A Alma do guerreiro mongol era corporificada e materializada no SULDE (Estandarte do Espírito), que era uma lança na qual eram amarradas, à sua haste, logo abaixo da lâmina, as crinas dos melhores cavalos, dos melhores garanhões de um guerreiro.
"Sempre que montava seu acampamento, o guerreiro fincava o Estandarte do Espírito do lado de fora para proclamar sua identidade e para que este se impusesse como seu guardião perpétuo." (página 16)
"O Estandarte do Espírito sempre ficava ao ar livre, sob o Eterno Céu azul que os mongóis cultuavam." (página 16)
"Na medida em que os fios das crinas se agitavam e oscilavam na brisa praticamente constante das estepes, capturavam a energia do vento, do céu e do sol, e o estandarte canalizava essas energias para o guerreiro." (página 16)
"O flamular e o agitar das crinas ao vento incitavam seu proprietário a seguir sempre em frente, incitando-o a abandonar um lugar em busca de outro, para encontrar um pasto melhor, explorar novas oportunidades e aventuras, além de criar o próprio destino de sua vida neste mundo." (página 16)
"Enquanto estava vivo, o Estandarte de crinas carregava seu destino; na morte, ele se tornava sua alma." (página 16)
Gengis Khan tinha dois Estandartes (Sulde). O Estandarte do Espírito de Gengis Khan era a corporificação de seu espírito após a sua morte. Antes disso, ele representava a necessidade de se aventurar pelo mundo. Um para os tempos de paz, com crinas de cavalo brancas, e outro para tempos de guerra, com crinas negras. A primeira desapareceu. A de Crinas negras foi mantida num mosteiro mongol até o ano de 1937, quando desapareceu.
"Na década de 30, os capangas de Stalin executaram cerca de 30 mil mongóis em uma série de campanhas contra sua cultura e religião. As tropas destruíram um mosteiro atrás do outro, atiravam nos monges, atacaram as monjas, quebraram objetos religiosos, saquearam as bibliotecas, queimaram as escrituras e demoliram os templos. Mas a corporificação da alma de Gengis Khan havia sido salva da ação criminosa dos comunistas. Alguém a teria escondido na capital da Mongólia, Ulaanbaatar." (páginas 15/17)
No final das contas, o Sulde de crinas negras de Gengis Khan acabou sendo perdido, em meio à agitação verificada nos anos finais da década de 30 do século passado.
(Fonte: Gengis Khan e a formação do Mundo Moderno, Jack Weatherford, editora Bertrand Brasil)
(Fonte: Gengis Khan e a formação do Mundo Moderno, Jack Weatherford, editora Bertrand Brasil)