EXTINÇÃO DO SER HUMANO:
O ser humano é a única espécie que pode produzir a sua própria extinção. Esse feito só foi possível graças à engenhosidade dos cientistas que, conseguindo liberar a energia do átomo, conseguiram produzir armas de destruição em massa.
Mas antes das armas atômicas, outras armas postularam a posição de destruidoras em massa da espécie humana.
a) Armas Químicas: A primeira arma de destruição em massa foi o gás venenoso criado pelo alemão Fritz Haber. Ela então foi utilizada pela primeira vez na Primeira Guerra Mundial, na batalha de Ypres, em 1915.
b) Armas Biológicas: A segunda arma de destruição em massa foi a biológica. Ela utilizava vírus e bactérias. Ela começou a ser estudada na década de 30 do século XX, por um cientista japonês, Shiro Ishii.
c) Energia do átomo: Por fim, a arma de destruição em massa mais famosa foi a bomba atômica. Um húngaro, radicado nos EUA, Leo Szilard, descobriu a maneira de liberar a energia do átomo, o que deu início à corrida pela obtenção de uma bomba atômica.
"Leo Szilard foi o primeiro a descobrir, em 1933, a maneira de liberar as poderosas forças que atuam no coração de todos os átomos. A ideia lhe ocorreu como um estalo, quando ele atravessava uma rua perto de Russel Square, Bloomsbury, Londres. O ponto crucial estava em lograr uma reação em cadeia de nêutrons, para causar um efeito dominó que se expandisse pela matéria e liberasse um número cada vez maior de nêutrons. Fora de controle, ela produzia a maior explosão conhecida pelo homem. Sob controle, proporcionaria ao mundo um suprimento ilimitado de energia barata." (página 28)
Szilard foi além, teorizando sobre uma arma atômica que pudesse, sozinha, acabar com a vida na Terra. Esta arma do fim do mundo seria a Bomba de Cobalto (Bomba C). Essa arma seria originalmente uma Bomba de Hidrogênio, uma Bomba H, mas que, depois de envolta em Cobalto, que absorve radiação, causaria, após a sua detonação, uma nuvem de poeira radioativa, que uma vez precipitada sobre a superfície da Terra, causaria a extinção da vida tal qual como a conhecemos.
O ÁTOMO:
"A história do átomo começa no século V a.C. Os filósofos gregos Leucipo e Demócrito acreditavam que a matéria era formada por átomos imutáveis e indestrutíveis, que constituíam as menores unidades do mundo físico. A palavra átomo vem do grego 'atomo', que significa indivisível. Em 1808, John Dalton, um quaker de Manchester, reviveu o atomicismo, que se tornou, graças a ele, um instrumento poderoso da ciência, dominante do século XIX, a química."(página 57)
Foi Dalton que propôs que os elementos podiam diferenciar-se uns dos outros pelos pesos relativos de seus átomos.
No final do século XIX e início do século XX, a ideia do átomo como indivisível caiu por terra. O átomos podia ser dividido. E dessa divisão poderia ser extraída energia. No século XX, essa energia resultaria na fabricação de bombas atômicas e em Usinas Nucleares para a produção de energia elétrica.
A ENERGIA ESCONDIDA NA MATÉRIA:
O primeiro cientista a vislumbrar a energia que estava escondida na matéria foi o francês Henri Becquerel, em 1896. O elemento químico que permitiu essa descoberta foi o Urânio. Becquerel descobriu uma energia que vinha do Urânio. Uma aluna de Henri Becquerel, Marie Curie, decide investigar essa energia vinda do Urânio. Trabalhando com o Urânio, Curie obtém outro elemento químico, o Rádio. Mas para entender de onde vinha essa energia do Urânio e do Rádio, era necessário estudar o átomo.
O coração do átomo é o seu núcleo, composto por nêutrons e prótons, que estão firmemente ligados. Eles permanecem fixo, imutáveis dentro do núcleo. E o número de prótons dentro do núcleo é que define o elemento químico. Um átomo com um próton em seu núcleo é o elemento químico Hidrogênio. O elemento químico Hélio tem em seu núcleo dois prótons e dois nêutrons. O ouro tem 79 prótons. Agora, o que nos interessa aqui, o núcleo do Urânio, tem 92 prótons e, geralmente, 146 nêutrons. É o maior núcleo da Terra. Ele é tão grande que expele pedaços de si mesmo. E esses pedaços expelidos são a Radiação. Assim, quando o núcleo do átomo de Urânio expele pedaços de si mesmo, na forma de radiação, ele está perdendo prótons, de forma que ele não terá mais os 92 que originalmente o compunham. E isso significa que ele não é mais Urânio, pois o núcleo do átomo do Urânio tem 92 prótons. Passamos a ter então um elemento químico diverso daquele Urânio com o qual estávamos lidando. Estamos diante da transmutação. Um elemento químico, o Urânio, ao expelir prótons de seu núcleo, transforma-se num novo elemento químico.
a) Transmutação:
O Urânio, quando expele, exala radiação e energia, mudando sua estrutura atômica, transforma-se em Tório, um elemento químico diverso do Urânio. O Tório também é radioativo, ele libera radiação e se transforma em Protactinio, um novo elemento químico, diverso do Urânio e do Tório. Então aparece o elemento descoberto por Marie Curie, o Rádio. O Rádio decai e temos agora um novo elemento químico, o Radônio, que é um gás. Na sequência, temos o Polônio, que já não é um gás. Enfim, o Urânio dá origens a 14 elementos químicos. O último é o chumbo. O chumbo não é radioativo, não decaindo, isto é, não se transformando em outro elemento químico.
Toda vez, portanto, que um átomo de Urânio altera sua estrutura atômica, por meio de sua divisão, ele perde um pouco de sua massa, liberando energia. E essa energia poderá ser usada numa bomba atômica ou pacificamente, numa Usina Nuclear, para produzir energia elétrica para residências e indústrias.
b) Reação em Cadeia:
Como vimos, o Urânio muda naturalmente sua estrutura atômica. Mas poderia o ser humano forçar essa mudança? Otto Hahn, um cientista alemão, descobriu que sim. Otto Hahn conseguiu dividir o núcleo do átomo de Urânio, que tem 92 prótons e 143 nêutrons. Somados, tem a massa atômica 235, razão pela qual é chamado Urânio 235. A força que mantém esse núcleo unido é a maior força do universo. Esse núcleo é tão grande e encontra-se em tal estado de tensão e instabilidade que, se for adicionado nele mais um nêutron, sua instabilidade aumentará ainda mais, de forma que o núcleo colapsa, sofrendo então uma divisão, uma fissão. Aquele núcleo original então se transforma em dois outros núcleos, com massa menor, sendo que essa perda de massa resultou na produção de energia. Essa divisão, além de produzir energia e dois novos núcleos de massa menor, ainda produz de dois a três nêutrons. E é aqui que a ideia de Leo Szilard, da reação em cadeia, se encaixa, porque esses dois ou três nêutrons liberados irão atingir outros núcleos de Urânio 235, que também irão sofrer uma divisão (fissão), liberando então mais energia e mais nêutrons.
Dessa forma, um núcleo de Urânio pode se dividir em 2, que irão se dividir em 4, em 8, em 16 e assim por diante, numa reação em cadeia.
Fonte para o tópico "Energia escondida na matéria."
PBS: Uranium - Twisting the Dragon's Tail
A CIÊNCIA COMO SALVADORA DO MUNDO E COMO CAUSADORA DE SEU FIM:
Num primeiro momento, no início final do século XIX e início do século XX, a ciência foi vista como o instrumento para criar um mundo melhor para todos. Por exemplo, a manipulação do átomo, de forma a extrair a energia contida nele, possibilitou a criação do Raio-X, em 1895, que ajudou no desenvolvimento da medicina.
A história do Raio-X:
Curiosamente, o criador do Raio-X, o alemão Wilhelm Conrad Rontgen, que trabalhava na Universidade alemã de Wurzburg, não sabia de onde provinha o Raio-X. Numa entrevista, ele respondeu às perguntas de um repórter da seguinte forma:
Seria Luz? Rontgen respondeu que não. Seria eletricidade? Rontgen respondeu que não nas formas que a conhecemos. Por fim, Rontgen respondeu que não sabia de onde provinha o Raio-X.
"As radiações eletromagnéticas de alta energia, como os raios-x, podem soltar elétrons dos átomos. Em consequência, os átomos passam a conter carga elétrica, em um processo conhecido como ionização. Os átomos ionizados podem ser muito instáveis." (página 68)
Na época não se sabia disso, de forma que as pessoas eram expostas aos raios-x sem proteção. Muita gente acabou morrendo por causa disso ou ficando gravemente doente.
Clima de Otimismo com a ciência:
Nesse clima inicial de otimismo, cogitou-se até que a criação de uma arma de destruição em massa poderia acabar com todas as guerras. Essa utopia científica era exemplificada pelo surgimento de um mago científico que, a partir de seu laboratório, surgiria com uma arma tão terrível, tão devastadora, que nenhum país poderia confrontá-lo militarmente. Esse cientista então obrigaria os exércitos do mundo a desarmar-se. Assim, a figura do cientista-salvador e a sua superarma libertariam o mundo de séculos de guerras. (página 17)
FIM DAS UTOPIAS CIENTÍFICAS:
Em meados do século XX, com o início da Guerra Fria entre a União Soviética e os EUA, e com as explosões de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, essa idealização da ciência e dos cientistas caiu por terra. A corrida atômica entre EUA e União Soviética colocou o mundo de sobressalto. Todos agora esperavam pelo fim do mundo, pelo apocalipse. Os cientistas então passaram a ser vistos como aqueles que iriam destruir o mundo. Essa nova ideia foi exemplificada pelo filme de Stanley Kubrick, "Doutor Fantástico" (Dr. Strangelove), que traz a figura de um cientista criador de uma arma que acabaria com a vida na Terra. https://www.youtube.com/watch?v=L2VN0TpIOPI
INÍCIO DA INVENÇÃO DA BOMBA ATÔMICA:
O primeiro reator nuclear, que iria produzir o material para a confecção das bombas atômicas jogadas sobre Hiroshima e Nagasaki, foi construído na Universidade de Chicago. Em dezembro de 1942, o primeiro experimento desse reator nuclear foi realizado com sucesso. Nesse reator, embrião das Usinas Nucleares modernas, o núcleo de um átomo sofreu um processo de divisão (fissão), resultando na alteração da sua massa e na liberação de energia.
O SONHO DOS ALQUIMISTAS DA ANTIGUIDADE E DA IDADE MÉDIA REALIZADO:
Como já visto acima, sim, os elementos químicos, tanto na natureza quanto em um laboratório, podem transmutar-se. O plutônio, elemento químico de número 94 na Tabela Periódica, foi descoberto num laboratório, da Universidade da Califórnia, em 1941, pelo químico americano Glenn Seaborg, "que bombardeou urânio com dêuteron (núcleos de átomos de hidrogênio pesado) e separou laboriosamente os elementos transmutados que resultavam do bombardeio." (página 53)
Seaborg comentou sobre a dificuldade, após esse experimento, juntar o elemento químico plutônio, resultante do bombardeamento do urânio com dêuteron:
"Em determinada ocasião, tínhamos apenas 5 átomos de dispúnhamos de umas poucas horas para fazer uma identificação positiva por meio de análises químicas. A dificuldade pode ser percebida quando se verifica que a tinta do pingo no "i" que aparece nessa página que você está lendo contém algo como 1 bilhão de átomos." (página 53)
Depois de todo o experimento realizado, Seaborg e um assistente seu tiveram que trabalhar arduamente para juntarem somente meio micrograma de plutônio.
Glenn Seaborg foi premiado pelo seu trabalho. Foi trabalhar no Projeto Manhattan, responsável pela construção das bombas atômicas americanas. O elemento químico descoberto por Seaborg, o plutônio, foi utilizado na confecção de bomba atômica Fat Man (O Gordo), que seria jogada em Nagasaki.
Como dito anteriormente, depois de realizar seu experimento de bombardeamento do urânio com dêuteron, para obter o elemento químico Plutônio, Seaborg e um assistente trabalharam arduamente para juntarem somente meio micrograma de Plutônio.
Já a bomba atômica da Nagasaki continha 6 quilos de plutônio, o que dá uma medida da quantidade de trabalho que os americanos tiveram que empregar para conseguir, num período curto de tempo, produzir material suficiente para armar uma bomba atômica. Somente um país como os EUA, com todos os seus recursos financeiros, tecnológicos, naturais e humanos poderia dar cabo de uma empreitada dessa magnitude em tão pouco tempo.
ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "OS HOMENS DO FIM DO MUNDO, O VERDADEIRO DR FANTÁSTICO E O SONHO DA ARMA TOTAL" P. D. SMITH, EDITORA COMPANHIA DAS LETRAS.