quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Mario Quintana


ENVELHECER



Antes, todos os caminhos iam.


Agora todos os caminhos vêm.


A casa é acolhedora, os livros poucos.


E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas




SEMPRE


Sou o dono dos tesouros perdidos no fundo do mar.


Só o que está perdido é nosso para sempre.


Nós só amamos os amigos mortos


E só as amadas mortas amam eternamente.



INSCRIÇÃO PARA UMA LAREIRA


A vida é um incêndio: nela


dançamos, salamandras mágicas


Que importa restarem cinzas


se a chama foi bela e alta?


Em meios aos toros que desabam,


cantemos a canção das chamas!



Cantemos a canção da vida,


na própria luz consumida...



Mario Quintana
Coleção Melhores Poemas, Seleção Fausto Cunha, global editora, 17º edição, São Paulo, 2005, páginas 115, 101 e 69.


http://www.globaleditora.com.br/


Mario (de Miranda) Quintana nasceu em Alegrete/RS, a 30 de julho de 1906. O poeta faleceu em 1 de maio de 1994. É detentor de vários prêmios literários. Seu primeiro livro de poesia surgiu em 1940, A Rua dos Cataventos.

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