quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Propagação das ideias Niall Ferguson Guerra Santa Nacionalismo Árabe



Por que algumas ideias (vírus contagioso) se propagam, tornando-se realidade enquanto que outras não se realizam no mundo? A eficácia de uma ideia dependerá da forma pela qual ela foi comunicada, pela eficiência da rede pela qual ela foi transmitida
PRIMEIRA INICIATIVA - No início do Século XX, durante a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha idealizava criar uma Jihad (Guerra Santa) com a ajuda do Império Otomano, para sublevar os súditos muçulmanos dos Impérios Inglês e Francês. Se desse certo, Grã-Bretanha e França teriam que tirar exércitos da Europa para contar sublevações muçulmanas em suas colônias, abrindo assim o caminho para uma vitória alemã na Europa. Para o azar da Alemanha, essa ideia de criar uma Guerra Santa entre os súditos muçulmanos dos Impérios Inglês e Francês não deu certo. Os muçulmanos no norte da África, na Índia, no Egito, no Afeganistão não lutaram contra os ingleses e contra os franceses. 
SEGUNDA INICIATIVA - Uma outra ideia, propagada no mesmo teatro de operações (oriente médio), surtiu efeito. A Grã-Bretanha propagou e estimulou o movimento do NACIONALISMO ÁRABE contra o domínio do Império Otomano. Os mesmos árabes muçulmanos que não compraram a ideia da Guerra Santa estimulada pelos Alemães e pelo Império Otomano, compraram a ideia do Nacionalismo Árabe, a criação de um estado árabe no Oriente Médio, formado pela Península arábica, pela Síria e pelo Iraque. Assim, os árabes se aliaram à Grã-Bretanha na luta contra os alemães e seus aliados otomanos.
TERCEIRA INICIATIVA - Em 1917 a ideia do Marxismo, criada pelos Bolcheviques russos, não ficou apenas na imaginação de seus propagadores. Ela derrubou o Império Czarista, que governava a Rússia há séculos. Derrubou a dinastia Romanov, que governava a Rússia desde o século XVII. Essa propagação do Marxismo bolchevique contou com a ajuda dos alemães, que facilitaram e patrocinaram a ida de Lênin da Suíça para a Rússia. A ajuda alemã não foi de graça. A Alemanha esperava que o líder dos Marxistas bolcheviques, Lênin, sublevasse a Rússia, tirando-a da Guerra. Sem a Rússia na guerra, a Alemanha poderia tirar suas tropas do Leste e enviá-las para o Oeste, para combater os inglese e os franceses. Mas a história foi irônica com a Alemanha, pois o movimento revolucionário que tirou a Rússia da Guerra, se voltou contra ela, Alemanha, sublevando-a internamente, acabando com a união do país em torno do esforço de guerra, derrubando o Kaiser Guilherme II e obrigando a Alemanha a se render aos Ingleses e aos Franceses. O tiro acabou saindo pela culatra. O governo alemão  estimulou uma Revolução na Rússia em 1917 que acabou se voltando contra ele no decorrer do ano de 1918.

(Minhas anotações da leitura do Livro "A Praça e a Torre, de Niall Ferguson)
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"PARA ENTENDER POR QUE ESSA PRIMEIRA INICIATIVA FALHOU ENQUANTO A SEGUNDA OBTEVE ÊXITO E A TERCEIRA DEU CERTO PARA ENTÃO SAIR PELA CULATRA, PRECISAMOS ENTENDER QUE AS ESTRUTURAS DE REDE SÃO TÃO IMPORTANTES QUANTO OS VÍRUS NA DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE E EXTENSÃO DO CONTÁGIO." (página 231)
(A Praça e a Torre, redes, hierarquias e a luta pelo poder global, Niall Ferguson, Editora Crítica) 

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