quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

ESTE QUARTO


ESTE QUARTO


Para Guilhermino Cesar



Este quarto de enfermo, tão deserto


de tudo, pois nem livros eu já leio


e a própria vida eu a deixei no meio


como um romance que ficasse aberto...



que me importa este quarto, em que desperto


como se despertasse em quarto alheio?


Eu olho é o céu! imensamente perto,


o céu que me descansa como um seio.



Pois só o céu é que está perto, sim,


tão perto e tão amigo que parece


um grande olhar azul pousando em mim.



A morte deveria ser assim:


um céu que pouco a pouco anoitesse


e a gente nem soubesse que era o fim...


Mario Quintana

Coleção Melhores Poemas, Seleção Fausto Cunha, global editora, 17º edição, São Paulo, 2005, página 53.

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