"O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Não há princípio que não seja desmentido nem instituição que não seja escarnecida. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta a cada dia. A agiotagem explora o juro. A IGNORÂNCIA PESA SOBRE O POVO COMO UM NEVOEIRO. O número das escolas é dramático. A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do país. NÃO É UMA EXISTÊNCIA; É UMA EXPIAÇÃO. Diz-se por toda a parte: O país está perdido. Por isso, começamos a apontar o que podemos chamar de o progresso da decadência."
José Maria de Eça de Queiroz, 1871 (Esse texto foi extraído de uma crônica de Arnaldo Jabor, publicada no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, em 16.11.2010, CADERNO 2, página D10
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Trata-se de um texto escrito por Eça de Queiroz no qual ele traça um panorama do que era Portugal no século XIX. Acredito que essa descrição se coaduna com o que é o Brasil de hoje.