TRATADO DE AUGSBURGO:
Foi um acordo celebrado no ano de 1555 pelo então Imperador do Sacro Império Romano e com os príncipes alemães cujos estados faziam parte do Sacro Império Romano.
CAMINHO QUE LEVOU AO TRATADO DE AUGSBURGO:
Carlos V era então o homem mais poderoso da Europa. Sua dinastia Habsburgo governava a Áustria, a Espanha, as colônias americanas (México, Peru, etc), os Países Baixos (atuais Holanda e Bélgica e partes do norte da França), Borgonha e partes da Itália. Carlos V ainda era o Imperador do Sacro Império Romano, que englobava a atual Alemanha, Boêmia (atual República Tcheca), etc.
Mas Carlos V queria mais. Queria criar uma Monarquia Católica Universal. Queria ser o senhor absoluto dos cristãos europeus. No ano de 1521, disse que o Sacro Império Romano deveria ter um só senhor, ele próprio, e não mais inúmeros senhores representados pela miríade de estados alemães que compunham aquele Império caótico. Óbvio que os príncipes alemães, soberanos desses estados, não iriam aceitar que Carlos V os submetesse a um governo absoluto, de um só senhor.
E esses príncipes alemães não estavam sozinhos. Tinham o apoio, por exemplo, do então rei francês Henrique II. Henrique II apoiava a liberdade desses príncipes alemães contra a tentativa centralizadora de poder representada por Carlos V. Mas o rei francês não agia dessa forma por altruísmo. A preocupação dele com a liberdade dos príncipes alemães estava longe de ser sincera e desinteressada. O fato é que a França se comportava dessa forma porque via na fragmentação política do Sacro Império Romano uma vantagem para si. Quanto mais os alemães estivessem desunidos em pequenos e médios estados, melhor seria para a sua segurança. A França temia que Carlos V conseguisse unir todos os estados alemães numa entidade coesa e viável, usando então todo o potencial humano e de recursos naturais da Alemanha para conquistar o poder hegemônico na Europa. O interesse francês, portanto, ao apoiar os pequenos e médios estados alemães, estava no enfraquecimento de Carlos V e de seu objetivo de dominar a Europa.
Apesar desse apoio francês, os exércitos de Carlos V obtiveram várias vitórias. Na década de 40 do século XVI, por exemplo, o exército de Carlos V impôs uma esmagadora vitória sobre o exército francês, resultando no acordo de Crépy, de 1554, no qual a França teve que renunciar a Milão e aos Países Baixos. Ainda em 1547, Carlos V obteve uma vitória na Alemanha, em Muhlberg. Apesar dessas vitórias militares, Carlos V acabou sendo derrotado politicamente.
"Tudo isto, porém, provocou uma resistência tão grande no Sacro Império Romano e em toda a Europa que Carlos V foi forçado a recuar e dividir sua herança entre um ramo austríaco e um ramo espanhol dos Habsburgos. Carlos V podia ter ganho militarmente a batalha pela Alemanha, mas perdeu-a politicamente." (página 44)
"As liberdades alemãs e a segurança francesa estavam assim inseparavelmente ligadas." (página 46)
CONSEQUÊNCIAS DO TRATADO DE AUGSBURGO:
O gigantesco patrimônio dinástico Habsburgo foi desmembrado, dando origem a dois ramos distintos, um espanhol e o outro austríaco. Carlos V se viu obrigado a abdicar do trono espanhol em favor de seu filho Filipe II, no ano de 1555. Dois anos depois, Carlos V abriu mão da coroa do Sacro Império Romano em favor de seu irmão Fernando, que era do ramo austríaco da dinastia Habsburgo. Assim, os Habsburgos espanhóis tinham sido separados da coroa do Sacro Império Romano. O Tratado de Augsburgo ainda sancionava a secularização das terras tomadas à Igreja Católica pelos príncipes protestantes alemães antes de 1552, e estabelecia ainda a igualdade entre o luteranismo e o catolicismo.
O Tratado de Augsburgo ainda trazia uma outra novidade. Era a permissão para que cada território adotasse a religião do príncipe reinante: "Cuius Regio, Eius Religio"
Apesar dessa separação, os Habsburgos espanhóis e os Habsburgos austríacos iriam continuar trabalhando em estreita colaboração, como por exemplo durante a Guerra dos Trinta anos (1618/1648).
ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "EUROPA, A LUTA PELA SUPREMACIA, DE 1453 AOS NOSSOS DIAS", BRENDAN SIMMS, EDITORA EDIÇÕES 70
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