O TEMPERAMENTO BATAVO:
História Social e História Política eram ligadas na Holanda republicana:
No Holanda, a nação ideal ligava-se ao ideal de uma boa família. Uma família bem ajustada ligava-se à uma nação ideal.
OBJETO DESSE LIVRO:
Esse livro retrata a visão da elite holandesa (classe proprietária), que era compartilhada pelos artesãos e comerciantes, que na Inglaterra eram chamados de the middling sort (os remediados).
RECEITA PARA UMA SOCIEDADE ESTÁVEL NO SÉCULO XVII:
A sociedade holandesa era estável. Essa estabilidade se devia a duas coisas:
- os holandeses se alimentavam bem
- os holandeses moravam bem
COMUNIDADE DA NAÇÃO:
Supunha-se que a entidade denominada "Comunidade da Nação" era inexistente antes da Revolução Francesa. Todavia, na Holanda, escritores e pregadores já falavam de sua pátria.
Mas essa ideia de existência de uma comunidade da nação (holandesa) correspondia à realidade ou era apenas usada para justificar o papel da burguesia, que usava os instrumentos do Estado holandês para consolidar o seu poder na produção de bens e no exercício do comércio?
Se a resposta a essa pergunta for sim, então seria correto ver na comunidade da nação holandesa uma expressão dos interesses da sua burguesia. Assim sendo, os holandeses seriam vistos apenas como uma das etapas da evolução do capitalismo europeu, iniciado pelos mercadores medievais, seguido pelos Banqueiros do Renascimento e pela economia internacional holandesa, chegando finalmente à industrialização inglesa.
Visão do autor do livro:
O autor do presente livro não enxerga no termo (pátria) um subterfúgio para encobrir os interesses da classe burguesa holandesa.
BURGUÊS:
"No centro do mundo holandês, havia um burger (burguês no sentido de habitante do burgo), não um bourgeois (burguês no sentido de membro da burguesia)."
(página 18)
"Existe uma diferença...pois o habitante do burgo era primeiro um cidadão e depois um 'homo oeconomicus'. E as obrigações cívicas condicionavam as oportunidades de prosperar."
(página 18)
FORTUNA E O PERIGO:
O que tornou os holandeses únicos em relação aos seus pares europeus?
Foram a fortuna e o perigo.
A Holanda foi precoce ao se tornar um Império mundial em duas gerações. O sucesso rápido lhe subiu à cabeça e a comunidade da nação holandesa foi acometida de fastio. Uma terra fértil, com rios piscosos e com facilidade na importação de produtos. Mas apesar de toda essa riqueza, era infeliz.
É possível fazer uma analogia entre a Holanda do século XVII e o comentário de Tocqueville sobre os EUA do século XIX, que viviam um processo de expansão econômica precoce:
"Aquela estranha melancolia que com frequência assalta os habitantes de países democráticos em meio à sua abundância e o fastio de viver que por vezes os domina em meio a circunstâncias tranquilas e cômodas."
(página 20)
Enfim, o holandês era acometido por um desconforto, com sua consciência abalada por pensamentos sobre sua mortalidade e sobre a perda de seus bens. A precariedade da vida o atormentava. A riqueza presente não o deixava esquecer da precariedade de todas as coisas.
CONSCIÊNCIA COMUM OU COLETIVA:
A Consciência comum ou coletiva é formada pelas convicções e costumes em interação, que formam um sistema determinado que adquire vida própria, criando uma realidade distinta (Émile Durkheim). Está difundida em todas as áreas da sociedade.
O autor desse livro procurará demonstrar essa consciência coletiva ou comum por meio de depoimentos visuais e textuais.
O autor procurará a história da Holanda por meio da sua arte. O livro é recheado com fotos e imagens de obras artísticas justamente com esse objetivo.
"...a arte holandesa era o registro do aqui-e-agora, de 'la vie vivante', ancorada em época e em lugar específico." (Théophile Thoré) - página 21
Apesar disso, o autor desse livro faz uma ressalva:
"...utilizei a arte holandesa não como registro literal da experiência social mas como documento de convicções."
(página 21)
ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "O DESCONFORTO DA RIQUEZA, A CULTURA HOLANDESA NA ÉPOCA DE OURO, SIMON SCHAMA, EDITORA COMPANHIA DAS LETRAS, Introdução. O Temperamento Batavo.
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