DOIS ARQUI-INIMIGOS TORNAM-SE ALIADOS:
Em meados da década de 1750, França da Dinastia Bourbon e a Áustria da Dinastia Habsburgo, deixam para trás anos de antagonismo para se tornarem aliadas. Essa mudança foi denominada de Revolução Diplomática. Era vista na época como uma aliança Anti-Natural. Por meio dela, a França abandonava seus velhos aliados, a Suécia, a Polônia e o Império Otomano, optando por se aliar à Áustria, seu inimigo hereditário.
A aliança entre França e Áustria inverteu mais de dois séculos de inimizade entre a dinastia francesa Bourbon/Valois e a dinastia Habsburgo. Essa aliança foi formalizada por meio do Tratado de Versalhes, assinado no ano de 1756.
Essa mudança ocorreu porque a França passou a temer mais a Grã-Bretanha do que a Áustria. França e Grã-Bretanha disputavam entre si colônias no continente americano e no continente asiático. A França temia que os recursos que a Grã-Bretanha retirava das suas colônias ultramarinas proporcionariam a ela um domínio avassalador sobre o continente europeu. A Áustria, por sua vez, via na ascensão da Prússia, que lhe havia roubado a província da Silésia na Guerra da Sucessão Austríaca de 1740/1745, o maior perigo que enfrentava naquele momento. A Prússia passou a disputar com a Áustria o protagonismo no seio do Sacro Império Romano Germânico. Para a política externa austríaca, era imperioso que a Prússia fosse destruída. Esses antagonismos acabaram redundando na eclosão da Guerra dos Sete Anos.
GUERRA DOS SETE ANOS - DUAS GUERRAS EM UMA:
Prússia e Grã-Bretanha versus França, Áustria, Saxônia, Rússia, Suécia e forças imperiais do Sacro Império Romano Germânico (Reichsexecutionsarmee).
A Guerra dos Sete Anos, de 1756 a 1763, foi na realidade um conflito que envolveu duas guerras distintas:
a) Uma Guerra Alemã:
Os combates ocorreram no interior do Sacro Império Romano Germânico, que corresponde hoje à Alemanha. A Áustria tentava retomar a província da Silésia dos prussianos. Prússia e Áustria ainda disputavam o protagonismo no interior do Sacro Império Romano Germânico, um gigante formando por uma miríade de unidades políticas alemãs pequenas e médias. Áustria e Prússia eram os maiores estados do Sacro Império e disputavam entre si a liderança sobre ele. A Áustria tinha o apoio da Rússia e da França. A Áustria ainda conseguiu que o os pequenos e médios estados alemães votassem a favor a que o Sacro Império Romano Germânico se aliasse a ela. A Prússia, por sua vez, contava apenas com a aliança com a Grã-Bretanha. A Prússia lutava para manter a província da Silésia, conquistada durante a Guerra da Sucessão Austríaca (1740/1745). A França entrou nesse conflito ao lado de sua antiga arqui-inimiga Áustria porque temia a ascensão da Prússia. A segurança francesa sempre dependeu de um Sacro Império Romano Germânico desunido, composto por médios e pequenos estados alemães, que vivessem numa eterna desunião, incapazes de se unirem de forma a criar uma nação alemã coesa e poderosa. A França via na Prússia um agente capaz de unir os alemães num só país, colocando em risco a sua segurança. Era imperioso evitar que os estados alemães que compunham o Sacro Império Romano Germânico se unissem em torno da Prússia. A Rússia, por sua vez, se aliou à Áustria porque temia a ascensão da Prússia.
b) Guerra Colonial entre França e Grã-Bretanha:
Os combates ocorreram nas colônias ultramarinas de ambos os países, notadamente na América do Norte, nos atuais Canadá e EUA.
DESENROLAR DA GUERRA DOS SETE ANOS:
Frederico II, o Grande, monarca da Prússia, foi informado que uma grande aliança se formava contra ele. A Prússia seria atacada. Frederico II então resolver tomar a iniciativa, começando ele mesmo a guerra, invadindo a Saxônia. Frederico II justificou sua atitude dizendo que "quem se antecipa a um ataque secretamente planejado está talvez empenhado numa guerra, mas não é o agressor." (página 154)
Durante os sete anos do conflito grandes batalhas foram travadas, como em Rossbach, em novembro de 1757, quando uma combinação de soldados franceses e soldados imperiais alemães foi derrotada pela Prússia.
Nas colônias ultramarinas, os ingleses batiam sem dó nos franceses. Quebec, no Canadá francês, foi capturada pelos ingleses em 1759. Ainda nesse ano, a ilha francesa de Guadalupe, no caribe, foi conquistada pelos ingleses. Montreal foi conquistada pelos ingleses em 1760. Mesmo com os espanhóis se aliando aos franceses, os ingleses continuavam obtendo vitórias. No ano de 1762, Manila e Havana, que pertenciam à Espanha, foram conquistadas pelos ingleses.
Enquanto os ingleses surravam franceses e espanhóis nas colônias americanas e asiáticas, os prussianos sofriam nas mãos dos austríacos e dos russos. O exército prussiano foi derrotado em Zorndorf (1758) e em Kunesdorf (1759). A situação era tão desesperadora para a Prússia que Frederico II pensou em se suicidar. Somente um milagre poderia salvar a Prússia. E esse milagre veio, com a morte da Czarina Isabel da Rússia. Ascendeu ao trono russo Pedro III, um prussianófilo, que era admirador da Prússia e de Frederico II. Pedro III desfez sua aliança com a Áustria. O milagre tinha acontecido. A Prússia estava salva. Com a saída da Rússia, a Guerra dos Sete Anos caminhava para o seu fim.
FIM DA GUERRA DOS SETE ANOS:
Acabou no ano de 1763. Naquele momento, a Grã-Bretanha estava em alta, ao lado da Prússia e da Rússia. França e Áustria estava com viés de baixa. França teve que ceder o Canadá à Grã-Bretanha, mantendo apenas uma pequena posição na ilha de Saint-Pierre e Miquelon. A França ainda perdeu Senegal e uma série de ilhas no Caribe, mas conseguiu manter Saint-Domingue, atual Haiti, que naquela época era uma das maiores produtoras de açúcar do mundo. A Prússia manteve a Silésia em seu poder. A Espanha recuperou Havana (Cuba) e Manila (Filipinas).
Como dissemos acima, a Guerra dos Sete Anos compreendia dois conflitos, a Guerra Alemã e a Guerra Colonial entre França e Grã-Bretanha.
A primeira foi encerrada por meio do Tratado de Hubertusburgo, enquanto que a segunda foi encerrada pelo Tratado de Paris.
ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "EUROPA, A LUTA PELA SUPREMACIA, DE 1453 AOS NOSSOS DIAS, DE BRENDAN SIMMS, EDITORA EDIÇÕES 70
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