Em fevereiro de 1917, um movimento revolucionário acarretou a abdicação do Czar Nicolau II, governante do Império Russo. Um governo provisório foi formado. Em 7 de novembro de 1917, um golpe de estado encabeçado pelos bolcheviques, sob a liderança de Vladimir Lênin, sob o lema "Pão, Terra e Paz", derruba o governo provisório liderado pelo menchevique Alexander Kerensky.
Em março de 1918, em Brest-Litovsk, a Rússia bolchevique estabeleceu um acordo com os alemães para encerrar a guerra no Leste europeu. Lênin teve que ceder territórios russos para conseguir a paz com os alemães, mas isso para ele não era um problema pois acreditava que a revolução comunista sob seu comando iria se expandir pela Europa, de forma que as fronteiras entre os Estados seriam coisas do passado. Lênin acreditava que a união dos Proletários europeus derrubaria as fronteiras nacionais, resultando na formação de uma sociedade fraternal.
Ao mesmo tempo que negociava a paz com os alemães, Lênin, com a ajuda de Trotski e de seu Exército Vermelho, combatia uma guerra civil contra aqueles que queriam a volta do Czar Nicolau ao poder. Na concepção de Lênin, o Exército Vermelho tinha três missões:
a) Manter íntegro o núcleo território russo, expulsando dele aqueles que lutavam pela volta do Czar Nicolau II
b) Tentar recuperar para a Rússia Estados Nacionais que, se aproveitando da Guerra Civil, buscavam sua independência (Estados Bálticos: Estônia, Letônia e Lituânia; Polônia e Finlândia).
c) Superados os dois obstáculos anteriores, avançar pela Europa, de forma a espalhar a Revolução do Proletariado.
O Exército Vermelho foi parcialmente bem sucedido. Conseguiu manter intacto o núcleo formador do território russo (Bielorrússia, Ucrânia, Sibéria, Ásia Central). Por outro lado, não conseguiu impedir a independência dos países bálticos, da Polônia e da Finlândia e também não conseguiu exportar a Revolução Comunista para o resto da Europa, sendo derrotado pelos poloneses de Josef Pilsudski no verão de 1920.
Diante desses reveses enfrentados pelo Exército Vermelho, Lênin teve que abandonar temporariamente seu ideal internacionalista de expandir a Revolução Comunista para fora da Rússia.
A partir de 1922, problemas de saúde. impossibilitaram Lênin de governar, substituindo-o no poder Josef Stalin.
Stalin abandonou de vez a ideia de expandir a Revolução Comunista, adotando o lema do socialismo num só país. Stalin queria, antes de qualquer coisa, fortalecer seu próprio poder, fortalecer a Rússia economicamente e militarmente, de forma a poder, no futuro, enfrentar, em igualdade de condições, as potências capitalistas.
Nesse contexto de fortalecimento interno, no dia 1º de janeiro de 1924, nasceu a URSS (CCCP em alfabeto cirílico), União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A URSS englobava vários estados nacionais nominalmente autônomos, entre eles o mais importantes deles, a República Socialista Federada Soviética da Rússia (R.S.F.S.R) .
Acima dessas organizações estatais, uma nacional, a URSS, e as restantes de caráter local, representadas por vários estados nacionais, pairava o Partido Comunista da União (V.K.P), detentor da palavra final sobre todos os assuntos, sob o comando do Secretário-Geral do Partido, Josef Stalin.
O V.K.P., Partido Comunista da União, sob o comando de Stalin, detinha um poder absoluto, que pairava sobre uma entidade estatal de abrangência nacional, a URSS e sobre as várias repúblicas nacionais nominalmente autônomas. Tratava-se da Adoção do Estado Partidário, onde as organizações estatais de âmbito nacional ou local subordinavam-se a um Partido Político.
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Fonte: Anotações extraídas da leitura do Livro Reinos Desaparecidos, estória de uma Europa quase esquecida, de Norman Davies, edições 70.
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