sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Não se faz uma revolução comunista com as mãos limpas


"LÊNIN COSTUMAVA FALAR SOBRE A NECESSIDADE DE COMBATER A 'POMPOSA TRIVIALIDADE LIBERAL' E ACABARIA POR AFIRMAR QUE 'A REVOLUÇÃO É UM ASSUNTO DIFÍCIL. NÃO SE PODE FAZÊ-LA COM LUVAS BRANCAS E COM AS MÃOS LIMPAS...O PARTIDO NÃO É UMA ESCOLA DE MENINAS...UM PATIFE PODE SER AQUILO QUE PRECISAMOS, PRECISAMENTE POR SER UM PATIFE"
(Fonte: Lênin, Uma Nova Biografia, autor: Dmitri Volkogonov, Edições 70, página 53)

domingo, 5 de agosto de 2018

São Petersburgo, a Veneza do Norte


São Petersburgo, a cidade construída sobre ossos.
Estimativas variam: no início do Século XVIII, entre 30 mil a 100 mil pessoas morreram construindo a futura capital do Império Russo.
De início, a ideia era somente construir fortificações para proteger a foz do Rio Neva, no Mar Báltico. 
Mas Pedro, o Grande, governante autocrata da Rússia, queria mais.
Quis construir ali uma grande cidade.
Neva, em finlandês, significa Pântano.
Mas nada é impossível para um governante autocrata, dono dos corpos de seus súditos, senhor da vida e da morte deles.
Pedro emitiu decretos todo ano, convocando carpinteiros, pedreiros e, acima de tudo, trabalhadores rurais crus e sem habilidade específica para trabalhar na construção de São Petersburgo.
"Corrente de infelizes fluiu para São Petersburgo", uma região inóspita da então Rússia czarista. 
Trabalhadores de toda a Rússia recebiam uma quantia para viajar e outra para subsistência pelo período de seis meses. Se sobrevivessem, tinham permissão para voltar para casa.
Oficiais e Nobres de toda a Rússia eram incumbidos de recrutar trabalhadores em suas áreas - era uma forma de pagamento de impostos na forma de envio de trabalhadores para São Petersburgo.
Trabalhadores viviam em cabanas toscas, sujas, superlotadas, construídas sobre um terreno pantanoso. Doenças grassavam e ceifavam milhares de vidas. 
A Força de um Autocrata:
Num dado momento, Pedro, o Grande, Czar da Rússia, um autocrata, soube que a construção de São Petersburgo estava atrasada pela falta de pedreiros. Imediatamente, Pedro ordenou que a construção de casas de pedra fora de São Petersburgo acarretaria ao seu responsável as penas de exílio e perda de bens. Naturalmente que todos os pedreiros da Rússia, ao se darem conta dessa determinação de seu Czar, tiveram que ir para São Petersburgo, caso contrário não encontrariam serviço.
(páginas 428/429)
Fonte:
PEDRO, O GRANDE: SUA VIDA E SEU MUNDO – 1ª EDIÇÃO - IMPRESSO, AMARILYS, rOBERT k. mASSIE.
https://www.manole.com.br/pedro-o-grande/p


sábado, 4 de agosto de 2018

REINOS DESAPARECIDOS: Reino de Tolosa


Reino de Tolosa  Paládia Tolosa.
Atual Toulouse, França

Em 410 dC, os bárbaros saquearam Roma, sob o comando de Alarico.
Alarico - "governante de todos" 
As pilhagens duraram três dias. 
Os bárbaros de Alarico eram os Visigodos.
Visigodo em alemão: Westgoten
Os visigodos são originários da Região do Báltico. Do Báltico desceram para a Romênia. Eram agricultores itinerantes. Exploravam uma área até que ela ficasse esgotada. Quando a área ficava esgotada, partiam para uma outra região. Da Romênia irromperam pelo Império Romano de forma avassaladora.
Alarico morreu em 410 dC. Seu sucessor, Ataulfo, o "Nobre Lobo", fez um acordo com o Império Romano, ganhando dos romanos o status de aliado. 
Ataulfo percebeu que precisava das leis romanas para dar estabilidade aos visigodos:
"as leis são essencialmente necessárias" - "e de que o humor terrível e intratável dos godos é incapaz de suportar o jugo salutar da governação civil."
Ataulfo tinha razão sobre o caráter instável de seus comandados. Acabou sendo assassinado. Seu sucessor, Siderico, ficou somente cinco dias no poder até ser assassinado. 
Siderico foi sucedido por Vália, que fez um novo acordo com o Império Romano, conseguindo para os Visigodos um lar.
Vália fez um acordo com os Romanos, segundo o qual os Visigodos tornaram-se aliados de Roma e lhes foi atribuído um lar, a Aquitânia Romana (página 42)
Por meio de um Decreto Imperial da lavra de Honório, Paládia Tolosa ( atual Toulouse na França) passa a ser o lar dos Visigodos (ano de 418) - página 43.
Reis da Paládia Tolosa (página 43)
Alarico - morto em 410
Ataulfo - assassinado
Vália
Teodorico - morto em combate
Torismundo - assassinado
Teodorico II - assassinado
Eurico - guindou o reino ao auge
Alarico II - morto em combate (Vouillé)
Nessa época (século V), a Gália estava dividida em três partes:
1) Paris
2) Reino de Tolosa - Vouillé
3) Burgundio - Lyon
Em meados do século V (451), Teodorico I levou os Visigodos a lutar ao lado dos Romanos, numa batalha contra os Hunos, que eram comandado por Átila
Teodorico I morreu nessa luta, durante a famosa batalha dos Campos Cataláunicos. 
Momentos finais do Reino de Tolosa
Final do Século V. 
Clóvis, senhor da guerra dos Francos, enfrenta Alarico II, em Vouillé.
Alarico II em morto. Na esteira da morte de Alarico II, os Francos invadem o Reino de Tolosa. Visigodos fogem para a península ibérica, onde irão criar o Reino de Toledo (página 54).
Observação: Tanto Clóvis quanto Alarico II eram senhores da guerra. Não eram reis coroados. Eram chefes de bandos guerreiros, que dominavam uma determinada área, impondo sua vontade e cobrando tributos em áreas sob o seu domínio.
FONTE:

REINOS DESAPARECIDOS, de Norman Davies

http://www.edicoes70.pt/site/node/663





sexta-feira, 18 de maio de 2018

Teoria Jurídica da Inexistência do Estado


TEORIA JURÍDICA DA INEXISTÊNCIA DO ESTADO

Adolf Hitler procurava uma base teórica para justificar seus crimes. Um dos Juristas alemães que fornecia essa base teórica era Carl Schmitt. De acordo com Carl Schmitt, a fonte do Direito Internacional não era a lei, era o Poder. 
Os princípios norteadores da relação civilizada entre os Estados eram desprezados. 
No lugar dos princípios adotava-se a lei do mais forte.
Um país deveria expandir-se em busca de suas fronteiras naturais, representativas de seu poderio. 
Essa base teórica justificou, por exemplo, a anexação da Áustria (Auschluss - 1938) e dos Sudetos (Sudetenland - 1938).

Bibliografia:

Terra Negra - O Holocausto Como História E Advertência, Timothy Snyder, Companhia das Letras, páginas 168/169.


segunda-feira, 30 de abril de 2018

POR DOIS MIL ANOS - Mihail Sebastian


"Fugir de si mesmo um dia, dois, vinte, não é fácil, mas não é impossível. Estudar matemática e marxismo como S.T.H, estudar sionismo como Winkler, ler livros como eu, sair atrás de mulheres ou jogar xadrez, ou bater com a cabeça nas paredes. Mas, um dia, num minuto de desatenção, você se encontra consigo mesmo num canto da alma como se encontrasse na esquina um credor que você andou evitando. Você vê a si mesmo e então percebe quão inúteis são as fugas desta prisão sem paredes, sem portas e sem grades, desta prisão que é a sua própria vida. Não há vigilância suficiente. Alguns disfarçam melhor, outros pior; alguns, anos a fio, outros, apenas por algumas horas. Ao final, surge esse irrevogável retorno à tristeza, como uma volta à terra."

(POR DOIS MIL ANOS, Mihail Sebastian, editora Amarilys, página 63)


quarta-feira, 25 de abril de 2018

Antissemitismo no Império Alemão

A estória de Diederich Hessling se passa na Alemanha governada por Guilherme II. Acompanhando a trajetória de vida do personagem Diederich, nos é dado ver a sociedade alemã que iria embarcar na Primeira Guerra Mundia. 
Vemos uma sociedade violenta, opressiva, patriarcal, antissemita, hierarquizada, formalista, composta por aristocratas,  irmandades estudantis e por um exército dominante. 


Para visualizar melhor a imagem acima, clique sobre ela.

O Súdito, Heinrich Mann, Editora mundaréu.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Estupros cometidos pelo Exército Soviético na ocupação da Áustria - 1945



Comunismo não combina com Democracia


Contexto histórico: No final da Segunda Guerra Mundial, exércitos aliados, compostos por russos, americanos, ingleses e franceses, ocupavam países anteriormente ocupados pelos alemães. Exemplo: Áustria.

NACIONALIDADE


BIBLIOGRAFIA: "O Príncipe Vermelho, Timothy Snyder, Editora Record.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Judeu sem religião BADENHEIM 1939

O fato de ser um judeu sem religião não era suficiente para se livrar da perseguição nazista. Era suficiente que seus pais fossem batizados como judeus para você ser considerado judeu, mesmo que você não praticasse a religião. O que justificava esse tipo de pensamento era que, para os nazistas, não era a religião que importava, era a raça. Nesse sentido, também não adiantava um judeu buscar a conversão ao cristianismo para fugir da perseguição nazista. O trecho extraído do livro BADENHEIM 1939 exemplifica o pensamento nazista:




sexta-feira, 16 de março de 2018

JUNKER ESTADO DUAL BRANDEMBURGO E PRÚSSIA HOHENZOLLERN

Clique sobre a figura abaixo para melhor visualizar as características relacionadas à figura história alemã do Junker


Fonte: "REINOS DESAPARECIDOS", História de uma Europa quase Esquecida, de Norman Davies, Edições 70, 2016.

domingo, 7 de julho de 2013

Depois que partiste



Depois que partiste


Depois, senhor, que partiste,

nada mais cuido a esta vida.

Mudei, como a cheia lua:

cada noite diminuo.

ZHANG JIULING


FOLHA DE SÃO PAULO, DOMINGO, CADERNO ILUSTRÍSSIMA, PÁGINA 8, 7 DE JULHO DE 2013.
TRADUÇÃO: RICARDO PRIMO PORTUGAL E TAN XIAO
acervo FOLHA:
http://acervo.folha.com.br/

Inteira Ausência



O CLARO RIO REFLETE MAIS DE MIL SALGUEIROS.

PASSARAM SOB A VELHA PONTE OS ANOS, VINTE;

A PONTE À DESPEDIDA, A BELEZA PARTIDA,

SEM MAIS NOTÍCIA AO TEMPO IDO, A INTEIRA AUSÊNCIA.

por Liu Yuxi

tradução Ricardo Primo Portugal e Tan Xiao
FOLHA DE SÃO PAULO, domingo, 7 de julho de 2013
Caderno ILUSTRÍSSIMA, página 8
ACERVO FOLHA:
http://acervo.folha.com.br/

terça-feira, 30 de abril de 2013

Radovan Ivsic




DE TUDO QUE SEI

E QUE SEI QUE SABES
DE TUDO QUE VEJO
E QUE SEI QUE TU VÊS
DE TUDO QUE OUÇO
QUANDO ESCUTO TEU CORAÇÃO
DE TUDO QUE ME DIZES
E QUE TANTO AMO
DE TUDO QUE SE PASSA
QUANDO FECHAS OS OLHOS
DE TODOS OS SONHOS
DE TODAS AS ESTRELAS
DE TODAS AS NUVENS
DE TUDO ISSO SABES
O QUE ME ALEGRA AINDA MAIS?


DE TUDO ISSO QUE ME ALEGRA AINDA MAIS

E QUE SEI QUE SABES
PORQUE TU SABES E EU TAMBÉM
TU SABES QUE ME AMA
E EU SEI QUE TE AMO

Radovan Ivsic
tradução: eclair antonio almeida filho
Jornal Folha de São Paulo, caderno ilustríssima, domingo, 21 de abril de 2013.
http://acervo.folha.com.br/

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Leis deste viver


"Ah, se Deus nos deixasse, Amor, interceder

para apagar as tristes Leis desse Viver,

somente obedecendo à voz do Coração,

que Livro diferente iríamos escrever!"


Rubáyát

memória de Omar Khayyám

Editora Unesp. Tradução, notas e apresentação: Luiz Antônio de Figueiredo.
http://www.editoraunesp.com.br/catalogo-detalhe.asp?ctl_id=1441

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Argila



Meu lábio degustou a sagrada Bebida


num Caneco de Argila, para entender a Vida.


Argila aconselhou: - "Contente-se em Beber,


não haverá mais vinho após a despedida.

Umar Ibn Ibráhim Al Khayyámi, Matemático Persa.
Rubáyát

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Coisas



"É fácil dizer que tanto faz, 'deixa para lá, o passado está na gente, na nossa lembrança.' Fácil e um pouco falso: nossa identidade é sempre dispersa aos quatro ventos. Ela está nas pedras, nas coisas e nos outros."

Contardo Calligaris

Trecho de um texto - As coisas, os outros e os escombros - publicado no Jornal Folha de São Paulo - quinta-feira, 7 de junho de 2012, página E10

sábado, 28 de abril de 2012

Crença


"São poucas as pessoas saudáveis a ponto de conseguir viver sem se atormentar com a necessidade de resolver, como se diz, o enigma da vida. Ou seja, são poucas as pessoas para quem a experiência concreta se justifica por si só, pela alegria de viver. A maioria precisa recorrer a crenças que digam por que e para o que estamos aqui."

Contardo Calligaris

Fonte:
Folha de São Paulo, quinta-feira, dia 26 de abril de 2012, página E10, Ilustrada

segunda-feira, 16 de abril de 2012

De quanta terra precisa um homem?


"Nele, um camponês rico chamado Pahom fica sabendo do fértil solo na terra dos Bashkirs, além do Volga. É gente simples, e ele conseguirá toda a terra que quiser deles sem muito problema. Quando Pahom chega à terra dos Bashkirs, dizem-lhe que por mil rublos ele pode ter tanta terra quanto nela puder andar durante um dia inteiro. Pahom, desprezando-os pela falta de sofisticação, fica exultante. Tem certeza de que poderá percorrer uma grande distância. Quase assim que se pôs a andar, contudo, avista uma paisagem atraente atrás da outra, um lago ali, ou uma faixa de terra mais adiante que seria boa para cultivar linho. Então percebe que o sol começa a se pôr. Ao compreender o risco de perder tudo, começa a correr cada vez mais depressa para fazer a tempo o percurso de volta. 'Peguei demais', diz a si mesmo. e 'arruinei tudo'. O esforço mata-o. Ele morre no posto final, e ali mesmo, é enterrado. 'Seis palmos da cabeça aos joelhos era tudo o que precisava', foi a conclusão de Tolstoi. A diferença na história, menos de sessenta anos depois, estava não apenas num único homem enterrado ali na estepe, mas em centenas de milhares de mortos por procuração"


Nota do Blog:
Trecho de texto retirado do livro Stalingrado, o Cerco Fatal, de Antony Beevor. Antony faz uma analogia entre um texto escrito por Tolstoi em 1886 - De quanta terra precisa um homem - com a megalomania de Adolf Hitler. Os milhares de mortos por procuração foram os soldados alemães que lutaram na Rússia no período de 21 de junho de 1941 até o ano de 1944. Adolf Hitler outorgou poderes para que milhares de jovens alemães lutassem e morressem em seu nome. Aos alemães mortos, se somaram milhares de russos, civis e militares, que também pereceram durante o conflito. 

Dica de Leitura:
Stalingrado, o Cerco Fatal, Editora Record, Antony Beevor, 12º edição, 2011.

Fotos:

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Rousseau versus Hobbes


"O filósofo franco-suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-78) acreditava que o homem era essencialmente "bom" quando vivia em "estado de natureza", antes da criação do Estado e da propriedade privada. Ele criticava seu antecessor britânico Thomas Hobbes (1588-1679), que defendia uma visão oposta. Para Hobbes, o homem era o lobo do homem, e só graças ao Estado essa anarquia, essa luta de todos contra todos, poderia cessar. O israelense mostra que a razão está com Hobbes. Não só em termos de teoria; a prática, o cotidiano, tem mostrado que o autor do "Leviatã" era mais realista. Um exemplo rápido: o grande problema da Somália, do Haiti ou dos morros cariocas não é o excesso de Estado, e sim a ausência do "Leviatã". Um Leviatã, um Estado de verdade, não terceiriza o monopólio da violência legítima."

FONTE:
Trecho do artigo:
GUERRA É GUERRA
Arqueólogos escavam as origens dos conflitos armados.
Ricardo Bonalume Neto.
Caderno Ilustríssima, Domingo, 8 de abril de 2012, página 06, Folha de São Paulo
Comentários ao livro do autor israelense Azar Gat War in Human Civization, Oxford University Press, 848 págs, R$ 96,00.

________________
Nota do Blog
Eu também concordo com Thomas Hobbes. Sem Estado iríamos viver em estado de guerra de todos contra todos. Sempre que há algo que tire as forças do Estado de circulação, o resultado a gente vê na forma de saques, violência, etc. 
Exemplos da verdadeira natureza humana não faltam:




segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Justiça


JUSTIÇA

O que a lei

não redime

é o crime

com defeito.


Se bem-feito

ou bonito,

o delito

talvez rime

com direito.


Se perfeito,

ora, o crime

é a lei.

Eugênio Bucci
Ilustríssima, Domingo, 21 de agosto de 2011, Folha de São Paulo, página 10.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Erros e um final feliz

Erros e um final feliz

No dia a dia do Fórum nos deparamos com erros alheios que podem nos prejudicar

O exemplo abaixo é elucidativo aconteceu comigo.

Na imagem 1 temos o despacho do Juízo designando data e hora de uma audiência de instrução, debates de julgamento para o dia 11 de janeiro de 2011. Esse despacho consta da folha 53 do processo.

Muito bem, até aqui tudo bem.

O problema vai aparecer agora.

No documento aqui numerado como nº 2, vemos a folha 57 na qual há dois atos praticados por um serventuário da Justiça: No primeiro, ele diz que o despacho que marcava a audiência do dia 11 de janeiro teria sido remetido para a publicação no Diário Oficial no dia 17 de dezembro de 2010. Abaixo, ele volta a carga para dizer que aquilo que ele teria remetido em 17 de dezembro de 2010 fora publicado nesse mesmo dia! Eu não consigo imaginar como isso foi feito. Que celeridade! Nunca imaginei que um jornal fosse impresso tão rápido assim. Mesmo que fosse uma publicação apenas virtual, desconfio que não seria factível fazê-la com ao ponto da remessa de algo coincidir com a sua publicação.

Mas enfim, há mais.

Não vamos entrar no mérito da celeridade improvável da publicação.

De fato, algo foi publicado em meu nome naquele dia. Mas não era nada sobre a referida audiência para a qual eu deveria ter sido intimado, inclusive, pessoalmente, e não via diário oficial.

Na publicação do dia 17/12/2010 há um despacho que nada tem a ver com a audiência, pois nele há menção a um outro fato do processo, como se vê na imagem de número 3. Tratava-se de uma intimação de um apenso que dizia respeito ao pedido de restituição de uma motocicleta que teria sido usada pelo assaltante num roubo.

Qual foi o resultado disso tudo?

A audiência aconteceu no dia 11 de janeiro de 2011. Eu, como não tinha conhecimento dela, a ela não compareci. Todavia, fui dado como ausente e o Juízo determinou que se oficiasse à OAB local comunicando que eu não havia cumprido com as minhas obrigações.

Sobre essa audiência, veja a imagem número 4

Mas o final da história foi feliz.

A respeito do feliz deslinde dela, eis que tudo ficou esclarecido. E tudo isso acontecendo e eu não sabendo de nada.

Na imagem 5 vemos o serventuário se corrigindo em parte

Na imagem 6, o Juízo, ao tomar ciência da Certidão do seu serventuário, pede que se desconsidere o envio daquele oficio à OAB local no qual constaria a minha ausência de uma audiência que eu sequer fora intimado, nem pessoalmente, nem via diário oficial.

Imagens mencionadas acima e relacionadas abaixo. Para melhor visualização, clique sobre elas (botão esquerdo do seu mouse - um clique ou duplo clique):
Imagem 1:


Imagem 2:
Imagem 3:

Imagem 4:

Imagem 5:

Imagem 6:




quinta-feira, 9 de junho de 2011

Vida longa



"Hoje, eu vejo que uma das
gratificações de uma longa
vida é poder revisitá-la."


Roberto Damatta

Poema

PREPARANDO A CREMAÇÃO



Levanto-me. Vou ao cartório

autorizar minha cremação. Autorizar

que transformem

minhas vísceras, sonhos e sangue

em ficção.

O que pode haver

de mais radical?

Assinar este papel

tão simples

tão fatal.

Autorizar a solução final

de todos os poemas.



Faz um belo dia. Do terraço

vejo o mar:

pescadores cercam um cardume

banhistas seguem

se expondo à vida, ao sol.

Olho a trepadeira de jasmim

os vasos de begônia e gerânios

margaridas brancas e a azaleia:

– a vida continua viva dentro

e ao redor de mim.

Poetas antes e depois de Homero

tentaram cantar a morte.

(Nos consolaram).

Hamlet (cioso)

dialogou com uma caveira

de antemão.

Olho cada parte de meu corpo

que vai se desintegrar:

mexo os dedos, vejo as veias

e no espelho esse olhar

que nada mais verá.

Irei à praia daqui a pouco

mas antes passarei pelo cartório.



Há muito venho me preparando

me despedindo do sorriso da mulher, das filhas

da rua onde diariamente passo

me despregando dos livros

vizinhos e paisagens.

Não sou só eu. Minha mulher

antes de mim no mesmo cartório foi

e ainda mostrou-me o documento.

Olho-a neste terraço: lá está ela, viva!

ligada nas plantas e planos. Olho-a:

acabou de fazer um vestido novo.

Como imaginá-la no jamais?

Ao lado, o barulho de um túnel que estão cavando:

– é a nova estação do metrô.

Há um alarido de crianças na escola vizinha

e eu saio

numa esplêndida manhã de sol

para cuidar de minhas cinzas.

Tenho muito que dialogar com a morte

e a vida ainda.
 
O AUTOR


Nome: Affonso Romano de Sant’Anna

Idade: 74. Nascimento: Belo Horizonte
SITE OFICIAL:
http://www.affonsoromano.com.br/

sábado, 5 de março de 2011

Jura dizer a verdade, somente a verdade, nada mais do que a verdade?

O Juramento caiu em desuso.

Alguém pode ver esse ato apenas como uma mera formalidade.

Em Juízo, num processo judicial, o juramento ainda é usado. É crime mentir em juízo como já escrevi:

http://direitomaisdireito.blogspot.com/search/label/Falso%20Testemunho

Mas quando a Religião era mais presente no dia a dia das pessoas, essa conduta de jurar em nome de Deus tinha muita importância. As pessoas juravam por temer à Deus e não à Lei Criminal

Trecho de um filme que descreve bem a ideia moral do Juramento:

"Deus aprecia mais os pensamentos do coração do que as palavras da boca?


Mas o que é o juramento senão palavras que dizemos a Deus?


Quando um homem presta juramento, está a colocar-se nas suas próprias mãos, como água.


Se abre os dedos, nega-se a esperar que se encontre consigo mesmo novamente."

Trecho retirado do filme: A Man for All Seasons (O Homem que não vendeu sua alma ou Um homem para a eternidade)
http://cinema.uol.com.br/resenha/o-homem-que-nao-vendeu-sua-alma-1966.jhtm

Pelo que eu compreendi, abrir os dedos significa deixar de cumprir com aquilo que jurou e dessa forma deixar de se encontrar consigo mesmo

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

As artérias da pedra



AS ARTÉRIAS DA PEDRA


A pedra não filosofa.

Ela bloqueia no seu bloco

de pedra o pensamento

e a sua corda.

A pedra não acorda as coisas

nem dá corda

para metafísicas plangentes.

No seu bloco bloqueado,

a pedra dispensa a ânima

e o ânimo do fluxo líquido

das correntes.

A pedra não corre.

Ela se estaca

e se adensa

no lugar em que se assenta.

Quieta,

a pedra é menos lição

e mais experiência.

Contra ela batem coisas,

batem ventos

e batem outras pedras

diversas.

Mas ela não se move

nem se dispersa

em sua imóvel

siesta.

Nem no sono de sua siesta,

a pedra regurgita por dentro

algum pétreo

som de estômago.

Ou algum flúor

indômito

de qualquer ânsia

de vômito.

A pedra não metaboliza

nem expulsa seus alimentos

nos íntimos arcanos

de seu templo.

Ela concentra nos intestinos

de sua natureza

a cúpula fechada

e a argamassa espessa

de sua igreja.

Isto porque a pedra

mais dorme

do que come.

E o sono dela não é nem sonso

nem elétrico.

Seu sono de pedra

não é o sono épico

ou lírico

de um homem que sonha leve

e aceso.

Bem ao inverso,

seu sono,

de chumbo eterno,

é um sonho paralítico

e paquidérmico.

Tanto que,

silêncio calmo,

as artérias da pedra

são átomos

que, dentro dela,

não se explodem,

compactos que são

em seus ásperos

conformes.

Pois esta é a ciência

de seu nome: - a pedra

não tem as artérias

das árvores,

nem as artérias de nosso corpo

plantado nas veias

de nossa carne.

Dessa ciência,

a diferença nasce,

magna e plena,

entre a pedra

(com o minério esquivo

do seu todo exposto)

e a nossa carne

(com o mistério vivo

no peso de nosso corpo).

Por isso,

a diferença da ciência

da pedra

está no confronto

pronto de suas artérias.

E a diferença é esta:

- As artérias da pedra

só se fixam no todo

dos seus átomos exangues

e impávidos.

Assim inerte,

a pedra inscreve

o império

de seu monólogo fechado.

- As artérias do corpo,

ao contrário,

só se movem na carne

do nosso sangue

e seus intrépidos coágulos.

Assim ativa,

a carne aviva

o espelho

de seu diálogo sangrado.
 
Autor:
Mario Chamie

sábado, 18 de dezembro de 2010

AUSÊNCIA CHEIA





A CHÍCARA

Chícara posta sobre a mesa.
Ela traz em sua alça
a nostalgia dos dedos.
É preciso muita mão
para alçar
a chícara à altura dos
seus penedos.
Não que o penedo seja
alguma
montanha que se busca.
A questão não é assim 
difusa.
Antes de tudo,
há a chícara em si:
é porcelana, é louça?
É plataforma de formas
sobre o pires?
É a borra de café que
pousa para a leitura
dos elixires
de alguma sorte
sem rumo?
A chícara em si é e não é
o dado bruto de um
vácuo, cujo núcleo
não é o mundo
vago de uma sede vaga
e seca.
O oco da chícara dita
outra regra
sobre a mesa:-
a regra da ausência cheia
que, vazia, se preenche
por si mesma.

Autor:
Mário Chamie.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Quando a existência torna-se expiação


"O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Não há princípio que não seja desmentido nem instituição que não seja escarnecida. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta a cada dia. A agiotagem explora o juro. A IGNORÂNCIA PESA SOBRE O POVO COMO UM NEVOEIRO. O número das escolas é dramático. A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do país. NÃO É UMA EXISTÊNCIA; É UMA EXPIAÇÃO. Diz-se por toda a parte: O país está perdido. Por isso, começamos a apontar o que podemos chamar de o progresso da decadência."
José Maria de Eça de Queiroz, 1871 (Esse texto foi extraído de uma crônica de Arnaldo Jabor, publicada no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, em 16.11.2010, CADERNO 2, página D10

________________________________
Trata-se de um texto escrito por Eça de Queiroz no qual ele traça um panorama do que era Portugal no século XIX. Acredito que essa descrição se coaduna com o que é o Brasil de hoje.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Passarinho


Sabe que uma vez vi no chão um passarinho doente. 
Estava frio e, para aquecê-lo, peguei um punhado de esterco que estava no jardim e o cobri com ela.
O passarinho melhorou e ficou tão quente e feliz que começou  piar.
Então, eis que surge um gavião...que ouviu os pios e deu um rasante e abocanhou o passarinho.
Moral da estória:
Nem sempre quem te põe na merda é seu inimigo e nem sempre quem o tira é seu amigo.
E o mais importante de tudo:
Passarinho que está na merda não dá um pio.