segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

A Criação da Rota da Seda Império Persa e Alexandre, o Grande China Império Romano Globalização Constantinopla



CRESCENTE FÉRTIL:

Crescente Fértil é o nome que se dá a uma área que abrange do Golfo Pérsico ao Mar Mediterrâneo. Foi nessa área que a Agricultura primeiro se desenvolveu. Ali ficava a Mesopotâmia, atual Iraque, berço das primeiras cidades.

"Desde os primórdios do tempos, o Centro da Ásia é onde os impérios foram criados."
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 21)

"As terras baixas de aluvião da Mesopotâmia, alimentadas pelos rios Eufrates e Tigre, forneceram a base da própria civilização, pois foi nessa região que as primeiras aldeias e cidades se formaram."
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 21)



IMPÉRIO PERSA (período Aquemênida - 550-330 a.C.):

O maior de todos os Impérios surgidos nessa área foi o Persa. Partindo do sul do atual Irã, estendeu-se a oeste pelo Mar Egeu. 

"O Império Persa era uma terra de abundância que ligava o Mediterrâneo ao coração da Ásia."
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 22)

Tomando a direção leste, chegou ao Himalaia. Ainda tomando a direção oeste, chegou ao rico Egito, no ano de 525 a.C. Estradas foram construídas para manter esse grande império conectado. Essas estradas ligavam o litoral da Ásia Menor (atual Turquia) às distantes cidades da Babilônia, de Persépolis e Susa. Uma distância de 2.500 km era vencida num período de uma semana.
As cidades do Império Persa cresciam com o acesso a alimentos, que eram produzidos em áreas próximas aos rios Nilo (Egito), Tigre/Eufrates (atual Iraque) e Oxus (Amu Darya)/Jaxartes (Syr Darya), esses dois últimos rios da Ásia Central, que desaguam no Mar de Aral.
O Império Persa procurava governar seus súditos com Justiça. As minorias eram respeitadas, como por exemplo, os judeus, que foram libertados de seu cativeiro na Babilônia.

"A tolerância com as minorias era lendária: um dos governantes persas foi chamado de Messias." (Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 22)

O comércio floresceu na Pérsia, onde palácios foram construídos em várias cidades, como Persépolis, Susa, Babilônia e Pasárgada.

INIMIGOS DO IMPÉRIO PERSA:

A fronteira norte do Império Persa sofria pressão das tribos nômades vindas das estepes (norte do Mar Negro, Ásia Central, Mongólia - estepes eram pastagens semi-áridas, savanas). Os nômades das estepes eram ferozes e imprevisíveis. Apesar disso, em alguns casos, era possível ter uma relação civilizada com eles, comerciando com eles. Os Persas tinham interesse nos cavalos criados por essa tribos nômades.
No Oeste, havia os gregos. A Pérsia ambicionava um dia dominar a Grécia. Mas esse sentimento era recíproco. Esse sentimento grego em relação à Pérsia concretizado por um Macedônio, Alexandre, o Grande.

ALEXANDRE, O GRANDE:

Ao assumir o Trono na Macedônia (336 a.C.), Alexandre, o Grande, dirige seu olhar para o Leste, para a Pérsia. E não podia ser diferente, pois no tempo de Alexandre a riqueza estava no leste, na Ásia, não na Europa Ocidental.

"Em nenhum momento voltou seus olhos para a Europa, que não oferecia nada: nem cidades, nem cultura, nem prestígio, nem recompensas." 
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 23)

A riqueza estava na Ásia. Os olhos de Alexandre miravam o Leste, fonte de cultura, riqueza e de ameaças. Os Persas representavam tudo isso no imaginário helênico (gregos e macedônios). Alexandre então partiu para conquistar o Império Persa. Houve uma série de batalhas. A Província pérsia do Egito caiu (331 a.C.) sob o domínio de Alexandre. Na sequência, houve a batalha de GAUGAMELA, localizada perto da atual cidade de Erbil (norte do Iraque - região do Curdistão). A vitória de Alexandre em Gaugamela abriu para ele as portas do Império Persa. Alexandre seguiu na direção leste. As cidades iam caindo em seu Poder. Dário III, o soberano Persa, tinha fugido. Babilônia caiu sob o domínio de Alexandre.


ALEXANDRE, O TOLERANTE:

Alexandre era tolerante com as crença locais. Quando Dário III morreu, a ele foi dado um enterro condizente com seu status. Alexandre cooptava elites locais para consolidar seu poder sobre regiões recém-conquistadas. Alexandre dizia:

"se queremos não só passar pela Ásia, mas ocupá-la, devemos mostrar clemência por essas pessoas; é a lealdade delas que irá tornar o nosso império estável e permanente." 
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 25)

No seu avanço pelo Leste, Alexandre foi criando cidades, como Herat (Alexandria na Satrapia) e Kandahar (Alexandria Aracosia), no atual Afeganistão. Bagram foi criada no Cáucaso. As cidades eram fortificadas como forma de defesa contra a incursões dos povos das estepes, os mesmos que atormentavam a fronteira oriental do finado Império Persa. Os povos das estepes, segundo entendimento dos chineses da época, que também sofriam com eles, representavam o contrário daquilo que era entendido como civilização (huaxia = mundo civilizado). Alexandre ainda contornou o Indo-Kush (indocuche), uma cadeia montanhosa, penetrando em seguida naquilo que hoje é a Índia.

FIM DA AVENTURA DE ALEXANDRE, O GRANDE. SEU LEGADO CULTURAL PARA A ÁSIA

Alexandre morreu em 323 a.C. Mais importante do que seu feito militar, foi a herança cultural grega que Alexandre deixou na Ásia Central. O grego era ouvido e lido do Mediterrâneo ao Himalaia. Esse foi o grande legado de Alexandre. Na cidade de Ai Khanoum (fundada por Seleuco), no norte do atual Afeganistão, às margens do rio Oxus (Amu Darya), um monumento trazia essa inscrição, retirada de um templo grego, em DELFOS:

"Quando criança, comporte-se bem. 
Quando jovem, tenha autocontrole. 
Quando adulto, seja justo. 
Quando idoso, seja sábio. 
Quando moribundo, evite a dor."
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 27)

"A vitalidade do intercâmbio cultural à medida que a Europa e a Ásia colidiam era impressionante." (Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 27)

Outro exemplo de como a cultura trazida por Alexandre à Ásia iria impactar a cultura local: O Budismo, no seu começo, não permitia que a figura de Buda (o desperto) fosse representada. Com a influência da cultura grega, trazida por Alexandre, essa prática mudou. Buda passou a ser representado, pois temia-se a concorrência de outras religiões, como por exemplo o culto grego a Apolo. Esse encontro de culturas se deu na província de Gandara, localizada no Reino de Báctria (criado pelos sucessores de Alexandre).

"Estátuas de Buda começaram a aparecer apenas depois que o culto a Apolo se firmou no Vale do Ghandare (Gundara) e no oeste da Índia. Os budistas sentiam-se ameaçados pelo sucesso de novas práticas religiosas e começaram a criar suas próprias imagens."
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 27)

"até então os budistas haviam ativamente evitado representações visuais" 
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 27)

"As décadas posteriores à morte de Alexandre viram um programa gradual e inconfundível de helenização conforme as ideias, temas e símbolos da Grécia antiga eram introduzidas no oriente."
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 26)

COM A MORTE DE ALEXANDRE, SEU IMPÉRIO FOI FRAGMENTADO:

O Império criado por Alexandre, após a sua morte, é fragmentado. Sua parte oriental, estendendo-se do Tigre ao Indo, ficou para um macedônio, um ex-oficial do exército de Alexandre, de nome Seleuco, que fundou a Dinastia Selêucida, que subsistiria por 300 anos.
A dinastia Selêucida foi superada pela emergência de um novo poder representado pelos Arsácidas (247 a.C. -224 d.C.). A história dos Arsácidas está cheia de lacunas. Sabe-se que esse Estado foi iniciado pela Tribo Nômade Parni (Partas) ou Aparni, pertencente aos povos iranianos. A ascensão dos Arsácidas foi o resultado de migrações vindas da Ásia Central em busca de terras agricultáveis. No Século III a.C. lograram êxito na ocupação de territórios ao longo do Rio Atrek e da cordilheira Kopet Dagh. 
No fim, os Arsácidas também foram superados por uma nova dinastia, os Sassânidas.
No início do Século III d.C., quando o Estado Arsacid lutava com o Império Romano, em meio a querelas dinásticas, houve uma mudança de poder no Irã. Uma nova dinastia sobe ao poder, os Sassânidas, depois que Ardashir derrotou e matou Ardawan IV.
Ardashir I assumiu o título de rei dos reis (shahan shah) e empreendeu a conquista de um território que viria a ser conhecido como Erãnshahr (Terra dos arianos/iranianos).
Ardashir foi coroado Rei dos Reis em 226 d.C. na capital real de Ctesifonte, cidade que atualmente encontra-se localizada no Iraque. Uma nova fase na história iraniana começava. 

EXPANSÃO CHINESA:

Enquanto Macedônios Gregos expandiam-se para leste, a China da dinastia Han (206 a.C. -220 d.C.) expandia-se na direção contrária, para o Oeste, para a atual Xinjiang. Os chineses tiveram que se expandir para o oeste para fazer frente aos ataques das tribos nômades vindas das estepes. Esses ataques impediam o intercâmbio da China com o resto do mundo. E esse avanço da China para o oeste foi o responsável pela criação da Rota da Seda.
Província Xiyu, significando Província a oeste. Hoje é conhecida como Xinjiang (nova terra da fronteira).

"Ela (Xinjiang) ficava depois do corredor Gansu, uma rota de 965 km ligando o interior chinês à cidade oásis Dunhuang, um entroncamento à beira do deserto de Taklamakan." 
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 28).

"Nesse ponto, havia a opção de uma rota para o norte e outra para o sul, e ambas podiam ser traiçoeiras, convergindo em Kashgar, localizada no ponto de junção das montanhas do Himalaia com as montanhas Pamir (leste do atual Tadjiquistão e nordeste do atual Afeganistão), a serra de Tien Shan e o Indocuche (Indo-Kush)." 
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 28)

"A expansão (para o oeste) dos horizontes da China uniu a Ásia." 
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 28)

Essas redes de comunicação/comércio tinham sido bloqueadas pelos nômades das estepes. Eram uma preocupação constante. Oscilavam entre a belicosidade e a paz. Quando havia paz, as tribos nômades das estepes até comerciavam, vendendo seus valiosos cavalos para os chineses. Esses cavalos eram oriundos do vale do Fergana (localizado no lado mais distante das Montanhas Pamir).
Um exemplos desses povos nômades é o povo Xiongnu. Eles viviam nas estepes da Mongólia e nos pastos do norte da China. Os chineses os viam como bárbaros, pois dentre outros costumes, comiam carne crua e bebiam sangue de seus animais.
Para preservar suas cidades de ataques desses povos, por vezes o Imperador chinês pagava tributos a eles, na forma de envio de arroz, seda, etc. Para as tribos das estepes a seda (tecido) era um símbolo de status social, contrapondo na sociedade aqueles que mandavam daqueles que obedeciam.

"Em 1 a.C., por exemplo, os xiongnu receberam 30 mil rolos de seda e uma quantia similar de matéria-prima, além de 370 peças de roupa."
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 30)

A dinastia Han decidiu dar um basta nessa prática, tomando a decisão de enfrentar as tribos nômades, avançando pelo oeste, ocupando o corredor Gansu (final do século II a.C.). Mais a oeste ficavam as Montanhas Pamir, Transpostas estas, abria-se um novo mundo, que seria explorando pela Rota da Seda.
A China exercia um controle sobre o comércio. Havia controle alfandegário. Entradas e saídas de pessoas e mercadorias eram controladas por funcionários do Estado Chinês.

ROTA DA SEDA:

Tendo que passar por uma área perigosa, a Rota da Seda só se viabilizava economicamente transportando produtos de Luxo. Só se trabalhava com lucros altos, caso contrário não valia a pena se arriscar.

"Nessas circunstâncias difíceis, as recompensas tinham que ser altas para contrabalançar os riscos."
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 31)

E o produto mais importante da Rota da Seda era justamente a Seda, que tinha várias utilidades: indicativa do status social de quem a vestia; servia como moeda; servia como moeda internacional; era um produto de luxo.

"O comércio entre a China e o mundo mais distante desenvolveu-se lentamente. Encontrar as melhores rotas ao longo da orla do deserto de Gobi não era fácil, especialmente a partir do Portão de Jade, o posto de fronteira depois do qual as caravanas de comerciantes seguiriam seu caminho para o oeste."
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 31)

Pelo caminho da Rota da Seda ainda havia obstáculos naturais (montanhas Pamir, Tien Shan e deserto do Taklamakan). E pelo caminho ainda havia ataques de tribos nômades e assaltantes.

GLOBALIZAÇÃO:

"Vemos a Globalização como um fenômeno exclusivo da modernidade. mas há 2 mil anos já era um fato, e oferecia oportunidades, criava problemas e estimulava avanços tecnológicos." 
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 32)

ROMA. MERCADO PARA OS PRODUTOS DE LUXO EXPORTADOS PELA ROTA DA SEDA

Roma era um poder militarista, que subjugava outros povos como meio de aumentar a sua riqueza. Roma foi construída sobre seu exército. Um soldado romano deveria marchar 32 quilômetros em 5 horas, carregando consigo todo seu equipamento militar.

"A espinha dorsal do poder romano era o exército."
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 33)

Quem comprava os produtos de luxo? O Império Romano era um mercado para os produtos asiáticos.
As conquistas romanas a enriqueceram (Gália em 52 a.C., atual França, países baixos e Alemanha Ocidental, por exemplo).
O que tornava um Império forte era contar com com cidades produtoras de Rendas Tributáveis. Também eram bem vindas cidades que tivessem artesãos talentosos, criadores de novos produtos.
Havia poucas cidades assim na Europa, de forma que o Império Romano teve que voltar seus olhos para a Ásia. A Riqueza residia na Ásia, mais precisamente no Império Persa. Era preciso seguir o dinheiro. Ainda no século I a.C. Roma conquistou o Egito. A conquista se deu no ano de 30 a.C (batalha de Accio). por obra de Otaviano, que se tornou Imperador e ganhou o título de Augusto.
Com a conquista do Egito, Roma passou a prospectar a Ásia, enviando expedições ao sul e ao leste. Ao sul para o Reino de Axum, atual Etiópia. Roma também queria informações sobre o Mar Vermelho, o Golfo Pérsico e sobre as rotas terrestres que levavam à Ásia Centra através da Pérsia. A conquista do Egito abriu o Mar Vermelho para os romanos. De posse do litoral do Mar Vermelho, os romanos começaram a fazer comércio com a Índia, por via marítima. Por ano 120 barcos romanos saiam do Mar Vermelho em direção à Índia. 

"Os cidadãos mais abastados de Roma podiam agora se permitir os gostos mais exóticos e extravagantes."
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 37)

Os gastos dos romanos endinheirados beiravam o obsceno. Os romanos queriam o luxo da Ásia em suas residências (especiárias, sedas, etc).

EXPANSÃO ROMANA PARA A ÁSIA:

A primeira conquista de Roma foi o Egito, que era governado pelos descendentes de Ptolomeu, um dos homens de Alexandre, o grande. Graças ao Rio Nilo, o Egito era um verdadeiro celeiro de grãos.
A conquista do Egito enriqueceu ainda mais Roma. O preço dos grãos despencou. Roma cobrava tributos dos egípcios. Os métodos de apropriação de riqueza adotado no Egito seria repetido em outras áreas conquistadas por Roma. Na Judeia mesmo chegou-se ao requinte de se fazer um censo para que a cobrança dos impostos fosse feita com a maior precisão possível. A conquista do Egito ainda abriu aos romanos os portos do Mar Vermelho, que por sua vez conectaram o Império Romano com a Índia, por meio do comércio marítimo.

"poucos anos após a ocupação do Egito, 120 barcos romanos partiam para a Índia a cada ano do porto de Myos Hormos, no Mar Vermelho." 
(Página 36, Estrabão, citado por Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica)

O Mar Vermelho era o ponto de ligação entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Índico.

IMPÉRIO ROMANO ESBANJANDO SEU DINHEIRO COM PRODUTOS DE LUXO:

No Império Romano, quem tinha posses as usava com esbanjamento, gastando muito dinheiro na aquisição de produtos de luxos vindos da Ásia. Era literalmente dinheiro romano sendo continuamente mandando para fora de suas fronteiras.

"Essa soma impressionante representava quase metade da produção anual de moedas do império e mais de 10% do orçamento de cada ano." 
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 38)

IMPÉRIO ROMANO DE OLHOS VOLTADOS PARA A PÉRSIA:

A riqueza estava na Ásia e por isso era para lá que os Romanos queriam ir. A Pérsia ficou rica por se localizar no meio das Rotas Comerciais que cruzavam a Ásia. Em 113 d.C., o Imperador Romano Trajano liderou uma força militar que marchou sobre a Pérsia. Cidades persas foram capturadas: Babilônia, Ctesifonte, Basra (atual Iraque). Para comemorar essa conquista, os Romanos passaram a cunhar moedas com os seguintes dizeres: "Persia Capta" (a Pérsia foi capturada).
Com a Pérsia capturada, os Romanos queriam mais: queriam a China e a Índia. Mas ficaram só querendo, pois o limite de expansão romana era a Pérsia. E mesmo a Pérsia não tinha sido totalmente conquistada por Roma. A Pérsia não era uma presa fácil. Mesmo assim os Imperadores romanos continuavam insistindo no domínio da Persa. Em 260 d.C., um Imperador Romano, Valeriano, foi morto num dessas tentativas.

"Em 260 d.C., por exemplo, o Imperador Valeriano foi humilhado depois de ser feito prisioneiro e mantido na abjeta forma de escravidão: usado como banquinho humano pelo governante persa, tendo que curvar as costas para erguer o rei quando este montava seu cavalo....teve seu corpo esfolado e sua pele arrancada da carne, foi tingida com vermelhão...ele foi empalhado para que todos pudessem ver a vergonha e a estupidez de Roma."
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 42)

A pressão exercida sobre o Império Persa levou que a dinastia que então a governava, a Sassânida (220 d.C.), se fortalecesse, usando o inimigo externo romano para internamente concentrar o poder estatal. Assim, a Pérsia desenvolveu-se administrativamente, fiscalizando o comércio que era feito em sua área, e expandindo-se para o leste. 

CONTRA-ATAQUE PERSA:

"Á medida que a Pérsia se fortalecia, Roma vacilava." 
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 43)

De caçadora, Roma passou a ser a caça. Estamos no ano 300 d.C.. O Império Romano não se expandia mais, de forma que não havia novos ganhos tributáveis. Saia mais dinheiro do que entrava. Era preciso gastar com a vigilância das fronteiras, sempre ameaçadas por incursões bárbaras. O Império Romano gastava mais do que arrecadava. A conta não fechava. Havia um déficit fiscal crescente.

"...por volta de 300 d.C. toda a extensão da fronteira leste do Império Romano, que ia do Mar do Norte ao Mar Negro, do Cáucaso ao extremo sul do Iêmen, estava sob pressão. O império havia sido construído por meio de expansões e estava protegido por um exército bem treinado. Quando o crescimento territorial cessou - ao alcançar os limites naturais dos rios Danúbio e Reno e as cadeias montanhosas Taurus e Anti-Taurus no leste da Ásia Menor - , Roma tornou-se uma vítima clássica do próprio sucesso: agora era alvo daqueles que viviam além de suas fronteiras."
(Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, 1º Edição, Editora Crítica, página 43)

IMPERADOR CONSTANTINO:

O Império Romano teria que ser salvo. Havia os bárbaros na Europa. Havia a Pérsia na Ásia. Para salvar Roma, o novo Imperador Romano, Constantino, resolveu construir uma nova cidade. Ele escolheu uma localidade chamada Bizâncio, uma antiga colônia pesqueira grega. Ali seria construída Constantinopla (atual Istambul, na Turquia), no entrocamento entre o Ocidente e o Oriente. A ideia era realocar o centro de poder romano: tirá-lo de Roma (Itália) e colocá-lo em Constantinopla, ficando mais perto da Ásia. A riqueza estava na Ásia e era para lá que Roma concentrar seus recursos.


ANOTAÇÕES EXTRAÍDAS DA LEITURA DO LIVRO: Rota da Seda, O Coração do Mundo, autor Peter Frankopan, Editora Crítica, 1º Edição



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