PREFIRO ROSAS, meu amor, à pátria,
E antes magnólia amo
Que a glória e a virtude.
Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.
Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre.
Se cada ano com a primavera
As folhas aparecem
E com o outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?
Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva
Fernando Pessoa
Coleção Melhores Poemas - Seleção Tereza Rita Lopes
Global editora.12º edição, São Paulo, 2004, página 137