A FAMÍLIA CHINESA:
Uma família composta por 4 pessoas: pai, Secretário Li, a mãe Xiao Tao e os filhos Xiao Li e Meimei. A história dessa família é usada como pano de fundo para a história da China
CHINA, 1950:
A China, com a ajuda dos EUA, da URSS e da Inglaterra, tinha derrotado os japoneses em 1945. Agora, em 1950, os comunistas chineses, sob a liderança de Mao Tse Tung, expulsaram os nacionalistas republicanos ( Kuomintang - capitalistas e aliados das potências ocidentais), comandados por Chiang Kai-Shek, que tiveram que se refugiar na ilha de Taiwan.
Por essa época, Secretário Li, funcionário do Partido Comunista chinês, viajava pelo interior da China, pregando a favor do regime. Assim ele acabou conhecendo Xiao Tao, que viria a ser sua esposa e mãe de seus dois filhos.
O GRANDE SALTO ADIANTE:
O governo comunista chinês organizou o país em Comunas Populares. Na zona rural da família do Secretário Li, o toque do sino organizava a vida das pessoas. Os cidadãos iam juntos para o campo e retornavam juntos. Comiam juntos. Uma parte da vida privada havia desaparecido. A China queria superar as potências ocidentais (EUA, Inglaterra, etc). Para tanto, implementou uma política para aumentar a produção de aço. Todos os cidadãos foram chamados a colaborar. Qualquer objeto que contivesse ferro/aço deveria ser entregado ao governo, que depois iria fundi-los nos milhares de altos-fornos espalhados pelo país. Nesse processo, começou a faltar carvão para alimentar esses altos-fornos. Era preciso achar uma outra fonte de combustível. E ela foi encontrada nas árvores, que foram derrubadas. Mas daí o solo começou a ficar infértil. Começou a falta comida. A imprensa, censurada pelo governo, procurava esconder a escassez. Nas escolas, as crianças eram doutrinadas. Amar o Presidente Mao Tse Tung era mais importante do que amar os próprios pais. O governo chinês arranjava desculpas para a escassez de alimentos. Campanhas foram feitas para eliminar 4 pragas, que acreditava-se serem as responsáveis pela baixa produtividade da agricultura. Moscas, Pardais, Mosquistos e roedores começaram a ser caçados. Nas escolas, os alunos tinham que cumprir metas, matando a maior quantidade possível desses animais. Eram as "ações de massa". O governo martelava sua propaganda, dizendo que a União fazia a força. "Tínhamos conseguido fazer da China uma terra estéril, sem árvores, sem insetos, sem roedores, sem pássaros." (Xiao Li). A fome só cessou quando, em 1962, o programa governamental Grande Salto Adiante acabou.
LEI FENG:
Na sequência, o governo comunista criou uma nova propaganda. Inventaram um personagem, Lei Feng. Lei Feng seria um herói, um exemplo de cidadão, que se colocava a serviço do povo, esquendo-se de si mesmo. Feng varria o pátio dos vizinhos, ajudava os necessitados, etc etc. Lei Feng incutia na mente dos jovens chineses a propaganda do Partido Comunista Chinês, como a necessidade da Luta de Classes, a infalibilidade do grande timoneiro Mao Tse Tung.
GRANDE REVOLUÇÃO CULTURAL:
Agora, o governo chinês criava a narrativa segundo a qual os inimigos internos e externos da China tinham se unido em torno do objetivo de destruir a China. Apenas a Revolução Cultural poderia salvar a China. Foram distribuídos livros com citações do Presidente Mao Tse Tung (o livro vermelho - Maozhuxi Yulu). Uma das citações era:
"CADA COMUNISTA DEVE ASSIMILAR A VERDADE DE QUE O PODER ESTÁ NA PONTA DO FUZIL".
Os estudantes deviam ler o Livro. Aliás, deveriam decorá-lo. Concursos foram criados para averiguar a capacidade dos alunos na recitação dos trechos do Livro Vermelho. Segundo o Livro Vermelho, as três pragas deviam ser combatidas: o capitalismo, o feudalismo e o revisionismo. Pessoas eram obrigadas a mudar de nome. Logradouros mudavam de nome. Os nomes deviam ser adequados ao sistema comunista. Assim, somente nomes revolucionários seriam aceitos: "Pequeno Soldado", "Rumo ao Leste", etc. Qualquer hábito burguês remanescente da antiga China tinha que ser erradicado. Nos restaurantes, foram proibidos pratos sofisticados. Era preciso comer aquilo que os trabalhadores comiam.
Em 1966, a Revolução Cultural atingiu o seu auge. A Revolução espalhou-se por toda a China. Era preciso limpar as quatro velharias: os velhos pensamentos, os hábitos, a cultura e os costumes. Livros contábeis foram destruídos por serem um instrumento de exploração do povo pelos proprietários de terras. Foram criadas assembleias de autocritica, nas quais todos deveriam, em público, prestar contas de seus atos passados e presentes. Era preciso averiguar com precisão quem realmente era um revolucionário raiz. Delações eram feitas. A família de Xiao Li foi vítima de uma delas. Seu pai foi acusado de ter entepassados burgueses. O pai de Xiao Li acabou sendo detido num centro de reeducação, onde acabou morrendo. O denuncismo era estimulado pelo governo.
Em 1979, o governo chinês declarou que a Revolução Cultural deveria ser dissociada da Revolução. Ela teria sido desencadeada por engano por Mao Tse Tung.
Xiao Li acabou entrando para o Exército Vermelho.
"Sou um soldado
Amo a nação
Amo o povo
Forjado nas Provações da Revolução
Sou Mais resoluto em muitas ações"
(Canção Militar)
ANOTAÇÕES EXTRAÍDA DA LEITURA DO LIVRO EM QUADRINHOS "UMA VIDA CHINESA VOLUME 1 O TEMPO DO PAI, P. ÔTIÉ e LI KUNWU, EDITORA MARTINS FONTES.
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