ESTE QUARTO
Para Guilhermino Cesar
Este quarto de enfermo, tão deserto
de tudo, pois nem livros eu já leio
e a própria vida eu a deixei no meio
como um romance que ficasse aberto...
que me importa este quarto, em que desperto
como se despertasse em quarto alheio?
Eu olho é o céu! imensamente perto,
o céu que me descansa como um seio.
Pois só o céu é que está perto, sim,
tão perto e tão amigo que parece
um grande olhar azul pousando em mim.
A morte deveria ser assim:
um céu que pouco a pouco anoitesse
e a gente nem soubesse que era o fim...
Mario Quintana
Coleção Melhores Poemas, Seleção Fausto Cunha, global editora, 17º edição, São Paulo, 2005, página 53.
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