sábado, 30 de janeiro de 2021

A Bomba Atômica como portadora da Paz




 HAVERIA UM SÓ MUNDO, OU NENHUM:

Os físicos nucleares que criaram as bombas atômicas que foram jogadas em Hiroshima e Nagasaki acreditavam, ou queriam acreditar, que sua invenção iria acabar com a inimizade reinante no mundo, "plaga que aflige o mundo desde Caim e Abel" (página 25)

Com o advento da Bomba atômica, a humanidade então organizar-se-ia em um Estado Universal, uma vez que não lhe restaria outro alternativa. A certeza que uma guerra nuclear resultaria num extermínio mútuo, numa guerra na qual não haveria vencedores, fazia com que a busca pela paz fosse a única alternativa viável.

De acordo com esses cientistas, haveria um só mundo, ou nenhum. Haveria um só mundo no sentido de que todos agora estavam irmanados, vivendo em paz.

Agora, se a teoria de "um só mundo" não vingasse, levando à existência de 3 ou mais mundos, a estes estaria reservada a ruína. Três ou mais mundos no sentido de que as inimizades e as disputas persistiriam, criando assim mundos/países que viveriam em conflito. E havendo esses conflitos num mundo onde agora a tecnologia nuclear estaria, mais cedo ou mais tarde, acessível a mais de um país, então a humanidade estaria perto da ruína, na hipótese da eclosão de um conflito nuclear.

Robert Oppenheimer, líder do Projeto Manhattan, responsável pela produção das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, dizia que a invenção da bomba nuclear "tornava insustentável as futuras guerras." (página 23)

DISSUASÃO MÚTUA:

Ao final da Segunda Guerra Mundial, o mundo se viu dividido entre o mundo capitalista, liderado pelos EUA, e o mundo comunista, liderado pela URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). 

Ao contrário do que tinham sonhado os cientistas que produziram a bomba atômica, o advento desta arma não tinha trazido "um só mundo". Havia na realidade dois mundos, o soviético e o americano. Esses dois mundos se odiavam. Não havia nenhuma chance de EUA e URSS se unirem pela criação de um Estado Universal. 

"Ambos queriam se manter no mercado, evitando serem engolidos pelo oponente; ambos precisavam, portanto, de meios próprios que lhes permitissem devorar o adversário." (página 25)

Na disputa entre EUA e URSS, um teria que ser devorado e destruído pelo outro. Mas com o advento da Bomba Atômica e depois da Bomba Termonuclear, não haveria um devorador e um devorado, pois ambos seriam devorados. Numa guerra nuclear não havia espaço para vencedores. Era como Albert Einstein dizia quando perguntado como seria a Terceira Guerra Mundial. Ele respondia que não sabia quem a venceria, mas podia dizer com segurança que a guerra seguinte seria lutada com pedras e paus. 

"Basicamente, ambos se mantinham na defensiva. Os horrores que prometiam tinham por objetivo a dissuasão recíproca. Nesse contexto, a arma atômica agiria como promotora da paz." (página 25)

Então, se o advento da bomba atômica não teve o condão de criar um Estado Universal ("um só mundo), pelo menos evitou um conflito direto entre as duas potências nucleares, os EUA e a URSS. Conflito este que faria o ser humano voltar à idade da pedra. EUA e URSS temiam uma destruição mútua assegurada caso se enfrentassem diretamente num conflito nuclear.

GUERRA POR PROCURAÇÃO:

Não havendo possibilidade de uma guerra direta entre EUA e URSS, restou então guerrear por meio de representantes. O que sobrou então foram conflitos periféricos (Guerra do Vietnã, Guerra da Coreia, etc), no quais americanos e russos se enfrentavam de forma indireta, por meio de outros países. Na Guerra do Vietnã, por exemplo, os russos patrocinavam os rebeldes vietnamitas que lutavam contra as tropas americanas. Já na Guerra do Afeganistão, os americanos apoiavam os rebeldes afegãos em sua luta contra as tropas russas. 

Este livro irá tratar de outra guerra por procuração, a Guerra da Coreia, na qual os americanos vieram em socorro à Coreia do Sul, capitalista, enquanto que a URSS e a China comunista vieram em socorro à Coreia do Norte, comunista.

DESCOLONIZAÇÃO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL:

A Segunda Guerra Mundial depauperou os Estados colonialistas europeus. Inglaterra, França e Holanda viam seus impérios ultramarinos se revoltando. A URSS se aproveitou disso, apoiando a sublevação, como por exemplo no Vietnã, que lutava para se libertar do domínio francês.

Os EUA, por sua vez, mesmo sendo uma antiga colônia britânica, por ser agora aliado dos países europeus, não podia tomar partido das colônias que buscavam sua independência, deixando então uma brecha pela qual a URSS entrou com a sua influência e com sua propaganda comunista. 

O que havia de errado, por exemplo, quando os vietnamitas passaram lutar contra o domínio colonial francês? Não havia nada de errado. Era a manifestação da autodeterminação de um povo. Mas o problema é que os rebeldes vietnamitas se intitulavam comunistas. E era natural que assim fosse, pois era a URSS que os apoiava, enquanto que os EUA apoiavam a França. 

Todos os movimentos nacionais de independência dependiam de um protetor. Inimiga dos seus inimigos, a URSS lhes proporcionava o poder por meio de ajuda financeira, técnica, etc.  

ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "YALU, À BEIRA DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL, JORG FRIEDRICH, EDITORA RECORD.

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