holandeses, tornaria o país capaz de participar na defesa das liberdades contra Luís XIV. [...] Da mesma maneira, foi a deterioração da situação europeia, mais do que a perspectiva longínqua de Jaime II ser sucedido por um herdeiro varão católico, que convenceu as chefias Whigs de que não tinham outra hipótese que não fosse convidar Guilherme de Orange como seu libertador; quando Jaime II fugiu, fizeram-no seu rei também." (página 97)

Com a Revolução Gloriosa de 1688 a Inglaterra entrou em guerra contra a França. Ao lado dos ingleses estavam os alemães, austríacos, espanhóis e os holandeses. Essa aliança conseguiu deter as ambições de Luís XIV de edificar uma Monarquia Universal na Europa.

👉 Eclosão em simultâneo de duas grandes guerras no Europa:

✅A Grande Guerra do Norte
✅A Guerra da Sucessão Espanhola

A Grande Guerra do Norte, de 1700 até 1721, tinha uma aliança formada por Rússia, Saxônia, Polônia e a Dinamarca numa guerra contra a Suécia. O conflito foi decidido na grande batalha de Poltova, na atual Ucrânia, em 1709, quando o exército russo impôs uma derrota acachapante ao exército da Suécia. A Grande Guerra do Norte foi o início da ascensão da Rússia como grande potência.
A Guerra da Sucessão Espanhola começou com morte do rei espanhol Carlos II sem herdeiros. Mas Carlos II, antes de morrer, indicou como seu sucessor Filipe de Anjou, neto de Luís XIV. Se tal fato viesse a se concretizar, França e Espanha iriam se unir num só bloco, em torno do qual um poder sem igual, jamais visto na Europa, seria erigido, destruindo dessa forma qualquer resquício de equilíbrio europeu. Para evitar isso, ingleses, alemães, holandeses e austríacos formaram uma aliança e declararam guerra à França. A guerra terminou com o Tratado de Utrech (Utreque), por meio do qual Luís XIV viu sua pretensão de criar uma Monarquia Universal sob seu comando ser mais uma vez destruída. Mas Luís XIV pelo menos teve uma vitória: seu neto Filipe de Anjou pôde assumir trono espanhol, com a condição de abdicar do trono francês. Assim o cerco Habsburgo tinha terminado. A França não teria mais na sua fronteira sul um rei espanhol da dinastia Habsburgo. 

A LUTA PELA SUPREMACIA EUROPEIA CONTINUAVA:

Após os conflitos da Grande Guerra do Norte e da Guerra da Sucessão Espanhola, a luta pela supremacia europeia continuava mais vida do que nunca. A guerra era um hábito da época. A ânsia por dominar, pela supremacia, não tinha cessado. Por exemplo, a Espanha de Filipe de Anjou buscou retomar territórios perdidos durante a Guerra da Sucessão Espanhola. Agora aliadas, França e Inglaterra a detiveram. 
Depois, foi a vez da Áustria da dinastia Habsburgo se sentir tentada a expandir o seu poder. Sua recentes vitórias na Guerra da Sucessão Espanhola e na guerra contra os Otomanos a tinham deixado animada. Mas não foi além de um desejo, pois França e Inglaterra mais uma vez se aliaram para conter a ambição austríaca de querer unir Alemanha, Áustria e Espanha num só bloco. 

GUERRA DA SUCESSÃO POLONESA:

Em 1733, morreu o rei Polonês Augusto II. A Polônia era um reino estratégico, que ficava entre o gigante russo e o restante da Europa Ocidental. O rei polonês era eleito, de forma que abria brecha para a ingerência de outros países na sua escolha. Rússia e Áustria queriam um saxão (eleitorado da Saxônia, um estado alemão componente do Sacro Império Romano Germânico) como rei polonês. Já a França queria ver Estanislau Leszczinski no trono polonês. Para resolver esse impasse, França entrou em guerra contra a Áustria, a Espanha e a Rússia. A sorte foi decidida a favor dos russos e dos austríacos. Os franceses estavam levando a melhor, até que os Russos, depois de uma marcha épica de mais de 1000 quilômetros, chegaram ao Palatinado. 

GUERRA DA SUCESSÃO AUSTRÍACA:

Mal terminava uma guerra e já começava outra. Era assim que a Europa era no século XVIII. Agora o conflito se concentrava em torno da sucessão na Áustria. Seu soberano, Carlos VI, morreu sem deixar um herdeiro varão. Subiu ao trono austríaco então sua filha Maria Tereza. Carlos VI ainda era o Imperador do Sacro Império Romano Germânico. Mas sua filha não poderia sucedê-lo nesse caso, pois só homens poderiam assumir a coroa do Sacro Império Romano Germânico. 
Quem seria então o próximo Imperador do Sacro Império Romano Germânico? Os franceses apoiavam o católico da Baviera Carlos Alberto. Os ingleses, por sua vez, viam com preocupação a França tendo como aliado um Imperador do Sacro Império Romano Germânico. Os ingleses então passaram a apoiar o marido de Maria Tereza, o duque da Lorena, Francisco Estevão. Esse foi apenas um dos conflitos desencadeados pela morte de Carlos VI. 
Outro conflito viria da Prússia, cujo monarca absoluto, Frederico II, o Grande, iria aproveitar a confusão na Áustria para invadir uma de suas províncias mais ricas, a Silésia, em dezembro de 1740. No fim de mais essa guerra, a Prússia conseguiu manter a Silésia, tornando-se um ator importante na Europa. Maria Tereza, soberana da Áustria, que tinha perdido a Silésia para a Prússia, conseguiu pelo menos emplacar seu marido como Imperador do Sacro Império Romano Germânico, mantendo dessa forma a coroa alemã na dinastia Habsburgo. 

ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "EUROPA, A LUTA PELA SUPREMACIA, DE 1453 AOS NOSSOS DIAS, DE BRENDAN SIMMS, EDITORA EDIÇÕES 70.



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