quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Origens do ódio aos judeus


 


"Os judeus simbolizavam a incompreensibilidade da sociedade pós-feudal, sem o revolucionário da história moderna, sem-teto, orientado para o capital e o lucro. O nitidamente formulado antijudaísmo é, em sua base, a antimodernidade." (página 31, Ewald Frie)

Na era feudal, a posse da terra era o elemento estável. Edmund Burke, o liberal inglês, glorificava os grande proprietários de terras. Para Burke, enquanto a terra era estável, os juros provenientes do dinheiro emprestado eram instáveis e desenfreados, colocando em risco a forma como a sociedade estava organizada. Enquanto o dinheiro passou a fluir para todos os lugares, a terra tornou-se uma mera commodity, um simples objeto de troca, deixando de ser a base de uma sociedade estável, constituída por um rei e pelos nobres proprietários de terra que o ajudavam na administração do país. A especulação com o dinheiro volatiza a terra. A terra, que antes estava nas mãos de grandes senhores, dispersa-se nas mãos dos especuladores.

"A terra deixa de ser uma identidade e se transforma em uma commodity. Quem ganha são os judeus: A próxima geração da nobreza se assemelhará aos artífices e palhaços, e aos comerciantes de dinheiro, agiotas e judeus, que sempre serão seus parceiros, por vezes seus mentores." (página 26, Edmund Burke).

Os melhores leitores de Edmund Burke foram os proprietários de terras conservadores da Prússia, chamados de Junkers (jovens senhores). Eram praticamente senhores feudais, pequenos monarcas em suas terras. Eram a base do Estado Prussiano. Quando o rei da Prússia ia à guerra, todos os seus oficiais eram oriundos dessa classe de proprietários. Esses Junkers nutriam ódio a tudo o que era novo, como o mercado livre, a especulação financeira, cidades, mercados de ações e, é claro, os judeus, que representavam, em grande parte esse novo mundo capitalista. Os judeus, alguns deles, por não poderem adquirir terras, acabaram por se concentrar em outras atividades, como o comércio. E nessa atividade, acumularam capital. Capital esse que, no século XIX, iria volatizar as propriedades, atingindo a forma como a sociedade feudal se organizava. Por essa razão, os judeus passaram a ser odiados. 

O antissemitismo nasceu dessa forma então: O Estado Prussiano estruturava-se nos grandes proprietários de terras, os Junkes. Com a ascensão do capitalismo, no século XIX, essas grandes propriedades se tornaram meras commoditys. O poder, no regime feudal, estava com o sujeito que era proprietário de terras. No século XIX, o poder estava com o detentor do capital, que poderia ser um judeu ou não. Mas o judeu ficou mais marcado porque ele já trazia contra si o preconceito religioso. Com a volatização das propriedades, elas começaram a abandonar as grandes famílias de nobres, tradicionais, e foram adquiridas por estranhos. E como o Estado prussiano era baseado nos proprietários de terras, isso colocava em risco, na cabeça de alguns, a existência do próprio Estado Prussiano. 

Um pensador prussiano,  Ludwig Von Der Marwitz, passa a defender o pensamento de Edmund Burke, quando se articula a defesa dos proprietários de terras prussianos e a articulação do antissemitismo estrutural que forma uma linha contínua no ódio que prussianos e alemães iriam nutrir pelos judeus.

"Os judeus são inimigos do Estado prussiano precisamente no sentido descrito por Burke: ele 'volatizam' a terra/propriedade e representam o domínio do dinheiro sobre o real valor."

 "Portanto, assim que o valor da posse da terra afundar até alcançar um ponto no qual eles possam adquiri-la com lucro, ela acabará nas mãos deles (judeus). Como proprietários de terras, tornar-se-ão principais representantes do Estado (estado prussiano). E, assim, nosso antigo e venerável Brandemburgo-Prússia irá se tornar um recém-formado Estado judeu (judenstaat). (página 31)

Anotações extraídas da leitura do livro Bismarck, uma vida, de Jonathan Steinberg, editora Amarilys


O Direito de Portar Armas Origens e liberdade


 

O direito de portar armas sempre foi a indicação de que um homem era livre. Essa convicção que unia o porte de uma arma à condição de um homem ser livre foi expressa na Constituição dos Estados Unidos da América (EUA), mais precisamente instituída na segunda emenda à Constituição daquele país, sendo parte do Bill of Rights, confirmada em dezembro de 1791. Ali foi consagrado o direito do cidadão livre em possuir uma arma de fogo.

"Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo de possuir e usar armas não poderá ser infringido."

Assim era nos EUA do século XVIII e ainda o é nos dias atuais. Os EUA eram e são um Estado livre, no qual há cidadãos e não súditos.

Para compreender melhor essa ideia de unir o direito de portar uma arma ao direito de ser um homem livre, temos que olhar para o século XIX, para a Prússia, embrião do que viria a ser a moderna Alemanha. Na Prússia do século XIX, ao contrário do que acontecia nos EUA, não havia cidadãos. A Prússia não era um Estado livre, de forma que havia apenas súditos. Mesmo assim, também havia na Prússia milícias, chamadas de Landwehr. A Landwehr era uma milícia local, na qual homens serviam por períodos de sete anos. Em 1858, foi proposta uma reforma, na qual essas milícias seriam, basicamente, incorporadas ao exército regular prussiano, que devia obediência ao Estado prussiano. Numa país onde não havia cidadãos livres, mas apenas súditos de um rei, a Landwehr era vista como uma instituição politicamente falsa e fraca, incapaz de fazer frente contra os inimigos externos da Prússia. 

"A Prússia não era um Estado livre. Não tinha cidadãos, apenas súditos." (página 183)

O rei prussiano e o burocrata responsáveis pela reforma não desejavam mudar isso.

"Portanto, Roon (burocrata responsável pela reforma) chamou a landwehr de uma instituição 'politicamente falsa', pois ela dava a seus soldados ideias que ultrapassavam seus postos. Era falsa, num segundo sentido, porque remetia aos 'levantes populares' ocorridos entre 1813 e 1815, os quais haviam, pela primeira vez, alistados unidades voluntárias para lutar ao lado do Exército Real da Prússia." (página 183)

Dessa forma, as milícias deveriam ser absorvidas pelas forças militares regulares. Mais do que uma questão de fortalecimento das defesas da Prússia contra inimigos estrangeiros, o fim das milícias era uma forma de afirmar o poder centralizador do Estado prussiano, que deveria monopolizar todo o poder armado existente no país, o qual deveria estar sob o comando de apenas uma pessoa: o rei da Prússia. A ideia americana, de cidadãos livres, andando armados, formando milícias locais, sem uma subordinação direta ao Estado, foi rechaçada desde o início por essa reforma. O rei prussiano via nesses homens armados um desafio ao seu poder. No passado, durante as revoltas contra o domínio napoleônico, alemães comuns pegaram em armas e formaram milícias. Criou-se, então, a narrativa que foi esse levante popular, e não o rei da Prússia, que conseguiu expulsar Napoleão Bonaparte. Otto Von Bismarck, chanceler da Prússia, a partir da década de 60 do século XIX, fez de tudo para combater "a lenda dos jovens heroicos lutando em uniformes negros em uma guerra pela liberdade" contra o domínio de Napoleão Bonaparte. Ao final da reforma, as milícas de fato foram abolidas, sendo absorvidas pelo exército prússiano, sob o comando do Rei da Prússia. O monopólio da força agora não estava mais disperso em milícias espalhadas pelo país, mas unido sob a direção do rei prussiano. Fazia sentido, pois a Prússia não era um país livre, de forma que não poderia aceitar homens armados e livres andando pelo país, que eventualmente poderiam levantar suas armas em confronto ao poder constituído na figura do rei.

Anotações extraídas da leitura do livro Bismarck, Uma Vida, de Jonathan Steinberg, editora Amarilys.

sábado, 6 de setembro de 2025

Origens da Ideia de Igualdade O direito em conformidade com a natureza é o direito da mãe


 

Origens da ideia de igualdade

A ideia da igualdade entre os homens

O direito natural à igualdade tem origem em ideias asiáticas, fundadas no culto maternal

"Todas as crianças são iguais à mãe que as trouxe ao mundo e a mãe não dá tudo apenas a uma, mas a cada uma a sua parcela, 'suum cuique' (Direito Romano, Digesto, 1.1.10, Ulpiano, fenício, origem oriental). 

O direito em conformidade com a natureza é o direito da mãe.

De acordo com esse direito natural, todos os homens são semelhantes e nascem livres

"E a fim de realçar a origem da ideia da função procriadora, Ulpiano estende o seu significado para além da espécie humana a todos os seres vivos: 'O direito natural é o que a natureza ensinou a todos os seres vivos; pois esta lei não se confina à espécie humana, mas é comum a todos os animais, àqueles que nasceram na terra e no mar, e aos pássaros" (Digesto 1.1.1).

Não é acidental que as fórmulas "nascido" ou "criado igual" (fatos do nascimento e da procriação) estejam ligados aos princípios da igualdade e da liberdade. 

Anotações extraídas da leitura do livro Helenismo, Roma e Cristianismo Primitivo, História das Ideias Políticas, volume 1, Eric Voegelin, Coleção Filosofia Atual, Editora É realizações.

Não ter desejos é um atributo da divindidade Origem da ideia de Autarquia Autarkeia Eric Voegelin



Pólis

Com o passar do tempo, a capacidade da Pólis de engajar as pessoas em sua defesa diminui. A pólis estava dividida entre um partido nacionalista, que queria fazer uma última resistência contra a Macedônia, e o partido macedônio, que desejava cooperar, se aliar com a monarquia da Macedônia em sua luta contra o império Persa. Como resultado disso, teremos, de um lado, pensadores como Platão que, acreditando ainda na viabilidade da política, tentarão criar formas de manter a Pólis coesa. De outro lado, surgirão pensadores (cínicos, epicuristas) que irão procurar uma via que levará ao apolitismo. 

Apolitismo:

Se um "cosmion" político (a pólis - cidade, uma entidade política, cujo governo é aceito por quem lhe está submetido, sejam pessoas livres, estrangeiros ou escravos) está intacto ou pelo menos permanece coeso, a literatura que o evoca, as ideias políticas que a justificam também permanecerão intactas. O problema é quando as pessoas que vivem na Pólis já não se entendem mais. Quando isso acontece, qual o caminho deve ser seguido? Continuar apostando na política como uma forma de organizar a sociedade ou optar pelo apolitismo? Platão optou pela política. Outros pensadores (cínicos, epicuristas), por sua vez, optaram pelo apolitismo. 

Primeiramente, é preciso dizer que na pólis grega nem todos participavam da vida política. A participação na vida política da pólis sempre foi restrita a um corpo definido de cidadãos, enquanto amplos setores da população ficavam com o status de apolíticos. "No pensamento grego, portanto, temos que lidar com o problema do apolitismo sob dois aspectos que frequentemente se justapõem. O primeiro aspecto é representado pelo apolitismo de fato, isto é, os sentimentos das pessoas que não têm a chance ou o desejo de governar. Esses sentimentos podem ser encontrados em todos os estratos da sociedade grega, tanto entre cidadãos como em meio à população de não cidadãos da pólis. O segundo aspecto é representado pelo apolitismo formal, isto é, o status formal da não cidadania, seja como cidadão livre, seja como escravo." (página 101)

Filósofos Apolíticos: Cínicos e Epicurismo

A vida na Pólis já não é mais a vda perfeita. Cínicos. Autossuficiência - Autarquia - Autarkeia

Segundo o filósofo Sócrates, não ter desejos é um atributo da divindade. Tê-los, o menos possível, e a única forma para o homem se aproximar da divindade. 

Essa ideia estava implícita na "tese platônica de que Deus é a medida de todas as coisas; e a encontramos novamente na autarkeia (autossuficiência) aristotélica como a categoria da existência perfeita, estando presente na hierarquia do universo, partindo de Deus, passando pela pólis, até chegar no homem." (página 108)

Com a chegada dos cínicos, a vida na pólis já não é mais vista como algo perfeito. A pólis é omitida na hierarquia das entidades autossuficientes. Os valores da pólis negados pelos cínicos incluíam a participação na vida política e as instituições de propriedade e família. "Além disso, uma vez que, para os cínicos, a verdadeira liberdade consistia na libertação da alma de seus vícios, as divisões entre cidadãos e escravos, gregos e bárbaros, foram declaradas irrelevantes." (página 109)

Essa atitude de desvalorizar da vida na pólis não levou a que os cínicos adotassem ideias revolucionários. Os cínicos, por exemplo, não demandaram pelo fim da escravidão. Tampouco demandaram pelo fim da propriedade privada. O cínico preferia viver como mendigo, pois uma vida de pobreza assegura a autossuficiência ao homem. 

"Em vista de tal indiferença para com as instituições sociais (...). Parece mais provável que o ascetismo cínico tivesse uma tintura aristocrática; na medida em que continha um atrativo, deve ter atraído os homens que tinham energia espiritual e força de caráter para ignorar amenidades da vida civilizada que tinha perdido sua magia. (...) A única ideia que emerge com alguma clareza dos poucos fragmentos de Diógenes é que todo o mundo, o cosmos, é a terra natal do sábio; ele se sente perfeitamente em casa em todos os lugares e em nenhum, independentemente das condições exteriores; o sábio é um cidadão, não da pólis, mas da cosmópolis." (página 109)

Platão e Diógenes. 

Pólis de Platão:

Plátão usou seu pensamento para buscar uma regeneração do modo de vida ao qual estava ligado por nascimento e tradição. A pólis bem ordenada tem a função de diminuir a ansiedade existencial do homem ao dar à sua alma, pela evocação mágica da comunidade, a garantia de ter um lugar significativo em um cosmos bem-ordenado.Quando a pólis deixa de ser bem ordenada, as inquietações primordiais são novamente liberadas, tornando o mundo circundante numa vastidão desordenada. Por fim, para Platão, uma comunidade política (pólis) não pode existir por longo tempo a não ser que a coesão de seus membros seja garantida efetivamente por meio de um laço espiritual.

Cosmópolis de Diógenes:

Diógenes, por sua vez, refletia para evocar a ideia de uma comunidade que podia dar sentido à vida do indivíduo apolítico. 

A busca por hedone, prazer. Razão da ação humana. A busca por prazer. Epicurismo. Ideia do cosmopolitismo como justificativa para se retirar da pólis.

Epicuro (341-270 a.C.) tratava do conceito de ataraxia (paz de espírito nas almas de seus membros - membros da escola de Epicuro). Com a desagregação da Pólis, pelos motivos já expostos acima, ocorre o fenômeno da "Nosos", que indica a desordem de um espírito que tinha perdido a sua orientação religiosa,  espiritual e social. Com a desintegração da Pólis grega (conflitos políticos diversos, disputa entre gregos que apoiavam uma união com a Macedônia com gregos que apoiavam uma oposição à Macedônia), a principal função do "cosmion" político ( a pólis, a entidade política), que é a de diminuir a ansiedade existencial do homem, pela evocação mágica de uma comunidade, dando a ele um lugar significativo em um cosmos bem-ordenado, deixa de existir. Para preencher esse vazio, surge então o Epicurismo, como antes já tinham surgido os cínicos. Quando a ordem da pólis desaba, as inquietações primordiais são novamente liberadas e o mundo circundante torna-se uma vastidão desordenada. 

Tentando reordenar as coisas, o sistema epicurista formulou a seguinte ideia:

"O sistema epicurista explica o universo e o homem como o resultado do movimento dos átomos, e interpreta as formas das coisas corpóreas, bem como a alma do homem, como combinações temporárias de partículas de matérias. Embora essa teoria contenha a ideia originalíssima de que os átomos produzem um 'giro' em seu movimento (porque de outra maneira eles iriam cair eternamente em linhas paralelas sem jamais entrarem em combinação), e que esse 'giro' no homem é o que é chamado de 'livre arbítrio', o seu propósito primário não é uma investigação da natureza." (páginas 114/115)

O homem, segundo os epicuristas, deve seguir a sua natureza, que o leva a buscar o prazer e a evitar a dor. 

Anotações extraídas da leitura do livro Helenismo, Roma e Cristianismo Primitivo, História das Ideias Políticas, Editora É realizações, Coleção Filosofia Atual, volume 1 Eric Voegelin

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

É tarde demais Adeus



 "OLHA-ME NO ROSTO; MEU NOME É PODERIA-TER-SIDO. / TAMBÉM SOU CHAMADO DE NÃO-MAIS, TARDE-DEMAIS, ADEUS."

Look in my face; my name is Might-have-been./I am also called No-more, Too-late, Farewell

(D. G. Rossetti, poeta e pintor inglês, The House of life. página 636

Fonte: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti, Editora Martins Fontes.

A Origem dos Reis e dos Governantes



"É ÓBVIO QUE O TERMO 'REI', TAL COMO É USADO NAS FONTES E PELOS HISTORIADORES, DENOTA UM TÍTULO ALGO PRESUNÇOSO. ESTES GOVERNANTES NÃO ERAM MONARCAS COROADOS, MAS CHEFES DE BANDOS DE GUERRA QUE IMPUNHAM A SUA VONTADE E COBRAVAM TRIBUTOS. AS OSCILAÇÕES NA SUA POSIÇÃO ERAM DITADAS PELO NÚMERO DE POVOAÇÕES DAS QUAIS CONSEGUIAM EXTRAIR TRIBUTOS." (página 77) 

O trecho acima foi retirado do livro Reinos Desaparecidos. Nesse capítulo é abordado o Reino do Rochedo ou reino Alt Clud, localizado no norte da Grã-Bretanha (a ilha que engloba as atuais Escócia e Inglaterra). O reino de Alt Clud tem seu centro no Rochedo de Dumbarton, próximo ao estuário do rio Clyde, um dos principais locais históricos da Grã-Bretanha

Ali havia um castelo. Ali havia algo que poderia ser chamado de rei, alguém que militarmente havia se sobressaído sobre seus vizinhos, imposto sua vontade a ponto de cobrar tributos sobre eles. Enfim, era um senhor da guerra bem sucedido, não diferente de um líder do Comando Vermelho que impõe sua vontade em áreas controladas pelo crime na cidade do Rio de Janeiro. 

A palavra Dumbarton é um nome inglês, a forma anglicizada do seu antecessor gaélico, Dun Breteann, que significa Forte dos Bretões. Os bretões compunham dezenas de tribos que dominavam a ilha da Grã-Bretanha na véspera da conquista romana e deram seu nome à ilha. Na época pós-romana, foram gradualmente deslocados ou absorvidos. 

"Os seus descendentes mais visíveis, conhecidos em Inglaterra por Welsh, ou seja, estrangeiros, habitam apenas um canto da sua antiga pátria, um resíduo ao qual os ingleses deram o nome de Wales, a Terra Estrangeira. Mas nem sempre foi assim. Depois do desaparecimento da Britânia Romana e do influxo dos anglo-saxões, os bretões resistiram por mais tempo em três regiões." (página 70)

O reino de Alt Clud foi um dos resquícios dos bretões no norte da Grã-Bretanha, que hoje é a atual Escócia. 

Enfim, o reino de Alt Clud foi apenas um dos reinos que surgiram após a queda da Britânia Romana em 410 d.C. . Com o passar do tempo, esses reinos foram desaparecendo. Um reino mais forte absorvia o reino mais fraca. Houve uma unificação por meio das armas. O senhor de guerra mais bem sucedido no campo de batalha aumentava o poder de seu reino:

"À frente de cem homens, foi o primeiro a matar, a sua sede de cadáveres, era tão grande como a de hidromel ou vinho. Com um ódio absoluto, O senhor de Dumbarton, o guerreiro risonho, matava os inimigos." (página 88)

E assim, de guerras em guerras, matanças, o poder na Grã-Bretanha consolidou-se numa única mão. No século X, o Wessex tornou-se uma entidade política poderosa no sul da Grã-Bretanha. Foi a primeira iniciativa que vislumbrou a possibilidade de unificar a Grã-Bretanha sob um único poder. Em 1066, a Grã-Bretanha foi alvo de duas invasões. A primeira veio da Noruega, e foi destruída. A segunda invasão veio da França, sob o comando de Guilherme, o duque da Normandia. Após a batalha de Hastings, Guilherme apoderou-se do trono inglês. Depois de Guilherme, outras dinastias governaram a Grã-Bretanha. Hoje, ela é governada pela dinastia Windsor. Mas o que importa é que, seja qual for a dinastia que hoje governa a Inglaterra, todas elas tiveram a mesma origem: são descendentes de chefes de bandos de guerra, que faziam valer sua vontade por meio das armas.

Fonte: Anotações extraídas da leitura do Livro Reinos Desaparecidos, Norman Davies, Editora 70

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Sonhar versua Pensar



"O HOMEM, QUANDO SONHA, É UM DEUS, QUANDO REFLETE, É UM MENDIGO."

(F. HOLDERLIN, POETA ALEMÃO) 

Fonte: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti, Editora Martins Fontes.

O Cristianismo em risco



 O cristianismo esteve sob risco. Em 1453, os muçulmanos, por meio dos Turcos Otomanos, conquistaram a cidade de Constantinopla. Constantinopla era a capital do Império Romano do Oriente

"...A QUEDA DE CONSTANTINOPLA LANÇOU O PÂNICO EM TODA A CRISTANDADE." (página 41)

O conquistador otomano de 1453, Mehmed II, tão logo se apossou da cidade cristã de Constantinopla, autoproclamou-se SULTÃO I RUM, SENHOR DE ROMA. Mehmed II transferiu sua nova capital para Constantinopla, que reteve o nome da cidade com todas as suas conotações europeias e imperiais. O passo seguinte seria lançar uma invasão através do Mediterrâneo e  Balcãs e europa central adentro, materializando a reivindicação do Império Romano, alcançando o domínio do mundo mediante controle da europa, assumindo a missão de difundir o islã

Na sequência de Mehmed II, o avanço otomano recomeçou com Solimão, o Magnífico

"O SEU OBJETIVO ERA NADA MENOS DO QUE A MONARQUIA UNIVERSAL: UMA INSCRIÇÃO SOBRE A ENTRADA DA GRANDE MESQUITA DE CONSTANTINOPLA PROCLAMOU-O MAIS TARDE 'CONQUSITADOR DAS TERRAS DO ORIENTE E DO OCIDENTE COM A AJUDA DE DEUS TODO-PODEROSO E DO SEU VITORIOSO EXÉRCITO , POSSUIDOR DOS REINOS DO MUNDO' ". (página 41)

A expansão dos otomanos europa adentro foi avassaladora. Em 1521, a fortaleza de Belgrado, na atual Sérvia, foi tomada. Os otomanos derrotaram ainda o exército húngaro em na Batalha de Mohacs. Uma enorme faixa de terra, incluindo quase toda a fértil bacia do rio Danúbio, caiu sob domínio Otomano. Em 1529, os otomanos cercaram a cidade de Viena, na Áustria. Os otomanos ainda expandiram o seu poder pelo Mar Mediterrâneo, conquistando, por exemplo, a Argélia. 

Em agosto de 1516, o nono sultão otomano muçulmano, Selim I, apelidado "O Severo", em Marj Dabiq, um campo nos arredores da cidade síria de Alepo, enfrentou e derrotou os mamelucos que governavam o Egito. O Egito caiu sob domínio otomano, assim como a Síria, a Palestina, a Mesopotâmia (atual Iraque), a Tunísia, etc. 

Para sorte dos cristãos, o poder otomano foi perdendo força nos anos seguintes e, um projeto de uma  Monarquia Universal sob o islã foi abandonado.

Anotações extraídas da leitura do livro Europa, a Luta pela supremacia, de 1453 aos nossos dias, Brendan Simms, editora 70. 

O Mundo não é o bastante



 Os Habsburgos sonhavam lideram a Cristandade, criando uma Monarquia Universal. Sonharam unir os cristãos numa frente única contra a ameaça islâmica representada pela expansão do Império Otomano, que avança pelos balcãs, chegando nas porta de Viena. Na busca por esse desíginio, enfrentaram muitos inimigos. Alguns deles também sonhavam com uma Monarquia Universal. Enfrentam os Otomanos, os franceses e, por fim, os ingleses. Os Habsburgos dominaram extensas áreas: Espanha, Países Baixos (Holanda e Bélgica), Américas, Filipinas, Portugal, Sacro Império Romano Germânico, etc. 

Em 1519, o Habsburgo Carlos V foi eleito Imperador da Sacro Império Romano Germânico. Carlos V governava a Espanha, Nápoles, os Países Baixos, a Áustria e a Boêmia (atual República Tcheca). Governava ainda o Império em expansão no contimente americano, com suas riquezas (prata, ouro). Um bispo espanhol consagrou Carlos V como Rei dos Romanos (o Sacro Império Romano Germânico era visto então como sucessor do Império Romano) e Imperador do Mundo. Uma Monarquia Universal sob Carlos V, em que os Habsburgos reinavam sobre uma cristandade ocidental unida parecia uma possibilidade real. Mas Carlos V enfrentou tantos inimigos (franceses, turcos otomanos, príncipes alemães, etc), que teve que abandonar seus planos do dominar a Cristandade. 

O filho de Carlos V, Felipe II, rei da Espanha, mostrou-se também ambicioso. Derrotou os turcos na batalha de Lepanto, tomou conta de Portugal e de seu império ultramarino, colonizou as Filipinas, no Oceano Pacífico. Inchado com tanto êxito, Felipe II começou a nutrir ambições globais. 

"O VERSO DA MEDALHA QUE COMEMOROU A UNIÃO DE COROAS COM PORTUGAL FOI INSCRITO COM AS PALAVRAS 'NON SUFFICIT ORBIS', O MUNDO NÃO É BASTANTE." (página 43)

Por fim, Felipe II também acabou fracassando no seu objetivo de criar uma Monarquia Universal.

Anotações extraídas da leitura do livro Europa A Luta pela supremacia, de 1453 aos nossos dias, Brendan Simms, editora 70

Embrião da Revolução Francesa



 A Revolução Francesa eclodiu em 1789. Mas suas raízes são mais profundas. O primeiro abalo no sistema que resultou na Revolução aconteceu na derrota francesa na batalha de Rossbach, durante a guerra dos Sete Anos (1756-1763). A derrota em Rossbach foi um desastre militar para a Monarquia francesa, comparada com a derrota na batalha de Blenheim, durante a Guerra da Sucessão Espanhola

"NÃO ERA APENAS UMA DETERMINADA POLÍTICA QUE TINHA FRACASSADO EM ROSSBACH, ACHAVAM MUITOS CRÍTICOS, MAS TODO SISTEMA SOCIAL E POLÍTICO. A AUTORIDADE REAL E A DOMINAÇÃO ARISTOCRÁTICA BASEAVAM-SE AMBAS, EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, NO DESEMPENHO MILITAR; FORA ESSA A BASE DO CONTRATO FEUDAL ORIGINAL E DA SUA EVOLUÇÃO DESDE A IDADE MÉDIA." (página 159)

A derrota da Monarquia Francesa (dinastia Bourbon) durante a Guerra dos Sete Anos foi um golpe para a nobreza francesa. Arguia em favor da primazia do mérito sobre o privilégio da nobreza (alguém era importante somente pelo fato de ser filho de um nobre). Foi o começo da perda da legitimidade monárquica e aristocrática que iria redundar, em 1789, na Revolução Francesa, na queda da monarquia

Fonte: Anotações extraídas da leitura do livro Europa, A Luta pela Supremacia, de 1453 aos nossos dias, Brendan Simms, editora 70

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

A vitória do Rei era a vitória do povo


 Nós séculos XVI e XVII, por mais difícil que fosse a vida de uma pessoa comum, ela via as conquistas de seu país, nos campos de batalha, como se fossem uma vitória pessoal. Por isso era importante para um governante obter vitórios no estrangeiro, de forma a contentar seu povo internamente. 

"Sempre que o rei ganha uma batalha, toma uma cidade ou submete uma província, lamentava um dos críticos de Luís (Luís XIV, conhecido como rei sol, governou a França no século XVI), o povo francês 'acende fogueiras e qualquer pessoa menor se sente elevada e associa à grandeza do Rei a sua própria; isto compensa-a de todas as perdas e consola-a em toda a sua infelicidade. Tudo isto podia potencialmente ser um tiro a sair pela culatra, é claro, pois o que fosse visto como fracasso na cena europeia danificaria severamente o poder régio dentro da França."

Fonte: página 86, Europa, a Luta pela Supremacia, de 1453 aos nossos dias, Brendan Simms, editora 70.

A Expansão Ultramarina e a Cruzada contra os Muçulmanos


Quando os europeus se lançaram à conquista marítima o fizeram não apenas por questões econômicas. Eram estimulados pela luta contra os muçulmanos. Desejavam reconquistar a cidade de Jerusalém. 

"A partir de meados da década de 1480, Cristovão Colombo tentou interessar os monarcas de Portugal e Espanha na ideia de um caminho atlântico para a Índia. É certo que a sede de aventura, o enriquecimento pessoal e a glória nunca estiveram muito longe do seu espírito ou do de outros exploradores e dos seus patrocinadores. O fim último da empresa, no entanto, era lançar um ataque ao flanco desprotegido dos otomanos, que levasse à reconquista de Jerusalém, uma tarefa que Colombo descrevia em termos cada vez mais milenaristas. A conquista de novas terras além-mar não abriria apenas uma nova frente contra os otomanos; asseguraria também os recursos necessários para a recuperação da Terra Santa." (página 68)

Colombo acreditava tanto em seus mapas que levou consigo um intérprete árabe (um judeu convertido ao cristianismo). Ele obviamente não seria necessário, pois Colombo aportou nas ilhas do Caribe e não na Ásia. 

"Contudo, em vez de alcançar a Ásia e encontrar aliados contra os muçulmanos ou apossar-se de uma parte das riquezas do Oriente, Colombo deu a terra nas Caraíbas, onde prontamente foi estabelecida uma colônia espanhola. Os nativos foram descritos, como era bastante lógico, como <<índios>>, uma designação que se manteve até fins do século XX. A inicial descoberta europeia da América foi, em suma, uma consequência da luta pelo domínio sobre o islã." (página 69)

FONTE: EUROPA, A LUTA PELA SUPREMACIA, DE 1453 AOS NOSSOS DIAS, BRENDAN SIMMS, EDITORA 70

Expansão Ultramarina



 "QUEM DOMINA O MAR, DOMINA O COMÉRCIO; QUEM QUER QUE DOMINE O COMÉRCIO DO MUNDO DOMINA A RIQUEZA DO MUNDO E CONSEQUENTEMENTE O PRÓPRIO MUNDO." (Navegador e aventureiro inglês Sir Walter Raleigh).

Contexto: século XVI. Países da europa ocidental começam a se aventurar em conquistas ultramarinas. França, Inglaterra, Holanda, Espanha e Portugal saem em busca de colônias nas Américas, na África e na Ásia. No final dessa corrida, a Inglaterra sairia vencedora. E de fato, por um bom tempo, a Inglaterra, dominando os mares, dominou o mundo. 

Fonte: página 70, Europa, a Luta pela supremacia, de 1453 aos nossos dias. Brendan Simms, editora 70.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Dos Defeitos e das Qualidades



 "DIZ O ELEFENTE ÀS RÃS QUE EM TORNO DELE SALTAM:

"MAIS COMPOSTURA! Ó CÉUS! QUE PIRUETAS INCRÍVEIS!"

POIS SÃO SEMPRE, NOS OUTROS, DESPREZÍVEIS

AS QUALIDADES QUE NOS FALTAM...

Mário Quintana página 78

Coleção Melhores Poemas, Global Editora.

Dos Pontos de Vista Existência de Deus


 

"A MOSCA, A DEBATER-SE: "NÃO! DEUS NÃO EXISTE!

SOMENTE O ACASO REGE A TERRENA EXISTÊNCIA!"

A ARANHA: "GLÓRIA A TI, DIVINA PROVIDÊNCIA,

QUE À MINHA HUMILDE TEIA ESSA MOSCA ATRAÍSTE!"

Mário Quintana, página 78

Fonte: Mário Quintana, Coleção Melhores Poemas, Global Editora.


Roubar Furtar Ladrões Corruptos




 "ROUBA UM PREGO, E SERÁS ENFORCADO COMO UM MALFEITOR; ROUBA UM REINO, E TORNAR-TE-ÁS DUQUE."

CHUANG-TZU, FILÓSOFO CHINÊS, 369-286 a.C. A abertura dos baús ou um protesto contra a civilização.

"OS LADRÕES DE BENS PARTICULARES PASSAM A VIDA NA PRISÃO E ACORRENTADOS; AQUELES DE BENS PÚBLICOS, NAS RIQUEZAS E NAS HONRARIAS."

Fures privatorum furtoram in nervo atque in compedibus aetatem agunt, fures publici in auro atque in purpura

Catão, o Censor, político e escritor latino, 239-149 a.C. Citado em Áulo Gélio, em Noites Áticas

Fonte: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti, editora Martins Fontes, páginas 546/547

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Frases Históricas




 "VIM, VI, VENCI."

Veni, vidi, vici.

César, político e escritor romano. Expressão usada por ele para realçar a rapidez de sua campanha militar contra Fárnaces II (47 a.C)

"A SORTE ESTÁ LANÇADA."

Iacta alea est

César, político e escritor romano. César usou essa expressão ao atravessar o Rubicão

"NÃO CHEIRA!"

Non olet

Quando Tito queixou-se com o pai Vespasiano (imperador romano) por este ter cobrado uma taxa pela urina, o imperador ter-lhe-ia colocado sob o nariz uma moeda que acabava de ser recolhida por tal tributo, perguntando-lhe "num odore offenderetur", se ele se sentia ofendido pelo odor. "Não", teria respondido Tito. E o pai: "Atquin e lotio est", e, no entanto, vem da urina.

"FAÇA-SE JUSTIÇA, MESMO QUE O MUNDO PEREÇA."

Fiat iustitia et pereat mundus

Foi o lema de Fernando I, (Imperador, século XVI)

"NO MEU IMPÉRIO O SOL NUNCA SE PÕE."

En mi imperio no se pone el sol

Afirmação atribuída e em geral referida à vastidão das propriedades de Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano Germânico (século XVI). Governava a Espanha, as Américas, os países baixos (Holanda, Bélgica), etc. 

"O ESTADO SOU EU."

L ' état c' est moi

Luís XIV, rei da França

"É PIOR DO QUE UM DELITO, É UM ERRO."

J. Fouché, Ministro de Napoleão Bonaparte, dito por ocasião do fuzilamento do duque de Enghien (1804). Esse assassinato, atribuído a Napoleão, desencadeou uma aliança entre Áustria e outros países contra a França revolucionária.

"NÃO TENHO NADA A OFERECER ALÉM DE SANGUE, CANSAÇO, LÁGRIMAS E SUOR."

I have nothing to offer but blood, toil, tears and sweat

W. Churchill, político britânico. 

"O TRABALHO LIBERTA."

Arbeit macht frei

Inscrição colocada na entrada de um campo de concentração nazista

"NÃO PASSARÃO."

"É MELHOR MORRER DE PÉ DO QUE VIVER DE JOELHOS."

No pasarán

D. Ibarruri, La Pasionaria, política espanhola, durante a Guerra Civil Espanhola. 

"ATÉ TU, BRUTUS, MEU FILHO?"

Tu quoque, Brute, fili mi?

Esta frase teria sido pronunciada por César, Imperador Romano, quando reconheceu o filho Brutus entre os conjurados que o estavam apunhalando. 

"FOI EMBORA, SAIU, FUGIU PRECIPITADAMENTE."

Abiit, excessit, evasit, erupt

Cícero, escritor e político romano, com esta sequência eficaz de verbos, Cícero anunciou no Senado a fuga precipitada de Catilina, depois que sua conjuração havia sido descoberta.

"OU CÉSAR, OU NADA."

Aut Caesar, aut nihil

Foi o lema de C. Bórgia, político italiano

"QUE COMAM BRIOCHES."

Maria Antonieta, rainha da França, que teria a sua cabeça guilhotinada durante a Revolução Francesa

"SE EU AVANÇAR, SIGAM-ME, SE EU RETROCEDER, MATEM-ME, SE EU MORRER, VINGUEM-ME."

B. Mussolini, político italiano. Discurso aos oficiais fascistas.

Fonte: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti, editora Martins Fontes.

Existência de Deus Ganhar Tudo ou Perder Tudo



 "Examinemos então este ponto e digamos: "Deus existe ou não?". Mas para que lado tenderemos? A razão não pode determinar nada quanto a isso. Há um caos infinito que nos separa. Na extremidade dessa distância infinita, joga-se um jogo que terá como resultado cara ou coroa. Em qual apostareis? (...) Avaliemos estes dois casos: se vencerdes, ganhais tudo; se perderdes, não perdeis nada. Apostai, portanto, que ele existe, sem hesitar."

B. Pascal, filósofo francês. 

Fonte: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti, editora Martins Fontes, página 949

obs.: discordo quando ele diz: "se perderdes, não perdeis nada." Para mim, significa perder tudo. 

Vazio Natureza



 "A NATUREZA RECUSA O VAZIO."

Natura abhorret vacuum

Frase inicialmente atribuída a R. Descartes, filósofo francês, pertence na verdade à tradição aristotélica e encontra-se formulda em grego. in Plutarco, Obras Morais, As opiniões dos Filósofos.

Fonte: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti, editora Martins Fontes, página 948

Vida Viver



 "VIVEMOS, NÃO COMO QUEREMOS, MAS COMO PODEMOS."

Menandro, comediógrafo grego, 

"VIVER É COMO UMA DOENÇA DA QUAL O SONO NOS ALIVIA A CADA DEZESSEIS HORAS. É UM PALIATIVO. O REMÉDIO É A MORTE."

N. de Chamfort, escritor francês

FONTE: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti, editora Martins Fontes, páginas 726 e 730

Governo Estado Povo

 

"OS GOVERNOS SÃO AS VELAS, O POVO É O VENTO, O ESTADO É A EMBARCAÇÃO, O TEMPO É O MAR."

L. Borne, escritor alemão. 

Fonte: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti, Editora Martins Fontes, página 621

obs.: Em democracias governos são transitórios. São como as velas de um barco, estão sujeitos aos ventos. O povo é o vento, isto é, é quem de fato direciona o destino de seu país, de seu barco, ao escolher seus governantes. Quem vota mal terá um governo igualmente mal. O Estado é a embarcação, dando a ideia de algo perene, em contraposição ao Governo, que passa. O mar é o tempo. É o tempo durante o qual o Estado existe. 

Pessimismo



"SER PESSIMISTA EM RELAÇÃO ÀS COISAS DO MUNDO E À VIDA EM GERAL É UM PLEONASMO, OU SEJA, SIGNIFICA ANTECIPAR O QUE ACONTECERÁ."

E. Flaiano, escritor italiano. 

Fonte: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti, editora Martins Fontes, página 618

Mãe


 

"E TU, SOZINHO E PENSATIVO NA TUA DOR, / PROCURARÁS TUA MÃE, E NESTES BRAÇOS/ ESCONDERÁS TEU ROSTO; / NO SEIO QUE NUNCA MUDA TERÁS REPOUSO."

G. Giusti, poeta italiano

"SE FOSSE POSSÍVEL DESCOBRIR O PRIMEIRO E VERDADEIRO GERME DE TODOS OS AFETOS ELEVADOS E DE TODAS AS AÇÕES HONESTAS E GENEROSAS DE QUE NOS ORGULHAMOS, ENCONTRÁ-LO-ÍAMOS QUASE SEMPRE NO CORAÇÃO DE NOSSA MÃE."

E. de Amicis, escritor italiano

FONTE: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti, editora Martins Fontes, páginas 211/212

Lei


 

"LEIS SÃO COMO TEIAS DE ARANHA: QUANDO ALGO LEVE CAI NELAS, FICA RETIDO, AO PASSO QUE SE FOR ALGO MAIOR, CONSEGUE ROMPÊ-LAS E ESCAPAR."

Solon, político grego, 640 - 560 a.C. Citado em Diógenes Laércio, Vida dos Filósofos.

Fonte: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti, Editora Martins Fontes, página 245.

Desejo


 

"NÃO DESEJES E SERÁS O HOMEM MAIS RICO DO MUNDO."

No desées y serás el hombre más rico del mundo

M. de Cervantes, escritor espanhol.

Fonte: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti, página 135

Nacionalidade


 

"A NOSSA VERDADEIRA NACIONALIDADE É A HUMANIDADE."

Our true nationality is manking

H. G. Wells, escritor inglês, The Outline of History

Fonte: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchielli, editora Martins Fontes, página 115

Patriotismo



 "O PATRIOTISMO É O ÚLTIMO REFÚGIO DO PATIFE."

Patriotism is the last refuge of a scoundrel 

(S. Johnson, literato inglês, 1709-1784)

Fonte: Dicionário das Citações, Ettore Barelli e Sergio Pennacchietti

Editora Martins Fontes, página 118