Na imagem acima vemos Filipe, o Belo, filho de Maria da Borgonha com Maximiliano I. Vemos ainda Joana, a Louca, filha dos Reis Católicos de Espanha Fernando e Isabel. Desse enlace, nasceria Carlos I, rei da Espanha, depois Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano Germânico.
Um Dinastia Reinante no século XVI poderia ser comparada com uma Empresa Pública Multinacional. Um exemplo de Dinastia Reinante que se expandiu de forma espetacular é a representada pela Casa de Habsburgo.
Se hoje a Coca-Cola é uma marca internacionalmente conhecida, com filiais existentes em praticamente todos os países do mundo, a Casa de Habsburgo era um nome conhecido em toda a Europa e fora dela. A Casa de Habsburgo possuía territórios espalhados pela Europa: Alemanha, Áustria, Hungria, etc.
Todos esses territórios governados pela Casa de Habsburgo faziam parte do ativo dessa Casa Reinante ou como dito acima, dessa Empresa Pública Multinacional. Por meio desses territórios eram arrecadados tributos, que aumentavam ainda mais a riqueza e a influência dessa Dinastia/Empresa Multinacional.
Da mesma forma como uma Empresa Multinacional tem empregados espalhados pelas suas filiais mundo afora, a Dinastia Reinante também tinha os seus, na forma de nobres que administravam seus territórios sob os nomes de Duques, Condes.
Hoje uma Empresa Multinacional se expande por meio de seu poder financeiro, comprando outras empresas menores.
As Dinastia Reinantes, em cujas mãos residia o poder político, guiava-se pelos princípios da proteção da sua propriedade, da proteção do direto à herança e pela guerra. Governava-se por meio da adoção de uma hierarquia social rígida, na qual havia suseranos e vassalos. As Dinastias Reinantes adquiriam seus ativos, que eram as terras, por meio da compra, de casamentos, guerras, herança, etc.
A Dinastia Reinante da Casa de Habsburgo, uma verdadeira empresa pública multinacional no século XVI, expandia-se principalmente por meio de casamentos. Podemos ver isso claramente com a ação do então Imperador do Sacro Império Romano Germânico, Frederico III, que fez seu filho Maximiliano I se casar com Maria da Borgonha, herdeira dos Países Baixos (Flandres, atuais Bélgica e Holanda) e do Franco Condado (Besançon, na atual França).
Não pararia por aí. O filho de Maximiliano I com Maria da Borgonha, Filipe, o Belo, casou-se com Joana, a Louca, uma das filhas dos Reis Católicos Fernando e Isabel. Desse casamento nasceram Carlos e Fernando. Carlos iria herdar o Reino da Espanha, depois da Morte do seu rei avô Fernando, então Rei da Espanha. Além da Espanha, Carlos I também iria herdar de seu avô Fernando as novas colônias espanholas nas Américas.
A Dinastia Reinante da Casa de Habsburgo não precisou dar um tiro para conseguir todos esses novos territórios, agora nas mãos de Carlos I. Todo esse ganho territorial foi alcançado por meio de Casamentos.
Carlos I ainda herdou de seu pai, Filipe, o Belo, o Franco Condado e os Países Baixos. O ápice viria com a eleição de Carlos I como Imperador do Sacro Império Romano Germânico, tornando-se assim Carlos V, trazendo para a sua Dinastia ou Empresa Pública Multinacional da Casa de Habsburgo, a Áustria, territórios na Alemanha e a Hungria. No reino de Carlos V, o sol nunca se punha.
A eleição para a escolha do Imperador do Sacro Império Romano Germânico era feita por meio do voto de sete eleitores: os Arcebispados de Trier (Trèves), Colônia e Mogúncia (Mainz). Havia ainda os eleitores da Boêmia, Saxônia, Brandemburgo e Palatinado. Para ser eleito, Carlos I, então Rei da Espanha, teve que vencer o Rei da França, Francisco I, e o Rei da Inglaterra, Henrique VIII. Carlos I teve que comprar sua eleição, usando dinheiro do banqueiro Jaco Fugger para subornar os eleitores.
No fim disso tudo, a Dinastia Habsburgo/Empresa Multinacional sob a administração de Carlos V, tinha a Espanha, Nápoles, Sicília, Sardenha, Ilhas Baleares, as Américas, Áustria, Países Baixos, Alemanha, Hungria, Franco Condado.
ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO "REINOS DESAPARECIDOS", história de uma Europa quase esquecida, NORMAN DAVIES, EDITORA EDIÇÕES 70, Capítulo 4, Aragão.
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